VOLEIBOL NO ENSINO MÉDIO
OLIVEIRA, Camila de¹
ZOTTIS, Daniela R. S.²
PIRES, Veruska³

RESUMO

Os educandos do Ensino Médio apresentam um grande desinteresse pela prática da Educação Física, devido a diversas influências sofridas durante a trajetória curricular da mesma e muitas vezes isso é decorrente da não obtenção do desempenho desejado. Considerando assim, o esporte um fator importante para o desenvolvimento social e cultural de todos, objetivou-se neste estudo a aplicação do voleibol a partir da iniciação esportiva universal, que permite ao professor adaptar a realidade local bem como a cultura de movimento dos alunos, enfatizando a construção de um conjunto de atividades que permitam o desenvolvimento lógico e da compreensão geral do jogo sem submeter os alunos a desgastes por repetições dos fundamentos básicos do jogo, sendo este também o objetivo principal. Fizeram parte do estudo alunos do 1º ano do Ensino Médio da Escola Básica Nereu Ramos, situada em Itajaí/SC. Como instrumento metodológico utilizou-se o Plano de Ensino, que continha tudo que queríamos aplicar durante o período de pesquisa realizado, Planos de ação, abordando os conteúdos planejados e relatórios ao final de cada aula, que serviram para análise do tema e da prática pedagógica. Os resultados indicaram que a utilização de atividades diferentes nas aulas aumentam o interesse dos alunos pela prática, proporcionando novas vivências e aprendizados, ponto importante a ser considerado pelos profissionais de Educação Física para que elaborem suas atividades de maneira mais consciente, considerando o conhecimento do aluno e atendendo suas expectativas. Também constamos que a utilização de um método de ensino facilita o planejamento das aulas e a aprendizagem dos envolvidos.


Palavras-chaves: Voleibol; Ensino Médio; Iniciação Esportiva Universal.




