AVALIAÇÃO SIGNIFICATIVA: DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O ENSINO SUPERIOR

Aline Monteiro da Costa[1]

Edilane Moraes de Sá[2]

Elzeni Silva Nunes[3] 

RESUMO

Este artigo tem por base uma revisão bibliográfica sobre o processo avaliativo no âmbito do ensino superior, cujos objetivos são encontrar caminhos plausíveis para se obter uma avaliação significativa e verificar o processo ensino e aprendizagem dos discentes através desta, analisando os desafios que perpassam por este processo e buscando perspectivas inovadoras para uma aprendizagem satisfatória. Enfatiza-se a avaliação como um processo prazeroso e significativo, que possibilite aos educandos momentos de alegria e diversão, e não de angústia em relação a esta ferramenta da aprendizagem.

Palavras-chave: Avaliação. Aprendizagem significativa. Desafios. Perspectivas.

 

ABSTRACT

This article is based on a literature review on the evaluation process in higher education, whose objectives are to find plausible ways to obtain a meaningful assessment and check the teaching and learning of students through this by analyzing the challenges that underlie this process by and seeking innovative approaches to a satisfactory learning. Emphasis is placed on evaluation as a joyful and meaningful, which allows students to moments of joy and fun, not anxiety about this learning tool.

 

Keywords: Evaluation. Meaningful learning. Challenges. Perspectives.

INTRODUÇÃO

O processo avaliativo desempenha um importante papel na formação dos indivíduos quando utilizado de maneira adequada. As escolas de modo geral têm seus métodos de avaliar. No contexto do ensino superior não poderia ser diferente. Sabe-se que há inúmeras maneiras de se avaliar, mas como este educando vai ser avaliado é o grande diferencial para garantir o processo de ensino e aprendizagem. Portanto, procura-se descobrir meios para garantir este sucesso nas avaliações.

No contexto do ensino superior a avaliação se dá de diversas formas. Os docentes juntamente com a instituição a que estão veiculados tem seus métodos de avaliar. No entanto, observa-se a preocupação em relação à aprendizagem, especialmente dos discentes que muitas vezes se sentem desprestigiados com a avaliação a qual são submetidos.

Para situar a avaliação no âmbito superior de ensino, procura-se buscar meios para evidenciar como este processo vem ocorrendo. A princípio demonstra-se como esta ferramenta esta sendo utilizada para garantir a aprendizagem dos educandos. Em seguida, opta-se pela abordagem da avaliação significativa, isto é, aquela que faça sentido aos educandos, que venha a lhe proporcionar subsídios para a sua aprendizagem. Depois, evidenciam-se os desafios que a avaliação traz em seu bojo e as novas perspectivas para o processo avaliativo, propondo caminhos satisfatórios para garantir o sucesso deste processo.

Sob tal conjuntura, precisa-se encarar a avaliação com um novo olhar, aquele que valoriza as habilidades e potencialidades dos educandos e não esteja tão somente preocupado com a atribuição de notas que pouco evidencia o desenvolvimento do educando.

A avaliação para a aprendizagem no âmbito do ensino superior

A avaliação está presente em todos os momentos de nossa vida. A todo o momento avaliamos e somos avaliados pelas pessoas, “seja através das reflexões informais que orientam as freqüentes opções do dia-a-dia ou, formalmente, através da reflexão organizada e sistemática que define a tomada de decisões” (CHUEIRI, 2008, p. 51 apud DALBEN, 2005, p. 66).

Hoje a avaliação vem sendo muito discutida dentro do âmbito educacional. Sendo que é julgada como um processo contínuo e sistemático e orientador dos objetivos educacionais propostos ao ensino. A avaliação para cada um tem um significado diferente, diversas são as concepções de avaliação, ela surge como exames, provas, medidas, classificação e finalmente como concepção qualitativa, onde hoje é concebida como a avaliação para a aprendizagem. Mas o foco principal é saber de que forma os docentes do ensino superior estão utilizando a avaliação quando se fala em processo? Como ela está sendo trabalhada no ensino superior, onde a teoria e a prática devem caminhar juntas? Essa é uma dúvida que corre na cabeça de muitos professores.

