INTRODUÇÃO
A atual sociedade possui uma postura que está acompanhada do processo de globalização que mantêm relação com a aceleração do tempo, pois, atualmente tudo está em plena e rápida mudança. A idéia de mercado globalizado deixa bem claro que o profissional do presente é cidadão. Para que o ser humano seja cidadão é necessário saber que este não é um ser humano alienado, e que para não ser alienado é necessário se preocupar com a educação no Brasil, com as metodologias de ensino, com a formação dos profissionais na área de matemática.
Não vão ser as metodologias de ensino a preparação do profissional de ensino superior que vão qualificar de forma integral o futuro profissional de matemática, este deve ter incentivo, direito a uma educação de qualidade desde os primeiros contatos com sua escola.
Recentemente os professores de matemática começaram a se conscientizar de que seu papel de docente exige capacitação própria e especifica que não se restringe a ter um diploma de licenciatura ou mesmo doutor, ou apenas o exercício de uma profissão, (CORREA, 2001). Exige isso tudo e competência pedagógica, pois ele é um educador.


PRÁTCA DOCENTE DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA

Cada professor possui um estilo, que sempre será distinto. Não existem receitas prontas nem soluções específicas, porque ser professor de matemática envolve conflitos de valores, é um processo que se desenvolve ao longo de sua prática laboral.
Ao iniciar a prática profissional é que se verificam dificuldades, tais como: atrair o interesse dos alunos pelas aulas de matemática.
O professor deve de fato saber ensinar e usar estratégias de ensino na matemática: "(...) modos de apresentar e de abordar a matéria que sejam compreensíveis para o outro (...)" (MERCEDES, 2003, p. 55).
Para que o conteúdo seja compreensível, a teoria e a prática devem andar juntas, fazendo-se necessário a reflexão e a investigação sobre a própria prática docente, ou seja, é necessária uma constante análise de sua práxis.
É também necessário buscar o aperfeiçoamento constante, enquanto se desenvolvem atividades em sala de aula. O professor de matemática deve perceber seu estado de `` inacabado ´´ ( FREIRRE, 1996 ), ou seja , que deve reconhecer a necessidade de estar sempre em busca de novos saberes.
O verdadeiro professor de matemática é aquele que além de saber muito o conteúdo, ele deve conter na sua essência a capacidade de saber ensinar matemática, de saber trabalhar em grupo, de ser criativo, e jamais ser egoísta. Tem que assumir o seu papel profissional não negligenciando sua atividade. O professor de matemática do presente deve transmitir informações, instruir, mediar, ensinar, aprender, avaliar, educar e educar pela pesquisa. Educar pela pesquisa é fazer com que o aluno aprenda a trabalhar pelo método de pesquisa com a finalidade de exercitar, de construir sempre melhorias e sempre superar barreiras e dificuldades.
As carreiras profissionais estão se revisando com base nas novas exigências que lhe são feitas, em razão de toda essa mudança que vivemos atualmente: formação continuada dos profissionais, bem como novas capacitações, por exemplo, adaptabilidade ao novo, criatividade, autonomia, comunicação, iniciativa, cooperação. (MASETTO, 2003, p. 14).
Existem formas de conhecimentos, que são necessárias à formação do professor de matemática: conteúdo pedagógico e curricular.
O conhecimento do conteúdo específico é próprio da área do conhecimento do professor de matemática.
O professor deve buscar meios de "transformar" o conteúdo matemático através de formas metodológicas que são pedagogicamente eficientes e adaptáveis à realidade dos alunos, isto é, o conhecimento pedagógico do conteúdo, deve fazer sentido para o professor que ensina, proporcionando assim sentido para o aluno que aprende (DEMO,2004). Na verdade não é adquirida somente com observações, e sim, através de uma busca constante de recursos e ações que possibilitem essa prática. Aqui o professor de matemática não pode deixar de usar analogias, demonstrações, experimentações, exemplos, contra-exemplos, representações, inclusive a seqüência que dá aos conteúdos e a ordenação de um assunto em diferentes tópicos, como ferramentas pedagógicas. O conhecimento curricular nos diz que a profundidade e a linguagem empregada para diferentes turmas, sendo um mesmo conteúdo, é diferente, ou seja, deve ser diferente: Pois deve preocupar- se com a compreensão do que é ensinado, através de reflexões sobre práticas usadas.
