INTRODUÇÃO

A busca em orientar sua prática, fundamentando-se em bases teóricas, fez com que a Enfermagem necessitasse de um método sistematizado, capaz de solucionar ou amenizar os problemas dos usuários. Embasando-se no método científico, foi desenvolvida, então, uma forma de organizar o trabalho através da distribuição dos cuidados em etapas inter-relacionadas, o Processo de Enfermagem, denominado posteriormente de Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE).

A SAE é, conforme aponta Horta (1979), a dinâmica das ações sistematizadas e inter-relacionadas, visando o cuidado ao ser humano e caracterizando-se por etapas dinâmicas que se complementam. Figueiredo et al (2006), acrescentam que o método permite aplicar os conhecimentos teóricos de enfermagem na prática cotidiana do cuidado, contribuindo para o fortalecimento da Enfermagem enquanto ciência e atendendo com mais precisão e eficiência as necessidades humanas básicas do cliente/paciente.

Utilizada inicialmente como instrumento de ensino, a SAE foi primeiramente enunciada na literatura americana por Linda Hall em 1955, que observou ser a prática de enfermagem baseada na observação e avaliação sucessiva das intervenções realizadas. No Brasil, foi introduzida por Wanda de Aguiar Horta, que publicou o livro O Processo de Enfermagem em 1979, um marco na produção acadêmica brasileira. A partir daí, foi implantada em alguns serviços brasileiros, obtendo resultados variados (CIANCIARULLO, 2003; FIGUEIREDO et al, 2006).

Embora implantada no Brasil desde a década de 70, a SAE só recebeu apoio legal do Conselho Federal de Enfermagem em 2002, por meio da Resolução nº 272 (COFEN, 2002). Entretanto, de acordo com Hermida e Araújo (2006), essa Resolução não foi suficiente para a implantação da SAE, já que muitas dificuldades ainda são encontradas para a implantação e implementação desta metodologia assistencial. O COREN-SP (2005), fiscalizou instituições de saúde em São Paulo dois anos após a obrigatoriedade da implantação da SAE no estado e constatou que 45% das instituições ainda não conseguiram implantar a SAE.

Figueiredo et al (2006), apontam que existem muitas lacunas no desenvolvimento do conhecimento acerca do tema, evidenciando que em seu estudo de revisão de literatura não foram identificadas produções que tivessem como tema central os fatores que interferem na implementação do processo em instituições brasileiras. Então, considerando as muitas dificuldades de implantação/implementação da SAE, a necessidade dessa prática para os pacientes e a exigência da SAE pelo COFEN, foi realizado este estudo com o objetivo de conhecer experiências de implantação da SAE em unidades hospitalares, relatadas em periódicos científicos publicados no Brasil de agosto de 2003 a agosto de 2008.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo bibliográfico e exploratório extraído do Trabalho de Conclusão do Curso Bacharelado em Enfermagem elaborado pela autora sobre as experiências de implantação da SAE em unidades hospitalares. Foi realizado um levantamento, no período de agosto de 2003 a agosto de 2008, por meio do banco de dados SCIELO (Scientific Eletronic Library Online), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), BDTD (Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações), além de Bibliotecas Virtuais de Universidades reconhecidas no país. O período delimitado para análise das referências foi escolhido considerando que em 27 de agosto do ano de 2002, o COFEN aprovou a Resolução nº 272/2002 que dispõe sobre a SAE nas instituições de saúde brasileiras, estava assim regulamentado o uso da SAE no Brasil.

Os descritores utilizados foram: Sistematização da Assistência de Enfermagem, SAE, Processo de Enfermagem, implantação e hospital.A seleção dos estudos se deu, inicialmente, por meio da leitura do título e resumo daqueles levantados nas bases de dados. Com a seleção finalizada, os textos foram lidos na íntegra, sendo excluídos aqueles não discutiam a temática para os profissionais da equipe de enfermagem e, após análise, foram selecionados vinte e seis trabalhos.

Os trabalhos selecionados foram primeiramente categorizados segundo ano, fonte e local de publicação agrupado por região e, a partir da leitura, foram estabelecidas quatro categorias para se proceder às análises dos mesmos: percepção dos profissionais de enfermagem acerca da implantação da SAE; fatores que interferem positivamente na implementação da SAE; fatores que interferem negativamente na implementação da SAE X Estratégias de superação das dificuldades apresentadas; modelos teóricos da Enfermagem mais utilizados na fundamentação da SAE.

