Define-se competência, como a capacidade de se apreciar e resolver certos assuntos, para desenvolver habilidades.
O ensino por competências se tornou palavra de ordem da educação no Brasil e em diversos países onde se discute o tema. O objetivo dessa abordagem é ensinar aos alunos o que eles precisam aprender para se tornarem cidadãos conscientes que saibam decidir, analisar e planejar, participando ativamente na sociedade em que vivem. O professor diante dessa abordagem deve adotar uma postura reflexiva sobre sua prática pedagógica, que possibilite a capacidade de trabalhar, observar, analisar, criticar e de aprender com os outros. Não existe uma fórmula para se ensinar por competências, mas sim uma inserção analítica, crítica e contextualizada com os conteúdos propostos. Para os professores desenvolverem competências é necessário que trabalhem por resolução de problemas e por projetos, propondo tarefas complexas e desafios que incitem os alunos a mobilizar seus conhecimentos completando-os, gerando uma pedagogia ativa e cooperativa.
Os professores devem ter como principal objetivo, criar condições para que seus alunos conheçam o meio que os cercam e suas dinâmicas, quer sejam elas naturais ou humanas. Trabalhando na visão e nas atribuições das competências busca-se um equilíbrio entre a teoria e a prática, onde os alunos possam não somente conhecer, mas compreender o mundo e agir sobre ele. Antes de ter competências técnicas, o professor deve ser capaz de identificar e de valorizar suas próprias competências, Conforme assegura PERRENOU(2000): "Competência em educação é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos, como saberes, habilidades e informações, para solucionar problemas com pertinência e eficácia."
Os conteúdos teóricos não deixam de existir, pois não se aprende nada desvinculado do conhecimento teórico, mas trata-se de trabalhar essas informações de forma diferente dando-lhes um significado, assim como afirma PIAGET (1987): "O primeiro objetivo da educação é criar pessoas capazes de fazer coisas novas, e não simplesmente de repetir o que outras gerações fizeram ? pessoas criativas, inventivas e descobridoras. O segundo objetivo da educação é formar mentes que possam ser críticas, possam verificar e não aceitar tudo o que lhes é oferecido. O maior perigo, hoje, é o dos slogans, opiniões coletivas, tendências de pensamento ready-made. Temos de estar aptos a resistir (...), a criticar, a distinguir entre o que está demonstrado e o que não está. Portanto, precisamos de discípulos ativos, que aprendam a encontrar as coisas por si mesmos, em parte por sua atividade espontânea e, em parte, pelo material que preparamos para eles."
O professor deve trabalhar o conteúdo sob três aspectos: conceitual, procedimental e atitudinal. O objetivo é estudar uma situação real do cotidiano. Nesse contexto a interdisciplinaridade ganha sentido. Por isso ela é um dos maiores desafios para a educação contemporânea, no esforço de abandono da fragmentação no ensino.
Um exemplo de ensino fragmentado pode ser citado da seguinte forma: enquanto o professor de geografia trabalha oceanos, rios e mares; o de ciências trabalha a dinâmica e o ciclo d?água na natureza; o de história trabalha grandes navegações, surgimento de povos na antiguidade, o papel que os oceanos e rios desempenharam e desempenham para o aparecimento e desenvolvimento das civilizações. O problema não está em trabalhar esses conteúdos, mas sim na forma de trabalhá-los. O docente não pode isolar-se, mas deve necessariamente interagir com as demais disciplinas - não só no planejamento, mais em toda a prática pedagógica. Isso não pode caracterizar-se como abandono de conteúdo, nem como profissional polivalente, mas como um educador capaz de trabalhar em equipe ? promotor de conhecimento significativo e contextualizado.
O educador tem que ser consciente do seu papel, e capaz de entender que ele é o preparador de gerações. Se ele não tiver competência em ministrar seus conteúdos contextualizando-os à realidade do aluno, na prática estará formando cidadãos desatualizados e descontextualizados com sua época e incapazes de interferir e conquistar "um lugar ao sol" em uma sociedade cada vez mais globalizada.


Artigo publicado no Jornal O Imparcial (caderno de Opinião, pág. 8) em 14/08/2003, São Luís, MA.


ישו, המאסטר של המאסטרים.