Quando fiz minha graduação em pedagogia, vivenciei várias formas de avaliação, no qual até provas era passado, e dificilmente percebi o interesse dos professores pela aprendizagem, até mesmo porque muitos acham que avaliação da aprendizagem não tem nada a haver com o ensino superior. Segundo Luckesi (2003, p. 11) ele diz que, “historicamente, passamos a denominar a prática de acompanhamento da avaliação da aprendizagem do educando de “avaliação da aprendizagem escolar”, mas, na verdade, continuamos a praticar exames”, e um exemplo bem simples do que o autor fala e que podemos observar são o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e o Exame Nacional de Desempenho do Estudante (ENADE), que integra o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) instituído pela Lei nº. 10.861, de 14 de abril de 2004, Portaria nº. 2.051 (UFAC, 2011), onde ainda prevalece a cultura dos exames.

Outro ponto que deve ser debatido é a avaliação classificatória, no qual muitos alunos são prejudicados e excluídos por professores mal intencionados, que segundo Chueiri, se aproveitam para rotular os alunos como: “maduro/imaturo, capaz/incapaz, forte/fraco, bom/mau, entre outros” (2008, p. 61). Isso ocorre em todas as modalidades de ensino desde o fundamental até o superior e é algo que devemos ter um olhar crítico e reflexivo e fazermos uma mudança na educação em relação essa avaliação.

 Muitos educandos do ensino superior trazem consigo marcas positivas ou negativas de avaliações vividas anteriormente e muitas vezes, acabam deparando-se com práticas avaliativas autoritárias e até mesmo punitivas em sala de aula . Sendo que ainda existem professores do ensino superior que pouco conhecem e utilizam a avaliação da forma como deveria ser trabalhado. Temos como exemplo do que ocorre na sala de aula, as provas que os docentes utilizam para ver se realmente o discente aprendeu e assim atribuem nota ao seu desempenho. Pouco se vê a preocupação do docente em saber se realmente o aluno aprendeu ou decorou o assunto ou disciplina estudada. Libâneo (1994, p. 260) acrescenta que:

A avaliação é uma tarefa complexa que não se resume à realização de provas e atribuição de notas. A mensuração apenas proporciona dados que devem ser submetidos a uma apreciação qualitativa. A avaliação, assim, cumpre funções pedagógico-didáticas, de diagnóstico e de controle em relação às quais se recorre a instrumentos de verificação do rendimento escolar.

Com isso percebe-se que o papel fundamental da avaliação é diagnosticar se os alunos aprenderam ou memorizaram o conteúdo ministrado e esta concepção não deve ficar atrelada apenas à teoria, mas ser utilizada na prática.

Existem vários instrumentos de avaliação e o docente deve utilizar aqueles que estejam ligados à necessidade de cada discente e não utilizá-la para julgar ou medir os conhecimentos dos mesmos. Segundo Severino e Porrozzi (2010, p. 2), dizem que “através da avaliação podem-se analisar não somente os resultados obtidos pelo discente, mas, a partir daí, detectar aquilo que foi assimilado em determinado período, como também identificar os objetivos não atingidos no mesmo”.

É necessário que o docente tenha clareza dos objetivos propostos em cada aula e ajudar o discente a superar as suas limitações e dificuldades buscando novos subsídios que reforcem o processo avaliativo dentro do ensino e aprendizagem. É extremamente importante que haja mudanças profundas e mais significativas da prática pedagógica em relação a avaliação, e que ela não seja vista como forma de exclusão e descriminação dentro do âmbito educacional, mas sim possibilitar e auxiliar na construção do conhecimento.

