ENCONTRO CONSIGO MESMO
Publicado em 12 de outubro de 2009 por Dirceu Moreira
ENCONTRO CONSIGO MESMO: o
caminho da alquimia para transformação, superação e autocrescimento
Por Dirceu Moreira
Quando o ser humano tenta
destruir aquilo que considera negativo em si mesmo, estará se autodestruindo,
porém quando aceita suas próprias imperfeições, estará a caminho da
transformação, da superação e de forma inefável encontrará a essência Divina
dentro de si mesmo. O encontro com o Divino que há em cada ser humano, só
poderá acontecer quando este se permitir um encontro consigo mesmo. Assim dizia
Santo Agostinho “Deuses fomos e disto temos nos esquecido”, da mesma forma o
prof. Henrique José de Souza quando afirma: “Deus se divide em homens para que
estes se somente novamente a ele”. Não bastasse isso, há dois mil anos atrás, o
avatara do ciclo de peixes Jesus Cristo
(Jeoshua Bem Pandira) pronunciou sinteticamente tudo que precisávamos para
entender o poder que está no interior de cada um: “a tua fé te curou”. Se Ele
se manifestar neste atual momento da humanidade, com o mesmo nome, ou outro
nome muito diferente, será que o reconheceríamos, ou Ele seria...? Principalmente
se nossos olhos físicos estiverem focados no externo porem, para aqueles cujo
olhar estiver voltado para o seu interior o reconhecerão. Primeiramente, um ser
humano só reconhece o outro, depois de
conhecer a SI MESMO, como expressão da essência maior: Deus, O Alfa e
Omega, o Supremo Arquiteto do Universo, Jeová, Allah, Adonai, Elohin, Brahma, Ptah,
Tupã, Oxalá, Quetzalcolt, Maitréia,
e etc. Pouco importa o nome que o homem lhe atribui, mesmo porque há 99 maneiras
de dizer o nome de Deus, porém não devemos levar estes nomes em vão, como
fazemos com os nossos próprios nomes, pois, nem sequer nos conhecemos direito
enquanto seres humanos.
Quero
recontar uma história (bem real por sinal), do almiscareiro, um animal que vive
nos inacessíveis altos picos do Himalaia. Diz-se que quando ele alcança certa
idade, começa a sentir o cheiro penetrante que exala no ambiente ao seu redor.
Com o passar do tempo, o almiscareiro começa a ficar excitado com o aroma
delicioso. Assim caminha para lá e para cá, pulando, correndo, farejando sob as
árvores e furnas, buscando o perfume em toda parte - às vezes por muitas
semanas busca a fonte da tão persistente fragrância. É uma busca frenética e à cada
vez que isto se repete, ele novamente sai loucamente em busca de tal
fragrância.
Sentindo-se
incapaz de localizar o perfume tantalizante (que lhe castiga a alma), o
almiscareiro se torna extremamente inquieto e, em seguida, irritado. Assim ele
prossegue sua busca, porem, ele adentra a um estado tal de agitação, e num
esforço último e desesperado de encontrar a fonte da essência enlouquecedora,
que há casos em que o almiscareiro acaba saltando dos altos picos alcantilados
do himalaia e finda por cair para a morte no vale que se estende abaixo. Os
caçadores, assim, achando os cadáveres, retira a almejada bolsa de almíscar e
produzem o perfume que é consumido em todo mundo. Diz-se que ainda nos dias de
hoje, o almiscareiro é aprisionado e assim permanece em cativeiro por pelo
menos 15 anos para que se extraia esta essência que se transforma em perfume:
um deles o musk. Assim o almiscareiro
perde a própria vida, procurando o que está dentro de si mesmo e de outra
forma, perde a sua liberdade aprisionado pelo outro que não deveria agir de
forma animal: o homem. (baseado na história de Paramahansa Yogananda)
Afinal
qual a diferença do almiscareiro em relação ao ser humano? O almiscareiro
pertence ao reino animal, e o ser humano pertence ao reino hominal, cujo
diferencial básico é ser o portador do pensamento, portanto, o Ser pensante.
