A moeda real fez 15 anos dia 01/07/2009. Os planos anteriores!

 

É impossível não render uma homenagem a nossa bela “debutante”, a moeda Real, baluarte do plano que originou seu nome. Para entender porque ela foi e é tão importante vamos a definição de um plano no contexto econômico: conjunto de medidas, de ordem política, social e  econômica visando a determinado objetivo (Houaiss-2007).O objetivo naquele momento era frear o descontrole inflacionário com problemas econômicos de toda ordem.Herança de vários planos fracassados e equívocos cometidos, a situação era insustentável. Devemos saber que um ato de governo já mexe profundamente em um ou mais segmentos, um plano mexe com a vida do país, da sociedade em geral. Na prática a teoria é outra, portanto muitos planos e ações pontuais de governos na economia redundaram em fracassos, afinal, nas lousas dos gabinetes tudo funciona a mil maravilhas. No mundo real as coisas podem ser diferentes. Em qualquer ação de gestão econômica haverá a reação de outros elementos presentes na ciência. Gosto de afirmar que na economia “sempre um caminho é tomado em detrimento de outro”.

Neste contexto é necessário comentar alguns planos passados, com seus erros e acertos, afinal sempre foram feitos nas melhores intenções. Um plano é algo mais complexo que ações pontuais, pode ser aplicado para gerenciar crise, ou se antecipar a ela, assim como para promover desenvolvimento social e econômico, o mais lógico e racional sempre. Qualquer plano ou ação de governo estará sempre cercado de boas intenções, mas nem sempre só estas são suficientes para que os objetivos e resultados sejam atingidos.

A nossa história é rica em ações de governo na economia. No império para influenciar o crescimento econômico, citamos as medidas tomadas em 1808 com a chegada da corte, formas de isenções tarifárias e benefícios fiscais a empreendedores. O Barão de Mauá e outros precursores da indústria nacional tiveram benesses que ajudaram na construção de um desenvolvimento econômico no Brasil. Podemos citar também diversos atos para incentivo a política do café, mas não podem ser considerados planos econômicos, pela falta da complexidade dos planos como assistimos no nosso país no século XX.

Historicamente podemos dizer que o primeiro plano nacional foi  lançado em 1890 com o Marechal Deodoro. Para garantir prosperidade e crescimento emitiu moeda sem o lastro e caímos na famosa crise do Encilhamento com um verdadeiro caos na economia do país. No governo de Campos Sales, início do século XX, foi acertada a celeuma do encilhamento e talvez por isso, dentro de alguns indicadores econômicos, é considerado um dos melhores presidentes que o Brasil já teve.Outros planos podem ser citados:

  • Mudanças na legislação trabalhistas de Getúlio Vargas, muito criticadas e para alguns responsáveis por pesado fardo carregado pelo país até os dias atuais.
  • O  Plano Salte  no governo Dutra, em 1948.
  • O plano de metas de JK na década de 50 com o famoso jargão, 50 anos em 5.
  • Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social  de João Goulart
  • No regime dito militar, tivemos diversos e bem sucedidos planos que culminaram no milagre econômico, podemos citar: Plano de Ação Econômica do Governo de Castelo Branco, Plano Decenal,  Programa Estratégico de Desenvolvimento no Governo Costa e Silva, Programa de Metas e Bases para a Ação do Governo,  proposto por Médici,  Primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento PND-I , Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento PND-II ,Governo Geisel e  Terceiro Plano Nacional de Desenvolvimento PND-III

 

Na década de 80 em diante assistimos um festival de trapalhadas, empirismo e ingerências políticas que confundiam a sociedade, agrediam fundamentos econômicos ou tripudiavam conceitos acadêmicos. Isso não quer dizer que não eram embasados em raciocínio e teorias defendidas por seus tutores, mas sempre sem a precisão necessária, e sempre na pior das hipóteses sem a gestão e correção de rumos necessários. A história mostrou a realidade, os principais, todos fracassados, foram:

 

  • Plano Cruzado – Fevereiro de 1986 -  No governo José Sarney idealizado por Dilson Funaro. O grande erro na minha visão foi o congelamento dos preços e a ingerência política. O plano teve excelente apoio popular.
  • Plano Bresser – Julho 1987, ainda na era Sarney, o plano como sempre tinha as suas virtudes, mas fracassou e até hoje o tesouro paga a conta de falhas jurídicas desta época. A inflação galopava a passos largos e já apavorava a sociedade.
  • Plano Verão – Janeiro de 1989, tendo como ministro da fazenda, Maílson da Nóbrega, este plano foi marcado no final pela inflação absurda de 80% ao mês e a desestruturação total de nossas finanças.
  • Plano Collor – Março de 1990- Com intenção de enxugar a liquidez do mercado, houve o confisco da poupança e outras medidas restritivas que apertaram o Brasil e a população. A reação foi enorme e segundo alguns contam, a dose de empirismo e erros é uma das maiores de nossa história econômica.

 

Com a queda de Collor começa a história do Plano Real e da nossa moeda atual. Isso ficou para o próximo artigo.