As crianças nos tempos atuais, principalmente as que moram em grandes cidades, e com maior poder aquisitivo, estão desde cedo freqüentando as Escolas de Educação Infantil. Estas escolas são inovadoras e dispõem de recursos tecnológicos diversos, o que faz com que essas crianças comecem desde muito pequenas, a partir dos dois anos de idade, a se apropriarem das tecnologias. Desde cedo lhes são oferecidos brinquedos que emitem sons, imagens e jogos eletrônicos que deixam os pequenos fascinados por seus movimentos. Se os pais acreditam ser importante que seus filhos freqüentem escolas onde a informática consta no currículo, aos profissionais educadores é necessário mudança frente a esta nova realidade escolar.

Os professores devem rever seus conceitos, sua prática pedagógica e até mesmo sua insegurança diante da possibilidade de aceitação do trabalho pedagógico ser organizado a partir do auxílio de instrumentos tecnológicos avançados. O professor deve se atualizar e se apropriar do uso das tecnologias, não somente para contentar o sistema educacional no qual está inserido, mas sim para o seu próprio crescimento pessoal e profissional.

A partir dos dois anos de idade, a criança passa a se auto-definir e diferenciar-se decisivamente dos demais. Essa é sem duvida, uma das fases mais importantes em todos os aspectos, pois é nessa fase que a criança passa fazer movimentos motores mais específicos. Nesta idade, ela adora rasgar papeis, mexer com as coisas, pegar lápis, montar e encaixar objetos. Os exercícios ganham intenção inteligente. Começa a evolução natural da sua coordenação motora. O desenvolvimento intelectual, nesta etapa da vida, é percebido mesmo nas brincadeiras mais simples das quais a criança participa. Esta é uma fase em que elas trabalham muito com o concreto, com o que é real, então, atividades como encaixar, fazer montagens, contar e ouvir histórias, entre outras, tornam-se indispensáveis para o seu aprendizado e desenvolvimento intelectual.

A partir dos quatro anos de idade, a criança passa a transformar o real e concreto. Passa agora a ter necessidade do “eu”. Os jogos são mais importantes, no sentido funcional e útil, para o seu aprendizado e desenvolvimento psicomotor. Esta é a fase em que a criança imita tudo e fica extremamente curiosa, mexe para ver como funciona, como se faz, constituindo o período da ‘destruição’, que é o terror de muitos pais. Além disso, a criança, agora, de tudo quer saber o “porquê”. Faz-se necessário que as crianças desfrutem de seu direito a pré-escolas, com profissionais altamente capacitados para suprir e auxiliar na educação familiar e no seu desenvolvimento integral.

O processo de aprendizagem é particular de cada criança, e o mesmo acontece com suas características, maturidade e interesses pessoais. A criança compreende a importância do seu papel na família, na escola e na sociedade, quando é valorizada como ser ativo e autônomo. Somos nós, adultos, pais e professores, enfim, os modelos de aprendizagem da criança, já que ela nos tem como principais exemplos, durante esta fase de seu crescimento e desenvolvimento. Logo, este desenvolvimento infantil talvez deva ser compreendido por pais e profissionais da educação como o simples desabrochar de uma flor. O desenvolvimento vem de dentro para fora, e cabe à escola a responsabilidade de propiciar tais condições e estímulos adequados, que respeitem a sua faixa-etária de desenvolvimento. Como profissionais da Educação, devemos ter plena consciência de nossas ações e responsabilidades, pois afinal teremos nas mãos frutos de uma era altamente tecnológica e que não se conformarão com conhecimentos fragmentados. Os alunos que nos serão confiados precisam começar a construir sua cidadania, desenvolver sua autonomia e segurança, e somente o professor consciente de suas atribuições e da complexidade de sua função conseguirá oferecer estas possibilidades. Para que a proposta pedagógica pensada para a educação infantil atinja seus objetivos de maneira precisa, é necessário, além de um ambiente agradável e acolhedor para a criança, a presença de um profissional capacitado, seguro nas suas atitudes, responsável, cordial e sensível. A criança aprende melhor e com maior rapidez quando se sente segura e querida, e quando suas necessidades básicas, tais como comer, dormir, brincar, descansar estão sendo atendidas. É ao profissional professor pedagogo, que cabe a missão de transmitir esta segurança para a criança, já que ela está saindo do seu mundo familiar para iniciar a sua vida em um mundo novo, o contexto escolar. Por isso, é necessário valorizar suas emoções e incertezas, e diante de tantas novidades, procurar estabelecer vínculos de confiança e afetividade. Criar com a criança uma relação de carinho e amor é fundamental para que ela perceba no professor alguém que contribuirá com sua formação bio-psico-social, pois é a partir deste vinculo afetivo que se desencadeará todo o processo de desenvolvimento cognitivo, inclusive da sua formação pessoal, a qual deve ser apoiada nos chamados “quatro pilares da educação”:

