A MULHER NEGRA NO AMAPÀ.
Elma Lima de Amorim
RESUMO


O estudo teve como objetivo ressaltar a importância da mulher negra na sociedade brasileira e amapaense, para isso se fez um estudo desde sua origem na África. Tendo como resultado um estudo bibliográfico em que através de várias pesquisas observou-se o processo de Inclusão dessas mulheres na sociedade, a relação das mesmas com relação à família, casamento, trabalho, religião. E neste sentido analisou-se o processo de admissão na luta contra a opressão da sociedade com relação aos seus direitos. A etnia negra tem um papel e um significado importante não só na formação do povo amapaense como em todo Brasil. Não há como pensar a história, o presente e o futuro da nação brasileira sem levar em consideração os afros descendentes. Essas mulheres chegaram ao solo brasileiro escravizadas, vítimas de todo tipo de abuso. Hoje, as mulheres estão integradas em todos os ramos profissionais, mesmo naqueles que, ainda há bem pouco tempo, apenas eram atribuídos aos homens.

PALAVRAS-CHAVE: Mulher, Negra, Sociedade.


Introdução


O presente artigo visa à importância da inclusão da mulher negra na sociedade brasileira e amapaense, o que me levou a fazer um estudo bibliográfico desde sua origem na África.
Segundo, Alci Soares da Silva (autor do artigo: Negros no Amapá), o negro faz parte da composição étnica do Amapá, sua miscigenação trouxe algo Salutar à sociedade amapaense, pois a presença e os costumes negros propalaram-se pelas suas terras. São aceitos de forma harmoniosa pela sociedade, respeitando os seus valores, a sua cultura e participando de suas manifestações. Dentro do seu desenvolvimento ocorrido no século XX, nasceram instituições que lutam por políticas públicas para o afro-brasileiro nos vários seguimentos da sociedade amapaense.
Para falar da mulher negra, não se pode deixar de falar do movimento feminista o qual tem como meta a igualdade social, política, cultural e econômica entre os sexos.
Busquei falar da mulher negra no mercado de trabalho o que de modo geral se inserem com ritmo e intensidade bem diferenciados dos homens, diferenças entre os sexos tendem a crescer muito com o aumento da idade das mulheres.
Na Educação o analfabetismo é maior entre as mulheres negras, devido ao preconceito que desde criança sofrem em sala de aula, fenômeno que contribui para evasão escolar.
A escolha do tema justifica-se pelo fato de que o negro fez e faz parte da história de Macapá atuando ativamente na sua construção física, política, econômica e cultural.
No decorrer da sua existência Macapá foi ocupando espaços distantes e o negro foi o protagonista dessa façanha pela busca de lugares mais seguros; fugiu, lutou, desbravou e por fim ramificou-se por todas as partes de Macapá e do Amapá.
Sua presença está evidente em cada rua que se caminha pelos bairros de Macapá. Na sua forte tradição cultural, tendo o Marabaixo e o Batuque como carros chefe, realizados fielmente em várias localidades desta Capital, além da Capoeira, Candomblé, Tambor de Minas e o Hip Hop.
Essas expressões da cultura negra são respeitadas, embora ainda haja preconceito por parte de uma minoria, contudo a relação étnica cultural da sociedade macapaense é transparente e afirmativa para a Comunidade Negra. Na política, como na Educação e Área da Saúde, sua participação é importante, haja vista, a população negra de Macapá ser bastante expressiva; ocupando sem distinção de cor, altos cargos do serviço público, como também, do parlamento local.
O desenvolvimento do artigo é composto por três capítulos: a mulher negra na África, no Brasil e no Amapá.
A presença do negro se confunde com a historiografia do Amapá a partir do momento em que se suscitou a necessidade de povoamento ao norte do Brasil, objetivando a proteção das terras de domínio português. Trouxeram consigo seus valores sociais; assim como, suas tradições culturais, as quais se formaram o marabaixo e o batuque expressões culturais que mais se realizam em Macapá.





CAPÍTULO I

1 A MULHER NA AFRICA


Desde longos anos a mulher na África, vem lutando contra a opressão da sociedade com relação aos seus direitos e apesar das imensas dificuldades que lhes têm sido apresentadas não perderam a alegria e demonstram uma força incrível para conseguirem alcançar o seu objetivo principal: Direitos iguais e uma sociedade mais justa. Contudo, apesar dos passos dados resta ainda um longo caminho a percorrer, uma vez que ainda é grande o número de mulheres vítimas da exclusão social, da violência familiar e cultural, dos Direitos Humanos fundamentais negados.
Sua historia foi toda construída com base na escravidão, na sua vinda para o Brasil servia de ama de leite dos filhos das brancas e ao mesmo tempo servia de animais de reprodução dos senhores o qual eram mucamas.

Escravidão: "(...) situação na qual a pessoa não pode transitar livremente nem pode escolher o que vai fazer (...) pode ser castigada fisicamente e vendida caso seu senhor ache necessário; (...) não é visto como membro completo da sociedade em que vive, mas como ser inferior e sem direitos (...)" (MARINA, 2006p. 47).


Desse contexto, resulta a crença de que a mulher africana é inferior na escala humana. Porém, no seu País (África) de origem alguns fatores as deixam afastadas do setor econômico e social que são: a Escravatura, Exclusão Social, Violência familiar e Cultural, Falta de acesso à instrução, etc. como se não bastasse apenas ficarem afastadas do setor econômico e social existem também os conceitos que as condenam (a excisão- mutilação genital feminina- a violação, o apedrejamento o tráfico de mulheres, a lapidação, a burka, e tantos outros?).

"(...) situação na qual a pessoa não pode transitar livremente nem pode escolher o que vai fazer (...) pode ser castigada fisicamente e vendida caso seu senhor ache necessário; (...) não é visto como membro completo da sociedade em que vive, mas como ser inferior e sem direitos (...)" (SOUZA, 2006: 47).