INTRODUÇÃO
A Educação Física tem um papel fundamental na construção do cidadão, pois os ensinamentos são de grande importância ao homem; com este poderão conquistar domínios do saber tradicionalmente presentes no trabalho escolar quanto às preocupações contemporâneas com o meio ambiente, com a saúde, com a sexualidade e com as questões éticas relativas às igualdades de direito, à dignidade do ser humano e à solidariedade.
Compreendemos então, que a Educação Física é muito importante, pela possibilidade de proporcionar aos alunos uma diversidade de experiências através de situações nas quais eles possam criar, inventar, descobrir movimentos novos, reelaborarem conceitos e idéias sobre o movimento e suas ações.
Barni e Schneider (2005) apresentam as fases passada pela Educação Física durante décadas, sendo esta implantada no currículo no século XIX sobre forte influência militar onde o ensino baseava-se nas relações em que o professor assumia o papel de instrutor e o aluno de recruta. Já na década de 30 a mesma tinha um caráter biológico, com o objetivo de formar indivíduos fortes e saudáveis. Após os períodos de guerra a Educação Física passa a ter outra imagem e o professor assume o papel de treinador e o aluno de atleta, onde passa a ter uma concepção desportiva. Na década de 80 a nova tendência era o desenvolvimento psicomotor (psicológico) do aluno, da inteligência por da atividade física. Logo após houve um processo de crise de identidade, sem esclarecimento dos princípios básicos de ensino.
Então se percebe atualmente que a Educação Física no Ensino Médio é o resultado de várias influências sofridas durante sua trajetória curricular e busca conquistar um lugar junto às demais disciplinas.
O PCN (2000) aponta como principal objetivo da Educação Física no Ensino Médio a aproximação do aluno novamente a mesma, sendo esta de forma lúdica, educativa e contributiva para o processo de aprofundamento dos conhecimentos. Espera-se que no decorrer do Ensino Médio os alunos desenvolvam competências significativas, como: compreender o funcionamento do organismo humano, desenvolver as noções conceituais de esforço, intensidade e freqüência, refletir sobre as informações específicas da cultura corporal, assumir uma postura ativa na prática das atividades físicas, compreendam as diferentes manifestações da cultura corporal, participar de atividades em grandes e pequenos grupos, demonstrar autonomia na elaboração de atividades corporais.
As aulas de Educação Física no Ensino Médio segundo Barni e Schneider (2005) são freqüentadas por alunos que se encontram na fase do desenvolvimento humano, chamada adolescência, na qual sofrem grandes transformações de ordem física, cognitiva e psicossociais.
Embora numa aula de Educação Física os aspectos corporais sejam mais evidentes, e a aprendizagem esteja vinculada à experiência prática, o aluno precisa ser considerado como um todo no qual aspectos cognitivos, afetivos e corporais estão inter-relacionados em todas as situações. Não basta a repetição de gestos, automatizá-los e reproduzi-los. É necessário que o aluno se aproprie do processo de construção de conhecimentos relativos ao corpo e ao movimento e construa uma possibilidade autônoma de utilização de seu potencial gestual.
O processo de ensino e aprendizagem em Educação Física, portanto, não se restringe ao simples exercício de certas habilidades, mas sim de capacitar o indivíduo a refletir sobre suas possibilidades corporais. Dentro de uma mesma linguagem corporal, um jogo desportivo, por exemplo, é necessário conhecer o caráter mais competitivo ou recreativo de cada situação, o seu histórico, compreender as regras e estratégias e saber adaptá-las. Por isso, é fundamental a participação em atividades de caráter recreativo, cooperativo, competitivo, entre outros, para aprender a diferenciá-las.
