O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM DA CRIANÇA DE O A 2 ANO NO

BERÇÁRIO DA CRECHE15

Taciana Lúcia Link Lindolfo 16

Gema Domitila Bigaton17

Laerte Feliciano de Jesus 18

Resumo: como e por que a criança, nesta fase etária balbucia? Qual o significado da linguagem em cada cultura? Estas são algumas questões da temática do balbuciar que pressupõe sua relevância para compreensão do desenvolvimento infantil. Analisando o conceito do balbucio de 0 a 2 anos na Instituição de Educação Infantil, com abordazem em diversos teóricos, busca-se conhecer como a práxis de observação é significativa ao utilizar tais pressupostos. Neste artigo, analisamos os diálogos entre mãe e educador com o bebê, e qual a aquisição da linguagem que se dá em sua forma complexa e diversificada. Na finalização deste contexto observa-se um pouco da trajetória profissional na tentativa de fornecer alguns subsídios que possam auxiliar no desenvolvimento da criança de zero a dois anos. Para isso o mesmo apóia-se em experiências do cotidiano das educadoras infantis e das bibliografias citadas.

Palavras-chave: linguagem, desenvolvimento, bebê, berçário.

5.1 - Introdução

Este artigo tem como objetivo analisar o desenvolvimento da linguagem da criança de 0 a 2 anos no Berçário e Maternal I da Creche Municipal Ivo da Silva Carvalho. Para atingir o objetivo esperado foram observadas 05 crianças do berçário e maternal I acima citados. Tais observações ocorreram sob o critério da faixa etária: criança A (5 meses); criança B (8 meses); criança C (1 ano); criança D (1 ano e 3 meses) e criança E (2 anos). Para fundamentar as observações realizamos revisão bibliográfica de publicações de autores como: Winnicott

 

Trabalho de conclusão de área da disciplina de Linguagem, do Curso de licenciatura em

Pedagogia para educação infantil, Coordenadoria de Educação á Distancia Universidade do Estado Mzo Grosso. UNEMAT, Núcleo Pedagógico de São Félix do Araguaia/MT.

I IProfessora da Educação infantil do Município de Santa Cruz do Xingu-MT, graduando em Pedagogia pelo curso de licenciatura em Pedagogia para Educação Infantil pela Universidade do Estado de Mato Grosso-UNEMAT. 12Professora da Educação Infantil do Município de Santa Cruz do Xingu-MT, graduando em Pedagogia

Pelo curso de licenciatura em Pedagogia Infantil pela Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT.

13 Professor orientador do curso de Licenciatura, Professor Laerte Feliciano de Jesus, graduado em Biologia pela Universidade do Estado de Mato Grosso — UNEMAT.

(1952); Lancan (1953); Stern (1953); Vigotsky (1991) entre outros. Inicialmente os autores citados destacam a linguagem verbal, oral e escrita que possibilita ao ser humano representar o real por meio de signo, compreendendo que através do signo que as crianças se comunicam no mundo do faz de conta que ela se constrói. Todo signo, como afirma Possari e Neder (2002) que a linguagem verbal é uma das formas sociais de comunicação e de significado, que ser diferenciadas demais por uma linguagem de sons, articulada. Através das pesquisas feitas pelas leituras de livros e DVD analisamos que o desenvolvimento da linguagem começa antes do nascimento, o bebê responde a sons e sensações sentidas pelas mães. Este artigo estruturase em três partes, na primeira parte definimos o conceito do desenvolvimento no período gestacional, e na segunda o desenvolvimento da linguagem do balbucio. E na terceira préverbal e pré-linguistico, que corresponde de a idade de 0 ao 2 anos. Considerando a possibilidades do desenvolvimento infantil nas diferentes áreas cognitiva, psicológica, afetiva, social e psicomotora, que através do balbuciar a criança se expressa a forma de como se reflete expressando simbolicamente os seus desejos, medos e fantasias podendo analisar que alem de estarem ligados intimamente no processo de desenvolvimento e a capacidade de aprendizado do bebê.