RESULTADOS

Segundo o ano de publicação dos estudos, observa-se, de acordo com o GRÁFICO 1, que as publicações sobre o tema tiveram um valor mais significativo nos anos de 2005 e 2007.
 

FONTE: Elaborada pela autora com base em dados bibliográficos, 2008.

 

Os estudos escolhidos foram encontrados distribuídos em 11 fontes de publicação, conforme apontado na TABELA 1. As fontes que mais contribuíram com esta pesquisa foram a Revista Brasileira de Enfermagem, a Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, com suas Dissertações e Teses e a Revista Acta Paulista de Enfermagem, com 26,9%, 19,2% e 15,3% das publicações que integram esse estudo, respectivamente.

TABELA 1 – Distribuição dos estudos segundo fonte de publicação

Fontes de Publicação

%

Acta Paulista de Enfermagem

5

19,2

Acta Science Health

1

3,9

Cogitare Enfermagem

2

7,6

Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – USP (Mestrado e Doutorado)

4

15,3

Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Paraná (Mestrado)

1

3,9

Online Brazilian Journal of Nursing

1

3,9

Rev. Brasileira de Enfermagem

7

26,9

Rev. Eletrônica de Enfermagem

1

3,9

Rev. Escola Enfermagem – USP

1

3,9

Rev. Latino-Americana de Enfermagem

2

7,6

Rev. Texto & Contexto Enfermagem

1

3,9



















FONTE: Elaborada pela autora com base em dados bibliográficos, 2008.

O GRÁFICO 2 apresenta o local de publicação dos estudos agrupado por regiões do Brasil. Sua análise permite observar que a Região Sudeste oferece o maior número de trabalhos publicados, totalizando doze, ressaltando-se que estes estão concentrados em sua totalidade nas cidades de São Paulo e Ribeirão Preto. Em seguida, estão as regiões Centro-Oeste, com nove publicações, das quais oito foram desenvolvidas no Distrito Federal; Sul com quatro publicações e Nordeste com apenas uma. Não foram encontrados estudos sobre o tema na Região Norte.
 

FONTE: Elaborada pela autora com base em dados bibliográficos, 2008.

Para proceder à discussão dos demais dados da pesquisa, os mesmos foram organizados em quatro categorias, que serão apresentadas a seguir.

Percepção dos profissionais de enfermagem acerca da SAE e de sua implantação

Essa categoria mostra a percepção de profissionais de enfermagem que vivenciaram a implantação da SAE em seu ambiente de trabalho, ressaltando o significado atribuído por eles a essa metodologia assistencial.

Durante o desenvolvimento de uma pesquisa em um hospital filantrópico, com a pretensão de descrever a visão de enfermeiras em relação à SAE, Backes et al (2005) obtiveram discursos que demonstraram que essas profissionais entendem a metodologia como um processo de qualificação profissional, que propicia valorização, prestígio e otimização da assistência. Além disso, foram apontadas a autonomia e cientificidade garantida à profissão por meio da SAE e a possibilidade de mudança cultural do papel do enfermeiro. As falas das enfermeiras deste trabalho ilustram tais afirmativas:

"[...] A SAE representa, para mim, um processo de qualificação profissional[...] (p. 27)";

"[...] no meu entender, proporcionará maior reconhecimento e valorização do enfermeiro[...]" (p. 27);

"[...] Através da implementação da SAE, o enfermeiro se torna referência à equipe[...]" (p. 28).

A realização da SAE como estratégia de aplicação do conhecimento foi evidenciada ainda nas falas de enfermeiras oncológicas no estudo de Gargiulo et al (2007), que apontaram haver uma melhora no aprimoramento do serviço, no atendimento dos pacientes e também na educação dos profissionais. No trabalho desenvolvido por Ramos (2007), com auxiliares e técnicos de enfermagem de um hospital-escola em São Paulo, a maioria desses profissionais reconheceu a presença da SAE em seu setor e entendeu o método como uma melhora para a assistência aos pacientes.