Os sistemas de avaliação pedagógica de alunos e professores vêm se assumindo cada vez mais como discursos verticais, de cima para baixo, mas insistindo em passar por democráticos. A questão que se coloca a nós, enquanto professores e alunos críticos e amorosos da liberdade, não é, naturalmente, ficar contra a avaliação, de resto necessária, mas resistir aos métodos silenciadores com que ela vem sendo às vezes realizada. A questão que se coloca a nós é lutar em favor da compreensão e da prática da avaliação enquanto instrumento de apreciação do que – fazer de sujeitos críticos a serviço, por isso mesmo, da libertação e não da domesticação. Avaliação em que se estimule o falar a como caminho do falar com. (FREIRE, 1996, p. 130-131).

O autor nos mostra que devemos não só falar das práticas avaliativas, mas realizá-las na prática e assim formar seres críticos e participativos na construção de verdades formuladas e as técnicas de avaliação devem ser divididas e agrupadas de acordo com o que se pretende avaliar, ou seja, os conhecimentos, as habilidades ou as atitudes.

Abreu e Masetto (1990, p. 34), observam que “Avaliar, para muitos de nós, professores do ensino superior, é uma das atividades pedagógicas mais difíceis de realizar...”. Sendo que será um grande desafio porque se busca na essência uma melhoria na qualidade do próprio ensino e o que nos questiona é saber se realmente os docentes estão empenhados na descoberta de novas formas de avaliação, porque o que desejamos é que haja mudanças para garantir a efetividade da avaliação.

Nesse sentido Hoffmann (2002, p. 74), nos diz que: “a prática avaliativa não irá mudar em nossas escolas em decorrência de leis, resoluções, decretos ou regimentos escolares, mas a partir do compromisso dos educadores com a realidade social que enfrentamos”, é necessário que haja um comprometido não só do educador, mas de toda a instituição escolar. E o que se espera do aluno do ensino superior (principalmente daqueles que se formaram ou se formarão na área da educação), é que ele não se transforme simplesmente num mero copiador ou um depósito de conteúdos e informações, mas se transforme num ser pensante, crítico e reflexivo, capaz de contribuir e melhorar a sociedade e ajudar na formação de novos profissionais.

                                                                                                                               

A avaliação significativa

 

A avaliação necessita ainda de muitas reformulações em todos os contextos educativos, principalmente no que se refere ao processo de ensino e aprendizagem dos educandos do ensino superior. Neste contexto de ensino, é onde deveria ser marcante a presença da avaliação significativa. Portanto, faz-se necessário que os docentes respeitem os alunos como seres humanos que aprendem de formas distintas e, desse modo, deverão “aperfeiçoar suas técnicas de avaliação” (HAYDT, 2004, p. 7) para o bom desempenho dos educandos.

O objetivo da avaliação não é tão somente atribuir notas, mas observa-se que esta tem seus objetivos e fundamentos que se manifestam em mudanças comportamentais dos educandos. De tal modo, “cabe justamente à avaliação verificar em que medida esses objetivos estão realmente sendo alcançados, para ajudar o aluno a avançar na aprendizagem” (HAYDT, 2004, p. 7-8), para que este tenha um desenvolvimento significativo em relação ao conhecimento.

Hoje, fala-se muito em aprendizagem significativa, que é muito evidenciada em alguns cursos superiores. No entanto, deve-se ter claros os fundamentos desta nomenclatura educacional. De acordo com Castro (2011, p. 13):

A aprendizagem significativa, por definição, envolve aquisição/construção de significados. Para que a aprendizagem seja significativa é necessário fazer com que o aluno aprenda utilizando os conhecimentos existentes em sua estrutura cognitiva. A construção da aprendizagem significativa implica a conexão do que o aluno já sabe com os conhecimentos que está adquirindo, quer dizer, o antigo com o novo. As universidades, faculdades e centro de ensino têm apresentado uma grande quantidade de teoria que nem sempre torna o aprendizado em significativo.