       
       


A finalidade deste trabalho é apresentar para os professores da educação infantil a importância do conhecimento do desenvolvimento do bebê, desde o nascimento, para proporcionar a qualidade da linguagem, levando-nos a refletir o uso da imaginação e criatividade além do sentimento da esfera emocional e afetiva, cognitivo e (psicomotora) que embora não pode ser observado e avaliado, que eles possam possibilitar o desenvolvimento qualificado das crianças na educação infantil.

5.2 - Os aspectos interativos do desenvolvimento da linguagem das crianças de 0 a 2 anos

Segundo a obra de Winnicott (1952), ao nascer a criança nada mais é do que um ser de muitas potencialidades no crescimento e desenvolvimento. A principio o bebê é movido por impulsos instintivos e inatos denominados de reflexo, que são respostas automáticas a estímulos específicos. Estes vão se constituir em importante conquista para o desenvolvimento futuro das crianças. Nas quatro primeiras semanas não existe para o bebê objeto material ou ser humano. Para esse autor o recém-nascido encontra-se imerso num mundo de impressões visuais, sonoras e táteis, não tendo consciência do "eu".

Ele conhece os objetos porque reage a eles. Mas as coisas são percebidas como se fosse uma continuação do seu corpo. Não existe separação entre o corpo e o objeto. As atividades mais marcantes desta fase são o sono, o choro, os movimentos e as primeiras manifestações sociais.

Partindo do pressuposto, da teoria da linguagem, segundo Lacan (1953), Esse processo de linguagem começa antes de a criança nascer. Ainda na fase gestacional, o bebê já é capaz de responder a sons e sensações vivenciados pela mãe. Quando nasce, o bebê encontra um mundo de linguagem, onde a mãe fala com ele e com as demais pessoas na presença dele. Desta forma, quando o bebê começa a falar é com o outro que ele se refere, dizendo; ele quer, o nenê gosta; em suas relações com os objetos e com o outro, seja crianças ou adulto. Este processo é nomeado pelo autor como alienação. E preciso alienar-se no desejo e nas palavras de outras pessoas para poder ter existência simbólica.

Portanto, para esse autor, nessa linha de pensamento, o bebê distingue a voz humana de outro som, em poucos dias após o seu nascimento reconhece vozes e até mesmo o cheiro dos pais. Mesmo antes de falar, aprende a se comunicar com gestos e interpretar expressão de felicidade, tristeza e raiva. Tendo o seu eu como sujeito de seu enunciado. Primeiramente, a linguagem vai habitá-la através das palavras que o envolve e após ele terá a ilusão de domináIa. Também, será necessária a separação que desalienará o bebê do saber e das palavras da mãe, para que ela tenha existência simbólica própria. Os pais se admiram a cada vez, que tem a satisfação de acompanhar a primeiras vocalizações do bebê, seus balbucios e fragmentos de enunciados, reconhecendo parte de suas próprias falas.

Na argumentação do teórico, pressupôe-se que a aquisição da lingua em é um fenômeno que se repete em cada ser e que na convivência com a família, o bebê recebe a transmissão de uma língua, junto com as normas, tradições e costumes da comunidade, do contexto cultural em que está inserido. Nessa dimensão teórica o que se pode observar é a necessidade do respeito que se deve à fase da criança e a individualidade de cada um, nesta fase a internalizarão de conhecimento dos bebês começa a funcionar já nos primeiros dias de vida. Trata-se daquilo que muitas mães já sabiam por instinto. Eles sabem distinguir a voz humana de outros sons, reconhecem faces, vozes e até o cheiro dos pais. O bebê consegue realizar conexões de causa e efeito entre dois eventos de modo a prever ou controlar um terceiro, ou seja, percebe que o movimento das pernas pode fazer balançar o móbile acima do berço e repete o gesto com intenção de balançá-lo.

Diante dos pressupostos abordados, verifica-se certa coerência na contextualização da criança nos primeiros anos de vida. Os autores pressupõem, numa mesma linha de pensamento, que o bebê desde a fase gestacional aprende a linguagem dos que com ele convive. E, portanto a partir da linguagem que ele começa a conhecer é que ele irá fundamentar sua própria aprendizagem na aquisição da linguagem.

