Enquanto a Europa declinava, os Estados Unidos apresentaram durante os anos 20 uma notável prosperidade, que a exceção do período 1920-22, ligado a crise de reconversão do pós-guerra, manteve-se até 1929.

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Esse período de prosperidade que permitiu aos Estados Unidos assumirem o primeiro posto na área central da economia-mundo capitalista. Refletiu-se no chamado american way of life, em que um em cada seis americanos tinha automóvel por volta de 1929, e os bens de consumo duráveis ou semiduráveis (geladeiras, fogões, rádios) atulhavam as novas casas dos subúrbios das cidades industriais, que se construíam às centenas de milhares. As razões que permitiram esse notável crescimento podem ser encontradas na taxa de acumulação de capital e investimentos – cerca de 20% do PNB durante 1919 a 1929 – e no crescimento demográfico, da ordem de 106 para 123 milhões de habitantes no mesmo período, embora a imigração tenha sido severamente limitada pelas leis de 1921 a 1924 principalmente por temor da penetração ideológica socialista. Assim os Estados Unidos haviam se transformado no paraíso. Seu crescimento interno foi acompanhado pelo reforço de sua posição hegemônica mundial, sendo em 1926-1929, responsáveis por 42, 2% da produção mundial de industrializados, primeiros produtores mundiais de carvão, eletricidade, petróleo, aço e ferro fundido, metais não-ferrosos e fibras têxteis artificiais, e acumulando seguido superávit em seus balanços de pagamentos, devido a sua condição de primeiro exportar mundial.

Durante os anos de 20, a taxa de desemprego variou entre 7 e 12% da força de trabalho, e enquanto o salário nominal cresceu, o real declinou, o que se deve em grande parte a um grande aumento da produtividade na produção industrial, que dispensava uma maior absorção de mão-de-obra. Mesmo sabendo que a economia norte-americana tinha problemas estruturais. A base de sua extraordinária expansão concentrou-se na produção de bens de consumos duráveis e semiduráveis para o mercado interno. Isso pressupunha um contínuo alargamento desse mercado, fosse para uma melhor distribuição de renda, fosse por um aumento constante do salário real. Infelizmente o mercado não acompanhou o ritmo da produção industrial, e acabou gerando uma acumulação de estoques, mas já no verão de 1929, percebendo que no setor figurava-se uma crise de superprodução, a indústria automobilística cortou suas compras de matérias-primas (borracha, aço, vidro, etc.). Isso iniciou uma reação em cadeia, uma vez que a indústria de base era dominada pela de consumo de bens, respondendo o setor automobilístico pelo consumo de 15% da produção total de aço norte-americano. Os especuladores começaram a se retirar do mercado acionário, fundamental para a captação de recursos e para a manutenção da imagem de prosperidade da economia como um todo. Então, paralelamente às crises de superprodução e subconsumo que se delineavam, a política de investimentos norte-americanos no exterior acabava assentando sobre bases precárias.

Reação à Depressão: Os Estados Autoritários

Enquanto os Estados Unidos experimentavam um reforço no peso do Estado, que, no entanto preservou os princípios básicos do regime democrático, e os países da América Latina enveredavam por fórmulas autoritárias e nacionalistas de cunho populistas, em alguns países europeus e no Japão desenvolveu-se uma forma de Estado autoritário no limite, que se denomina de fascismo. Com a grande depressão como o reflexo da falência tanto da democracia como do liberalismo, coloca a solução para está crise econômica a existência de um Estado forte. Sabe-se existiam, razões particulares para a adoção de regimes autoritários estes em diferentes países, porém, podemos citar quatro das principais características da adoção do fascismo:

1. a crise de reconversão do pós-guerra, que gerou uma enorme massa de desempregados entre os trabalhadores.

2. a proletarização das classes médias.

3. a ascensão dos partidos de esquerda principalmente após a revolução bolchevique de 1917 na União Soviética.

4. a redução dos lucros da burguesia tanto financeira como industrial.

