O SIMBOLISMO EM MATO GROSSO
Por Henrique Araújo | 04/06/2010 | LiteraturaO Simbolismo em Mato Grosso
     ORIGEM:
     O Simbolismo teve suas origens na França em 1866 quando Jean  Moreas codificou e divulgou o novo estilo. Tal divulgação aconteceu na revisa  Le Figaro.
     Em Portugal o Simbolismo foi levado por Eugênio de Castro  no  prefácio do livro "Oaristos" em 1898.
     No Brasil o Simbolismo desencadeou uma série  de  idéias  que  culminou com a chegada do Modernismo. Cruz e Sousa  foi  o  que melhor produziu na literatura Simbolista, além de introduzi-la em  nosso  meio, escreveu "Missal"e "Broquéis" entre outros.
     CARACTERÍSTICAS : 
     O Simbolismo se baseia em Símbolos, ou seja, música,  rimas, figuras  de linguagem, cores (principalmente a branca). Além disso ele apresenta emoção,sentimentos, o nebuloso, o metafísico. Tenta aproximar a poesia da música,o mergulho no inconsciente, religiosidade, intuição, imagem e fantasia. Usa, às vezes, ambiguidade, a aliteração, a sinestesia ( uma idéia para  evocar  várias sensações).
     SIMBOLISMO EM MATO GROSSO:
     O Simbolismo é uma corrente especificamente de poesia.Como em todos os países ou Estados, não possuiu muitos seguidores. É uma corrente de transição entre o Parnasianismo e o Modernismo.
     Em Mato Grosso vamos encontrar um Pedro Medeiros como o maior Simbolista. Um verdadeiro Verlaine no ponto de vista de Gervásio Leite. Natural de Corumbá, Pedro Medeiros  escreveu uma poesia desprovida  de termos de boemia, com o sentimento puro  do  povo. Porém  sofreu  influência de Mário Pederneira. Vejamos este exemplo:
	É o solar da descrença e o Castelo da fé
	Câmara mortuária e sala de Cabaré.
	É um escravo d?alma, lacaio da matéria
	Torre de altruísmo e gruta de miséria
	Esconde o crime, o vício, agasalha a virtude,
	Tegúrio de gemidos, soluções e inquietude,
	- Coração pára-raios: o coração antena.
	Favo de mel às vezes e muita vez gangrena.
     Pedro Medeiros descreve bem a sua terra natal. A terra onde sempre viveu e muito amou.
		LENDA BORORO
	Deus atirou no espaço um punhado de estrelas
	Uma chegou à terra. Outras tardam ainda.
	A que desceu, por certo a mais luzente delas
	Veio  e se transformou numa cidade linda.
	Desceu, porque do alto o Paraguai parece
	neste ponto uma jóia: escreve em prata um S
	que a estrela imaginara um prendedor ideal.
	Ligando à serrania o imenso pantanal.
	E como a muita estrela o céu azul não haste,
	Caiu, como um brilhante, à procura de engaste.
	E Corumbá surgiu, por sobre a terra branca,
	Na alegria sem par do gentil casario
	Entre o verde dos montes, - no alto da barranca,
	Debruçada a sorrir para o espelho do rio...
     Mas vamos encontrar outro  poeta  tipicamente  Simbolista  na  pessoa de Franklin Cassiano da Silva. Os versos de Franklin  apresentam  os  doces perfumes da primavera a repontar flores nos campos ensolarados.
     Além de poeta, foi também teatrólogo, sendo suas peças  bem  aplaudidas pelo público da época. Destacam-se em suas obras:  o amor, a paz, a suavidade e a beleza.
     Não devemos esquecer também Leônidas Antero  de  Matos que deixou-nos trabalhos espalhados por jornais e revistas do Estado. Entre seus poemas destacamos:
		NÓS
	"Tu que és bela e com graça aprimorada
	Do meu peito apagaste as negras dores,
	No sossego feliz desta morada
	Vem comigo gozar nossos amores.
	Do campo hei de colher todas as flores
	Para enfeitar teu leito minha amada:
	Hão de invejar os astros sonhadores
	A nossa vida calma e aventurada.
     O último Simbolista foi Oscarino Ramos que colaborou em vários jornais e revistas do Estado.
    AUTORES E OBRAS:
     1.Pedro Medeiros - Nasceu em Corumbá em 1881. Residiu em Cuiabá onde foi funcionário do Ministério da Fazenda. Morou também  no Rio e regressou à sua terra. Escreveu muito em jornais e revistas.Seu filho reuniu a maior parte de sua obra num volume póstumo: "Poesias, crônicas e comentários".
     2.Franklin Cassiano da Silva- Nasceu em Corumbá em 1891 e faleceu em Cuiabá em 1940. Foi professor, diretor de instrução pública, poeta, jornalista e teatrólogo. Colaborou em vários jornais do  Estado.  Entre  estes citaremos "O Mato Grosso", "A liça", "A imprensa", "A violeta" e outros.