Nome: Eveline Teles Bem
Curso: Especialização em Saúde Pública e da Família Data: 23/10/2010.
Disciplina: Relacionamento Interpessoal.
Professora: Dra. Glaudes Sucupira

Resenha Crítica
Referência Bibliográfica:
HUNTER, James C. O Monge e o Executivo: Uma história sobre a essência da liderança. Traduzido por Maria da Conceição F. de Magalhães. Rio de Janeiro (RJ), Brasil. Sextante, 2004.
Credenciais do autor:
James C. Hunter nasceu em Detroit, Michigan. O mesmo é consultor ? chefe da J.D. Associados, uma empresa de consultoria na área de R.H e treinamento. Com mais de vinte anos de experiência, Hunter desenvolveu uma carreira como instrutor e palestrante, autor também do livro "Como se tornar um líder servidor".
Resumo da Obra:

O livro O Monge e o Executivo tem como premissa o antigo paradoxo "para liderar você precisa servir". Através da narrativa de John Daily, um executivo renomado que começou a perder sua autonomia como marido, pai e gestor. John passa por dificuldades em vários aspectos de sua vida e por sugestão do pastor de sua igreja e a pedido de sua esposa Rachel, ele aceitou participar de um retiro de uma semana em um mosteiro beneditino que abrigava frades desta ordem. Um dos frades era Leonard Hoffman, um ex-executivo de uma das maiores empresas estadunidenses que abandonou tudo em busca de um novo sentido para sua vida. Quando John chegou ao mosteiro e soube que o lendário Leonard Hoffman agora era o frade Simeão, ficou surpreso, pois este nome o perseguia desde criança. Nas palestras de Simeão, o mesmo fala sobre os princípios de liderança bem como de sua distinção entre autoridade e poder. Destaca a importância de se conjugar a realização de uma tarefa com a construção saudável de relacionamentos, enfatiza os paradigmas, mostra a importância de desafiá-los sempre em relação a si, aos demais e ao mundo. Hunter explica que o princípio da liderança efetiva é baseado na interação de responsabilidade, respeito e cuidado. Ao final do retiro, John percebe o quanto haveria de mudar e mostra expectativa de aplicar os princípios dos ensinamentos recebidos no retiro, ao voltar para casa.
Resenha:
De maneira bem peculiar e seguindo um roteiro comovente o autor norte-americano James C. Hunter expõe a história de John Daily, um executivo aparentemente bem sucedido que aos poucos vê a sua vida declinar, e não consegue compreender o por que deste declínio.
Casado, pai de um casal de filhos e gestor de uma empresa renomada, John passa por muitas dificuldades tanto em suas atividades profissionais quanto em sua vida familiar. Orientado por sua esposa, e depois de relutar muito, este decide participar de um retiro em um mosteiro cristão para refletir sobre seus erros e colocar a sua vida em ordem. A obra é narrada na primeira pessoa do singular e, portanto compreende a participação ativa do próprio protagonista no desenrolar dos fatos.
Hunter empresta voz ao seu personagem e partilha com o leitor cada momento de sua trama da forma mais íntima possível, partilhando não só as descobertas e alegrias daquele, mas também expondo suas dúvidas, inquietações e acima de tudo o seu receio...
O receio de mudar, de admitir que não está no caminho certo, o receio de se auto-reconhecer, o confronto de John com seus sentimentos e a transformação que isto ocasiona são os principais atributos de O monge e o executivo.
O conflito interno do executivo passa a ser o pano de fundo da obra, que tem como tema principal a significação da liderança em sua essência, a liderança enquanto uma atividade humana e que deve ser exercida na forma de serviço e assistencialista e não imperialista e ditatória.
? A obra questiona sobre o modelo coorporativo atual e pretende esclarecer o que vem a ser a liderança contrapondo-a com os modelos vigentes de relações interpessoais.