Assim as classes dirigentes tradicionais acabaram associando-se aos líderes fascistas, com seu jargão nacionalista, esses acabam que anulando as lutas de classes internamente, transferindo-as para um inimigo exterior e apelando para o esforço comum patriótico, estes, portanto passam a exercer o poder de forma autoritária. Assim o fascismo pode ser visto meramente como uma solução capitalista para uma crise do sistema econômico capitalista. A necessária intervenção do Estado para solucionar os problemas da grande depressão, sob os regimes fascistas, assume uns papéis primordiais, apoiando-se a uma pregação nacionalista extremada, e levando ao limite a concentração do capital.

Reação à Depressão: A Segunda Guerra Mundial

Alguns países haviam ficado insatisfeitos com os resultados da Primeira Guerra, a Alemanha foi privada de suas colônias, de territórios nacionais com forte base industrial e rico em recursos naturais, e onerada com o pagamento das reparações. A Itália foi impedida de completar sua "unificação nacional" às expensas da Áustria e da Iugoslávia, e bloqueada em seu sonho de construir um império colonial no Mediterrâneo. O Japão foi impedido de converter a China em uma dependência econômica. Os três países enfrentavam dificuldades em assegurar um abastecimento suficiente de produtos alimentícios (Itália), de minerais (Alemanha, notadamente com respeito ao ferro e ao cobre), e todos esses setores (Japão). A somatória de todos esses problemas estruturais leva naturalmente os Estados autoritários mais pujantes (Itália, Alemanha e Japão), a empreenderem a solução para seus problemas econômicos pelo estabelecimento de áreas de influência e de protetorados, na tentativa de tornarem-se auto-suficientes dentro de espaços econômicos de tipo colonial.

A partir de dezembro de 1941, oficialmente em guerra, a economia dos Estados Unidos volta-se totalmente para a produção bélica. As linhas de montagem das gigantes indústrias automobilísticas de Detroit forma reformuladas visando à produção em massa de aviões, veículos blindados e bélicos. Também o setor financeiro recebeu notável impulso: até o final da guerra (1945), os Estados Unidos emprestaram 48 bilhões de dólares para seus aliados, sendo desse total, 69% para o Império Britânico e 25% para o restante da Europa. Em meados da década de 1940, a Grande Depressão parecia para os Estados Unidos, como algo que na verdade nunca tivesse acontecido.

OS PROBLEMAS DA RECONSTRUÇÃO

A Segunda Guerra Mundial levou a Europa e vastas parcelas da Ásia à exaustão e à destruição. Para pagar a destruição, foram gastas as poupanças governamentais, forma contraídos empréstimos, e as necessidades da população civil passaram a ser satisfeitas no nível mínimo. Paradoxalmente, a guerra aumentou a eficiência econômica: a concentração de esforços na produção de guerra fez surgir novas fontes de mão-de-obra e de capital, e a tecnologia desenvolveu-se mais rapidamente que nas décadas precedentes. Computando as despesas governamentais, as perdas na produção, o valor capitalizado de vida humana, as perdas de bens imóveis e as perdas de bens em navios e cargas embarcadas, chegaram ao astronômico custo de 413 bilhões e 250 milhões de libras esterlinas.

Com o fim da guerra a Alemanha e o Japão foram ocupados pelos países vitoriosos, perdendo sua autonomia política através da fórmula da rendição incondicional, a situação das nações européias vitoriosas não parecia nada promissora. Inglaterra e França acumulavam enormes débitos, tinham grande parte de sua base industrial danificada, com sua propriedade imobiliária destruída, e acabavam sendo contestadas em suas áreas coloniais asiáticas. Já a União Soviética, graças aos avanços militares na luta contra a Alemanha, havia estabelecido o controle sobre os países da Europa Centro-Balcânico. A divisão da Europa em uma parte capitalista e outro socialista agravou ainda mais os problemas do pós-guerra, pois a economia européia foi dividida em duas unidades econômicas, simbolizada pela Alemanha dividida.

Os Estados Unidos estavam na posição única, a de potência hegemônica dentro da economia-mundo capitalista. Esse país viu-se quase obrigados a adotar medidas mais energéticas e globais a fim de "assegurarem a sobrevivência do sistema capitalista", que se encontrava ameaçado também pela criação de um estado de rivalidades permanente entre aquele país e a União Soviética (a Guerra Fria), de duas "superpotências" que emergiram dos destroços da Segunda Guerra Mundial.