Neste cenário, para que esta aprendizagem possa acontecer ela deve ser de fato significativa, o que pressupõe que seja entendida pela apreensão de significados, permitindo aos educandos a relação de experiências passadas com as atuais, possibilitando o desenvolvimento de problemas que incentivem o pensar. Deste modo, as avaliações no ensino superior, deveriam visar à aprendizagem significativa para que a qualidade do ensino venha a ser satisfatória tanto para os professores quanto para os alunos.

Torna-se necessário enfatizar que a avaliação é um processo bastante complexo e exige diplomacia dos docentes e das instituições educacionais para promover de forma satisfatória a aprendizagem dos educandos. Deste modo, faz-se imprescindível que a avaliação no ensino superior seja prazerosa e divertida e que não se torne tão somente um acumulo de notas, que na maioria das vezes, não serve para identificar o verdadeiro potencial de um estudante.

Os desafios do processo avaliativo

Os grandes desafios a serem vencidos no ensino superior dizem respeito não somente a prática pedagógica, mas também, a necessidade de definição de uma política educacional séria que seja voltada não somente para atender teoricamente os acadêmicos, mas que possa fazer com que os futuros profissionais da educação passem a ter consciência desse conceito que é a teoria e que possam aplicá-la na prática. Portanto, tal expectativa requer um conhecimento mais aprofundado da avaliação que deve ser desenvolvida com o objetivo de fazer com que o acadêmico possa desenvolver a apropriação dos conhecimentos adquiridos durante seu período de formação.

Neste sentido, os desafios que vem preocupando o corpo docente do ensino superior é a metodologia didática pedagógica a ser desenvolvida, por se tratar de pessoas que sejam esclarecidas no que desejam e no que querem, pois se preparam para uma profissão eficiente e que não esta preocupada somente com o domínio dos conteúdos a serem trabalhados e sim, com a qualidade da formação dos alunos. Deste modo, surge então a necessidade de reflexão por parte dos professores que devem estar atentos a metodologia educacional mais satisfatória para a aprendizagem dos educandos.

Portanto, os desafios educacionais fazem parte dos sistemas psicológico, ético e metodológico do sistema de ensino, vivenciados no cotidiano dos profissionais da Educação, sendo que professores e alunos vivenciam uma realidade um pouco desanimadora por conta da aplicabilidade de conteúdos a serem desenvolvidos em sala de aula, dentro da perspectiva da integração que ocorre no processo de ensino aprendizagem promovendo desafios questionadores ao avanço das pesquisas científicas.

O ponto de partida para o bom desenvolvimento da educação requer qualidade no ensino, oferecendo medidas favoráveis para que os acadêmicos possam desenvolvê-los nos diversos níveis de aprendizagem no sistema educacional.

Diante dessas informações percebe-se que o docente do ensino superior tem o dever não somente para passar informações, mas acima de tudo, utilizar uma metodologia contextualizada onde o sujeito seja capaz de resolver os problemas avaliativos que permeiam o ensino superior.

Os docentes do ensino superior têm e vêem enfrentando muitos desafios na sala de aula, principalmente, quando se refere aos métodos avaliativos, quando os mesmos devem está de acordo com os objetivos da instituição ou com a proposta pedagógica. Faz-se necessário e é imprescindível sua realização dentro do ensino superior, onde para cada curso os métodos devem ser variados e diversificados e que busquem compreender a realidade social ao qual vivemos. Mas já que estamos falando de futuros profissionais, será que se faz tão necessário a utilização de avaliações neste âmbito? Segundo a LDB a avaliação será obrigatória em qualquer modalidade de ensino, principalmente, no ensino superior onde a preocupação está na formação do discente e devem estar de acordo com os objetivos da mesma, que em seu artigo 9º, parágrafos VI, VIII e IX, diz que:

VI - assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino;

VIII - assegurar processo nacional de avaliação das instituições de educação superior, com a cooperação dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre este nível de ensino;

IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino. (CNE/Lei n° 9394, 1996)

É possível percebermos que há uma preocupação também da LDB em avaliar as instituições de ensino superior (IES) para que assim ocorra a melhoria no ensino. Sabemos que para que haja um ensino de qualidade as IES também precisam ter uma boa organização na sua estrutura física, financeira e pedagógica e se preocupar com a formação do seu corpo docente e com a construção de processos sistemáticos de avaliação que superem o caráter de punição ou premiação.