? É feita uma análise minuciosa sobre as nossas relações e a forma como estas se dão, nos mais variados ambientes (familiar, empresarial, escolar, comunitário, esportivo, etc.) e de que forma estamos atuando e percebendo o mundo a nossa volta.
Toda a trama desenrola-se como já foi dito num mosteiro beneditino, através de uma espécie de exílio que por sua vez acontece de forma estruturada e segue uma programação recheada de treinamentos, atividades religiosas e momentos de reflexão, onde a humildade, a atenção e a paciência figuram como os principais ingredientes para um bom aproveitamento de seus participantes.
O retiro em questão, ou seja, o vivenciado na obra, conta com seis participantes cada um com características bem diferentes e funções distintas perante a sociedade, porém com uma característica em comum: o desempenho de atividades de liderança. São eles:


 O pregador ? Lee;
 O jovem sargento do Exército ? Greg;
 A diretora de uma escola pública ? Teresa;
 A treinadora de um time de basquete ? Chris;
 A enfermeira chefe ? Kim;
 E o próprio John Daily (Gerente - geral de uma empresa renomada).

O grupo é incentivado a discutir seus problemas e a realizar atividades em equipe a fim de solucionar as questões pessoais de cada um.
O grande mediador desse processo é Leonard Hoffman, um famoso empresário que abandonou sua brilhante carreira para se tornar monge, Hoffman ou Simeão (como é chamado no mosteiro) é uma verdadeira lenda do mundo dos negócios e desperta o interesse de John, que busca inspiração no mesmo para desenvolver suas próprias habilidades. A maior referência deste monge é um homem que não ocupou cargo algum, não fez faculdade e sequer pisou numa empresa: Jesus Cristo. O monge apresenta o Mestre como exemplo maior de líder.

Partindo da premissa de que as pessoas rendem mais quando estão felizes e fazem aquilo que gostam, o autor aborda de maneira peculiar a construção dos valores morais, pautados a partir da criação de um ambiente favorável para este desenvolvimento, sendo assim este se utiliza estrategicamente de um ambiente muito interessante para passar lições de liderança. Um mosteiro onde todos os frades possuem o mesmo status: ninguém é melhor ou pior que ninguém, onde a presença de um líder (reitor) serve apenas como lembrança ao cumprimento de atividades habituais, mantendo a harmonia e a ordem no ambiente, não sendo necessário, portanto a utilização de poder ou arrogância, isso desperta uma preocupação constante em cumprir as ordens, tais como os horários e os deveres que os frades têm em fazerem as refeições juntos. Dessa forma, é fácil perceber que no mosteiro, além de um local extremamente calmo, todos trabalham e vivem entusiasticamente em equipe.

