Robson Carlos Lima*

Resumo.Nos dias atuais a importância da tecnologia na área da educação é muito discutida, mas quando falamos de educação especial ela se torna quase obrigatória, uma vez que muitas pessoas dependem desse meio para ter acesso ao aprendizado e adquirir as competências básicas que são de direito de todo cidadão. Aliar tecnologia à educação especial é garantir o direito de acesso ao conhecimento, dando ao indivíduo uma chance de mostrar seu potencial como qualquer cidadão considerado 'normal' perante a sociedade.

Palavras-chave: Tecnologias, educação especial, avanço tecnológico, inclusão digital.

Abstract.Nowadays the importance oftechnology in the educacional area is very discussed, but when we talk about special education it becomes almost obligatory,when we say that many people depends on this way to have an access to learn andbasical competences. To allow tecnology for special education is garantee the right of access to the knowledge, giving to every person the chance to show his/her potenciallike any citizen considered normal to the society.

Keywords:Technologies, special education, technological advance,digital inclusion.


1.Introdução

Hoje em dia muito se tem falado sobre Educação Especial, Inclusão Digital e outros termos que fazem do computador importante ferramenta de auxílio no aprendizado de muitas pessoas com necessidades especiais. Essa ferramenta desde que bem utilizada poderá trazer evoluções consideráveis. O uso desta nova tecnologia nas escolas constitui-se um verdadeiro laboratório, onde se desenvolvem experiências e observam-se reações e resultados. De acordo com Dr. Jorge Márcio Pereira de Andrade "No campo da Educação Especial quando falamos de 'inovações' estamos apenas apontando o que de ferramentas visíveis estão em uso junto ao educando com necessidades especiais" [1]. Não percebemos, muitas vezes, que atrás de tudo isso possui também outros tipos de tecnologias e aparatos tecnológicos que auxiliam o educando no processo de aprendizagem. Alguns métodos utilizados na transmissão de conhecimento, obviamente nunca serão deixados de lado, como antigos inventos encontramos a lousa, o giz, o apagador. Mais para muitas pessoas utilizar métodos como esses citados, torna-se extremamente impossível, pois possuem necessidades que apenas a tecnologia de ponta poderá auxiliar, sendo assim a introdução do computador e ou da tecnologia da informação na sala de aula para Educação Especial tornou-se uma saída tecnologicamente necessária. A idéia de resolver esse 'problema' dando ao aluno o direito de participar, de aprender e ter uma convivência educacional como qualquer outra pessoa, fez com que muitos órgãos e empresas de Tecnologias da Informação investissem em estudo e desenvolvimento de programas de assistência às pessoas especiais. Vemos que a preocupação em ensinar e aprender, é cada vez mais crescente, com esse empenho poderemos quebrar todas as barreiras, levando educação e conhecimento para todos, não importando o grau de necessidade especial, mais sim a constante "sede" de aprender.

2. Estudantes Especiais

Muitos cuidados são tidos com pessoas portadoras de necessidades especiais (temporários ou passageiros) entre eles destacam-se: a preparação de docentes para que possam compreender e assim transmitir o conhecimento de forma mais natural; e o investimento em tecnologia especializada, aliando dessa forma o ser humano e a máquina para juntos desenvolverem trabalhos e estudos quebrando barreiras até então encontradas. Na realidade encontram-se também alguns alunos que necessitam de um atendimento especial, mais de um outro nível ou uma outra forma. Existem os estudantes considerados normais perante uma sociedade que ostenta um "padrão" intelectual. Dentro desse universo "padronizado" há os que não se enquadram perfeitamente nessa denominação, que são os chamados alunos especiais. Mais a expressão "ter um aluno especial" não quer dizer necessariamente que seja uma pessoa deficiente física, ou mental. Existem então os alunos considerados lentos (vagarosos) e os considerados rápidos (dotados), o atendimento adotado a esses alunos, em especial, muitas vezes são repelidos pelo público e apontados como "antidemocrático" [2], mais esse apontamento já não acontece com os deficientes físicos, pois a sociedade normalmente acredita naquilo que vê, no que algo físico, sendo assim não compreende muitas vezes uma criança ou um adulto que possui leve insuficiência auditiva ou baixo poder de assimilar conhecimentos. Diante desta realidade os desenvolvedores de tecnologia devem estar atentos para que todas as pessoas especiais – por leves que sejam seus problemas - sejam atendidas, e com isso trazendo e mostrando à sociedade uma forma justa de colaboração, eliminando todo tipo de discriminação que possa ser gerado dentro do grupo.

3. O computador na sala de aula

A importância da tecnologia aliada ao ensino seja presencial, seja à distância, é inquestionável, uma vez que auxilia muito no processo ensinar-aprender. Quando falamos em educação especial e em deficiência física, essa afirmação torna-se ainda mais importante e necessária, visto que grande parte das pessoas portadoras de deficiências dependem da tecnologia para poderem realizar suas tarefas. A palavra Inclusão Digital nunca foi tão citada como hoje em dia. Governos e Organizações Não Governamentais estão cada vez mais empenhados em distribuir oportunidades de acesso à tecnologia. Mas não nos iludamos, pois embora estejam empenhados, essa é uma luta constante e trabalhosa. Vale lembrar também que não é o uso do computador que fará que todos os objetivos almejados sejam alcançados, é antes de tudo uma postura educacional. É o profissional do ensino trabalhando como um facilitador e criador de condições para que esses objetivos sejam alcançados. Outro fator vem à tona então: o educador.

