Mesmo a atividade de artesão não sendo regulamentada e ainda encarada como amadora, acredita-se que o ramo movimente anualmente, cerca de R$ 28 bilhões[1] no Brasil, valores correspondentes a 2,8 % do Produto Interno Bruto (PIB), estimando-se que o artesanato, em toda a cadeia produtiva, emprega cerca de 10 milhões de pessoas, o que o caracteriza como um setor da economia, habilitando o artesão como um profissional a ser reconhecido dentre as demais categorias.

Apesar de promissor, o setor ainda carece de investimentos e políticas públicas específicas para combater o maior obstáculo ao desenvolvimento do artesão: a informalidade. Presume-se que apenas 200 mil artesãos[2] estejam organizados em pequenas empresas, associações ou cooperativas, estabelecendo a relação de 1 empresa para cada 42 artesãos brasileiros, enquanto na economia nacional essa relação é três vezes menor, de 1 empresa para cada 14 pessoas da População Economicamente Ativa – PEA.

A comercialização dos produtos artesanais sempre foi um grande desafio para os seus produtores, tanto no que se refere ao acesso ao mercado interno e/ou externo, quanto na questão da apropriação do resultado financeiro deste processo pelo artesão. que em quase sua totalidade se encontra no setor informal da economia e sobrevive com estreitas margens de lucro resultantes de uma administração às vezes equivocada e da negociação onde produtores e consumidores saem perdendo. Situação agravada pela concorrência com o industrianato[3].

A organização dos artesãos em grupos produtivos e/ou de comercialização, segundo uma proposta de desenvolvimento empresarial e não apenas como forma de "agrupamento" por si só, se apresenta como modelo indicado e com condições de interferir e transformar as fragilidades e dificuldades que tradicionalmente caracterizam o setor, seja de gestão ou relacionadas ao processo de produção e comercialização, fortalece as ações e potencializa as perspectivas de continuidade e de materialização dos resultados desejados: geração de renda e valorização da cultura, refletindo em aumento da produtividade, com qualidade e inovação, contribuindo para que este produto seja competitivo no mercado.

O desenvolvimento de uma cultura empreendedora para o artesanato é importante porque essa atividade é a principal manifestação cultural do país. Está presente em 64,3%[4] dos municípios brasileiros e envolve milhões de pessoas. Sua participação no PIB é relevante, apresentando potencial para ascender ainda mais, se evoluir de atividade provisória e complementar à geração de emprego e renda, para se tornar empresa competitiva orientada para negócio.

Assim sendo, faz-se necessário estabelecer mecanismos que possibilitem ao artesão conquistar e se firmar no mercado interno e ter acesso à exportação, desenvolvendo seu perfil empreendedor e promovendo o fortalecimento dos grupos de cooperação e de micro e pequenos negócios culturais, como forma de promover o desenvolvimento integrado de maneira sincronizada às dimensões sociais, econômicas e cognitivas.



[1] De acordo com informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

[2] Dados do Instituto Centro de Capacitação e Apoio ao Empreendedor, de Minas Gerais.

[3] Processo de industrialização plagiando a produção artesanal, por conta da sua inclusão no ramo de atividades econômicas.

[4] Segundo relatório do Projeto ArteSudeste para Secretaria de Políticas Públicas e Emprego do Ministério do Trabalho – 2005.