O comércio negreiro desorganizou muitas sociedades africanas, afetou-lhes a produção, corrompeu lealdades, tradições e princípios, partiu linhagens e famílias, disseminou continente afora a insegurança e o medo. Com isso, até praticamente o século XIX. Poucas crianças atingiam a adolescência. Poucos adolescentes, a maturidade. E raros chegavam à velhice.
Com o surgimento da malária, a doença do sono, a febre amarela, o verme da Guiné, a xistossomose, a cegueira dos rios, os parasitas intestinais, o tétano e numerosas outras enfermidades eram generalizados. A essas doenças acrescentaram se, após o século XVI, outras tantas, de proveniência européia, como a tuberculose, o tifo e a varíola.
Viver de pouco e com pouco, tornou-se a regra na África, onde a pobreza dos palácios e das casas dos deuses dá bem idéia da extrema simplicidade da residência do homem comum.
O meio áspero e ingrato não impediu, contudo, que o africano visse o mundo com aguda percepção; que se adaptasse ao ambiente que o cercava e o procurasse dominar e melhorar; que desbravasse novas terras; que construísse obras de arte de profunda síntese emotiva e intensa verdade; que criasse sistemas de solidariedade e apoio, de injustiça e opressão; que fosse senhor ou servo de impérios; que encontrasse consolo para as calamidades e a indigência, para a inundação e a seca, para o medo e o silêncio, para o abrasado ermo e o desamparo da noite, para as deformações do corpo e as mortes na infância, não apenas no convívio com os deuses, mas também num sentimento de profunda coesão entre os homens e o mundo, que faz com que cada um deles participe, com seus ancestrais e descendentes, de uma forma a um só tempo coletivo e individual de eternidade .
Logo após o período colonial, na primeira metade do século XX, Com a descolonização da África, muitas mulheres passaram a exercer outras atividades, embora ganhando uma remuneração inferior a do homem. Com isso, a importância da mulher na sociedade africana, começou a ser bem mais compreendido vindo a ser reconhecido o seu papel social na economia, na política e religiosidade da sua própria cultura. Hoje, as mulheres estão integradas em todos os ramos profissionais, mesmo naqueles que, ainda há bem pouco tempo, apenas eram atribuídos aos homens.
Porém, os ecos desse passado recente não passam despercebidos por um lado a mulher é detentora de uma relativa independência econômica em
praticamente toda a África, podendo ascender a um determinado status social e
político e por outro, em muitos países, encontram-se em situações de dependência psicológica dos seus maridos ou companheiros, devido a estereótipos ancestrais que só serão passíveis de serem debelados com o passar de mais algumas gerações. Segundo Alberto Costa (1996, p.45), com o gado compra-se as mulheres e se formam as famílias. Quem possuía grande número de bois podia ter muitas esposas.
Nas camadas mais desfavorecidas, as mulheres são duplamente sacrificadas, uma vez que além das suas profissões, tem que ministrar quase sempre sós, o cuidado da casa e dos filhos, quando não enfrentam, acrescidamente, muitas vezes em silêncio, a violência doméstica.
No patriarcalismo masculino, segundo Saffioti, a sociedade "tolera" o domínio/exploração que o homem possui sobre a mulher. Esse domínio pode ter efeitos e ser situada essencialmente nos campos políticos e ideológicos, e a exploração relacionada diretamente ao terreno econômico. Para Saffioti a ideologia machista socializa o homem para dominar a mulher e submeter o "poder do macho", dentro dessa concepção de "macho", o homem julga-se no direito de praticar atos violentos contra a mulher (SAFFIOTI, 1995).