Em uma maternidade de referência em Fortaleza-CE, as enfermeiras obstétricas demonstraram ter noção do conceito de SAE. Entretanto, nesse mesmo estudo, publicado por Freitas, Queiroz e Sousa (2007) foram encontrados discursos que revelaram desconhecimento acerca do conceito da SAE, ao passo que as enfermeiras se limitaram a reproduzir apenas o que foi questionado, não parecendo demonstrar conhecimento sobre o tema:

"[...] É o processo da assistência de enfermagem prestada ao paciente[...]";

"[...] É a sistematização da assistência de enfermagem[...]" (p. 209).

As profissionais também referiram que o processo encontra-se presente, muitas vezes, apenas nas anotações de alunos de graduação, que o exercem mecanicamente, não interagindo com os profissionais do setor. Outras relatam a falta de experiência com o assunto, haja visto que seu conhecimento se limitouao período de graduação.

Ao serem questionadas quanto à satisfação em relação à SAE implantada no Hospital de Doenças Infecciosas em Fortaleza – CE, as enfermeiras, apesar de expressarem sua importância, evidenciaram, no estudo de Feijão et al (2006), o descontentamento decorrente da falta de complementaridade das fases do processo e de continuidade da assistência pelos profissionais de outros turnos.

Percebe-se nos estudos analisados, que os profissionais de enfermagem compreendem a relevância da utilização da SAE como método assistencial, no entanto, em muitos casos pode-se identificar que ainda há falta de conhecimento adequado para a sua implementação. É importante, então, que os profissionais compreendam essa metodologia e a percebam como uma conquista, tanto para os profissionais quanto para os pacientes, que faz parte da Enfermagem moderna e entendam que sua não-implementação ocasiona perda das ações das enfermeiras no tempo e no espaço e provoca dificuldades de interação com a equipe multidisciplinar refletindo na perda de qualidade da assistência prestada (GARGIULO et al, 2007).

Fatores que interferem positivamente na implementação da SAE

Nesta categoria, são apresentados os fatores que facilitaram a implantação e implementação da SAE na percepção de profissionais de enfermagem pesquisados que atuam em instituições onde essa metodologia já se encontra em vigor.

Takahashi et al (2008) identificou, a partir dos relatos de enfermeiras do Hospital São Paulo, que a principal facilidade para a implementação da SAE residiu, de forma geral, nos conhecimentos teóricos e práticos dos profissionais de enfermagem acerca da Ciência da Enfermagem e da SAE. A busca constante pelo conhecimento e aprimoramento também foi evidenciada em depoimentos de enfermeiras oncológicas, de dois hospitais, um público e um privado da cidade de Juiz de Fora – MG, durante pesquisa desenvolvida por Gargiulo et al (2007).

Em outros trabalhos semelhantes (BACKES et al, 2005, LIMA; KURCGANT, 2006), as enfermeiras apontaram o conhecimento do profissional acerca da importância da realização da SAE como um importante fator facilitador à sua implementação, entendendo-a como forma de qualificar a assistência a partir de uma visão global e individualizada do usuário e como instrumento de valorização e autonomia da Enfermagem. É certo que, quando se realiza uma atividade acreditando em seus objetivos e nos possíveis benefícios que irá proporcionar, há uma maior motivação por parte do indivíduo, desenvolvendo-a mais eficazmente.

O treinamento específico acerca dessa metodologia assistencial, antes da sua implantação e no decorrer de todo o processo foi apontado como um importante fator facilitador, pois, além de atualizar os conhecimentos, proporciona o levantamento das necessidades da equipe e do serviço, favorecendo a troca de experiências, principalmente quando realizada por meio de uma metodologia dinâmica. A metodologia de treinamento aplicada em um Hospital Geral de Fortaleza-CE para integralizar as etapas da SAE em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) foi o estudo de caso, apontado por enfermeiros e auxiliares de enfermagem como facilitador para a aprendizagem, ao passo que possibilita a discussão detalhada e sistematizada de situações que podem ser vivenciadas no dia-a-dia do serviço (MADEIRA, 2003).

Os profissionais de enfermagem também citaram a utilização de uma fonte para consulta como um aspecto positivo, tanto para a realização do diagnóstico e do planejamento da assistência, quanto para obter resposta aos problemas encontrados nas diferentes situações impostas pela prática cotidiana (TAKAHASHI et al, 2008). O uso de livros para consulta denota a valorização dada por estes profissionais ao estudo, como forma de complementar o conhecimento, e, também, de obtenção de resoluções aos problemas encontrados.