Porem quando não faz uso deste seu potencial acaba recaindo sobre aquele reino
e se animaliza, como fazem muitos que ainda aprisionam o almiscareiro para lhes
retirar o perfume. O homem ainda não encontrou seu próprio perfume: aquele que
contem o doce e inigualável aroma do amor-sabedoria. Seu inebriante exalar
conduz o ser humano ao seu estado de êxtase que é o de se aproximar e conviver
com a essência do Criador a pulsar no seu interior. Isto se assemelha ao mito
de Pysquê, representando a humanidade em busca de Eros (Divino), ou ainda da
mulher em busca do seu amado. Da mesma forma o Édipo, que significa pés
inchado, caminhante, em sua longa jornada de vida busca algo que também traz
dentro de si, bem como Tristão em busca de sua amada Izolda, o símbolo da
mulher perfeita de sua vida. Ele a busca em todas as mulheres, mas não se
apercebe que somente chegará a ela quando reconhecer que esta Izolda pulsa
dentro daquela com a qual ele convive todos os dias, que trabalha, cuida dos
filhos, lava, passa e etc. Esta é a Izolda II e, Tristão somente chegará até a
Izolda I (perfeição) quando tiver reconhecido que somente através da segunda,
chegará à primeira. Quando isso ocorrer é porque a segunda era a própria
primeira, dentro de si mesmo. Novamente o homem busca fora o que tem dentro de
si. Muitas vezes, o ser humano, neste frenético ir e vir cruza muitas vezes,
com aquilo que chamamos de contra-parte e nem percebe o que está acontecendo.
Feliz
do homem que encontrar seu próprio perfume, no entanto, a maioria das pessoas
ainda se comporta como o almiscareiro. Buscam a felicidade (o perfume da vida),
por toda parte, principalmente no seu exterior através dos divertimentos, nas
tentações, no amor humano e nos caminhos escorregadios da riqueza e da fama. Dificilmente
o fazem e teem muito medo de fazer um mergulho para dentro de si mesmo, em um
inigualável encontro, porque possuem uma crença negativa, de que seu interior
só contem coisas ruins. Esquecem que é do cascalho e da pedra bruta que
extraímos o ouro. No entanto, quando, finalmente, não podem achar a verdadeira
felicidade, cuja fonte jaz oculta no seu próprio recôndito secreto de sua
própria alma, pulam dos picos alcantilados das esperanças elevadas e
despedaçam-se nas pedras da desilusão. Algumas podem até cometer suicídio se
pularem da altura do seu próprio ego, tão distante se acham dos seus
semelhantes.
Pode
ser que muitas de nossas implicações com a “chatice” do outro não passe de nossas
projeções, mas também muitas das nossas qualidades projetamos dizendo que é do
outro. A autenticidade das relações é produto do meu olhar interno, do
mergulhar em mim mesmo, em contato com o meu perfume, que é aquela essência do
amor sabedoria. Assim me conhecendo melhor possa olhar para outro e reconhecer
o mesmo perfume que é fonte Única de Todas as coisas. Somente assim podemos
olho no olho dizer: Namastê: O Deus que habita em mim habita o Deus que habita
em você.
Deixamos
de fazer coisas pequenas, como, por exemplo, elogiar, dar um sorriso, ajudar
alguém e etc. Embora essas pequenas coisas estejam focadas no estar, no ter,
será a partir delas que podemos fazer o mesmo
Onde
você está buscando o seu perfume?
Quanto
mais o ser humano busca lá fora aquilo que tem dentro de si para alcançar a
felicidade, mas se distancia de si mesmo e tudo que adquire na vida não é o
suficiente para fazê-lo feliz. Os bens materiais são úteis para o equilíbrio
espiritual, mas quando um dele se sobrepõe ao outro exageradamente, teremos ora
um homem extremamente materialista ou então um mistificador. A fé e a razão
caminham de braços dados, assim como devemos aproximar o cérebro do coração, ou
seja: sentindo com o cérebro e pensando com o coração. Quando o homem separa
estas duas coisas, ele passa toda a sua vida em busca de si mesmo, caindo,
chorando, sofrendo, mas se não muda pelo amor-sabedoria, muda pela DOR, mas
MUDA. A lei de evolução diz que todo ser traz imanente dentro de si a força que
o impulsionará para o crescimento. Estamos, portanto, condenados a evoluir. Que
cada um escolha seu caminho. Qual é o seu?
