RESUMO

O diagnóstico psicopedagógico se dá de acordo com a necessidade do paciente e no desvelamento ao desdobramento da 'cura" desta não aprendizagem apresentada pelo mesmo. Como uma ciência que estuda a aprendizagem humana, desdobra-se e aceita democraticamente o auxílio de todas as outras terapias existentes e coadjuvantes neste processo de busca à resposta a esta não aprendizagem. Com o aspecto coletivo e multidisciplinar em alta, o profissional – psicopedagogo – senão formado em outras terapias, busca novas alternativas em novos métodos de leitura subliminar deste sujeito em análise, como por exemplo: arteterapia, psicologia, fonoaudiologia, psicodrama, enfim, há uma gama de terapias disponíveis para este paciente.

Eis que aí surge a Psicodramaturgia, técnica esta que surgiu no Brasil, por Doutor Rafaelle Infante no Ipub/UFRJ, que prima o autoconhecimento e respeito do seu próprio limite dentro de uma dramatização que surge inesperadamente, sem nada previsto ou planejado e que tem como diretor a profissional formado na mesma.

Sua adição ao atendimento psicopedagógico é de grande valia, já que naquele momento de leitura do sujeito, tudo que aparece torna-se protagonista e desenvolve-se o enredo da busca da cura do ser, o que está interligado à busca da cura da doença já intalada: a não aprendizagem.

PALAVRAS CHAVE: Psicopedagogia, Psicodramaturgia e Aprendizagem.

O QUE É PSICODRAMATURGIA?

- É a ciência que procura repensar a função sócio cultural da arte dramática, do papel dos atores e do conceito de terapia. Lançada pelo Doutor Rafaelie Infante (Ipub- UFRJ), não precisa de local adequado ou nada planejado.Através de conversas entre o grupo, o protagonista aparece e começa a ser trabalhado através do ato teatral. Se divide em quatro momentos:

1)- Acolhida: recebimento do grupo, disposições de cadeiras para conversas e reconhecimento do grupo;

2)- Aquecimento: Descoberta do protagonista (tema a ser trabalhado e abordado), escolha dos papéis;

3)- Dramatização: Momento do ato teatral, utilização do espaço existente e ação dos egos auxiliares ;

4)- Compartilhar:Ao final de cada ato teatral, todos expõem seus sentimentos e refletem sobre eles.

A psicodramaturgia oferece ao sujeito em busca da resposta (paciente), meios para a mesma, através desta forma de atuar, onde seus medos e fraquezas interagem com seus desejos e diante de uma cena, o diretor (terapeuta), observa nas entrelinhas, o tema a ser encenado e inicia a dramatização.

Além da cena, as falas e atitudes também são improvisadas, tudo acontece de forma espontânea e objetiva. A noção de improvisação não é simples, vem do latim "improvisus" = imprevisível. Segundo o Dicionário Aurélio, significa os efeitos cênicos realizados sem prévio ensaio e destinados ao aprimoramento, pesquisa e enriquecimento da ação, ou da técnica do ator, ou a obtenção de determinados resultados dramáticos.

Charles Dullin (1946), famoso teatrólogo francês, afirmava que a improvisação é um método de ensinar a teoria a prática do jogo dramático, ela obriga o sujeito a descobrir seus próprios meios de expressão. Esta noção de improvisação permite a exploração das potencialidades do indivíduo e o fluir de sua espontaneidade que vai se crsitalizar:

- no desejo de ruptura com os modelos antigos, convencionais;

- na afirmação de que a criatividade não é apanágio do artista, mas que existe em todo ser humano;

Na recusa em considerar a aprendizagem como um processo passivo.

Na psicodramaturgia, a ação é importante na medida em que coloca o sujeito vivenciando no presente, uma ação passada. Os afetos, as lembranças, são retrabalhadas em função do que emerge no instante, tendo então, novas significações, possibilitando ao sujeito uma liberação do que o trazia, até então, o aprisionando. (YEDDA REIS, 2008)

Definido por MORENO, como uma maneira de ser e de agir que o indivíduo assume em um momento preciso, o conceito de papel, é onde ele reage à uma situação dada, na qual outras pessoas ou objetos estão envolvidos.

Os meios utilizados na psicodramaturgia são:

- Visualização: neste contexto, as visualizações são representações mentais positivas cujo instrumento é a imagem guiada. Essa imagem é produzida pela mente ao lidar com figuras. Elas levam a um desbloqueio da mente, a uma transformação do estado interno do indivíduo, ensinando as pessoas a liberar-se da tensão, da raiva, do medo, da ansiedade e todas demais emoções negativas que geram estresse e enfermidades, além de desenvolver a autoconfiança.