Muitos estudos que fazem parte dessa pesquisa apontam a importância da elaboração de impressos próprios à realização de cada etapa como favorecedor do processo de implantação da SAE. Dentre eles o trabalho de Soares, Pinelli e Abrão (2005), que relata a obtenção de êxito ao construírem um instrumento de coleta de dados em enfermagem capaz de documentar as informações de maneira objetiva, científica e de fácil compreensão, para que se tornasse possível a implementação da SAE de forma eficaz. Somado a isso, a elaboração coletiva desses instrumentos, com todos os membros da equipe de enfermagem, representa uma estratégia para viabilizar a execução do processo, já que toda a equipe pode sugerir as adaptações necessárias, constituindo, por isso, em um fator motivador, incentivando os profissionais que irão implementá-lo e fazendo com que cada membro da equipe sinta-se co-responsável pelo processo. A fala de uma enfermeira citada no estudo de Lima e Kurcgant (2006) ilustra bem essa questão:

"[...] A construção deste instrumento foi algo de muito valor porque foi realizada pelo nosso grupo, que vivencia a realidade da Clínica [...] Foi um mérito de todos nós, juntos [...]" (p. 671).

A mudança pode ser mais facilmente aceita quando realizada pelas pessoas que a vivenciarão e a construção coletiva de um instrumento padronizado para as etapas da SAE é capaz de contribuir de forma significativa para a implementação das ações de enfermagem que serão colocadas em prática por meio da SAE (LIMA, 2004; HERMIDA; ARAÚJO, 2006; LIMA; KURCGANT, 2006).

Fatores que interferem negativamente na implementação da SAE X Estratégias de superação

Essa categoria apresenta os fatores dificultadores da implementação da SAE encontrados na literatura, correlacionando-os com as estratégias de superação de tais dificuldades, apontadas pelos autores. As pesquisas que fazem parte desse estudo evidenciam uma implantação deficiente da SAE nas instituições pesquisadas, em decorrência de alguns fatores dificultadores, que vem travando o processo.

Enfermeiras de instituições filantrópicas e particulares de Juiz de Fora - MG, sujeitos do estudo desenvolvido por Gargiulo et al (2007), justificaram a não-realização do cuidado sistematizado devido ao número elevado de pacientes e à pequena quantidade de enfermeiros nas instituições pesquisadas:

"[...] pouco funcionário, um monte de coisa que atrapalha implementar o trabalho [...]";

"[...] por enquanto não dá, porque são muitos pacientes [...] é um enfermeiro só prá vários pacientes [...]" (p. 701).

A partir da análise dos estudos, foi possível verificar também que o despreparo e a falta de interesse dos profissionais de enfermagem constituem relevante obstáculo à execução efetiva da SAE nas instituições que já a adotam como metodologia assistencial (FEIJÃO et al, 2006; FREITAS; QUEIROZ; SOUSA, 2007; VARGAS; FRANÇA, 2007). A falta de preparo e de motivação no que tange à SAE impede a adesão dos profissionais ao processo, levando-os a realizá-la apenas para atender as normas estabelecidas pela instituição.

Ramos (2007), em pesquisa realizada com auxiliares e técnicos de enfermagem, constatou desconhecimento das etapas da SAE por parte desses membros da equipe de enfermagem, responsáveis pela execução de ações prescritas pelo enfermeiro, não sendo capazes de discernir quais suas funções dentro do processo e seus limites legais. Outros sequer sabiam que devem também atuar na SAE. Essa falta de conhecimento reflete em uma aplicação inadequada do processo, pois, ainda que as enfermeiras entendam a metodologia, os auxiliares e técnicos também estão inseridos nela e precisam conhecer sua importância e seu papel enquanto indivíduo atuante no processo. De acordo com Hermida e Araújo (2006), para implantar a SAE é de suma importância que haja capacitação de todos os membros da equipe sobre o tema. Faz-se necessária também, a sensibilização dos profissionais por parte da chefia de enfermagem, acerca da importância dessa metodologia, para que todos se sintam motivados a implementá-la.