Aprender a movimentar-se implica planejar, experimentar, avaliar, coordenar ações do corpo com objetos no tempo e no espaço, interagir com outras pessoas, enfim, uma série de procedimentos cognitivos que devem ser favorecidos e considerados no processo de ensino e aprendizagem na área de Educação Física.
Portanto, a Educação Física no Ensino Médio precisa fazer o adolescente entender e conhecer seu corpo como um todo, não só como um conjunto de ossos e músculos a serem treinados, mas como a totalidade do indivíduo que se expressa através do movimento, sentimentos e atuações no mundo (DAÓLIO apud MATTOS & NEIRA, 2000, p.94).
Atualmente observa-se que o desinteresse pelos alunos do Ensino Médio nas aulas Educação Física muitas vezes é decorrente da não obtenção do desempenho desejado, por isso sentimos a necessidade de aprimorar os conceitos e práticas do Voleibol no Ensino Médio a partir dos princípios da iniciação esportiva universal, que permite ao professor adaptar a realidade local bem como a cultura de movimento dos alunos, enfatizando a construção de um conjunto de atividades que permitam o desenvolvimento lógico e da compreensão geral do jogo sem submeter os alunos a desgastes por repetições dos fundamentos básicos do jogo.
De acordo com Greco (1998) o voleibol foi criado em1895 por William G. Morgan, que se inspirou no tênis. Sua vinda para o Brasil apresenta controvérsias, uns dizem que foi iniciado em Pernambuco e outros em São Paulo. Nos primeiros anos, o voleibol ainda não contava com uma bola específica, sendo praticado com uma câmara da bola de basquete. A rede era improvisada, a mesma usada nas partidas de tênis. Neste período, o esporte era conhecido por Mintonette. Com o passar do tempo, foi ganhando o nome popular de volleyball, que acabou se tornando oficial. Do esporte inicial idealizado por Morgan, a evolução foi sempre crescente e para melhor, as regras foram se modificando e se adaptando às exigências dos atletas, público, patrocinadores e, principalmente, televisão, até chegarem ao Voleibol atual, que é o que se pratica em todo o mundo. Com o passar do tempo foram surgindo as regras que compõem o jogo em si, tendo como características principais, segundo Greco (1998): rodízio obrigatório, jogo seqüenciado, número determinado de ações, não existe contato com o adversário, seis fundamentos, tempo indeterminado, erro de fundamento penaliza a equipe e coordenação motora elaborada.
Pinto (2009) o objetivo do voleibol sempre foi impedir que a bola encostasse no chão de sua parte da quadra, por isso é necessário rebatê-la usando o corpo, principalmente os membros superiores. Isso leva a compreender que as principais habilidades utilizadas nesse esporte são: saltar, correr, lançar e rebater. Ou seja: para chegar à bola é preciso correr; para cortar a bola durante um ataque é preciso saltar; para colocar a bola em jogo (sacar) é preciso lançar; e para devolver a bola à quadra adversária é preciso rebater. Mas outras habilidades são específicas desse esporte e devem ser desenvolvidas pelo professor de Educação Física: bloqueio, saque, manchete e toques.
Percebemos a necessidade de aplicar a modalidade esportiva do voleibol a partir dos princípios da iniciação esportiva universal, tentando analisar como o modelo didático-pedagógico universal contribui para a aplicação desta modalidade nas aulas de Educação Física para alunos do Ensino Médio, sendo este o objetivo do presente projeto.
Foi desenvolvido durante as aulas, os fundamentos técnicos do voleibol: saque, recepção, levantamento, ataque, bloqueio e defesa; compreender as regras básicas do Voleibol e aplicá-las na prática; vivenciar os diferentes papéis de um jogo de voleibol: jogadores, arbitragem, treinador e elaborar jogos adaptados para o voleibol.
Contudo, procuramos nos fundamentar em alguns autores que nos transmitem uma enorme abrangência de pensamentos e formas pedagógicas de agir.