Conclusão do autor da obra
O autor tem como conclusão que a base da liderança não é o poder, mas sim a autoridade, conquistada com amor, dedicação e sacrifício. Com o retiro, através de Simeão, John aprendeu como ser um líder de sucesso, sendo servidor e respeitoso com as pessoas, desta feita, o retiro mudou a sua vida em todos os sentidos.
Referência do autor:
O autor tem como referências palavras de sabedoria de filósofos e escritores e os ensinamentos de Jesus Cristo bem como a sua experiência de vida.
Crítica ou apreciação do resenhista ou crítico:
A pauta principal de O monge e o Executivo é o desenvolvimento e aprimoramento das relações inter e intrapessoais nas organizações públicas, privadas e familiares, abordando a liderança como um processo complexo que por sua vez compreende diversas atividades na gestão de pessoas. O texto embasa-se principalmente na motivação e no compartilhamento de objetivos, onde a participação e a interação no trabalho em equipe passam a ser os fatores fundamentais para a humanização das atividades empresariais.
A obra pretende esclarecer o que vem a ser liderança e a sua importância para as relações interpessoais, mostrando-os como possíveis soluções aos agentes administrativos e questionando sobre o modelo sócio-econômico atual.
De acordo com Maximiniano (2004) o líder influencia o comportamento de seus liderados, e essa influencia deve ser exercida de forma natural e prazerosa, proporcionando um ambiente harmonioso e produtivo.
A motivação passa a ser o ponto chave para o desenvolvimento das atribuições e atividades pertinentes a cada organização, o líder enquanto gestor conquista o respeito de seus liderados a partir do momento em que consegue valorizar a sua equipe e democratiza os processos de produção e tomadas de decisão do grupo.
A temática sobre liderança vem sendo recorrente na atualidade, e um termo constante nas esferas sociais, empresariais e organizacionais, tendo como característica principal o fato de que ao invés de utilizar-se de um poder majoritário e ditador o líder é alguém capaz de exercer autoridade, porém de forma sintonizada com os interesses do grupo e orientada para a solução de problemas através da percepção dos valores pessoais de cada membro da equipe.
Isso é destacado por Oliveira (2006) que menciona a criação de um novo modelo administrativo oriundo da administração organizacional: a administração comportamental, este explica que a motivação humana é fundamental no melhoramento das atividades organizacionais e que na contemporaneidade o conceito de liderança passa a ser de vital importância para as organizações.
Estas questões são amplamente discutidas na obra de James Hunter, que através de uma ficção muito bem metrificada consegue abordar os principais conceitos de liderança, exemplificados através da paráfrase entre o monge e o executivo, abordando variáveis como o ambiente (mosteiro beneditino ? que deve ser um local de paz e harmonia), o processo organizacional (cooperativismo e solidariedade), o grupo (relações interpessoais e administração de conflitos) e o individual (motivações, descobertas, atendimento de necessidades e objetivos).
No contexto das relações humanas a liderança é apontada como uma troca de experiências favoráveis aos dois segmentos: líder e liderados, onde a motivação e o comprometimento mútuo são resultantes da integração social e a criação e um ambiente onde cada indivíduo é encorajado a exprimir-se livre e sadiamente.
A proposição de Hunter é contemplada em Chiavenato (2000) que ressalta a importância dos líderes no processo de motivação e interação social dos indivíduos, focando-se no processo de satisfação e contentamento de seus colaboradores, reforçando o conceito de que quem está feliz rende mais e que a grande competência do administrador não é "mandar" e sim servir, o serviço não só dignifica as pessoas como também as torna mais felizes e mais produtivas.
A filosofia aplicada por Hunter é a de se fazer uma política de valorização das pessoas e de suas habilidades potenciais e não de produtos e serviços, ou seja, a gestão articulada por ações voltadas para o bem estar humano e não somente para a produção de bens.
Mérito da obra:
O livro é envolvente, consegue prender a atenção do leitor, pois foi escrito de modo claro, levando o leitor a refletir sobre suas ações e, com isso, compreender a própria vida. Mostra os princípios da liderança servidora que podem mudar nossas vidas em um mundo perdido e falido. Apresenta idéias originais, conhecimento amplo e abordagem vigente.

Contribuições individuais:
A obra teve grande importância para minha vida tanto pessoal quanto profissional, pois, por meio dela pude perceber como lidar com pessoas que não concordam com tudo, bem como buscar e possibilitar o equilíbrio. Enfim, entendi a importância do relacionamento humano para a construção de um ambiente saudável e que a base da liderança não é o poder e sim, a autoridade conquistada com amor.
Indicação do resenhista:
Recomendo a obra para o público em geral, uma vez que os ensinamentos contidos nela servem para a vida pessoal e profissional de qualquer pessoa, já que a mesma trata do relacionamento interpessoal saudável para a liderança servil em detrimento do poder. É um excelente livro para trabalhos acadêmicos, nos mais variados cursos e em todas as disciplinas.

Referências:

CHIAVENATO, Idalberto. Teoria Geral da Administração. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
MAXIMINIANO, Antonio Cear Amaru. Fundamentos de Administração: manual compacto para cursos de formação tecnológica e seqüenciais. São Paulo: Atlas, 2004.
OLIVEIRA, Jayr Figueiredo de.; SILVA, Edison Aurélio da. Gestão organizacional: descobrindo uma chave de sucesso para os negócios. São Paulo: Saraiva, 2006.