Enfermeiras de uma unidade clínica, pesquisadas por Delgado (2008), reconheceram seus conhecimentos sobre SAE como superficiais e desatualizados e referiram que o processo, tal como abordado na graduação, não dá subsídios para lidar com a realidade encontrada no serviço. Em alguns estudos (FRANÇA et al, 2007; TAKAHASHI et al, 2008) essas profissionais afirmaram ter aprendido e executado as etapas da SAE durante a graduação, apesar disso, encontraram dificuldades na sua aplicação quando já enfermeiras. Isso decorre, segundo Andrade e Vieira (2005) da dicotomia entre o ensino da teoria e a prática de trabalho no serviço, que muitas vezes não conta com a SAE implantada como metodologia assistencial, gerando insegurança e descrédito entre os estudantes e dificultando o desempenho didático.

Os hospitais-escola, por constituírem um espaço de construção de novos conhecimentos que colabora com a formação dos estudantes de graduação, devem servir como modelo para a implementação da SAE, entretanto, isso não é visto na prática, fato confirmado em uma pesquisa desenvolvida por D'Innocenzo e Adami (2004) em Unidades de Clínica Médica: dos seis hospitais de ensino/universitários escolhidos para o estudo, apenas dois possuíam a SAE implantada e utilizavam modelos teóricos da Enfermagem para a sua fundamentação. Nos outros quatro hospitais, entretanto, a SAE não havia sido implantada, prevalecendo o referencial biomédico.

A etapa da SAE que parece provocar maiores dificuldades é o diagnóstico de enfermagem. As enfermeiras do estudo de Takahashi et al (2008) apontaram a insuficiência de conhecimentos teóricos básicos e específicos sobre a taxonomia diagnóstica, para a sua aplicação na prática como uma das causas dessa dificuldade. Os principais motivos citados pelas enfermeiras estão relacionados ao tempo para se buscar a definição estabelecida pela NANDA, fazendo com que essa procura fosse referida pelos profissionais como perda de tempo (FEIJÃO et al, 2006) e a relação de dependência com o diagnóstico médico (TAKAHASHI et al, 2008). Nesse caso, é importante lembrar que embora existam semelhanças nos métodos utilizados pelo médico e pelo enfermeiro para o estabelecimento do diagnóstico, os problemas do paciente levantados pela enfermagem diferem daqueles abordados pelo médico.

Outros fatores apontados como dificultadores na realização da SAE foram: falta de tempo, excesso de trabalho, carência de pessoal, falta de estímulo da gerência e ausência de impressos padronizados (BRANDALIZE; KALINOWSKI, 2005; REPPETTO; SOUSA, 2005;FREITAS; QUEIROZ; SOUSA, 2007). Para reduzir o tempo de implementação das etapas da SAE, Rezende e Gaizinski (2008) sugerem a implementação de um sistema de padronização de linguagem, possibilitando, assim, um maior tempo para o cuidado direto ao paciente. Sperandio e Évora (2005) elaboraram um software capaz de sistematizar ações individuais a cada paciente, na tentativa de otimizar o tempo e compartilhar as informações entre toda a equipe, reduzindo a distância entre administrar e cuidar.

Outro aspecto que também pode ser citado como um fator que influencia negativamente a realização adequada desse método é o sentimento de imposição por parte da chefia. O discurso de alguns profissionais denota que realizam o processo de forma mecânica, apenas porque são obrigados a fazer (KOERICH et al, 2007). A fala de uma enfermeira, contida no estudo de Lima e Kurcgant (2006) comprova esse sentimento:

"[...] No começo senti a implementação do diagnóstico de enfermagem como uma imposição [...] não podia nem ouvir falar em diagnóstico de enfermagem, fingi que ele não existia enquanto pude... Achava que era uma coisa a mais, dentre tantas outras que tinha de dar conta... E ainda estavam inventando mais essa moda[...]" (p. 670)

Para tentar superar esse sentimento, Lima e Kurcgant (2006), propõem a escuta do profissional, a fim de compreender seus motivos de satisfação e insatisfação. Faz-se necessário que as mudanças e atribuições que devem ser cumpridas sejam informadas e explicadas a toda equipe, já que todos serão afetados com as novas decisões.

