Rio +20 : vinte anos da Eco-92

 

Prof. Ivan Santiago Silva*

 

                A questão ambiental é discutida pela comunidade internacional a pouco mais de   quatro décadas, sendo o Clube de Roma de 1968 um dos marcos neste processo de conscientização da preservação ambiental. Naquela década houve a necessidade de se discutir o processo de desenvolvimento econômico e a utilização dos recursos naturais disponíveis no planeta.

                Sendo assim, o Clube de Roma é um grupo de pessoas de destaque, ainda hoje atuante (onde participam o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Mikhail Gorbachev da ex-URSS, o rei Juan Carlos da Espanha) e que dentre os diversos assuntos que discutem, destaca-se a questão ambiental. A publicação do trabalho “Os limites do crescimento ” em 1972, que vendeu mais de 30 milhões de exemplares, foi uma projeção baseada em dados matemáticos que constatou que na velocidade do desenvolvimento das  economias mundiais, os recursos naturais se esgotariam  em um determinado dia,  dentro dos próximos cem anos. 

                Baseado no movimento do Clube de Roma, uma elite intelectual do mundo, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou a realização da Conferência de Estocolmo em 1972, na Suécia, onde a principal divergência foi entre a postura de preservação ambiental defendida pelos países ricos e a questão do tão sonhado desenvolvimento econômico, almejado pelos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento.

                Na prática, a postura dos países ricos soou como uma forma de impedir o processo de desenvolvimento econômico dos países que hoje são considerados emergentes. Ao analisar o contexto, é possível concluir que os países ricos podiam preservar a partir daquele momento, uma vez que tinham utilizado seus recursos naturais e também de outras partes do mundo (entenda-se o processo de colonização, imperialismo e neoimperialismo de mais de 450 anos) para enriquecer e fornecer um elevado padrão econômico e social para a sua população.

                Por outro lado o “direito de poluir” foi reinvidicado como forma de criar o desenvolvimento econômico e social, além de tirar milhões de humanos da linha da pobreza. A conferência aprovou que era necessário um maior comprometimento com o meio-ambiente. Depois da Conferência de Estocolmo, a ONU aprovou a Conferência Rio 92 (Eco-92), realizada no Brasil, como forma de verificar as principais questões abordadas na conferência anterior, seus avanços e novos desafios.

                Na Rio 92, o Brasil foi o anfitrião de mais de cem chefes de estados e o conceito de desenvolvimento sustentável foi introduzido e debatido pelos presidentes e representantes dos países. O aumento da conscientização, o reconhecimento de que os países mais poluidores eram os ricos e as mudanças climáticas ganharam destaque internacional.  

                Apesar dos apelos do Secretário Geral das Nações Unidas Ban Ki Moon para que os líderes mundiais compareçam na Rio +20, já existem líderes como o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e os premiês Ângela Merkel da Alemanha  e James Cameron do Reino Unido que não comparecerão, o que demonstra o descaso de algumas grandes potências internacionais com a questão ambiental. Por outro lado, os representantes dos BRICs ( Brasil, Rússia, Índia e China), que são os atuais motores econômicos do mundo, estarão presentes.

                 Conviver em harmonia com o meio-ambiente é fundamental para a manutenção da vida no planeta e ações como as do Clube de Roma e as conferências como a de Estocolmo 1972, Rio 92 e a Rio+20 em 2012 são fundamentais para a discussão, elaboração de propostas e planos que norteiam os caminhos corretos para a comunidade internacional  na busca deste equilíbrio entre existência da humanidade e meio-ambiente.  Veremos o que espera a Rio + 20, agora que o país anfitrião é uma das principais potências atuantes no mundo.

Ivan Santaigo Silva é geógrafo, articulista e autor do livro Brasil : Imperialismo e Integração na América Latina.