Para tanto, Souza reafirma essa parafrasearão sob algum aspecto:

A criança quando se sente amada, valorizada e respeitada, adquire autonomia, confiança e aprende a amar, desenvolvendo o sentimento de autovalorização e a importância da interação. Sendo assim, a criança terá maiores condições de aprender. (1994)

A opinião que a bebê vai fazer de si mesma esta relacionada com sua capacidade, para aprendizagem e seu rendimento. O autoconceito se desenvolve, desde muito cedo, na relação da criança com outros. Os pais atuam como espelhos, que desenvolve determinada imagem para o filho. Desenvolvendo forte vínculo de amor e essência humana, em matéria de sentimento. É importante a construção sólida da auto-imagem nesta primeira infância. Desde pequenos os bebês sentem o que desperta no adulto a sua volta. Portanto, pais e educadores devem saber que não só o que falamos, mas todas as nossas atitudes são observadas. Crianças aprendem muito com nossos exemplos, as vezes mais do que com as próprias palavras.

Pode-se afirmar que a função que a linguagem cumpre no desenvolvimento do ser humano é algo insubstituível, como coloca Jerusalinskys: (2002, p.09

Se bem que a criança humana nasça com uma disposição na sua aparelhagem orgânica, para funcionar no campo da linguagem, ela não nasce com a linguagem pré-estabelecida. Ela nasce tanto com a disposição como também com a necessidade imperiosa de funcionar nessa área. Não há nada no organismo humano que venha a superar a função imprescindível que a linguagem cumpre.

A relação do sujeito com a realidade acontece geralmente mediada, pelo outro através da linguagem. Vigotsky (1991) considera a linguagem como constituidora das funções mentais superiores, sendo que o conhecimento é adquirido nas relações entre as pessoas, através da linguagem e da interação social. Para o autor todas as atividades cognitivas básicas do individuo, ocorrem de acordo com sua história social. Sendo assim, constrói-se o desenvolvimento histórico-social, as habilidades cognitivas e as formas de estruturar o pensamento da criança. Isso não ocorre por fatores congênitos, todavia, por resultados das atividades praticadas de acordo com os hábitos culturais em que a criança se desenvolve.

Nessa perspectiva de construção social pode-se observar a seguinte conjectura:

O meio social em que a criança se desenvolve e a história pessoal são fatores importantes que determina de como a criança vai aprender a pensar. Através deste processo de desenvolvimento cognitivo, a linguagem e determinante de como a criança vão aprender a pensar, uma vez que formas avançadas de pensamento são transmitidas à criança através de palavras (Murray Thomas, 1993).

Segundo Stern (1953), a interpretação, que dá as primeiras palavras das crianças, é a pedra de toque de todas as teorias da linguagem infantil, e o ponto em todas as principais tendências, das modernas teorias de linguagem que se encontram e se entrecruzam. Para esse o autor, as palavras não devem ser interpretadas no ponto de vista intelectualista, nem do ponto de vista do afeto-cognitivo. Não compartilha, contudo, com o pressuposto de Meumann onde afirma que as primeiras palavras são simples expressões das emoções e do desejo das crianças.

No entanto, Stern, escusa-se a ir buscar as raízes da história da genética dessa tendência. Para ele, essa não resulta de uma evolução, a partir da orientação afetiva para o objeto no ato de apontar (gestos ou primeira palavras), surge do nada e é responsável pelo nascimento do significado. Ele ainda considera a linguagem da criança como produto do meio ambiente, sendo a participação da criança passiva. O autor tem o cuidado em não desmerecer o papel desempenhado por jogos de imitações no desenvolvimento da linguagem. Fala ainda que o papel da atividade espontânea da criança com o conceito de que a conquista de sua linguagem dá-se através de uma constante interação de disposições internas que prepara a criança para a linguagem e para as condições externas.

Como proposição do pensamento vigotskyano o autor ainda afirma que: O desenvolvimento do pensamento é determinado pela linguagem, ou seja, pelos instrumentos lingüísticos do pensamento e pela experiência sócia cultural da criança. Stern (p.390f112).