Tais objetivos expressos na LDB devem condizer com a realidade que permeia as instituições de ensino superior tanto a nível estadual quanto nacional para que desta forma a educação ofertada possa ser de qualidade.

Hoje as exigências são muitas em relação a formação profissional, no qual essas exigências buscam superar a divisão que existe entre teoria e prática, entre pesquisa, extensão e ensino. É necessário que docentes e discentes compreendam o papel da avaliação no processo de aprendizagem no ensino superior, porque neste caso a avaliação ocorrerá de adulto para adulto, possibilitando assim ao docente uma organização do trabalho pedagógico e a condução dos processos de ensino. Este é o grande desafio daqueles que gerenciam os processos formativos.

Muitos docentes ainda avaliam seus alunos de forma tradicional, utilizando provas escritas para verificar se os mesmos assimilaram os conhecimentos repassados. Sendo que muitos docentes não buscam situar os alunos frente às exigências do curso e do papel que os conteúdos de cada disciplina têm na sua formação profissional. Cunha (1998, p. 32) nos diz que:

A questão da avaliação é a mais complexa e pode estar a revelar uma certa incompreensão dos objetivos da proposta (inovadora) por parte dos alunos e/ou uma certa indefinição quanto à forma e ao modo de avaliar numa proposta diferente por parte do professor. Ambos os sentimentos são próprios à construção do novo.

A preocupação do docente de hoje se resume em três palavras: dar aulas, avaliar e atribuir notas. E a preocupação do discente é obter pelo menos a nota mínima e passar na disciplina, e simplesmente, não se preocupa com a qualidade da sua formação. Com isso se torna urgente a busca por propostas alternativas para avaliar o desempenho dos alunos, que vise a construção da cidadania aliada à formação do indivíduo e à formação profissional, mas que o aluno tenha também o interesse e o prazer em aprender, buscando respostas as suas dúvidas e curiosidades. E os objetivos das universidades devem estar calcados numa visão crítica de educação.

Não basta apenas utilizar os métodos de avaliação, mas que eles tenham como finalidade trabalhar a avaliação de forma eficiente, construtiva e produtiva, possibilitando ao aluno melhor compreensão dos processos avaliativos na sua formação.

Um outro desafio a ser enfrentado é a evasão nas salas de aula, onde muitos discentes acabam desistindo no meio do caminho porque certos valores são deixados de lado por parte do professor que acaba utilizando a avaliação para julgar e classificar, mas também não permite ser avaliado pelos alunos. Segundo Luckesi (1995, p. 180) "o ato de avaliar, por sua constituição mesma, não se destina a um julgamento definitivo sobre alguma coisa, pessoa ou situação, pois que não é um ato seletivo. A avaliação se destina ao diagnóstico e por isso mesmo, à inclusão”.  É necessário haver uma mudança em relação a essas concepções, que de acordo com Borba (2001, p. 51) ele diz que:

A mudança na avaliação se efetiva quando o professor flexibiliza os padrões referentes de julgamento para conjuntos referenciais mais abertos, que são construídos, pautados em uma atitude ética de negociação. Assim, o grande desafio da prática da avaliação escolar está na mudança de atitude do avaliador.

Com isso entendemos que avaliar não se limita apenas em diagnosticar os conhecimentos, mas também dialogar com o aluno, verificando quais critérios e procedimentos serão coerentes com a prática e perfil deste futuro profissional.

