ESTUDO BÍBLICO ACERCA DE ENOCH

Estudo realizado em 27.05.87, com base nas informações colhidas nos livros de Enoch e em todo o restante da Bíblia Sagrada, e estes livros seriam apenas um

Inicialmente, deve-se registrar que existem 4 (quatro) personagens na Bíblia com o nome de Enoch. Mas, no presente estudo, distinguiremos "o nosso" Enoch principal – Aquele que "andou com Deus" – batizando-o de Enoch (com "ch" no final) e os demais chamaremos ENOQUE, com "que"'. Assim, portanto, vejamos quem são eles, por ordem de importância espiritual.

1o) Chama-se ENOCH; filho de Jared (Jerede/Jaret), filho de Malaalel (Malaleel), filho de Cainan (Cainã/Cainam), filho de Enos, filho de Seth (Sete), filho de Adão e irmão de Caim, que matou Abel, e que também teve um filho batizado de Enoque (Caim, inclusive, fundou uma cidade com o nome de seu filho Enoque). Vê-se aqui, portanto, que o nosso Enoch foi o sétimo depois de Adão e tataravô de Cristo. Textos de citação da identidade e genealogia deste Enoch: Gn 5:18-23 ; I Cr 1:3 e 33 e cap. 5:3. No Novo Testamento há a citação de Lucas 3:23-38, de onde extrai-se grande lição para entendimento do presente argumento.

2o) Chama-se ENOQUE; filho de Caim com sua mulher (cujo nome não é citado na Bíblia), neto de Adão e Eva e em cujo nome fundou-se uma cidade na Mesopotâmia.Talvez este Enoque até fosse de pele negra. Texto de citação da identidade e genealogia deste Enoque: Gn 4:17-18 – tão somente ele é citado aqui.

3o) Chama-se ENOQUE; filho de Midiã, filha de Abraão com Quetura (uma de suas concubinas), portanto neto de Abraão, filho de Terá, filho de Naor (Nacor), filho de Serugue, filho de Reú (Ragaú), filho de Faleque (Fáleque ou Pelegue), filho de Héber (Éber), filho de Salá, filho de Arfaxade, filho de Sem, filho de Noé, filho de Lameque, filho de Matusalém que é filho de ENOCH. Texto de citação de sua genealogia: Gn 25:4 (e recitações no Pentateuco, Crônicas etc)(*).

4o) Chama-se ENOQUE; (Trineto de Abraão), filho de Rúben, filho de Jacó, filho de Isaque, filho de Abraão, etc. Textos de citação de sua identidade e genealogia: Gn 46:9; Ex 6:14; Nm 26:5 e (*) etc.

Agora vamos às citações sobre Enoch e toda a sua exemplar espiritualidade (o leitor pode ler todo o Livro de Enoch aqui):

Assim, em Jd 14-15 (ver de 5-16), vale a pena ver Judas, "irmão de Cristo", citando o seu profeta favorito a aniquilar corruptos, demônios, anjos maus e até, adivinhem, pastores; sim, pastores ou ministros de pregação religiosa, como os que conhecemos nas igrejas pós-modernas.

Em Hb 11:5, a coisa é terrível: o autor diz que "Enoch 'fugiu' da morte (talvez por terror a ela – Hb 2:14-15) por haver AGRADADO a Deus de tal forma que pode-se até 'vislumbrar' privilégios à distância, concedidos a um mortal". Teria Enoch nascido sem pecado??? A Bíblia dá margem a se pensar isto? Senão, vejamos.

Não diz a Bíblia que "Todos pecaram e carecem da glória de Deus"?; Não diz também que "O salário do pecado é a morte"?. Logo concluímos: Se Deus "levou" Enoch para ele não "ver" a morte, é lícito supor que ele não tinha o pecado original, sobre o qual pesava a sentença do princípio. E isto é tão terrível que, por certo, levanta a pergunta: "e os restos mortais de Enoch, nunca foram encontrados?". Exatamente isso: não há qualquer registro de funerais ou supostas ossadas do profeta. Por isso, podemos admitir que o seu corpo "nunca experimentou decomposição ou desintegração": assim, a sua parte física nunca chegou a degradar-se e jamais voltou ao pó de onde saiu.Logo, não se poderia procurar nem mesmo um resquício de DNA-fóssil em possíveis ossadas, pois seus ossos nunca chegaram a desencarnar!...

Seria Enoch, portanto, um raro caso de "pessoa física imorredoura", ou que nunca 'virou' fantasma? Teria sido vantajoso para Deus possuir um servo transformado sem ter jamais tido a experiência lecionalmente gratificante do aprendizado em corpo astral?

Bem. Tudo isso são elucubrações e conjecturas, porém oportunas e proveitosas para a consolidação da fé. Qualquer mente interessada em evoluir irá, por certo, gastar (ganhar) todo o tempo possível raciocinando em cima destas ponderações acerca de Enoch, chamado "o profeta dos Anjos". E quem o fizer, irá sem dúvida querer ler o seu livro. Um livro extraordinário e, acima de tudo, um livro bíblico, na mais exata expressão da palavra – e da Palavra.

O presente estudo data de 27 de maio de 1987, após um ano de investigação de literatura mística hebraica acerca do entendimento judaico do "nazireado" (pela coleção "O Novo Testamento interpretado versículo por versícuilo", de Russel Champlin), bem como com base nas conclusões extraídas do livro de Enoch e de todo o restante da Bíblia Sagrada. Para este articulista, estes dois livros são, a rigor, um único e mesmo livro.

Todavia a igreja alegou, sem maiores explicações, que Enoch é um livro perigoso para constar do Cânon Oficial Cristão, o que não convenceu plenamente aos exegetas e estudiosos das suas próprias escolas teológicas, e muito menos fora do Cristianismo. Em nossa leitura pessoal, também nada vimos em Enoch "que desabone a sua conduta" para constar no Canon, e ao final lamentamos a perda da autoridade eclesial (dada pelo Cânon) nas doutrinas e crenças particulares dos cristãos.

O detalhe decisivo e mais sublime de Enoch é o fato de o profeta ter todas as características de um nazireu legítimo, do tipo descrito pela Bíblia como "nascido para Deus e para a missão", cujas obras escapam à compreensão de todos os demais mortais, a saber, "servir de elo entre Deus e os demônios, como ensejador de oportunidade para resgate daqueles que sentissem 'saudades' do Amor de Deus, ou o que quer que isto signifique". É de fato uma coisa completamente fora de nossa visão e compreensão, e só encontramos um exemplo aproximado disso no Novo Testamento: João Batista, mas tão somente porque o seu nazireado mostrou-se vivo na visita de Maria a Isabel, na qual João ficou "cheio do Espírito Santo", já ali, ainda dentro do ventre materno. Mistério dos mistérios.

Prof. João Valente de Miranda.

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