Nessa linha de pensamento, no contexto da discussão de aquisição da linguagem, fazse necessário uma breve abordagem por Chomsky (1976), onde a apreensão de uma linguagem específica requer a imersão, nessa mesma língua, ou seja, a exposição passiva (ouvir os outros a falarem) e ativa (interagir com eles). Se a tal, imersão ocorrer durante um determinado período a criança tornar-se-á um falante competente. Fato esse em que o autor afirma que as alterações no conhecimento da língua que ocorre durante um período de aquisição da linguagem chamam desenvolvimento da linguagem.

Outros pressupostos retratam uma perspectiva fundamental na construção e desenvolvimento dos sentidos da criança Tais aspectos são indispensáveis no berçário, pois convergem no intuito de fornecer novas práxis do cuidar e educar.

5.3 - Os quatro sentidos no desenvolvimento da linguagem

A audição é a escuta da comunicação oral e entoação. A criança que apresenta problemas auditivos, não evolui para além do balbucio sendo incapazes de escutar. O choro é a forma do bebê se comunicar e chamar a atenção.

Possari e Neder (2001, p.31) afirmam que:

Uma das formas da dimensão humana da interação é a acústica. Não o é apenas o falar que ouve, mas todas as formas acústicas, sons, ruídos, barulhos que nos chegam ao ouvido. Esses sons são percebidos por nós pelas suas propriedades de altura, timbre, intensidade e duração.

Outro fator importante é a visão — A criança se comunica através do olhar, como pedido socorro ou mostrando carinho. Aspectos não verbais da comunicação. Davis (1979,

p.68) demonstra que:

Imagine que você esteja sentada num lugar publico, ao se levantar repara que alguém olha para você fixamente e que não se altera quando você o encara também. E quase certo que você vai olhar rapidamente para o outro lado e, em seguida, volta a olhar, para ver o outro continua a olhá-la outras vezes para conferir. Se ainda persistir o olhar. Você poderá ter reaçöes diferentes dependendo do que você sentiu naquela situação.

O outro sentido a se observar é o tato — transmite sentimentos de segurança, tranqüilidade ou agressividade, através do tato, que a criança se sentem segura, para começar a gatinhar e a conquistar a sua liberdade de movimento, (Segundo Davis (1979, p. 135), o ato de se tocar, significa um tipo especial de proximidade entre pessoas e contato com a pele , e o tato é a forma que o bebê explora o mundo, sabendo, assim aonde começa e termina seu próprio corpo.

No olfato — a criança não tem classificação plena dos cheiros. Não diferencia o desagradável do agradável, ela imita os gestos dos adultos. Recebe a informação nem sempre consciente. Portanto em seus pensamentos (Hall 1986), considera que ainda bem que não valorizarmos tanto os cheiros para interagir, isso pode ter dado ao homem a grande capacidade de suportar aglomerações.

5.3.1 - O desenvolvimento da linguagem das crianças através dos estágios

5.3.1.1 - Período Pré-verbal - 0 aos 12 meses

O primeiro ano de vida do bebê representa um período muito importante para o desenvolvimento sócio afetivo, ele deverá criar autoconfiança nas suas competências comunicativas fornecendo-lhe bases sólidas para o seu desenvolvimento lingüístico, embora durante este período possa não ter ainda pronunciado uma única palavra. Este período chamase pré-verbal ou pré-linguistico, caracteriza-se pelo lançamento das bases da comunicação entre o bebê e os que o rodeiam, iniciando as vocalizações e desenvolvendo as capacidades de diferenciar os sons da fala humana. Inclui a emissão de sons que não são palavras, como choro, tagarelar, arrulhar e imitação de sons.

No decorrer do primeiro mês o choro altera-se conforme as suas causas, como por exemplo: dor, fome, birra, solidão ou sono. Abaixo constam os três tipos de choro.

Manha: é a grande arma do bebê para realizar a sua vontade. Acontece nos momentos de birra, quando a criança sente ciúmes ou é proibida de fazer algo (o choro mantém sempre o mesmo nível).

Fome/desconforto: o bebê chora quando sente fome, frio, etc. (o choro aumenta de intensidade até a criança ficar satisfeita).