A concepção de avaliação não deve ser vista como autoritária ou repressiva, mas deve ser adotada de forma qualitativa, coletiva, crítica e mais significativa, mostrando novos resultados à prática pedagógica do docente e a aprendizagem do aluno. Porque avaliar é ensinar e avaliar é aprender.

                                           

As perspectivas inovadoras para a avaliação no ensino superior

 

A realidade de hoje exige do ensino superior muito mais do que apenas ensino e o acúmulo de informações, mas que seja capaz de lidar com as mais diversas e complexas situações que demandam do cotidiano.

O educador sendo o principal responsável pela formação deste aluno deve está consciente e buscar novas oportunidades e respeitar os limites da avaliação, não utilizando a avaliação como fonte de poder, para amedontrar ou castigar o aluno. Já bastam os sentimentos negativos que são trazidos por esse aluno de avaliações anteriores.  Segundo Sant'Anna (1995, p. 27), "há professores radicais em suas opiniões, só eles sabem, o aluno é imbecil, cuja presença só serve para garantir o miserável salário detentor do poder". Com isso percebe-se quão errado está sendo feito o uso da avaliação.

É necessário que haja uma reflexão sobre o sentido da avaliação e a própria prática do professor, sendo que para muitos tem pouco significado, mas que precisa ser compreendido e valorizado e não ser utilizada de forma equivocada.

A avaliação serve para auxiliar o docente na construção de conteúdos, para observar, diagnosticar e verificar em que nível de desenvolvimento o aluno se encontra. É necessário que além de avaliar o docente permita que ele também seja avaliado por seus alunos e assim possivelmente corrigir erros ligados a sua prática pedagógica. O docente dispõe de vários instrumentos ou métodos para avaliar, tais como:

Provas escritas, orais ou práticas, entrevistas, visitas de estudo, relatórios, seminários, estudos de caso, projetos, portfólios, resumos, resenhas, exercícios, entre outros, que dependem fundamentalmente dos objetivos de aprendizagem estabelecidos e permitem ao docente uma comunicação mais efetiva com seus alunos sobre o andamento do processo de aprendizagem. (BORBA, FERRI, HOSTINS, 2005, p. 51).

Entre os vários instrumentos que podem ser utilizados para a verificação da aprendizagem, os mais empregados no ensino superior são os testes objetivos, as provas orais, as dissertações e os seminários. Mas segundo Gil (1994), as provas são os instrumentos mais utilizados para avaliação nos cursos superiores, sendo o ponto pelo qual se apóia todo o sistema avaliativo. Na realidade é necessário que haja um planejamento para a que efetivação do contexto avaliativo ocorra de fato, e assim o docente ou a instituição de ensino possam reorganizar os seus objetivos e realizar avaliações coerentes com a sua prática pedagógica.

Tornam-se relevantes estudos e pesquisas que estejam relacionadas ao papel da avaliação dentro do ensino superior e que esteja preocupada com a formação do acadêmico ou futuro profissional. “O docente comprometido com a evolução no processo de avaliação deve alinhar-se integralmente com a aprendizagem de todos os seus alunos, deixando de lado a avaliação classificatória como alternativa pedagógica” (LUCKESI, p. 58, 2005).

 Neste contexto, compreende-se que a avaliação pertinente é aquela realizada no decorrer do processo, para que o docente tenha condições de acompanhar e auxiliar o discente na construção do conhecimento. Ela deve ser objetiva, coerente aos conteúdos estudados e objetivos propostos. Por tanto, devem ser aplicados instrumentos e técnicas diversificadas para verificar os conhecimentos adquiridos pelo discente, respeitando-se as suas capacidades, de modo que esse discente não tenha apenas a preocupação de gravar conteúdos para atender aquilo que foi proposto pelo docente. O que se espera do aluno do ensino superior é que tenha a capacidade de transferir o que foi aprendido para a prática (MARQUES, 1999).