1.1 A Mulher na Mitologia e Religiosidade Africana

Na comunidade africana existe uma variedade de mitos envolvendo as mulheres como: O Akposso (de Togo) descreve que quando Uwolowu (deus) fez homens, fez primeiramente uma mulher na Terra e com ela, a primeira criança, primeiro ser humano. O Ibibio (da Nigéria) diz que os seres humanos vieram da divindade Obumo, que era o filho da mãe divinizada Eka-Abassi. Na África Oriental, fala-se sobre uma mulher virgem (Ekao), que caia na Terra, vinda do céu e gerou um filho, que se casou com uma outra mulher e assim a sociedade humana foi fundada.
Além dessas há muitas referências, que ligam à vida humana diretamente com Deus, através da mulher, como o mito do Tutsi (de Rwanda), um par original de seres humanos estava no paraíso. Mas o homem e a mulher eram estéreis, eles não poderiam gerar crianças. Assim imploraram a Deus que os ajudasse. Ele misturou argila com a saliva e deu forma a uma figura humana pequena. Instruiu a mulher a pôr uma figura em um criadouro e mantê-la no local por nove meses. Cada dia a mulher teve que derramar o leite no criadouro, nas manhãs e nas noites. Deveria remover a figura somente quando lhe tivessem crescido os membros. Assim seguiu estas instruções e após nove meses retirou o que se tinha transformado que agora seria o ser humano. Deus fez outros seres humanos de acordo com este método, aumentando então, a população da Terra. O criadouro está indicado como um símbolo do útero de uma mãe, em que um bebê se formou e após nove meses nasceu. As partes genitais da mulher estão ligadas diretamente com Deus de uma maneira pessoal, nos segredos e nos mistérios da vida e do nascimento. Este papel da mulher em compartilhar os mistérios da vida, começou já nos tempos mitológicos.
Segundo Marina de Mello (2006, p.44), "(...) nas sociedades africanas (...) toda a vida na terra estava ligada ao além, dimensões que só especialistas ritos e objetos sacralizados podiam atingir".
Em algumas histórias da mitologia africana mencionam somente o nome da mulher e não do homem, em outras se diz que a mulher foi feita por Deus fora do corpo do homem, ou depois que o homem tinha sido feito. Talvez atrás destes mitos esteja o desejo e a prática da parte dos machos (homens) em dominar as mulheres.
Em alguns mitos são as mulheres que inventaram ou descobriram o fogo. A elas é creditado também o fator de terem inventado ou descoberto os gêneros alimentícios e suas preparações. Assim, as habilidades de cozinheira da mulher são atribuídas desde as épocas mitológicas. É assim não somente responsável pela vida dos seres humanos, assim como os alimentos e seu preparo.
O valor da mulher começa já quando ela nasce e não quando casa. Assim indica-se: Já no nascimento a mulher é destinada a ser casada. Na sociedade africana tradicional isto envolve troca de gado, serviços, gêneros alimentícios, laços da família, ou outras expressões da união. Além disso, a mulher gerará crianças e enriquecerão assim seu marido e o círculo mais largo dos parentes de ambos os lados. A mulher que não é casada não tem praticamente nenhum papel na sociedade, na família tradicional africana. Espera-se que todas as mulheres sejam casadas.
Praticamente em toda a África são as mulheres as responsáveis pela cura, e também são elas que experimentam a possessão do espírito. Em alguns lugares da África acredita-se que a mulher é capaz de fazer chover. São feitos cerimônias e sacrifícios a Deus, para que venha chuva. Fazem uma oração para o bem-estar dos povos, dos animais e da natureza, já que todos dependem da água para sua sobrevivência. As mulheres participam das atividades religiosas da sociedade e fazem suas próprias contribuições para o bem-estar espiritual na vida de todos, de suas famílias e da sociedade em grande escala.
Sendo que, em todo continente africano a idéia de Deus é uma só, ou seja: Existe apenas um Deus, criador de tudo no universo. Então a característica mais forte dessa religião é o monoteísmo, ou seja: só existe um Deus. E em todos os argumentos utilizados no ensino da religiosidade africana a referência a Deus está sempre no singular. Ele é o Deus da Criação e é o sustentáculo eterno de todas as coisas.
Ainda dentro dessa religiosidade, os africanos acreditam que após a morte o espírito continua vivo e reencarna em outro ser. Existe toda uma relação especial entre a vida e a morte, sendo os mortos, em algumas dessas sociedades, cultuados como seres que podem ajudar os vivos, já que estão mais pertos de Deus. Por isso são oferecidos a esses mortos sacrifícios e oferendas.
As religiões existentes na África são o cristianismo, o judaísmo, o islã e uma série de outras religiosidades, mas a tradicional africana ainda é seguida por mais de cem milhões de pessoas, com diferenças ligadas às suas linhagens étnicas e tribais.
Contudo, existem os Orixás, que não são deuses, já que Deus é um só. São seres divinos criados por Deus, mas que são cultuados pelos africanos.
Exu, orixá guardião dos templos, casas, cidades e das pessoas, mensageiro divino dos oráculos.
Ogum, orixá do ferro, guerra, e tecnologia.
Oxóssi, orixá da caça e da fartura.
Logunedé, orixá jovem da caça e da pesca
Xangô, orixá do fogo e trovão, protetor da justiça.
Ayrà, usa cores brancas, tem profundas ligações com Oxalá.
Xapanã (Obaluaiyê/Omolu), Orixá das doenças epidérmicas e pragas.
Oxumarê, orixá da chuva e do arco-íris.
Ossaim, orixá das ervas medicinais e seus segredos curativos.
Oyá ou Iansã, orixá feminino dos ventos, relâmpagos, tempestade, e do Rio Niger
Oxum, orixá feminino dos rios, do ouro e amor.
Iemanjá ou Yemanjá, orixá feminino dos lagos, mares e fertilidade, mãe de todos os Orixás de origem yorubana.
Nanã, orixá feminino das águas das chuvas, dos pântanos e da morte, mãe de Obaluaiyê, Iroko, Oxumarê e Ewá, orixás de origem daomeana.
Yewá, orixá feminino do rio Yewa, senhora da vidência, a virgem caçadora.
Obá, orixá feminino do rio Oba, uma das esposas de Xangô juntamente com Oxum e Iansã.
Axabó, orixá feminino da família de Xangô
Ibeji, orixás gêmeos
Iroko, orixá da árvore sagrada (conhecida como gameleira branca no Brasil).
Egungun, ancestral cultuado após a morte em Casas separadas dos Orixás.
Iyami-Ajé, é a sacralização da figura materna.
Onilé, orixá relacionado ao culto da terra.
OrixaNlá (Oxalá) ou Obatalá, o mais respeitado Orixá, Pai de todos os Orixás e dos seres humanos.
Ifá ou Orunmila-Ifa, orixá da Adivinhação e do destino.
Odudua, orixá também tido como criador do mundo, pai de Oranian e dos yoruba.
Oranian, orixá filho mais novo de Odudua.
Baiani, orixá também chamado Dadá Ajaká.
Olokun, orixá divindade do mar.
Olossá, orixá dos lagos e lagoas
Oxalufon, orixá velho e sábio.
Oxaguian, orixá jovem e guerreiro.
Orixá Oko, orixá da agricultura.

O poder místico do universo, segundo a religiosidade africana, pode ser também utilizado pelas pessoas e esse poder influencia a sua vida.