                  Dor: quando o bebê sente alguma dor (o choro é inconstante tendo gritos pelo meio).            

Para além do choro, o bebê emite ainda, sons vegetativos — tosse, espirros, soluços, etc. Entre um mês e meio aos três meses o bebê emite variados sons como expressão das suas emoções, chamados de arrulhos ou gorgolejos e o riso.

Fechado: sorriso envergonhado, utilizado normalmente quando a criança fica embaraçada ao receber uma crítica ou elogio.

Superior: sorriso social, quando a criança quer apenas ser simpática, utilizado normalmente quando lhe contam uma história ou quando é apresentada aos amigos dos pais. Largo: demonstração máxima de felicidade, de divertimento, a criança dá uma gargalhada expressiva com som.

Dos três aos quatro meses o bebê emite mais e variados sons, chamados chilreios e tagarelice. Por volta dos seis meses o bebê torna-se repetitivo na Ia-la — ma-ma, pa-pa, etc.

Entre os sete e os dez meses surgem as inteirações entre o bebê e os adultos.

Aos nove, dez meses o bebê imita os sons emitidos pelos outros, mesmo que não se compreenda. Estes sons emitidos pelo bebê começam a fazer parte de um repertório de sons base, desde que saiba como os produzir e compreender, estão preparados para aprender a língua da sua cultura.

5.      3.12-12 a 24 Meses

A evolução da aquisição da linguagem no segundo ano de vida é caracterizada por duas fases distintas, cada uma delas, aproximadamente, com a duração de seis meses.

Na primeira fase (dos 12 aos 18 meses) a criança repete palavras, mas ainda não consegue formar frases, utiliza apenas uma única palavra para se expressar. Nesta idade a criança fala, em média com 50 palavras. Devido ao número limitado de palavras atribui à mesma palavra vários significados. Esta é a denominada fase da holofrase. Nesta idade precoce as holofrases são constituídas por bissílabos, e também reproduções aproximadas dos sons produzidos animais (por exemplo: "au-au", "miau-miau", "quá-quá", "piu-piu , mamã", "papá"). Normalmente, já conseguem compreender o significado de alguns verbos, tais como

"quero", "dar", "pegar"

Na segunda fase (dos 18 aos 24 meses) a criança a começa construir pequenas frases, normalmente constituídas por substantivos, alguns verbos, raros advérbios e adjetivo. Utiliza

-4 o seu próprio nome, já consegue reconhecer partes do corpo em si e nos outros.

A aquisição de vocabulário parece muito lenta ate aos 19 meses, a partir daí surgem muitas palavras novas por dia, nem os próprios pais perecem saber como a criança aprendeu tantas coisas novas.

Os temas que abordam estão intimamente ligados ao "seu mundo", tais como, as pessoas que lhe são mais próximas, os objetos que fazem parte da sua rotina, os seus animais preferidos.

O aumento do vocabulário resulta da aquisição dos traços semânticos. O bebê aprende o significado de uma palavra através da união de várias características. Fixa-se num som, por exemplo, o som que produz certo animal, como de um gato. Este animal chamar-se-á "miau" Gradualmente a criança reconhecerá que o "miau" tem quatro patas, rabo comprido, bigodes, pelo curto. Passo a passo a criança vai alterando o seu conceito até se aproximar do conceito de "gato".

Segundo o autor Gardner (1991) diz que a inteligência lingüística é a que mais se aproxima da concepção de inteligência da psicologia tradicional. O ensino e a aprendizagem estão quase que totalmente baseados no uso da linguagem e, sobretudo, nas palavras escritas. Ao mesmo tempo em que faz estas observações, Gardner assinala um fato bastante curioso, baseado no qual afasta totalmente a idéia de que essas pessoas são inteligentes e a média dos seres humanos não é: o cientista Albert Einstein não começou a falar na época em que normalmente todos os bebês começam a pronunciar as suas primeiras palavras. Isso significa que cada um de nós tem certa competência lingüística, que é a mais ampla e democraticamente na espécie humana. "O dom da linguagem e universal e seu desenvolvimento nas crianças e surpreendentemente constate em todas as culturas" (Howard

Gardner, id, p 25).