¹ Acadêmica matriculada na disciplina de Estágio Supervisionado: pesquisa da prática pedagógica do 5º período do Curso de Educação Física Licenciatura ? UNIVALI/SC.
² Acadêmica matriculada na disciplina de Estágio Supervisionado: pesquisa da prática pedagógica do 5º período do Curso de Educação Física Licenciatura ? UNIVALI/SC.
³ Professora orientadora da disciplina de Estágio Supervisionado: pesquisa da prática pedagógica do 5º período do Curso de Educação Física Licenciatura ? UNIVALI/SC
METODOLOGIA
O estágio foi realizado na Escola de Educação Básica Nereu Ramos, situada na Avenida Sete de Setembro, sem número, bairro Fazenda, na cidade de Itajaí. Trabalha atualmente só com o Ensino Médio em dois turnos: matutino e noturno, pois de acordo com o Plano Político Pedagógico da escola o número de alunos não é significativo para que o período vespertino tenha aulas.
A escola defende a concepção histórica crítica que conduz a reflexão voltada à realidade e tem como objetivo geral propiciar a formação dos cidadãos autônomos e críticos, cuja característica seja a capacidade de argumentação solida, posicionando-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas, sendo capazes de atuar com dignidade na sociedade.
A estrutura física foi totalmente reconstruída e inaugurada no ano de 2009, devido à falta de manutenção nos prédios. As novas instalações contam com laboratório de Informática, de Ciências, biblioteca, auditório, sala de vídeo, depósitos, banheiros (um adaptado a deficientes), cozinha, refeitório, sala de Educação Física, salas de aula. O espaço para a prática de Educação Física é muito amplo, permitindo utilizar mais de um lugar para desenvolverem atividades físicas, pois se tem um campo com grama, um com areia e o ginásio esportivo, mas a escola ressalta no PPP (Plano Político Pedagógico) que o esporte escolar deve contemplar o ser humano criança e adolescente as mais amplas possibilidades de vivências que respeitam as características afetivo-emocionais. Não tivemos acesso aos materiais disponíveis para as aulas de Educação Física.
Entre as ações da escola estão reuniões com pais e professores, palestras, campeonatos internos e externos, visitas as residências, apoio pedagógico aos professores, realização de eventos, dentre outros. E no ano de 2009 a escola recebeu um convite da Gered (Gerência de Educação de Itajaí/SC), por meio da Secretaria da Educação e do MEC, para participar do Programa Ensino Médio Inovador que surgiu como uma forma de incentivar as redes estaduais de educação e criar iniciativas inovadoras para o Ensino Médio. Segundo o MEC a intenção é estimular as redes estaduais de educação a pensar novas soluções que diversifiquem os currículos com atividades integradoras, melhorando assim a qualidade da educação oferecida nessa fase de ensino e tornado mais atraente.
Apresentam-se também as questões centrais desse projeto, de acordo com o MEC: primeira é estudar a mudança da carga horária mínima do ensino médio para 3 mil horas (aumento de 200 horas a cada ano), a segunda é oferecer ao aluno a possibilidade de escolher 20% de sua carga horária e grade curricular, a terceira é associar a teoria e a prática, com atividade práticas experimentais , valorizar a leitura em todas as áreas do conhecimento e por fim garantir ao aluno uma formação cultural.
O convite foi aceito e o projeto é realizado na escola com os alunos das seis primeiras séries do Ensino Médio, que participam de atividades no contra turno (horário vespertino). Essas atividades estão distribuídas em oficinas optativas, na qual incluímos nosso tema.
Em nossa oficina de voleibol participaram em média 20 alunos dos primeiros anos, com faixa etária entre 14 a 17 anos. Entre os participantes 10% eram do sexo feminino e 90% do sexo masculino. O comportamento dos alunos durante as aulas variava de acordo com o tipo de atividade executada (atividades cooperativas e atividades competitivas).
As atividades cooperativas aconteciam quando o maior número de alunos presentes era da mesma turma, assim percebeu-se que os mesmos tinham dificuldade em executar as atividades por motivo de timidez. Mas conforme o passar das aulas foram se conhecendo melhor e tendo mais confiança. Porém, sentiam liberdade de rir um do outro quando faziam algo incorreto e procuramos intervir quando necessário para enfatizar que todos devem respeitar o colega.
Nossas aulas resumiram-se em encontros na Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI e aplicação dos planos de ação na Escola Nereu Ramos. Os encontros na UNIVALI foram para escolha do tema, a elaboração do Plano de Ensino e principalmente, deste Artigo Científico. Já as intervenções na escola foram efetuadas em nove encontros, sendo abordados conteúdos como: os fundamentos técnicos e regras básicas do voleibol, incluindo: saque; recepção; levantamento; ataque; bloqueio; número de jogadores; número de toques; pontuação (sets); líbero; invasão de saque e de ataque; linha e rede, estruturas funcionais do voleibol e análises antecipada e situacional de jogo, através de aulas práticas diferenciadas que fizeram os alunos refletirem e direcionarem melhor seus movimentos para o jogo, pois:
"Os jogos de complementação podem ser utilizados como recurso para auxiliar o desenvolvimento de diversas capacidades, necessárias à característica da modalidade. Estes jogos apresentam uma vantagem sobre o trabalho técnico-tático que é a variação, motivação natural da atividade, porém, não se pode nunca substituir os trabalhos técnico-táticos pelos jogos de complementação, mas sim, encará-los como um instrumento de auxílio no desenvolvimento das capacidades." (GRECO, 1998, p. 277)
Para as intervenções fizemos o plano de ensino estabelecendo o objetivo geral e a justificativa de nosso tema, detalhamos os objetivos de aprendizagem que queríamos alcançar durante as aulas, os conteúdos que iríamos trabalhar, as estratégias utilizadas para facilitar o aprendizado e também estabelecemos os critérios e instrumentos que utilizaríamos para avaliar os alunos.
Após elaboramos os planos de ação, seguindo o plano de ensino. Os planos de ação foram flexíveis, muitos adaptados conforme o número de alunos e a situações inesperadas que aconteceram, como não ter bola de voleibol em uma das aulas. Os planos de ação continham os objetivos previstos para a aula, os conteúdos, os procedimentos (atividades), materiais e os instrumentos e critérios de avaliação.
Ao final de cada aula elaborávamos o relatório da mesma, analisando situações, como: comportamento e reação dos alunos perante as atividades, dúvidas e sugestões sobre o voleibol, como nossa prática pedagógica acontecia, pontos a serem melhorados e o desempenho dos alunos de aula para aula.