2 VIOLENCIA CONTRA AS MULHERES NA AFRICA

Em toda a África a violência contra as mulheres vem de antigas tradições. Um dos piores atos violentos contra a mulher é a mutilação genital feminina. Mas, apesar de ser um ato violento, é respeitada entre as comunidades africanas por ser o principal ritual de passagem da infância para a maturidade.
As comunidades que aceitam este tipo de prática acreditam que somente através da mutilação genital feminina, as meninas irão conservar a virgindade, garantindo assim um bom casamento. O qual também na visão deles, essa prática serve para conter os desejos sexuais das adolescentes, e ainda conferir uma estética mais saudável à genitália feminina.
Nessas condições, os danos causados por essa prática têm contribuído para o alto índice de depressão, hemorragias e problemas urinários. Mulheres africanas têm sofrido heroicamente, em silêncio. Muitos tabus ainda prevalecem. Na África, 44% das mulheres se casam entre 10 e 19 anos, isso ocorre muitas vezes antes mesmo da menstruação. Como conseqüência desse ato, muitas mulheres cansadas de sofrer acabam cometendo o suicídio. Os motivos pelo quais os pais a aceitam essa prática são muitos e extremamente complexos. Primeiro por causa da pobreza nas áreas rurais, segundo garantem a honra da família. Uma vez que, a menina que perde a virgindade é deserdada da família.
Em suma, as meninas africanas ficam presas às tradições e superstições milenares, sendo submetidas a uma vida de dor e angústia. Na chamada África Negra, muitos homens (e mulheres também) consideram a desobediência, um motivo plenamente justificado para a aplicação de uma surra. As mulheres são vítimas de violência em qualquer sociedade.
Em poucos locais da África, a prática desse tipo de abuso está mais controlada, ou é mais aceita. Uma em cada três mulheres nigerianas já foram vítimas de abusos físicos por parte do companheiro.
Nessa relação social, ficam explícitas as diferenças e as desigualdades existentes, que podem ser compreendidas em três correntes teóricas como menciona Santos (2006: 1):

A primeira, que denominamos de dominação masculina, define violência contra as mulheres como expressão de dominação da mulher pelo homem, resultando na anulação da autonomia da mulher, concebida tanto como "vitima" quanto como "cúmplice" da dominação masculina; a segunda corrente que chama patriarcal, é influenciada pela perspectiva feminista e machista, compreendendo violência como expressão do patriarcado, em que a mulher é vista como sujeito social autônomo, porém historicamente vitimada pelo controle social masculino; a terceira corrente, que nomeamos de relacional, relativiza as noções de dominação masculina e vitimização feminina, concebendo violência como uma forma de comunicação e um jogo do qual a mulher não são "vitima" senão "cúmplice".


Conforme o autor, as bases da violência contra a mulher estão arraigadas nos modelos culturais, nas raízes culturais da inferioridade feminina, ou seja, na ideologia de dominação masculina que é produzida e reproduzida por homens e mulheres, que transformam as diferenças biológicas em desigualdades hierárquicas.
Segundo o último estudo, realizado em 1993. A mulher do vice-governador de uma província do norte da Nigéria disse a repórteres no ano passado que o seu marido a espancava incessantemente. Um dos motivos para as surras era o fato de ela assistir a filmes na televisão. Uma das pessoas designadas pelo presidente do país, para compor uma comissão nacional contra a corrupção teria sido assassinada pelo marido em 2000, dois dias após ter pedido proteção ao comissário de polícia estadual. "É como se fosse normal que as mulheres sejam tratadas por seus maridos como sacos de pancada", disse em uma entrevista Obong Rita Akpan, que já foi ministra nigeriana de Questões das Mulheres. "O homem nigeriano acha que a mulher é inferior a ele. Desde a infância, os garotos contam com a preferência dos pais. Mesmo quando se casam por amor, eles ainda acham que as mulheres estão em um patamar inferior, e que podem fazer com elas aquilo que quiserem" .
Na África do Sul, pesquisadores do Conselho de Pesquisa Média estimaram nos últimos anos, que a cada seis horas, um homem mata a namorada ou a mulher, sendo esse o maior índice de mortalidade devido à violência doméstica já registrada. Em um recente relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), em Harare, a capital do Zimbábue, a violência doméstica responde por mais de seis em cada dez casos de assassinatos levados aos tribunais.
Um estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou que, embora mais de um terço das mulheres namibianas tenha denunciado abusos físicos ou sexuais cometidos por um companheiro, muitas vezes resultando em ferimentos, seis em cada sete vítimas preferem fazer segredo sobre o ocorrido, ou contar o que se passou apenas a uma amiga ou a um parente. Geralmente é difícil encontrar ajuda.
A Nigéria, a nação mais populosa da África, com quase 130 milhões de habitantes, possui apenas dois abrigos para mulheres espancadas, ambos inaugurados nos últimos quatro anos. Na Zâmbia, ocorre um índice muito alto de violência, uma vez que os maridos têm o direito de surrar mulheres que os questionam, que queimam o jantar, que saem de casa sem a permissão do cônjuge, que negligenciam a tarefa de cuidar dos filhos ou que se recusam a fazer sexo.
Nesse contexto, o código penal da Nigéria, que vigora no norte do país, dominado pelos muçulmanos, permite especificamente que os maridos disciplinem as mulheres, contanto que não as machuquem seriamente. Leis relativas a agressões poderiam ser aplicadas, mas infezlimente nesse país a polícia geralmente vê o espancamento das mulheres como uma exceção.