5.4  - Analise de dados

Através de observação, na creche Ivo da Silva Carvalho num grupo de 18 crianças, sendo que selecionamos entre elas 05 com idades diferentes e então analisamos as diferenças no desenvolvimento lingüístico, sendo que eles possuem idades diferenciadas.

Quanto a criança A (5 meses) pudemos registrar as seguintes observações:

Observamos que a criança já separa seu corpo dos objetos externos e isto facilita a discriminação das características e funções do objeto. Já consegue leva-lo até sua boca com a intenção de provocar sensações táteis. Numa atividade em que ela (criança) viu em sua frente diversos brinquedos de cores variadas ela preferiu aqueles que possuíam cores mais vibrante. Porém constatou-se que rapidamente a atenção dessa criança se dispersou. E isso ocorreu com todas as brincadeiras que fizemos.

Quando ela estava com seus colegas do grupo percebemos que não se sentiu a vontade para dividir seus brinquedos. Ao contrário, ficou nervosa e logo se isolou.

Constatamos então que nessa idade é oportuno dar ao bebê objetos para o seu manuseio, aumentando seu repertório em relação ao conhecimento, tendo o cuidado de apresentar objetos em pequenas quantidades, para que ele possa reconhecer e distinguir significado. O bebê ainda não se refere a eles com apoio de palavras, e sim com ações.

Vimos que o som que produz junto aos objetos ou pessoas são apenas indícios e não significantes, pois a palavra faz parte de um conjunto de ações que identifica objeto e eventos. Nessa fase os balbucios, são apenas vocalizações combinadas entre consoantes e vogais, como "dá, dá, dá" e "bá, bá, bá" que algumas vezes saem como se fossem fala real. O bebê gasta mais tempo fazendo balbucios, quando esta sozinha; os sons que produz têm entonação semelhante á fala. Responde todos os sons e barulhos que são feitos em sua volta com gestos carinhosos (não balbucia).

"A brincadeira das crianças evolui mais nos seis meses primeiros anos de vida do que em qualquer outra fase do desenvolvimento humano e neste período, se estrutura de forma bem diferente de como a compreenderam teóricos interessados na temática". (Brougére,

1998).

As observações realizadas com a criança B nos forneceram os registros abaixo:

Vimos que a criança no oitavo mês, continua com os balbucios, sempre evoluindo mais, observamos que ao ouvir o som da voz do adulto e ver os movimentos de sua boca, intervenções dos adultos não podem ser mecânicas, descontextualizadas, mas através de brincadeiras, para que o bebê sinta prazer, e assim as experiências se tornam agradáveis e duradouras. Nessa fase, o bebê já engatinha e se movimenta por todos os lados e responde a sons com gestos e palmas geralmente repetindo os nossos gestos, e quando estão com fome choram, faz birra, grita desesperadamente, se aclama quando é atendida. Neste período, gosta de brincar sozinho, fazendo barulho, imitando sons diversos.

"A brincadeira é uma atividade que a criança começa desde seu nascimento no âmbito familiar" (Kishimoto, 2002, p. 139).

As observações realizadas com a criança de 01 ano renderam os seguintes dados Nessa fase eles já são capazes de entender ordens simples, e é o momento de iniciar a colocação de limites. Neste período ensinamos a ela as regras de usar o banheiro, fazer fila para ir ao refeitório, segurar o copo, orienta como se alimentar sozinho, deixando ela próprio crie sua maneira. A existência de limites claros e coerentes auxiliarem o bebê a se 'situar' trazendo uma sensação de segurança, mesmo quando aparentam discordar. O adulto que convive com o bebê deverá ter a sensibilidade de dizer sim ou não na hora certa. Nessa fase o bebê percebe que de seu corpo saem sons e também que ele è capaz de repeti-los com balbucios e suas primeira palavras, que são suas tentativas de expressão verbal. Sua repetição transforma-se numa brincadeira, se incentivada pelo adulto. Pronuncia "a, a, a" para pedir água, "mama" para mãe e "papa" para pai anda por todos os lados. Ao ouvir musica, tenta dançar, imitando as imagens, levanta e cai, brinca com objetos diferentes transformando-os em brincadeiras com simples imaginação.