- Espontaneidade: é a resposta que o indivíduo dá a uma situação nova e a resposta nova que ele dá a uma situação antiga. È a capacidade de expressão individual, independente dos fatores hereditários e sociais, que permite novas combinações de atos e de transformações e de onde emergem o poder de invenção e da criatividade humana.

- Criatividade: tendência natural existente em estado latente em todos os indivíduos e em todas as idades. Ligada à imaginação e à informação, ela é dependente do meio material, sociológico, cultural e do ambiente. Desempenha um papel importante no processo de adaptação do homem ao seu meio-ambiente. O homem, sendo criativo, torna-se flexível e preserva sua sensibilidade. Isso lhe permite encontrar meios para lidar com os problemas das relações que se pode encontrar na vida afetiva, social e profissional.

Neste contexto, a psicodramaturgia é considerada uma técnica integradora, profilática, de caráter preventivo para males físicos e mentais

Serve para todas as formas de grupos: normais ou patológicos. Não tem regras rígidas, podendo ser adaptada a cada nova situação e variar conforme a estrutura do grupo.

É aplicada semanalmente, sem plano pré-estabelecido. Pois, tudo se desenvolve dos problemas que emergem durante o aquecimento.

Pode-se utilizar exercício de concentração, relaxamento antes das sessões e após , para esvaziamento.

PSICOPEDAGOGIA:

A psicopedagogia é a ciência que estuda e se preocupa com a aprendizagem humana. Estuda as formas como esta ocorre e quando não ocorre, o que a impede de acontecer.

Dentro do contexto histórico, a psicopedagogia ainda é um termo desconhecido por muitos, seu significado se confunde com a psicologia- ciência que estuda o comportamento e a pedagogia- ciência preocupada com o ensino e seus métodos.

Porém, se utilizada no momento adequado e pertinente, leva o sujeito o quanto antes à aprendizagem e assim, à autonomia. Vem como percalço determinante para que o processo de socialização e interação do indivíduo com a sociedade ocorra e o torne ser reflexivo e competente dos seus atos.

O termo prevenção parte da premissa que, se o sujeito é tratado e sua doença (a não aprendizagem), deixa de ser empecilho e se torna curado, a mesma partiu do ato preventivo, nos atendimentos psicopedagógicos. Parte também do objetivo de tornar o indivíduo competente, socializado, preparado para a aprendizagem e consciente de si.

Sabemos que em algumas ocasiões, a não aprendizagem é visata como preguiça, professora que não ensinou direito, aluno que não gosta de estudar, porém, ela pode se transformar em algo muito mais grave e difícil de se diagnosticar com o passar do tempo, levando o indivíduo à marginalização pela sociedade e o meio em seu entorno.

Cabe então, transformar esta vertente em plena formação, em aprendizagem significativa, em autonomia.

ATUAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA:

Dentro das duas vertentes, o profissional atuante, agente e pesquisador, livre de suas afirmações, esvaziado, atua neutramente e ativamente utilizando os dois métodos para aplicação de reconstrução e identidade do indivíduo, lembrando sempre que o foco está na busca do que impede a não aprendizagem.

Nesta forma, a psicodramaturgiavatua na forma de arte cênica, fazendo com que o indivíduo reconheça as "máscaras" utilizadas por ele no dia-a-dia para que construa seu papel diante dos outros e os papéis que já lhe foram propostos. A forma que o psicopedagogo irá ler estas máscaras,vem das técnicas de sua atuação, lendo e interagindo com o indivíduo, e transformando esta leitura em algo concreto e que poderá ser transformado.

O ambiente tem de ser estimulador e inerente a tal atividade, onde o paciente se torne ator e faça do seu papel algo que possa ser caracterizado de sua vida e trabalhado para a cura deste processo.

Todos nós levamos em nossa vida papéis que são transformados pelos ambientes em que vivemos, às vezes para nos agradar ou para agradar aos outros, ou inverdades que acreditamos ser porque os outros nos impõem.

O papel desta terapia conjunta é o de transformar e mostrar ao indivíduo suas qualidades e medos e prepará-lo para autoreflexão e autodeterminação de ajudar-se a livrar-se disto para sua autorecuperação.

BIBLIOGRAFIA:

BENET, Juliete. A máscara (histórias sem palavras). São Paulo, Escala Educacional, 2009.

MATTOS, Carmen Lúcia. Estudos etnográficos da educação, uma revisão de tendências no Brasil. PROPED, UERJ, 2009.

REIS, Yedda. Construindo caminhos com a hipnose terapêutica: hipnobiodramaturgia. Rio de Janeiro, 2008.

WEISS, Maria Lúcia. Psicopedagogia Clínica. Porto Alegre, Artmed, 2000.