3 AVANÇOS


Com relação à mutilação genital, líderes religiosos, organizações não governamentais e educadores tentam conscientizar os governantes para os horrores das tradições e crenças que desrespeitam a vida humana, especialmente aquelas que ferem os direitos de quem não tem voz para gritar: a criança.
Apesar das Legislações relativas à violência doméstica terem sido propostas em seis das 36 províncias nigerianas, apenas duas delas, adotaram. Os ativistas que defendem os direitos das mulheres dizem que a prevalência dos abusos demonstra o baixo status das mulheres na África subsaariana. Geralmente com um menor grau de instrução, elas trabalham durante mais horas e transportam o triplo do peso carregado pelos homens, incluindo lenha, água e sacos de milho levados sobre a cabeça.
Quanto à situação da mulher na vida política, apesar de estarem inseridas no Governo e em outras instituições, as mesmas têm um papel relevante, mas ainda com muitas dificuldades e barreiras culturais que lhes são impostas pela sociedade.
Segundo, SOUZA (2006, p.169). "(...) o grande desafio das sociedades africanas é manter o respeito à pluralidade e à diferença sem se fechar para as novidades que podem trazer benefícios às pessoas".
Durante as eleições de 2009, foram registrados na África Subsaariana, que 29% dos postos foram conquistados por mulheres, elevando o percentual regional a 18%. Na África do Sul, mulheres ganharam 44% dos assentos na Câmara Baixa, alcançando o terceiro lugar no ranking mundial, depois de Ruanda e Suécia. No entanto, mulheres são 40% ou mais das ocupantes das Câmaras Baixas em apenas sete países. Em janeiro de 2010, havia 35 mulheres presidindo 269 Câmaras Parlamentares (13%) e, em 1995, havia 24. O retrocesso ficou por conta de 58 países que têm 10% ou menos de mulheres parlamentares e, em nove câmaras, não há nenhuma mulher.
Pode-se dizer que avançou no sentido de que ocupam um papel considerável na vida econômica, política, social e cultural, devido ao seu empenho e dedicação em prol das organizações femininas e da sociedade civil.
Na África, o setor formal é muito pequeno, e o informal é enorme. A geografia da desigualdade de gênero no continente não é uniforme. Temos a África setentrional, onde há poucas mulheres participando do mercado de trabalho, seja formal ou não, desde antes da crise. Depois temos a África ocidental, onde há uma enorme quantidade de mulheres no setor informal.





CAPÍTULO II
1 A MULHER NEGRA NO BRASIL

A etnia negra tem um papel e um significado importante não só na formação do povo amapaense como em todo Brasil.
Não há como pensar a história, o presente e o futuro da nação brasileira sem levar em consideração os afros descendentes. Essas mulheres chegaram ao solo brasileiro escravizadas, vítimas de todo tipo de abuso. Embora algumas fossem utilizadas principalmente, para trabalhos domésticos; cozinheiras, arrumadeiras, amas de leite, no entanto mesmo com esse tipo de trabalho, muitas vezes foram obrigadas a terem relações sexuais forçadas com seus senhores. Seu papel em diversas sociedades era de submissão ao homem.
Em 1888, com a escravidão abolida por lei, a população negra tornou-se livre. No entanto não obtiveram benefício nenhum do Governo Brasileiro pelos anos que trabalham. Para ganharem dinheiro foi às ruas vender seus quitutes, originando renda para suas famílias.
Passados 122 anos após a abolição, não houve grandes mudanças na situação das mulheres negras brasileiras, da mulher no geral ainda enfrentam o racismo institucional e machismo. A maioria delas são chefes de famílias e chegam a ganhar menos que homens e mulheres brancas, como também homens negros. Nesse contexto, enquanto não houver a implantação de políticas públicas voltadas especificamente para esse grupo, a tão sonhada igualdade de gênero estará em um futuro muito distante.

O racismo também superlativa os gêneros por meio de privilégios que advêm da exploração e exclusão dos gêneros subalternos. Institui para os gêneros hegemônicos padrões que seriam inalcançáveis numa competição igualitária. A recorrência abusiva, a inflação de mulheres loiras, ou da "loirização", na televisão brasileira, é um exemplo dessa disparidade. (CARNEIRO, 2003:119).


Embora o Brasil seja um país com a maior população negra do mundo, ainda esta longe de uma democracia racial. Isto se deve ao fato da condição de vida dos negros eu é mito inferior as os brancos: ganham menos, moradia precária, menos acesso a educação, sem contar o racismo que é tão cruel com em qualquer outra parte do mundo.
As denúncias sobre essa dimensão da problemática da mulher na sociedade brasileira, que é o silêncio sobre outras formas de opressão que não somente o sexismo vem exigindo a reelaboração do discurso e práticas políticas do feminismo. E o elemento determinante nessa alteração de perspectiva é o emergente movimento de mulheres negras sobre o ideário e a prática política feminista no Brasil. (CARNEIRO, 2003, 118).

As mulheres negras brasileiras são as principais vítimas do racismo existente no Brasil, muitos fatos são ignorados sobre as lutas das mesmas, e não estão reconhecidos pela historia oficial.