Segundo Benjamin, [1984:] 'a criança quer puxar alguma coisa, torna-se cavalo, quer brincar com areia e tornar padeiro, quer esconder-se se torna ladrão ou guarda e alguns instrumentos do brincar arcaico desprezam toda a máscara imaginária [na época, possivelmente vinculados a rituais]; a bola, o arco, a roda de penas e o papagaio, autênticos brinquedos, tanto mais autênticos quanto menos o parecem ao adulto' [pp. 76-77]

Os dados abaixo referem-se a criança D de 01 ano e três meses

Observamos o desenvolvimento, a fase de dozes meses não significa grandes mudanças da fase anterior. As mudanças visíveis de comportamento surgem por volta dos quinze/dezoito meses; Nesta fase, observamos que surgem mudanças de transição, difere de crianças para crianças. Entretanto, dos quinze aos vintes e quatro meses isso acontece e se revela na mudança da postura para a posição ereta, ficando em pé e caminhando, na articulação de palavras e nas realizações de ações sem ajuda do adulto. Neste período quer explorar o mundo de modo novo. As primeiras palavras são difíceis de adivinhar o que significa, por exemplo: "cabou" que quer dizer fome, e quando quer repetir aponta para a cozinha, outras se expressa de maneira diferente, cada um tem sua maneira de se comunicar.

A última criança observada está com 2 anos e a partir destas observações obtivemos os dados abaixo descritos:

O processo do sentido de autonomia inicia-se por volta desta idade, é um processo longo que atravessa várias fases da infância, sendo que a pessoa poderá ser dependente ate a vida adulta; tudo vai depender do tratamento que lhe é dado. Mesmo sem pretender que a criança dessa faixa etária seja autônoma, as raízes do sentimento de autonomia começam a fluir quando ela aprender a andar sozinha, a dizer o que quer e a explorar o mundo de modo independente, e quando descobre que é capaz de iniciar suas próprias atividades. Se o sentido de confiança for bem desenvolvido, ela mais facilmente poderá romper com a dependência e decidir sobre suas pequenas ações.

Analisamos que o processo do sentido de autonomia é lento, mesmo que a criança sente que é capaz de realizar algumas tarefas sem o auxilio do adulto, continua dependente da mãe, gosta de ficar com ela, de mostrar-lhe tudo o que faz, de obter sua aprovação ou reprovação, como se cada ação desempenhada precisasse da avaliação materna ou de nos que auxiliamos para essa construção. Isso demonstra uma inter-relação entre o sentido de confiança e de autonomia que estão emergindo.

Também essa fase marca a relação da criança com outras. Ela gosta de brincar com outras, embora as brincadeiras não sejam compartilhadas, Dessa forma a criança também descobre que existe como pessoa. E necessário criar, nessa fase, situações que levem ao fortalecimento da individualização, pois só quando a criança sente-se individuo tem a possibilidade de um relacionamento social mais consistente. Ela é essencialmente egocêntrica, a maioria de seus relacionamentos é consigo mesma.

Nessa fase a criança está mais disposta a experimentar e exercitar, sua energia motora é muito forte, esta constantemente ativa, locomovesse andando, tentando correr, subir escadas com menos dificuldade. Gosta de atirar objetos. Entretanto, nessa fase é sua capacidade voluntária de largar e pegar que prevalece. Assim, por exemplo, consegue empilhar mais objetos na torre. Essa capacidade de largar e pegar o brinquedo facilita os jogos com bola, que nessa idade lhe proporcionam muito prazer.