Cada planejamento matemático que se faz, também tem objetivos educacionais e contextos de ensino. O planejamento das aulas é uma busca de recursos, visando melhorar essas e cumprir com os objetivos idealizados. O mesmo acontece a cada dia, é um momento de reflexão, de análise e crítica do que o próprio educador, fez, está fazendo e vai fazer, referente ao específico da sala de aula, temas, conteúdos, metodologias, recursos didáticos e avaliações.
Uma vez iniciada a prática, precisa-se refletir sobre a mesma. É fundamental que a reflexão seja usada como uma ferramenta para melhorar as práticas em sala de aula e em relação a todo ambiente escolar. O professor de matemática deve estar constantemente refletindo sobre o que faz no interior da escola.
Sobre isso Frizzo argumenta que:
... é necessário revisar os nossos currículos, a nossa linguagem e práticas sociais, num desafio de reflexão sobre as condições e sobre modo como o conhecimento é produzido na escola. Para tanto, a operacionalização de qualquer ação requer que se compreenda a pedagogia, contendo visões de mundo que possibilitem produzir e reproduzir esse mundo. (FRIZZO, 1998, p. 63)
A reflexão deve ser a identidade de cada professor de matemática. Cada um tem que ser identificado pelas suas reflexões, ou pelo modo como reflete suas ações.
Uma característica da prática profissional é que ela envolve uma série de ações que os professores de matemática não sabem muitas vezes descrever com precisão evidenciando que existe um saber que se constrói no próprio fazer.
O professor de matemática cria um estilo próprio e pessoal de trabalhar através das experiências, sendo assim ele também cria um estilo próprio de refletir.
O docente deve ser um permanente pesquisador de sua prática, sendo assim um sujeito reflexivo, produtor consciente dos saberes da mesma, ou seja, um sujeito que domina o seu trabalho por meio da pesquisa como princípio educativo.
Refletir na ação é refletir no momento da prática, pois é uma condição para o ser professor, olhar-se no momento da ação. Refletir sobre a ação é retomar constantemente o seu fazer para perceber potencialidades ou falhas no momento da prática docente, possibilitando superação das falhas, ou seja, olhar-se após a ação.
Estas reflexões devem provocar análises, discussões e, em conseqüência mudanças e transformações, na prática docente, num sentido positivo para a educação.
Segundo Frizzo (1998, p. 142) "... os saberes profissionais se geram a partir da experiência, mas se tornam mais concretos a partir da reflexão sobre estas práticas. Quando falamos de refletir sobre as práticas, falamos de refletir sobre a escola, os alunos e toda a comunidade escolar".
Além de refletir sobre suas práticas docentes, o professor de matemática precisa em primeiro lugar refletir sua principal função, porque apenas para informar não é necessário professor, o mundo da mídia faz isto de modo mais acessível e agradável.
Portanto, refletindo sobre os saberes profissionais no ensino de matemática, entende-se que o professor de matemática deve ser educador e não transmissor de conteúdo é preciso didática, ser pesquisador, dar sentido ao conteúdo, ter objetivo de formar cidadãos críticos, conhecer seus alunos. Quem é professor deve gostar de trabalhar e educar.
É claro que há dificuldades no decorrer da profissão, pois educar e ensinar é complicado, é um mundo de incertezas e de tarefas que envolvem alguns riscos, bem como, como pré- requisito fundamental, paixão pela tarefa de ensinar.
Portanto profissionais com o perfil desejado no ensino da matemática, devem ter como objetivos em si mesmos algumas habilidades ou competências; tais como:
? Capacidade de encaminhar solução de problemas e explorar situações, desenvolver relações, conjecturar, argumentar e avaliar.
? Capacidade de contextualizar e inter-relacionar conceitos e propriedades bem como de utilizá-los em outras áreas do conhecimento e em aplicações variadas.
? Domínio dos conteúdos matemáricos e criatividade constante, a seguir, no rol de conteúdos curriculares mínimos. É importante ressaltar que estes foram pensados de modo a garantir, não só os objetivos, como propiciar o necessário distanciamento e visão abrangente de conteúdos além daqueles que deverão ser ministrados.
? Capacidade de utilização em sala de aula de novas tecnologias como vídeo, áudio, computador, internet entre outros.
? Capacidade de desenvolver projetos, avaliar livros textos, softwares educacionais e outros materiais didáticos.
? Capacidade de organizar cursos, planejar ações de ensino de matemática e aprendizagem.
? Vivência direta com a instituição de ensino.
? Conhecimento das propostas ou parâmetros curriculares, bem como das diversas visões pedagógicas vigentes.
? Poder formular a sua própria concepção diante das correntes existentes.