ANÁLISE DOS DADOS
No início de nosso trabalho muitos alunos tinham dificuldades com a prática do voleibol, principalmente com os fundamentos e as regras, não sabiam sacar, fazer corretamente os três toques, atacar, fazer a manchete e toque sem condução, não entendiam as delimitações da quadra, as posições que deviam ficar (rotação), percebemos então que muitos dos alunos ainda precisavam estar praticando mais estes fundamentos que são considerados básicos do jogo. Os alunos ficavam inseguros de buscar a bola durante o jogo, deixando sempre para o colega realizar a jogada.
Então, para aprimorar esses fundamentos fizemos diversas atividades que levaram os alunos a perceberem como os fundamentos são realizados corretamente, e também deram oportunidade para explorarmos as regras básicas junto aos mesmos. Durante e depois das atividades sempre conversávamos, relembrávamos os pontos principais e fundamentais de um jogo de voleibol, levando os alunos a maior atenção e concentração no que estão fazendo, pois como ressalta Magill (1984, p.24):

"Um iniciante não consegue perceber as informações relevantes para executar a tarefa motora, bem como organizar um padrão de resposta eficiente as demandas do ambiente. Somente a partir da prática um individuo vai aprendendo a habilidade até automatizá-la. Assim, é fundamental organizar a prática visando a melhora nas habilidades básicas, para posteriormente iniciarmos a preparação tática referente ao jogo."

Trabalhando as estruturas funcionais (1x1; 2x2; 3x3) de Greco (1998), os alunos tiveram uma percepção e contato maior com a prática do voleibol, pois, foi possível de perceber como acontece o ataque, a defesa, recepção e também foi um momento coerente para serem feitas as correções necessárias, por exemplo, a manchete se recepcionada corretamente nos punhos sai com maior facilidade, o toque se feito com as pontas dos dedos não se terá condução. Como apresenta Garganta (1998. p.93):

"A estrutura funcional de jogo é constituída de um ou mais jogadores, que realizam tarefas de ataque quando em posse de bola, e de defesa sem a posse de bola. As atividades são apresentadas considerando as características do jogo formal, porém com variações quanto ao número de participantes, espaço, tempo e regras".