Aprender a conhecer - Aprender a prestar atenção em tudo o que a rodeia, nas pessoas, no que elas falam, como se comunicam e gesticulam. Aprender a pensar, analisar. Muitas vezes somos surpreendidos, quando uma criança repete algo, em gestos ou palavras que nós, adultos, fazemos ou dizemos. Elas estão aprendendo. Aprenderam a nos analisar e a nos imitar. Este conhecimento é múltiplo e evolutivo, e este aumento de saberes permite uma melhor compreensão dos fatos, do ambiente onde se vive, das pessoas com quem nos relacionamos, dos aspectos que nos cercam, enfim, desperta a curiosidade intelectual. Este processo de aprendizagem nunca se acaba, pelo contrário, ele enriquece com qualquer experiência, e neste período, pode ser comparado com “imitar/manipular” para “conhecer/verificar”.

Aprender a fazer – Aprender a trabalhar com os outros, gerir e resolver conflitos torna-se cada vez mais importante. Isso, desde a pré-escola, as professoras já ensinam. Faz-se importante para o crescimento do ser humano que a criança aprenda, desde cedo, a resolver seus próprios conflitos, ainda que com seus coleguinhas de sala de aula, sem a interferência defensiva dos pais, pois isto faz com que a criança amadureça e aprenda, durante seu crescimento, a ter segurança de si mesmo, podendo tornar-se, mais tarde, um adulto seguro e decidido, sabendo inclusive trabalhar em equipes, como profissional.

Aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros – A educação tanto pela escola quanto pela família, deve ajudar as crianças, antes da descoberta do outro, a descobrirem a si mesmas, para, assim, aprenderem a se colocar no lugar do outro e poder ajudá-lo, se necessário. Escolas que trabalham com turmas de alunos ditos “normais”, e têm incluído entre eles, um aluno com Síndrome de Down, por exemplo, aprendem a conviver com as diferenças desde cedo. Isto faz com que a criança não seja preconceituosa e venha a aceitar as diferenças entre os seres humanos, e entre raças, grupos, nações. A própria criança “diferente” tem um desenvolvimento cognitivo e afetivo melhor, pois ela convive diretamente com outras crianças da mesma faixa etária e isso contribui muito no seu desenvolvimento.

Ainda há muita rejeição e preconceito com pessoas “diferentes” (se é que nós podemos ser chamados de “normais”...). Até há algum tempo, famílias que tinham um deficiente em casa, muitas vezes o escondiam, por vergonha e discriminação de vizinhos e até mesmo familiares, mas, hoje, esse preconceito precisa ser superado, pois as alternativas e possibilidades de inclusão educacional são múltiplas e variadas. Aprender a ser – Nós, como educadores conscientes de nossa ‘humanidade’, temos que educar também a partir da afetividade, buscando criar nossos filhos e educar nossos alunos para a sensibilidade em relação aos outros e ao mundo, para o desenvolvimento da espiritualidade, da responsabilidade pessoal e dos sentidos ético e estético, enfim, para a chamada ‘inteligência emocional’, preparando-nos e preparando-os para o uso de todos os sentidos, nas interações com o mundo. Neste sentido, podemos explorar o saber-fazer, o aprender a aprender, o saber viver juntos e, conseqüentemente, o saber se completar, pois é o trabalho ‘em conjunto’ e ‘com o conjunto’, isto é, o trabalho coletivo que envolve o indivíduo como um todo que é capaz de enriquecer e tornar mais completo um projeto de aprendizagem. (como foi o caso do projeto “Conhecendo o corpo humano”, que recentemente desenvolvi no Laboratório de Informática de uma escola em Porto Alegre).

A educação passa a ser assunto que diz respeito todos os cidadãos. Sendo assim, faz-se necessária a renovação cultural e, sobretudo, uma mudança rápida, face às novas exigências de uma sociedade que se torna cada vez mais tecnológica.