Avaliar vai muito além do que punir, reter, repreender ou permitir progressão. A avaliação não tem como único proposito e objetivo, somente saber o que o aluno aprendeu e lhe permitir progressão ou não, mas sobretudo, saber o que o mesmo deixou de aprender, para que consequentemente o trabalho seja norteado na direção do que não foi aprendido, revendo as atitudes erradas e as metodologias que não funcionaram ou que precisam serem aprimoradas e ou modificadas para atender os déficits.

É preciso que se tenha consciência de que avaliar é a base para diagnosticar os avanços ou não dos alunos. De forma que se possa, a partir de então, encontrar soluções que os faça progredir. Segundo Luckesi, “A avaliação é constituída de instrumentos de diagnóstico, que levam a uma intervenção visando à melhoria da aprendizagem.

O ato de avaliar pode ser comparado com um checape que fazemos ao irmos ao médico. Onde, fazemos vários exames e avaliações para sabermos como anda nossa saúde e dependendo dos resultados o médico nos diz os procedimentos a serem seguidos e os remédios que devemos tomar e ainda nos alerta o que é necessário fazermos para que tenhamos uma vida saudável. Assim, deve ser vista também a avaliação pedagógica-escolar.  Onde, fazemos umdiagnóstico no final do mês ou semestre para sabermos como anda o desenvolvimento da aprendizagem e as progressões dos nossos alunos e dependendo dos resultados devemos “passar os remédios”, ou seja, buscar soluções e metodologias, mudando procedimentos para que desta forma seja garantido os direitos de aprendizagem das crianças e consequentemente tenham um aprendizado saudável, assim como uma boa saúde cognitiva.

Olhando por esta ótica, podemos perceber o verdadeiro papel e objetivo do avaliar. Que fica bem evidente que, o mais importante do que diagnosticar é saber o que fazer com os resultados obtidos. Já imaginou se o médico ao avaliar a nossa saúde, não soubesse o que fazer ou que remédio passar? Ou se, simplesmente nos desse um zero, porque comemos muita gordura e o nosso colesterol está alto, ou porque exageramos no sal e a pressão subiu? Certamente morreríamos em pouco tempo por não sabermos o que fazer e que cuidados ter com a nossa saúde. E o que menos queremos é que além de tantas guerras e desigualdades sociais as quais estamos inseridos, que alguém morra por falta de conhecimentos ou por simplesmente não lhes serem garantido o direito de aprender. Infelizmente, atitudes parecidas com estas, em muitos casos são ainda consideradas normais. Mas o que de fato devemos ter consciência é que assim como o médico, quando fazemos um diagnóstico e uma avaliação com nossos alunos, devemos sim, termos um “remédio” para sua cura, uma solução para o seu problema, mesmo que para isso seja preciso dar broncas e seguir o tratamento ao pé da letra. Analogias como esta serve de reflexão. Mas em momento algum pode ser considerado o fato de muitos pacientes avaliados pelos médicos não terem mais jeito ou terem pouco tempo de vida. Isso nos alegre e nos faz, como educadores pensar: nenhum aluno é ou deve ser considerado sem jeito. Em suas singularidades, todos tem potenciais e características relevantes que precisam ser consideradas em qualquer diagnóstico ou avaliação. Pois toda criaa sabe um pouco de alguma coisa. Já dizia Paulo Freire: “Não há saber mais ou saber menos: há saberes diferentes”.

LUCKESI, Cipriano. Revista Escola. Disponível em < http://revistaescola.abril.com.br/formacao/cipriano-carlos-luckesi-424733.shtml >