Procurávamos intervir quando necessário para explicar os fundamentos e as regras, dar dicas e com eles achar soluções para melhor entenderem o que estava sendo proposto nas aulas, sempre considerando os conhecimentos já adquiridos pelos alunos.
Para Hanson (2005), um melhor desempenho de sua equipe deve primeiro se perguntar quais os pontos fortes dela, para trabalhar em cima dos conhecimentos, para que a performance seja cada vez melhor, utilizando diferentes estratégias dependendo da faixa etária, nível de aprendizagem e habilidade técnica.
Fazendo uma análise desses pontos percebeu-se que os alunos alcançaram os objetivos propostos que era o aprimoramento dos fundamentos técnicos do voleibol (saque, recepção, levantamento, ataque, bloqueio e defesa) e as regras básicas do mesmo, isso devido à utilização dos princípios da iniciação esportiva universal.
Outro ponto em destaque foi quanto ao trabalho com as análises antecipada e situacional, onde reunimos os alunos formando um círculo e explicamos que teríamos um conteúdo novo, aparentemente seria difícil de entender e justamente quando começamos explicar as análises os alunos foram ficando assustados. Então falamos que essas duas análises estavam sempre presentes em nossos jogos mas ainda não dávamos nome as situações que aconteciam, assim a fisionomia foi mudando, conforme Briggs (1994, p.152) "a orientação correta e cuidadosa do professor proporciona melhor aprendizado do educando, maior participação da turma nas aulas, aumento da motivação da classe, com maiores chances de sucesso desportivo."
Explicamos que a análise situacional está relacionada com as situações que acontecem no jogo, por exemplo, tipo de recepção efetuada (altura, velocidade, distância da rede) e a análise antecipada, por exemplo, observar os jogadores de melhor e pior posição, como está o placar. Dentro de cada fundamento (saque, recepção, levantamento, ataque, defesa, bloqueio) existem os tipos de análise situacional e antecipada que podem ocorrer durante o jogo.
Segundo Garganta (1998, p.92), "uma das vantagens dessa abordagem é que, quando se conhecem as estruturas de jogo de uma modalidade esportiva, a aprendizagem poderá ser facilitada quando o aluno desejar aprender outra modalidade."
Após esta explicação fomos para o jogo de voleibol, clareando a mesma, pois na execução fica muito mais fácil de perceber estas análises. Durante o jogo íamos fazendo comentários sobre as situações que aconteciam, por exemplo, posição dos jogadores, tipo de recepção, tipo de saque e os alunos começaram a perceber melhor o jogo e um cobrava do outro para melhorar o time. Comparando jogos anteriores com o da aula deste dia percebeu-se uma melhora, o jogo realmente aconteceu, fizeram bloqueio, três toques, atacaram, cuidaram com as regras, e principalmente analisaram as situações de jogo fazendo então análise situacional e antecipada.
Os alunos deram importância as análises explicadas, e no final do jogo comentavam que a partir do momento que as equipes começaram a perceber o jogo e as situações que estavam acontecendo ficou mais fácil de executar os fundamentos e as próprias regras. O que a princípio era difícil de entender acabou se tornando facilitador do jogo. Podemos analisar a execução correta dos fundamentos técnicos, a compreensão das regras e das análises e quando algo errado era visto chamávamos a atenção fazendo uma comparação junto a eles, perante a situação acontecida, o que de fato melhorava muito o entendimento do conteúdo.
Realizamos em duas aulas um jogo em que os alunos formando um círculo tocavam a bola um para o outro utilizando os fundamentos do voleibol, quem deixava a bola cair deveria falar uma regra ou um fundamento técnico aprendido nas aulas, foi muito interessante. A atividade serviu muito para avaliarmos os alunos, como estavam nas aulas, o que aprenderam.
No primeiro momento da atividade alguns alunos ficaram tímidos, com medo de errar, parecendo estarem sob pressão, mas no decorrer desta foram se descontraindo e as regras e fundamentos foram ditas naturalmente.
Os alunos tiveram como atividade avaliativa a elaboração de jogos diferenciados do voleibol, onde os mesmos tiveram que apresentar e executar com o grande grupo. De acordo com Greco (2001, p.41) "o processo da tomada de decisão é caracterizado pela capacidade de resolver com sucesso as tarefas ou problemas que as atividades apresentam."
Um problema que enfrentamos em nossa prática foi em relação à participação dos alunos, como eram oficinas uns deste que iniciamos com as estas participaram, mas muitos vinham uma, duas vezes, e mesmo que nossos conteúdos sejam retomados todas as aulas, ficava complicado para avaliarmos a mudança ocorrida durante as aulas na prática do voleibol pelos alunos.
Mas analisando os que participaram na maior parte das aulas a melhoria na execução dos fundamentos e na compreensão das regras foi muito notável, e gratificante de ver que nossas explicações foram utilizadas e colocadas em prática. Os resultados indicaram que a utilização dos métodos diferentes em nossas aulas aumentaram o interesse dos alunos pelo jogo do voleibol e também influenciou em demais práticas corporais, proporcionando assim novas vivências aos educandos.
Incluímos mais um objetivo em nossa aula que foi fazer com que os alunos realmente quisessem fazer a prática, pois, muitos tinham a idéia de só jogar o voleibol, não entendiam que o que estava sendo proposto antes do jogo era fundamental para aperfeiçoarem e compreenderem melhor o mesmo. Mas, contudo, conseguiram alcançar os objetivos e o jogo aconteceu com as habilidades (fundamentos técnicos) mais aperfeiçoadas.