Em alguns estudos as enfermeiras referiam-se à SAE como uma atividade burocrática que demanda muito tempo e as afasta do cuidado e da equipe de enfermagem (LIMA; KURCGANT, 2006; FREITAS; QUEIROZ; SOUSA, 2007; KOBAYASHI, 2007; REZENDE; GAIZINSKI, 2008).As dificuldades levantadas nos estudos demonstram que a implantação da SAE ainda esbarra em obstáculos que dificultam a sua aplicação e, por isso, merecem ser conhecidos e vencidos, através de estratégias de superação dos empecilhos encontrados em cada instituição. Além disso, é fundamental que o papel da enfermagem seja reconhecido pela instituição e que os profissionais sejam atualizados continuamente através de um programa de educação em serviço presente na instituição.

Modelos teóricos da Enfermagem mais utilizados na fundamentação da SAE

Nesta categoria serão analisadas as principais Teorias de Enfermagem utilizadas nas instituições onde foram desenvolvidos os estudos levantados.

A TABELA 2 traz a distribuição das Teorias de Enfermagem encontradas nas publicações de acordo com o hospital onde foi desenvolvida a pesquisa. Constata-se que a maior parte dos trabalhos foi desenvolvida em hospitais públicos, totalizando vinte, dentre os quais onze são hospitais-escola.Pode-se perceber o grande número de trabalhos que não mencionaram nenhuma das Teorias de Enfermagem, totalizando doze estudos, o equivalente a 46% das publicações analisadas.

Das quatorze publicações que fizeram referência à utilização de um modelo teórico de enfermagem na assistência, nove citaram a Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda Aguiar Horta como referencial, dentre as quais oito eram hospitais gerais e uma foi desenvolvida na instituição com especialidade em doenças infecciosas. A predileção por Horta, de acordo com Figueiredo (2006), ocorre por ser o modelo mais disseminado e estudado no Brasil. Sua escolha pode, também, estar associada ao fato de ser uma estudiosa brasileira e por sua teoria alcançar, de forma abrangente, as necessidades dos pacientes que fazem parte do perfil da clientela dos hospitais, que nesse estudo são, em sua maioria, públicos. Horta ainda foi citada em mais quatro estudos, em hospitais gerais onde sua teoria estava associada com a Teoria do Auto-cuidado de Dorothea Orem, esta foi mencionada isoladamente em apenas um estudo, também desenvolvido em um hospital geral.

TABELA 2 – Distribuição das Teorias de Enfermagem

segundo local da pesquisa

Local

Horta

Orem

Horta + Orem

Não menciona

Hosp. Público

6

1

3

10

Hosp. Filantrópico

1

-

-

2

Hosp. Privado

2

-

-

2

Outros

-

-

1

-














FONTE: Elaborada pela autora com base em dados bibliográficos, 2008.

A identificação do referencial teórico de enfermagem utilizado para a implantação da SAE nas unidades hospitalares seria relevante nessas pesquisas, para tornar possível a compreensão e avaliação mais profunda do processo de implantação da SAE nas instituições em questão. Cianciarullo et al (2001) relata que, apesar de suas aplicações no cuidado da equipe de enfermagem, as teorias ainda não são estudadas e avaliadas de maneira adequada e suficiente.

A Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda de Aguiar Horta, a mais prevalente nos estudos, foi apontada por enfermeiras da UTI de um Hospital Geral em Fortaleza-CE como um aspecto forte para a Enfermagem na orientação do cuidado, devido o alto grau de dependência desses pacientes. Essas profissionais também mencionaram ser essa teoria a mais conhecida, sendo a mais abordada durante a graduação (MADEIRA, 2003). Em uma Unidade de Reabilitação de um hospital público no Distrito Federal, onde o modelo citado faz-se presente, o processo foi implantado, segundo Neves (2006), como um protocolo assistencial, com um plano padronizado de rotinas da enfermagem para todos os pacientes. Logo, para a referida autora, nesse cenário há uma necessidade de repensar a assistência de enfermagem, tendo em vista alcançar os conceitos descritos por Horta, respeitando a individualidade e especificidade de cada indivíduo. Resultado semelhante foi encontrado por Cunha e Barros (2005) em um hospital privado de São Paulo. Essas autoras apontam que ainda existem dificuldades em adequar o modelo teórico de Enfermagem, escolhido pela instituição para fundamentar a assistência, às etapas da SAE.