Na hora das atividades, ela fica agitada e quer fazer tudo de sua maneira, para desenhar ou pintar, move todo o braço. As mãos ainda não têm muita agilidade nos pulsos; por isso sente dificuldade em pegar nos objetos que é oferecido. A atividade motora é mais desenvolvida ao chegar aos dois anos já é capaz de folhear a pagina uma revista, tirar os sapatos, abrir um zíper e outras atividades que dependem de motricidade mais fina. Nessa faixa etária o mundo da criança se expande rapidamente. Há um bom equilíbrio em seu sistema de ação e isso lhe dá condições de participar de muitos jogos infantis, individualmente ou na companhia de outras pessoas, tornando-se cada vez mais sociável. Embora as brincadeiras ainda não sejam plenamente compartilhadas entre crianças dessa fase, elas entreolham-se, trocam brinquedos, sorriem, atiram objetos umas nas outras, gostam de estar juntas, mas desenvolvem brincadeiras paralelas.

5.5  Considerações Finais

Conforme a analise feita constatamos que o bebê a partir dos cinco meses venceu o desequilíbrio temporário. Passa a ser mais expansivo e expressivo, reconhecendo as pessoas, sorrindo com mais facilidade e espontaneidade. Que responde as caricias com alegria e balbuciadas. Busca com as mãos iniciar as suas explorações agarrando objetos. Mantendo a cabeça erguida apóia-se e se senta.

É importante ressaltar, que os estudos contribuem para diferentes desenvolvimentos no âmbito infantil. O quanto os bebês conseguem se desenvolver antes mesmo de primeiro ano de vida, a noção da fala, e transmitir todo o processo vivido por ela no intervalo de zero a dois ano.

Verificamos que o educador deve valorizar as seguintes considerações. Estando consciente que cada criança apresenta sua individualidade, e todos os aspecto de desenvolvimento se tornam mais específicos, a medida que ela amadurece. Os seus comportamentos são características conforme sua idade. Ao se desenvolver, a bebê tem seu comportamento diferenciado aumentado, não só em quantidade, mas também em qualidade.

É digno de nota as idéias de Chomsky, Stern, Vygostisky, Lacan, Winnicott, Ramos, que muito contribuíram para aperfeiçoamento de nosso estudo. Esperamos que o referindo artigo possa contribuir para apronfudamento de estudos relacionado à educação infantil buscando novas respostas e conhecimento. Referências Bibliográficas

FARIAS Maria Cilvia Queiroz. Linguagem na Educação Infantil. Fortaleza, SEDUC, 2003 pp. 10 -23.

VYGOTSKY, Liev Semiónovich. Pensamento e Linguagem. 3 0ed. S.Paulo; Martins Fontes, 1991.

NEDER, Maria Lucia Cavalli, Linguagens na Educação Infantil I: Pensamento e

Linguagem/Maria L. Cavalli Neder, Lucia Helena. V. Possari, Regina M. de Souza. Cuiabá: EdUFMT,2008.

NEDER, Maria Lucia Cavalli, Linguagens na Educação Infantil II: pensamento e linguagem/Maria L.Cavalli Neder, Lucia H. Vendrusculo Possari. Cuiabá: EdUFMT, 2008.

SANTOS M. Santa Pires, Brinquedo e infância: um guia p/ pais e educadores em creche.

Santa Marli P. Dos Santos, Dulce R. Mesquita da Cruz. Petrópolis, RJ: vozes, 1999.

NOGUEIRA, E. Greice Davanco, Crescimento e Desenvolvimento da criança I/Eliane Greice Davanco Nogueira. Cuiabá: Consórcio Pró-Formar, 2008.

Urt Sônia da Cunha, Crescimento e Desenvolvimento da Criança 11/Sônia da Cunha Urt. Cuiabá, 2008.

EBERT, Sintia L. Faé, A Aquisição da Linguagem: Uma reflexão da teoria de Vygotsky:

Sintia Lúcia Faé Ebert/[email protected]. Disponível em: <http: /www.centrorefeducacional.com.br/vydesmen.htm>.

111 NÚCLEO DE ESTUDOS: DINÂMICA E TRABALHO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

V Seminário Temático: "Dinâmica e organização do trabalho pedagógico na educação infantil: uma reflexão sobre a proposta pedagógica e gestora. ".

CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

GESTÃO E PLANEJAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 1 e 11

EDUCAÇÃO INFANTIL, CIDADANIA E EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A DINÂMICA DO TRABALHO E A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

O PROJETO PEDAGÓGICO DAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO INFANTIL