ANGICO

Lucas Kennedy Silva Lima
Alexandre Eduardo de Araújo

Nome Popular angico-amarelo, angico-branco, angico-brabo, angico-castanho, angico-cedro e etc.
Nome Científico Anadenanthera colubrina
Família Leguminosae
Discrição botânica (raiz, caule, folha, flor, fruto)

Raiz
A planta jovem forma tubérculos lenhosos pequenos na raiz principal, que é pivotante e acentuada em relação às laterais. Na planta adulta não se encontra mais tubérculos e as raízes superficiais são mais desenvolvidas.

Caule
Nos solos férteis e profundos, tem caule ereto, porém nos solos de tabuleiro, nas ladeiras, tem caule tortuoso. A casca tem muitas variações, tanto na cor (clara, acinzentada, castanho avermelhado, escura) como na textura (completamente coberto de acúleos, escura, profundamente gretada, áspera, apresentando arestas salientes; ou com poucos acúleos; ou lisa totalmente desprovida de acúleos e com fissuras longitudinais pouco profundas). Ao ser ferida ela exsuda uma goma-resina amareladas e avermelhada.

Folha
Composta bipinadas, com até 30 pares de pinas opostas, estas medindo 4 a 8 cm; folíolos de 50 a 80 pares, opostos, sésseis, em geral medindo 3-6 x 1-2 mm; pecíolo com glândula preta eliposóide, localizada junto à inserção e mais algumas menores entre os últimos pares de folíolos.

Flor
Branca ou amarelo-esverdeadas, pequeninas, dispostas em capítulos globosos auxiliares ou terminais, de 3 a 5 cm, co cheiro característico e suave.

Fruto
O Fruto e uma vagem castanho-avermelhado, achatado, grande, até 30 cm de comprimento, com superfície rugosa e dotada de pequenas excrescências e com bordas espessados e levemente constritos entre as sementes. Contem 8 a 15 sementes e se abre, do inicio, apenas por um dos lados.

AMBIENTE ONDE É ENCONTRADA E PORTE

É uma das espécies de mais ampla distribuição no espaço das caatingas, mais habita também as florestas decíduas alta, a mata atlântica, o cerrado, o Pantanal Mato-Grossense (nas partes secas calcárias) e campos rupestres ou de altitude, ocorrendo desde o Maranhão até o norte da Argentina, Peru, Bolívia, Paraguai, e de Minas Gerais até Mato Grosso.
Na caatinga, tem porte entre 3 a 15m em outros ecossistemas atinge 20 ou até 30 m com diâmetro de até mais de um metro.

MÉTODOS DE PROPAGAÇÃO

Os métodos de propagação podem ser por sementes, estaquia.
Por sementes deve colher os frutos diretamente da árvore quando iniciarem a abertura espontânea. Em seguida leva-se ao sol para completar a abertura e libertação da semente. Um quilo contem entre 6.400 e 23.000 sementes. Devem ser usadas sementes frescas, pois o poder germinativo decresce rapidamente em condições naturais enquanto se armazenada em câmara fria é mantida por mais de um ano. As sementes não apresentam dormência e germinam logo com as primeiras chuvas.
No cultivo de mudas deve-se cobri-las com uma leve camada de substrato peneirada e irrigada duas vezes por dia. A emergência acontece entre 5-10 dias e a taxa de germinação é alta (mais de 80%) para sementes frescas.
É um método utilizado para árvores, arbustos e roseiras em geral. Da mesma forma, os ramos devem ser saudáveis e sem flores, com 15 a 30 cm. Estas estacas podem ser plantadas diretamente no local definitivo, embora seu "pegamento" seja melhor em recipientes.

UTILIZAÇÃO DA PLANTA E CARACTERÍSTICAS DA MADEIRA.

Alimentação humana: o tronco exsuda goma-resina amarelada, sem sabor e cheiro, similar a goma arábica, apreciada como alimento (mastigado como chiclete ou preparado para servir como bolacha).
Medicina caseira: casca, resina, flores e folhas têm propriedades medicinais. A goma-resina, altamente béquica, é usada como remédio contra tosse, bronquite, afecções do pulmão e das vias respiratórias. A infusão das flores serve para os mesmos fins. As cascas em infusão, xarope, maceração e tintura são hemostáticas, depurativas, adstringentes, peitorais, antigripais, anti-reumáticas e possuem propriedades antiinflamatórias. A infusão da casca tem propriedades sedativas e é usada contra gonorréia, diarréia e disenterias. É eficiente como cicatrizante nas contusões e cortes e também é empregada em lavagens nas "flores brancas" (leucorréias) e ulcerações. Em gargarejos, é usada contra anginas. O uso da resina e folhas, na forma de xarope e chá, é considerado depurativo do sangue, recomendado para combate ao reumatismo e à bronquite. As sementes são psicoativas.
Planta ornamental: florescem exuberantemente todos os anos, as flores cobrem toda a árvore e exalam excelente perfume, o que a torna muito ornamental e própria para a arborização de parques e praças.
Restauração florestal: apresenta rápido crescimento, podendo ser aproveitada com sucesso para reflorestamentos de áreas degradadas juntamente com outras espécies da região. Enriquece o solo com nitrogênio. Recomendado para reposição de mata ciliar em locais sem inundação.
Sistemas agroflorestais: boa árvore para quebra-ventos, pelo rápido crescimento, enriquecimento do solo e atração de abelhas na estação seca. Usado para sombreamento de pastagens.
Abelhas: fornece pólen e néctar às abelhas na época mais seca do ano.
Forragem: as folhas verdes ou murchas são tóxicas ao gado, em conseqüência do elevado teor de tanino, mas são palatáveis para caprinos e ovinos. Em forma de feno ou secas, constituem boa forragem para todos os animais. Os frutos também servem de forragem.
Inseticida: um sumo preparado das folhas de angico fermentadas pode ser usado no combate de lagartas e formigas de roça.
Aplicações industriais: a casca e as sementes, ricas em tanino, podem ser empregadas para curtir couros e, ao mesmo tempo, lhes dar um colorido vermelho por seu alto teor, também, em pigmentos. Possuem utilização na indústria de plástico, de tintas e nos trabalhos de sondagem de poços petrolíferos. A goma-resina tem aplicações industriais.
Madeira de excelente qualidade, de grade durabilidade usada na construção civil (vigas e assoalhos) e naval, também na confecção de dormentes, o uso em marcenaria e carpintaria, para mourões, portas, janelas, móveis, postes, construções rurais, tocos, obras hidráulicas e expostas, carretas, batentes, esquadrias, barrotes, embalagens grossas, ripas, esteios, revestimento de galerias, faqueados, tornearia, carrocerias, calhas para água, carroças e rodas de engenho, tabuados, eixos de bolandeiras. Ótima para confecção de móveis finos, dando-lhes belos efeitos as raias escuras e vermelhas de seu cerne. Não se recomenda muito em obras externas. Fornece lenha e carvão de boa qualidade. É considerada excelente para produção de álcool e coque. Não é adequada para fabricação de celulose e papel.