A Teoria do Autocuidado de Dorothea Orem foi mencionada na maioria das vezes associada ao modelo de Horta. Essa teoria foi citada isoladamente em apenas um estudo de caso realizado em um hospital-escola de São Paulo, com um paciente HIV positivo. Nesse paciente, a necessidade de fortalecer o autocuidado foi crucial para promover sua adesão à terapêutica utilizada e para a satisfação do paciente e da equipe (LIMA et al, 2007).

Tendo em vista a importância da utilização do modelo teórico de enfermagem como referencial da SAE e como mecanismo de aproximação desta aos padrões científicos, faz-se necessário um maior estudo abordando o assunto. À medida que as Teorias de Enfermagem forem sendo testadas em diferentes situações, haverá uma melhor aplicação dessas na SAE no contexto hospitalar, possibilitando a obtenção de melhores resultados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do estudo fica evidenciada a importância da implantação adequada da SAE em instituições hospitalares, como um mecanismo de valorização e autonomia da Enfermagem e também para que seja prestada aos pacientes uma assistência individualizada e de qualidade. As experiências de aplicação do processo, encontradas em publicações nacionais, apontaram para uma implantação deficiente da SAE nas instituições pesquisadas, em decorrência de alguns fatores dificultadores, que vem travando o processo, o que demonstra a necessidade de novas discussões acerca de sua aplicação.

Pode-se perceber, nos estudos analisados, que os profissionais de enfermagem compreendem a importância da SAE como método assistencial que valoriza o profissional, dando-lhe autonomia e cientificidade, e qualifica a assistência. Entretanto, foi evidenciado que ainda existem enfermeiros com conhecimentos superficiais e desatualizados, adquiridos, principalmente, no período de graduação.Entre os profissionais de nível técnico, constatou-se que os mesmos desconhecem seu papel na execução da SAE, levando a concluir que sua formação parece ser insatisfatória no que se refere a este método assistencial.É imperativo, portanto, que haja uma reavaliação do processo de formação destes profissionais, já que os mesmos são os principais executores das atividades prescritas pelo enfermeiro, e, para tanto, precisam conhecer as etapas da SAE e sua relevância na assistência prestada.

Dentre os fatores que interferem positivamente na implementação do processo, o conhecimento teórico e prático dos profissionais de enfermagem acerca do método e a confiança desses indivíduos nos benefícios advindos de sua utilização parecem ser os mais importantes. Por outro lado, o despreparo e a falta de conhecimento e de interesse dos profissionais de enfermagem constituem relevante obstáculo à execução efetiva da SAE nas instituições que já a adotam como metodologia assistencial.

O estudo das Teorias de Enfermagem utilizadas na implantação da SAE, apesar de incipiente, aponta a Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda Aguiar Horta como a mais prevalente nas instituições brasileiras que já implantaram o processo. Acreditamos que isso se deve ao fato de ser uma estudiosa brasileira cuja teoria alcança, de forma mais abrangente, as necessidades dos pacientes que fazem parte do perfil da clientela dos hospitais, que são nesse estudo, em sua maioria, públicos.As Teorias de Enfermagem que fundamentam a SAE necessitam ser mais estudadas e testadas, pois só assim serão compreendidas as suas repercussões no serviço de enfermagem, possibilitando a melhor adequação de cada uma à realidade institucional.

As dificuldades levantadas nos estudos demonstram que a implantação da SAE ainda esbarra em obstáculos que dificultam a sua aplicação e, por isso, merecem ser conhecidos e vencidos, através de novos estudos e de estratégias de superação às barreiras encontradas em cada instituição. Além disso, a cultura de desvalorização da prescrição de enfermagem e a não visualização das repercussões positivas da SAE na organização do serviço, na qualidade da assistência e na valorização profissional precisam ser superadas.

Espera-se que a trajetória descrita neste estudo contribua com o processo de implantação da SAE nos serviços onde a metodologia ainda não se faz presente e à sua melhor aplicação nas instituições que não alcançaram a real aplicação de sua implementação.

REFERÊNCIAS

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Texto extraído da Tese de Conclusão de Curso "Sistematização da Assistência de Enfermagem: Experiências de Implantação em Unidades Hospitalares"