CONCLUSÃO
A preparação para o estágio iniciou-se com leituras de referências, discussões, trocas e os encontros serviram para ampliar nossos conhecimentos.
O estágio é uma das disciplinas mais importantes do curso, pois é nele que os acadêmicos irão expor suas metodologias, conhecimentos, enfrentar problemas, tentando solucioná-los e principalmente iremos nos deparar com a realidade de uma escola, podendo perceber se realmente esta é a profissão que queremos seguir.
A base para nossa futura vida profissional são os estágios, onde podemos fazer e refazer, criar, tentar, experimentar novas técnicas, utilizar métodos e teorias, enfim, é a hora de errar, testar, colocar em prática tudo que foi aprendido.
As intervenções realizadas na escola foram muito importantes, muito do planejado deu errado, muito deu certo e foi com o que mais aprendemos, lidamos com duas turmas bem diferentes e cada aula buscávamos maneiras para aumentar o interesse e consequentemente o aprendizado dos mesmos.
Se envolver e se dedicar nas atividades, com os alunos, com a escola foi a maneira mais fácil para fazer o estágio com tranquilidade. Durante as aulas nos sentíamos a vontade, certos da escolha que fizemos para nossa vida profissional.
Trabalhar com o voleibol foi prazeroso, é um assunto interessante que proporciona diferentes práticas, maneiras de ensinar, é um campo abrangente e na medida em que os alunos vão aprendendo, entendendo o que lhe esta sendo proposto, a satisfação e a sensação de missão cumprida acontecem dando um ânimo maior para seguir nos demais estágios.
Os objetivos propostos durante as aulas foram alcançados, por mais que os alunos que participaram das primeiras aulas não eram sempre os mesmos. Conseguimos fazer com que os alunos alcançassem os objetivos, pois sempre retomávamos os conteúdos anteriores, proporcionando entendimento aqueles que ali estavam pela primeira vez.
Os alunos conseguiram perceber a importância de fazer corretamente os fundamentos técnicos do jogo e também do entendimento sobre as regras, isso devido a maneira com que propomos as atividades, seguindo o método da iniciação esportiva universal, propiciando diferentes maneiras de jogar o voleibol.
Em relação à questão problema do projeto que era analisar como o modelo didático-pedagógico universal contribui para a aplicação do voleibol nas aulas de Educação Física para o Ensino Médio, constamos que os alunos não possuíam o mínimo de conhecimento sobre a proposta de Greco (1998) e esta proporcionou aos mesmos facilidades no aprendizado referente aos fundamentos e regras do voleibol, onde poucos tinham entendimento.
Este modelo didático-pedagógico de Greco (1998) também auxiliou no ensino/aprendizagem na atuação das acadêmicas (estagiárias), bem como na ampliação do conhecimento da professora titular da escola onde foi desenvolvida a pesquisa.
Podemos assim concluir, que estas intervenções ajudaram e ainda ajudarão muito em nossa prática como docentes, pois por meio delas percebemos nossos pontos fracos, pontos fortes, para assim cada vez melhorar mais nossa didática, nos vários meios que podemos um dia trabalhar.
Afinal, ensinar o que gostamos é a maneira de fazer com que os alunos aprendam, pois quando se faz o que se gosta tudo fica mais fácil.


REFERÊNCIAS

Barni, Mara J; Schneider, Ernani J. A Educação Física no Ensino Médio: relevante ou irrelevante? Instituto Catarinense de Pós-Graduação, 2005.

GARGANTA, J. (Ed.). Horizonte e órbitas no treino dos jogos desportivos. Porto: Converge Artes Gráficas, 2000.

GRECO, Pablo J. Iniciação esportiva universal. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.

GRECO, P. J. Métodos de ensino-aprendizagem: treinamento nos jogos esportivos coletivos. In: GARCIA, E. S. ; LEMOS, K. L. M. (Org.). Temas atuais VI em Educação Física e esportes. Belo Horizonte: Health, 2001.

HANSON, P. Planejando uma ofensiva com base no talento. In: SHONDELL, D. & REYNAUD, C. A bíblia do treinador de voleibol. Trad. Sílvia Zanette Guimarães. Porto Alegre: Artmed, 2005.

MAGILL, R. A. Aprendizagem Motora: Conceitos e Aplicações. São Paulo: Edgard Blucher, 1984.

MATTOS, Mauro G. & NIERA, Marcos G. Educação Física na adolescência: construindo o conhecimento na escola. São Paulo: Phorte Editora, 2000.

MEC: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/blegais.pdf acessado em 05 de agosto de 2010.

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MESQUITA, I. O ensino do voleibol: proposta metodológica. In: GRAÇA, A. OLIVEIRA, J. (Eds.). O Ensino dos Jogos Desportivos. 2ª ed. Porto: Universidade do Porto, p. 153-197, 1995.

PINTO, Drausio. http://drausiopinto.wordpress.com/2009/05/21/voleibol-regras-competicoes-e-historico/ Acessado em 30 de agosto de 2010.