1.1 A MULHER NEGRA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA


Para saber a situação da mulher negra na sociedade brasileira contemporânea foram feito pesquisas pelos institutos ? DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), SEADE (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados), IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pelas organizações e militância do movimento negro, feminista em especial pelas mulheres negras. Com essas pesquisas foi comprovado que a qualidade de vida da mulher negra sofre desvantagens.
Como por exemplo, o Mercado de Trabalho, com relação a mulher branca, as negras iniciam mais jovens, recebe menor salário; ocupa os piores postos; sofre maior desemprego.
Com relação à saúde, a precariedade atinge particularmente as mulheres negras, são as maiores dependentes do SUS (Sistema Único de Saúde). O índice de morbidade se mantém alto, com o aumento da AIDS na população pobre, especialmente entre as mulheres heterossexuais e casadas; o aborto ilegal, invariavelmente, é praticado em condições precárias ocasionando danos permanentes e a morte; a mortalidade materna aumenta com a pobreza e a falta de assistência médica, devido ao racismo institucional que ocorre no Brasil.
Como se não bastasse o tempo em que uma mulher branca permanece no consultório medico é três vezes mais demorada do que uma consulta com a mulher negra.
Na Educação o analfabetismo é maior entre as mulheres negras, devido ao preconceito que desde criança sofrem em sala de aula, fenômeno que contribui para evasão escolar, sem esquecer da gravidez precoce e entrada no mercado de trabalho mais cedo.
Apesar dessas barreiras nas décadas de 60 e 80 pesquisas e estudos demonstram que as mulheres negras aumentaram seu ingresso no ensino superior, ainda que o mercado de trabalho se feche para esse avanço.
Nos meios de comunicação produziam uma imagem negativa da mulher negra, era passado um estereotipo da negra relaxada, de pouca inteligência da prostituta, além do excessivo erotismo da mulata. Esses estereotipo contribuiu para a depreciação da mulher negra no mercado de trabalho, no plano educacional e afetivo.
Não só a mulher negra, mas as mulheres no geral são vítimas da violência, o qual oprime seus direitos e desvalorizando-as, tanto na relação afetiva como no mercado de trabalho, interferindo no direito de ir e vir, na relação doméstica, etc. A violência contra a mulher é um dos principais problemas a ser enfrentado no Brasil e no mundo. Nesse contexto não podemos esquecer do assédio sexual ou moral no trabalho, assim como a agressão sexual e trafico sexual em que na maior parte de meninas negras.
Na maioria das vezes, a mulher sofre agressão na própria casa, lugar onde poderiam sentir-se seguras acabam por sofrer violação incestuosa, casamento forçado, estupro conjugal, pancadas. Dentro dessa realidade a violência contra a mulher é constante praticamente em todas as sociedades e culturas.
Nesse sentido, o Movimento Social de Mulheres Negras Brasileiras, através de várias mobilizações conjuntas, e a crescente participação em Conferências, tanto nacionais como internacionais, atestam que as vozes femininas negras começam a ser ouvidas. Melhoria já são vistas no Brasil, e um exemplo foi à implantação da SEPPIR (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), criada em março de 2003, a mesma possui a tarefa de criar estratégias para melhoria das populações marginalizadas, e em especial a população negra.
Pela primeira vez na história do Brasil é criada uma Secretaria voltada à população negra. A luta da mulher negra sempre foi pelo acesso ao trabalho remunerado com dignidade, moradia, assistência à saúde adequada, respeito aos seus valores éticos sociais, culturais e morais.
Órgãos da Convenção Internacional lutam pela eliminação de todas as formas de descriminação como:


? Racial ? CERD é destinada a proteger e promover os grupos raciais, étnicos ou de origem nacional ameaçados ou historicamente prejudicados, e nestes grupos estão incluídas as mulheres negras.
? A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher ? CEDAW está destinada a proteger e promover as mulheres negras que sedimentam as bases da formação de uma identidade política.
? O dia 25 de Julho é um marco para as mulheres negras organizadas na América Latina e no Caribe, a busca pela dignidade, o fim das desigualdades raciais, da violência e dos efeitos nocivos do racismo é uma bandeira única entre as mulheres negras da América Latina e do Caribe.


Assim, a necessidade do reconhecimento dessas mulheres negras, ao longo do ano vem sofrendo transformação e originando melhorias de vida para várias outras mulheres negras.



1.2 A MULHER NEGRA O MERCADO DE TRABALHO: inserção marcada pela dupla discriminação


O mercado de trabalho no Brasil é muito desvantajoso com relação a mulheres negras, as mesmas estão presentes nos diferentes setores, mas com menores possibilidades de ascensão social.
Não há novidade sobre o fato das mulheres negras ganharem menos que os homens em todos os estados brasileiros e em todos os níveis de escolaridade. Elas saem do mercado mais tarde, se aposentam em menores proporções que os homens e há mais mulheres negras idosas que não recebem nem aposentadoria nem pensão. Isto reflete as condições em que estas mulheres estão no mercado brasileiro.
As mulheres de modo geral se inserem no mercado de trabalho com ritmo e intensidade bem diferenciados dos homens, diferenças entre os sexos tendem a crescer muito com o aumento da idade das mulheres, sobretudo a partir do momento em que elas são pressionadas a abandonar o trabalho para dar prioridade ao cuidado da casa e dos filhos, nesse sentido é bem semelhante tanto para as mulheres negras como para as não-negras.
Outro fator que descreve claramente a condição mais desfavorável vivenciada pelas mulheres negras no mercado de trabalho diz respeito às suas possibilidades de crescimento profissional, como a presença em cargos de direção e planejamento é quase três vezes menor que a das mulheres não-negras nas diversas regiões do país.
Portanto as desigualdades entre estes segmentos são grandes, e estão associadas às condições sociais, principalmente a educação, que é uma das formas de se promover a mobilidade social dos diversos segmentos.
As mulheres negras, no geral participam menos do mercado de trabalho formal por vários motivos, dentre eles, aqueles associados ao seu encargo nas tarefas domésticas e ao cuidado dos filhos, que lhes são atribuídos como parte de seu papel familiar. Além do mais, as empresas tendem a manter barreiras à contratação ou à ascensão na carreira da mulher casada e com filhos.
Sendo assim ao se defrontarem com as mesmas dificuldades das mulheres casadas, as chefas de família participam mais intensamente do mercado provavelmente pela necessidade de proverem sozinhas o sustento da família.



2 FEMINISMO



Movimento político originado pela superação das relações hierárquicas entre mulheres e homens, o qual tinha como meta a igualdade social, política, cultural e econômica entre os sexos. O movimento é uma critica a estrutura patriarcal da sociedade que serve de base ao machismo. A maioria das autoras e autores que debatem o feminismo, predominantemente pertencentes à classe média do Ocidente, visa compreender e questionar as origens da desigualdade, propor novas formas de organização social e sexual (indo contra o paradigma que sustenta modelos únicos de ser mulher e de ser homem) e promover os direitos das mulheres.
Sendo assim, o movimento organiza-se em diversas frentes de com a cultura de cada grupo de mulheres, isso porque algumas questões são especificas questões são específicas de certas culturas ou regiões, como por exemplo, a mutilação sexual. Alguns temas como direitos reprodutivos, a mulher como objeto (essencialmente sexual), violência sexual e doméstica, licença pós-parto, criação dos filhos, aborto, igualdade salarial, discriminação no local de trabalho, são comuns à maioria dos grupos.