Dizia
o prof. Henrique José de Souza: “quanto mais pesado fizeres o mundo, mais o
mundo pesará sobre ti”. O mundo de um ser humano tornar-se cada vez mais pesado
à medida que ele tenta fugir de si mesmo, porque somente ele pode transformar o
conteúdo de seu próprio fardo (suas pendências). O ser humano poderá encher sua
mente de tudo que quiser para fugir de si mesmo, porem quando menos espera: eis
você diante do espelho da vida. Reflexo que atordoa a mente, e é neste momento
que surge a oportunidade: enfrentarmos a nós mesmos ou continuar fugindo. Os
momentos de silêncio, na hora de dormir, ao estar sozinho são inquietantes
porque é você diante de ti mesmo. Permita-se conhecer e pergunte-se: o que é
que eu posso fazer por mim agora. Aceitar que somos assim ou assado chama-se
humildade ou o início para a cura. À medida que o tempo passar você descobrirá
que fugiu de alguém tão especial, durante tanto tempo e que não tinha tantos
problemas assim. Estes problemas somente se tornaram grandes, porque problemas
também crescem com o passar do tempo e principalmente quando não o resolvemos.
Nas sete fases que conduz ao verdadeiro encontro consigo mesmo, a primeira que
aparece é a fase caótica ou a não identificação do problema. O inconformismo e
a negação surgem no momento em que estes problemas se aparentam mais claros. Se
a negação persistir, o individuo volta à situação caótica. Este vai e vem
provoca um sofrimento. De tanto que se repete, forçosamente o reconhecemos como
nossos problemas, surge então a humildade. Na quarta fase, como a mente mais
clara, onde os turbilhões emocionais já se aquietaram surge a aceitação, então
o que era ruim, indesejável passa a ser oportunidade. Estas quatro fases
iniciais, ainda é um processo de reflexão e tomada de consciência. É inspiração
e talvez só precise de 10% de energia, porem as três fases que vêem a seguir,
exigem a transpiração, ou seja, energia de vontade posta em prática. Surge
então a transformação que exige perseverança, a superação de si mesmo como
processo continuo, até atingir a transcendência ou o êxtase, a autorealização
do ser humano. Este fluxo irá se repetir a cada problema que é solucionado e
assim vamos galgando os degraus da evolução. Cada vez que você subir um destes
degraus, continue a olhar para cima, porem, jamais se esqueça de auxiliar
aqueles que estão abaixo e caso não faça isso, eles poderão derrubá-lo.
Como
a água que está no subsolo da grande região de Irecê-Ba, representa um
manancial de ouro para toda aquela região, também o que temos nos subterrâneos
da mente (inconsciente) é o depositário de grande saber. Diferente do aqüífero
de Irecê,não precisamos abri fendas para chegar até o inconsciente, porque ele
emerge constantemente e aflora em nossa consciência e ficamos sem saber o que
fazer. De tanto repetir aprendemos. Talvez esta seja uma grande dádiva do
Criador para seus filhos. Sem que tenhamos PEDIDO Ele nos DOA, oportunidades de
mudança. Se não souber RECEBER, morre de
sede com a boca no pote.
Fugir
de si mesmo é correr o risco de acontecer o mesmo que aconteceu com o
almiscareiro. A solidão e o desamor são doenças da alma, cujo remédio está ao
alcance de todos.
Prof.Dirceu
Moreira 12/46 – psicólogo, pedagogo, dr.honoris causa em psicologia das
relações humanas, consultor em educação e rh, conferencista e autor de 11
livros. www.dirceumoreira.com.br
– [email protected]