Educar uma pessoa na atualidade é algo muito complicado. O educar de antigamente não é o mesmo de hoje em dia, pois os interesses e principalmente os meios de comunicação enfatizam outras coisas mais importantes do que se ter educação. Na verdade, ter educação é ser inserido na sociedade de uma maneira pré-definida, onde não sejam feridos alguns princípios, valores e concepções. Tais princípios são trazidos de outrora, claramente definidos como de interesse para uma organização social. Não se pode, de maneira alguma fugir disso, fazendo de conta que a escola não possui esse papel de inserção social. Ela possui sim esse papel, de encaminhar as pessoas à vida e à convivência social, de uma maneira adequada ao sistema.

Educar perpassa por várias linhas, nem sempre visíveis, porém ficam para sempre incutidas naquele que está ali apreendendo. Por isso, a responsabilidade clara que o professor  tem em ajudar o aluno nesse processo de inserção e, até pode-se dizer como sendo uma adaptação necessária à sobrevivência. Nosso papel permeia algo muito holístico, além daquilo que vemos, além daquilo que podemos tocar. Precisamos sentir o presente para que se possa ter um futuro mais completo como seres humanos, em sua plenitude como meio ambiente integrante e não somente como metros quadrados de espaço de vida.

Nessa linha de pensamento, somos livres para assimilar o que quisermos, porém se ninguém nos mostrar o que é adequado, interessante, como saberemos que caminho ou caminhos seguir?  Então, não é difícil entender que precisamos sim mostrar caminhos e levar algo muito maior do que conteúdos para uma sala de aula. É ensinar a viver e a respeitar tudo que nos cerca, é caminhar junto, transpor barreiras, correr em círculos muitas vezes para chegar-se a alguma conclusão, dar e receber liberdade com responsabilidade, aceitar os possíveis erros e seguir sempre com motivação e humildade.

É isso que queremos, e precisamos, viver e conviver de maneira educada, abrangente, pois somente havendo essa troca é que se poderá adquirir qualidade de vida.

Talvez sejam muito utópicos esses pensamentos, mas se não tivermos a utopia acabam-se os sonhos, precisamos dessa esperança constante, que um mundo melhor é possível,  basta tê-lo como uma bandeira hasteada em nosso currículo orgânico.

Pensar, aprender, voltar, repensar e reaprender são ações surpreendentemente usadas por nós professores. É como se fosse uma mágica, surgem novas idéias, novos pensamentos, novas alternativas, novos saberes e são por nós saboreados e quase sempre experimentados de uma maneira extasiante! São geralmente experimentados na intenção de um acontecimento inédito e quando nos deparamos com o final, voltamos e refazemos tudo de novo, sempre pensando no melhor para nosso aluno, naquilo tudo que podemos oferecer para que ele construa sua autonomia, uma certa mistura de ingredientes pedagógicos eu diria - e com aquele sabor inexplicável de tarefa cumprida momentaneamente.

A expectativa em relação a inserção social e posterior adaptação ao sistema é o que podemos então chamar de educação e esse provavelmente seja o nosso papel, que apesar de desafiador, é provisório, resta-nos então mediar esse caminho de certezas provisórias como diria o nosso grande mestre Paulo Freire.