2.1 FEMINISMO E SUAS FORMAS


O movimento feminista ao longo do tempo vem assumindo diferentes formas seja por meio da igualdade, da diferença e da separação, sem deixar de lado o compromisso comum de por fim a dominação masculina e à estrutura patriarcal. Uma dessas formas é o feminismo liberal e socialista, tem como adversário o Estado e o capitalismo, sendo que sua meta visa direitos iguais, inclusive o de ter filhos ou não, igualdade para homens e mulheres em todas as esferas da vida social, econômica e institucional.
O feminismo radical teve com as mulheres que se organizaram em oposição às contínuas discriminações que sofriam nas organizações de esquerda das quais participavam. Identificavam nos homens os agentes da opressão, tomando as outras formas de opressão como extensão da supremacia masculina. Concentravam seus esforços na organização de grupos exclusivamente femininos.
O feminismo cultural tem a identidade na comunidade feminina, seus adversários são as instituições e os valores patriarcais, tem como meta a autonomia cultura.
O feminismo espiritualista ou eco feminismo tem como identidade o modo feminino de ser, acreditam numa essência única feminina e tem como adversário o modo masculino de ser, tem como meta a liberdade matriarca.
No ocidente o feminismo foi responsável por várias mudanças como: direito ao voto, crescimento das oportunidades de trabalho, salários mais próximos aos dos homens, direito ao divórcio, entre outros. Apesar de muitas lideres do feminismo ser mulheres, nem todas as mulheres são feministas e fora do ocidente é bastante limitado esse movimento, mas isso não deve, no entanto, distrair o movimento feminista de seu principal objetivo no século XXI: promover maiores direitos para as mulheres nas sociedades do Oriente.

CAPITULO III-

1 MULHERES NEGRA DO AMAPÁ

Amazônia colonial sempre foi um grande problema para Coroa portugueses relacionado à sua ocupação. As constantes ameaças estrangeiras na região sempre deixavam alertas as autoridades portuguesas.
A presença do negro se confunde com a historiografia do Amapá a partir do momento em que se suscitou a necessidade de povoamento ao norte do Brasil, objetivando a proteção das terras de domínio português. Visto que, as incursões realizadas pelas Nações que desobedeciam aos Tratados realizados entre Portugal e França eram constantes, causando extrema preocupação ao Império lusitano. Estima-se que os primeiros negros a chegarem ao Amapá no ano de 1765. Ainda não eram negros vindos diretamente da África e, sim das Cidades de Belém, Rio de Janeiro e Maranhão.
No entanto, segundo Arthur César a presença dos primeiros negros em Macapá data do século XVII. Estes foram trazidos por ingleses, holandeses e irlandeses (Reis apud Silva et al, p.25).
Mas, a versão mais divulgada é a que faz referência ao século XVIII, quando o Governador do Grão- Pará, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, nomeado em 1751, ?estudou a situação geográfica e fotográfica da povoação de Macapá e escreveu ao D. José I relatando sobre a necessidade de fortificar Macapá (Morais; Rosário, 2003, p. 26).
A contribuição africana está presente na sociedade amapaense desde o período colonial, na construção da Fortaleza de São José de Macapá e outras obras governamentais, além da necessidade da mão-de-obra para a exploração econômica da região.
A mão-de-obra empregada na construção da fortificação era composta por capatazes, engenheiros, mestres de oficio, além de trabalho compulsório representado em sua maioria por índios capturados oficialmente na região e de negros africanos (Morais; Rosário, 2003, pp. 26-27).
Portanto, a presença negra, também está vinculada ao projeto de ocupação da região e da construção de fortes. O negro no Amapá construiu e manteve uma rica cultura até hoje manifestada nas festas religiosas, no tambor, na culinária, na linguagem e outras praticas artísticas do Estado do Amapá.
Os principais exemplos da cultura negra em Macapá são: O ritual do Marabaixo começa no Domingo de Páscoa na Igreja de São Benedito, (construída pelos próprios negros). O Batuque é a segunda manifestação cultural tradicional do Amapá. Dança praticada com mais intensidade nas zonas rurais de Macapá, seguido do Candomblé que é bastante difundido nos vários terreiros espalhados pela Cidade de Macapá. Dando continuidade a essa vertente da cultura negra, ZIMBA dança de matriz africana bastante parecida com o batuque, com utilização de tambores confeccionados pela comunidade com muita maestria e o HIP-HOP, que em meados da década de 80, surge o 1º grupo de dança de Rua de Macapá, chamado Cobra Verde.
Um sentimento que os membros da comunidade têm em relação a pertencer a uma comunidade, um sentimento de que os membros se preocupam uns com os outros e que o grupo se preocupa com eles e uma confiança compartilhada que as necessidades dos membros serão satisfeitas através do seu compromisso em permanecerem juntos (McMillan & Chavis, 1986, p. 9).
Essa mescla de culturas africanas que se encontraram no Amapá e consequentemente em Macapá são contribuições da raça negra que perpetuou costumes, raízes.


1.1 MOVIMENTO NEGRO NO AMAPÁ: AS ONG?S E AS POLÍTICAS PÚBLICAS

 O Instituto de Mulheres Negras do Amapá (IMENA), que veio somar às organizações que possuem nos seus objetivos a luta contra as injustiças que ocorrem no seio das sociedades. Objetiva promover a solidariedade e a igualdade entre homens e mulheres, sem distinção de etnia, cor, idade, religião ou classe social. Defendendo sempre os direitos dos cidadãos negros. Divulga suas ações através de um programa de rádio com o nome "Viva Mulher", transmitido às sextas-feiras pela Rádio Difusora de Macapá.