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Optar por analisar as competências e habilidades do professor de matemática e seus saberes profissionais, leva-nos a fazer uma reflexão sobre o ser professor e quais mudanças podem e devem ocorrer.
Acredita-se que uma formação adequada é básica para posterior desenvolvimento dos outros domínios do conhecimento do professor de matemática , ou seja, melhorar ou aprimorar metodologias é fundamental, compreendendo dificuldades apresentadas por alunos.
Entretanto, em muitas práticas é necessário uma mudança de metodologia e o amadurecimento de idéias, além do respeito do trabalho do professor de matemática. Sendo que na realidade, tanto o ritmo e o sentido, variam de professor para professor cada qual tem seus saberes e experiências.
Além de ser professor de matemática, tem que ser profissional, porque o profissional não se preocupa somente com o que faz, mas com o resultado.
Os profissionais do ensino de matemática, não podem preocupar-se só com problemas em sala de aula, mas com uma política educacional, que esteja voltada para o bem-estar social da comunidade escolar.
Por estarmos vivenciando a era da informação e da globalização, a impressão que dá é que o processo de educar se torna uma atividade complexa, pois, o conhecimento jamais poderá ser encarado como algo completamente finalizado, e sim como algo que está em plena e constante mudança. Enfim, o desafio de se educar leva o profissional do ensino de matemática a organizar os seus trabalhos de uma maneira que o obriga a adaptar constantemente suas competências, explicitando o compromisso com a humanidade, por isso é que a relação professor e aluno deve ser vista como uma relação de parceria com o objetivo de desenvolver a criatividade e o potencial inovador dos seus alunos.




REFERÊNCIAS


CORREA, Vera. Globalização e Neoliberalismo: o que isso tem a ver com você, professor?. Rio de Janeiro: Quartet, 2001.

DEMO, Pedro. Professor do Futuro e reconstrução do conhecimento. 2 ed. Petrópolis-RJ: Vozes, 2004.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática educativa.13ª ed. São Paulo: Paz e terra, 1996. Coleção Leitura.

FRIZZO, M. Recriando a interação profissional: a formação de professores de ciências na UNIJUÍ. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 1998. 208p.

GONSALVES, T. O.; GONSALVES, T. V. O. Reflexões sobre uma prática docente situada: buscando novas perspectivas para a formação de professores. In: FIORENTINI, D.; GERALDI, C. M. O.; PEREIRA, E. M. A. Cartográficas do trabalho docente. 2. ed. São Paulo: Mercado de Letras, 2001.

MASETTO Marcos Tarciso. Competência Pedagógica do Professor Universitário . São Paulo: summus, 2003.

MERCEDES, M. A formação inicial de professores de matemática: fundamentos para a definição de um curriculum. In: FIORENTINI, D. Formação de professores de matemática. São Paulo: Mercado de Letras, 2003.