Então além de termos computadores de última geração, softwares capazes de tornar o ensino especial mais prático e didático, é necessário um material humano devidamente preparado para operá-lo e dar o suporte necessário ao educando especial.

O mesmo deverá receber também uma constante reciclagem para que suas habilidades estejam sempre à disposição da melhor forma possível ao educando. Não esquecendo, é claro, da reciclagem que além da atualização tecnológica serviria também como uma injeção de ânimo e motivação para que o educador esteja sempre apto a desenvolver sua função da melhor forma possível.

Diante desses fatores podemos observar alguns objetivos a serem alcançados com o uso do computador na sala de aula:

-Aumentar a auto-estima e autonomia do educando;

-Fazer com que ele experimente o sucesso;

-Mostrar que com o erro é uma etapa necessária para o aprendizado;

-Auxiliar o desenvolvimento cognitivo;

-Acompanhar o aprendizado respeitando os limites de cada educando;

-Demonstrar a importância do trabalho coletivo

-Desenvolver linguagem, leitura, raciocínio e atitudes

Vale ressaltar que esses objetivos foram elaborados sob um referencial psicopedagógico, onde analisa o educando de uma forma global em suas múltiplas facetas [3].

4. Mais tecnologia, menos limites

Com o grande avanço da Tecnologia, as barreiras que delimitam espaços geográficos e também limites físicos estão sendo quebrados e deixados para trás. O ser humano seja trabalhando ou estudando, está tendo um novo conceito sobre limites. O ensino à distância é um exemplo claro do avanço tecnológico. Videoconferências são comuns hoje em dia em escolas (para professores), empresas e outros locais que necessitem de reuniões dinâmicas, rápidas e com grande participação dos membros (que antes não seria possível pela distância). Se não fosse esse aparato tecnológico nossa realidade hoje, seria diferente. Temos consciência, é obvio, que ninguém vive (ainda) num mundo dominado pela tecnologia, como naquele desenho da família Jetson [4], onde basta pedir algo para um robô que ele atende. Nosso mundo é de pessoas que buscam a cada dia encurtar as distâncias, e quebrar os limites. O mais importante é que não são quebradas apenas as barreiras geográficas e as barreiras que existem entre uma pessoa deficiente e o aprendizado especial, mas também as barreiras de preconceito. A Tecnologia definitivamente pode ajudar muito no processo de aprendizado, pois dá condições necessárias para o educando. A internet também soma como um fator positivo na 'distribuição de conhecimentos', uma vez que pode ser acessada de qualquer ponto a qualquer hora. Ronaldo Correa Jr., de Recife, diz em seu site que "a Internet é o único espaço em que a minha normalidade é evidente. Lá eu posso ser eu mesmo, independentemente do que meu corpo é capaz de fazer. Ter acesso ao mundo todo pela tela do computador melhorou muitíssimo minha qualidade de vida..." [5]. Com paralisia cerebral e quadriplegia Ronaldo mantém contato com seus amigos digitando textos com os dedos dos pés e também aproveita para estudar por conta própria muitas matérias. Esse é um exemplo real de como as barreiras podem ser quebradas com o avanço tecnológico.

Podemos concluir que diante dos fatos do dia a dia, o uso da Tecnologia na Educação Especial é além de importante, necessário. Investir em estudos ou projetos nessa área é antes de tudo garantir que o direito básico à educação seja cumprido, sem nenhum tipo de discriminação, como diz o Artigo XXVI da Declaração Universal dos Direitos Humanos: "1. Todo homem tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito[...]"[6].

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se afirmar que a educação especial e tecnologia podem caminhar lado a lado e rumo ao mesmo objetivo: A inclusão. E que trabalhando com a tecnologia correta para cada caso, pode-se diminuir a exclusão e mostrar ao mundo que não são apenas padrões físicos que devem ser levados em conta, mais sim éticos, morais e intelectuais.

Uma pessoa portadora de deficiência pode realizar muitas tarefas, só que para isso muitas vezes necessitará de uma ferramenta, a tecnologia. Portanto não importa como você faz algo, mais sim o que faz e como supera as dificuldades.

6. REFERÊNCIAS

[1] DEFNET. Disponível em: <http://www.defnet.org.br/>. Acesso em: 10 de junho de 2006.

[2] SAWREY, J. M. e Telford, C. W. Psicologia Educacional. Rio de Janeiro: AO LIVRO TÉCNICO, 1969.

[3]QUAL A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E INFORMÁTICA?. Disponível em: <http://www.sul-sc.com.br/afolha/pag/eduinfor.htm>. Acesso em: 10 de junho de 2006.

[4] CARTOON NETWORK. Disponível em: <http://www.cartoonnetwork.com.br/watch/tv_shows/jetsons>. Acesso em 01/07/2006

[5] DEDOS DOS PÉS. Disponível em: <http://www.truenet.com.br/ronaldo>. Acesso em: 10 de junho de 2006.

[6] ROCHA, R. e ROTH, O. Declaração Universal dos Direitos Humanos. São Paulo: SALAMANDRA, 2003.

* Discente da FATEC – Faculdade de Tecnologia de Ourinhos-SP