 A União dos Negros do Amapá (UNA) tem papel fundamental para que ocorram as manifestações culturais do povo negro. Pois é na sede da UNA que acontece o "Encontro dos Tambores", na semana da Consciência negra. Momento em que praticamente todas as áreas quilombolas do Estado do Amapá se reúnem durante uma semana com apresentações da cultura negra amapaense Com o apoio e participação em massa da sociedade civil do Amapá.

 O Governo estadual colabora para com a comunidade negra através da criação da Secretaria Extraordinária para Políticas Públicas para o Afro-descendente (SEAFRO). Tendo a responsabilidade de analisar a situação peculiar de cada comunidade negra e, na medida do possível auxiliam-nas nas suas necessidades.

 Assinatura da Lei estadual que institui "cotas" para estudantes afros descendentes e indígenas nos cursos da Universidade Estadual do Amapá em 2008.

 O Núcleo de Educação Étnico-Racial da Secretaria de Estado da Educação (NEER) atua de forma contundente e racional, promovendo capacitações para os professores da rede pública de ensino, concernente as questões que envolvem as Leis 10.639/2003, como também, a 11.645/2008. Incentivando e provocando discussões para que a legislação pertinente ao negro seja executada. Combatendo sempre o preconceito e a discriminação étnico-racial dentro das escolas estaduais do Amapá.

 O Conselho das Associações de Moradores das Comunidades Afro-Descendentes do Estado do Amapá (CCADA) que nasceu com o intuito de representar os interesses das Comunidades afro-descendentes do Estado do Amapá.

Segundo, Alci Jackson Soares(2008). As políticas públicas voltadas para o negro no Amapá demoraram a ser posta em prática, porém, o ano de 2008 foi extremamente favorável para a Comunidade Negra. Com Escolas da rede pública de ensino realizando Mostras Pedagógicas com temáticas envolvendo a questão étnico-racial.
Discutindo e construindo propostas curriculares para contemplar a legislação vigente. Levando essa discussão para o seio das unidades escolares da rede pública com o intuito de erradicar a discriminação étnico-racial.
Portanto, como podemos observar a Comunidade Negra do Amapá passa por transformações benéficas, onde as maiorias dos negros estão buscando cada vez mais o nível superior, passando dessa forma, da condição de "ignorante" para algo bem mais respeitável.

1.2 QUILOMBOS

Os Quilombos se formaram em locais encontrados pelos negros para refugiar-se dos seus patrões quando tentavam aventurar-se na fuga. Geralmente eram lugares distantes do local onde eram cativos. Fixavam-se e procuravam libertar outros negros aprisionados nas fazendas dos engenhos de açúcar ou de café ou nas minas de ouro e diamantes.
Com isso, causavam revoltas nos senhores dos engenhos, nos donos das minas e nos senhores do café. No Amapá existem mais ou menos 37 áreas quilombolas; três são tituladas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), que são: Quilombo do Curiaú, Mel da Pedreira e Conceição do Macacoari.
Em todas estas áreas desenvolve-se a agricultura de subsistência, ou seja, as pessoas cultivam mandioca, milho, feijão e banana, produtos necessários ao seu sustento. A fabricação da farinha de mandioca, base do sustento de muitas áreas quilombolas.
Existem algumas comunidades que produzem além da cultura de subsistência, como por exemplo, a colônia do Matapi vende seus produtos na capital do Estado, mais precisamente a farinha de mandioca, batata-doce, feijão de corda e arroz.
A pecuária é muito presente na economia das áreas quilombolas com a criação de gado bufalino e bovino; existindo também a criação de caprino e suíno.
Como podemos observar a presença do negro é bastante evidente e participativa no processo evolutivo do Estado do Amapá. Com isso, o governo do Estado vem apoiando e fazendo cumprir as políticas públicas favoráveis a essa etnia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa para compor o meu artigo, me permitiu conhecer a história da mulher negra desde sua vinda da África, passando por suas principais fases: escravidão, integração e inclusão na sociedade.
A escolha pela metodologia se deve à identificação com a síntese de Boris Fausto sobre o papel do pesquisador:
"Qualquer estudo histórico, mesmo uma monografia sobre um assunto bastante delimitado, pressupõe um recorte do passado, feito pelo historiador, a partir de suas concepções e da interpretação dos dados que conseguiu reunir. A própria seleção de dados tem muito a ver com as concepções do pesquisador" (Fausto, 1997:13).

Desse modo, trataremos neste trabalho, através de uma revisão bibliográfica, de expor respostas plausíveis a esta questão da mulher negra na sociedade macapaense, através de uma releitura de estudos, considerações e perspectivas de alguns autores e artigos pesquisados na internet, com isso apresentar um panorama da situação social do negro no período referido, na cidade de Macapá.
Hoje, muitas conquistas foram alcançadas pelos negros em Macapá. Atualmente o CCADA é uma instituição com grande visibilidade na sociedade amapaense, reconhecida pelo poder público, pela sociedade civil e, principalmente pelas próprias Comunidades como representante legitimo de seus interesses.
Contudo, cabe ressaltar a experiência de mulheres negras na luta pela superação do preconceito e discriminação racial no ingresso no mercado de trabalho. Algumas mulheres atribuem a "façanha" da conquista do emprego do sucesso profissional a um espírito de luta e coragem, fruto de muito esforço pessoal, e outras ainda, ao apoio de entidades do movimento negro.
Na atualidade não se pode tratar a questão racial como elemento secundário, destacando apenas a problemática econômica. A posição social do negro não se baseia apenas na possibilidade de aquisição ou consumo de bens. Ainda há uma grande dificuldade da sociedade brasileira em assumir a questão racial como um problema que necessita ser enfrentado. Tanto os movimentos sociais pela educação como os movimentos negros, em tese, advogam por uma educação cidadã.



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