A avaliação sempre estará presente no âmbito educacional, seja ela diagnóstica, formativa ou classificatória. De acordo com a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) no artigo 24, inciso V “a avaliação será contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais” (LDB, 1996).

Com isso pretende-se superar aquela avaliação tradicional onde o aluno era visto como uma folha em branco, no qual o professor apenas transmitia o que sabia e o aluno apenas recebia. Hoje a questão é diferente, ainda mais quando se fala de avaliação do ensino superior. Todas as IES devem ter um olhar crítico e preocupado com a formação de seus acadêmicos independente de qualquer curso.

Sugere-se ao educador tentar conhecer o aluno como um todo, suas dificuldades e necessidades, lembrando sempre que cada aluno é único e tem suas individualidades para assim poder aplicar o melhor método avaliativo, seja qual for a modalidade de ensino. Desta forma, o sistema educacional com certeza se transformará e garantirá surpresas agradáveis e inesperadas, com significativas mudanças. Com isso sugerem-se algumas ações a serem desenvolvidas pelo professor universitário, ações estas que esteja voltado para um projeto de formação profissional e para os objetivos educacionais esperados.

- Atentar principalmente para os processos e não para os resultados;

- Dar possibilidades aos protagonistas de se expressarem e de se avaliarem;

- Utilizar procedimentos e instrumentos variados para avaliar a aprendizagem;

- Intervir, com base nas informações obtidas via avaliação, em favor da superação das dificuldades detectadas;

- Configurar a avaliação a serviço da aprendizagem, como estímulos aos avaliados e não como ameaça;

- Contextualizar e integrar a avaliação ao processo ensino-aprendizagem;

- Definir as regras do jogo avaliativo desde o início do processo;

- Difundir as informações e trabalhar os resultados, visando retroalimentar o processo;

- Realizar meta-avaliação, paralela aos processos de avaliação propriamente ditos;

- Considerar e respeitar as diferenças e as dificuldades manifestadas em sala de aula. (CHAVES, p. 11, 2011)

 

 Desta forma, o sistema educacional de fato se transformará e os profissionais terão de aprofundar seus conhecimentos para poder colaborar na transformação e ressignificação da avaliação e poder aplicar tais conhecimentos adquiridos na prática pedagógica, visando a melhoria da avaliação no ensino superior.

Conclusão

 Este artigo contribuiu para a desmistificação da avaliação no sentido de entender que é um processo complexo que tem seus autos e baixos, mas que pode colaborar para o crescimento intelectual dos educandos se for utilizada de maneira correta. Deve-se utilizá-la de forma significativa aos educandos e não mais ser veiculada como mera aquisição de notas que nada dizem sobre o potencial dos indivíduos. Portanto, os profissionais da educação devem repensar o verdadeiro papel da avaliação dentro do contexto do ensino superior para que, desta forma, possa ter a tão almejada aprendizagem significativa dos educandos.     

 

REFERÊNCIAS

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BORBA, A. N. Identidade em construção: investigando professores na prática da avaliação escolar. São Paulo: EDUC, 2001. p. 51.

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CHAVES, Sandramara M. Avaliação da aprendizagem no ensino superior: realidade, complexidade e possibilidades. Disponível em: <http://www.estef.edu.br/estefblog/wp-content/uploads/2011/03/avaliacao1.pdf>. Acesso em 19 de jun. 2011.

CHUEIRI, Mary Stela Ferreira. Concepções sobre a Avaliação Escolar. Disponível em: <http://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1418/1418.pdf>. Acesso em: 19 de jun. 2011.

CUNHA, Maria Isabel. O professor universitário na transição de paradigmas. Araraquara: JM Editora, 1998.

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[1] Formada em pedagogia e pós-graduada em Gestão e Docência do Ensino Superior. Email: [email protected]

[2] Formada em pedagogia e pós-graduada em Gestão e Docência do Ensino Superior. Email: [email protected]

[3] Formada em pedagogia e pós-graduada em Gestão e Docência do Ensino Superior.