Redes Sociais: Nova Perspectiva Emancipatória.

Danielle Profeta dos Santos1

 

 

1. INTRODUÇÃO

 

Existe uma gama de teorias que buscam explicar o contexto social, a sua complexidade por tratar não só as satisfações singulares, mas também, plurais, imbuídas de diversificadas buscas e realizações.

 

É perceptível muitos escritos que almejam interpretar estas diversidades, aceitações, ações e transformações.

 

Com o advento da tecnologia, muitas transformações foram perceptíveis na sociedade, pode- se salientar que pontos positivos existem, como também negativos, porém, algo de inovador na tecnologia, especificamente a internet, ressalto as redes sociais, que nos últimos tempos tem se tornado um instrumento de expressão não só singular, mas, coletiva, que tem de alguma forma unido diversas etnias com o mesmo intuito, apesar das diferenças entre cada sujeito: MUDANÇA.

 

As redes sociais passaram a ser instrumentos muito fortes para propagação de reuniões, reivindicações, para marcar pontos para protestos, com embasamento de pacificação sem intervenção política, proporcionando nova forma de ativismo, uma inovadora tendência de ação coletiva.

 

O ativismo" cibernéticos" se mostra como uma tendência contemporânea, que tomou uma proporção significativa, dando força aos movimentos nas ruas e com a informação instantânea, reflexões e atitudes imediatas eram propostas, com finalidade de estarem em sintonia com as decisões.

 

 

Neste artigo, busco apresentar a importância das redes sociais, o almejo da emancipação do sujeito, principalmente dos jovens, elencado com alguns teóricos que transitam por discussões como identidade, emancipação, sofrimento e controle social.

 

2. IDENTIDADE x CONTEXTO LIQUIDO.

 

As redes sociais na contemporaneidade, de fato, assumiu um papel de comunicação muito forte, porém, ao mesmo tempo que aproxima sujeitos, acaba distanciando- os, dando imagem ao cenário da felicidade artificial, em que aparecem sempre todos felizes em suas fotos, com a margem de milhares de amigos, porém, se um destes internautas precisar da ajuda de alguns daqueles milhões de “amigos” terá?

 

Algo interessante ocorreu durante os protestos, estas redes serviram de alguma forma para unir estes “milhares” de amigos, na empreitada por buscas de objetivos singulares e coletivos, numa sociedade em que as relações parecem tão efêmeras... O ativismo “cibernético" foi levado em consideração.

 

O livro a Modernidade Liquida, de Bauman (2003), apresenta reflexões pertinentes ao que realmente é visualizado na contemporaneidade. Neste sentido, vale ressaltar que o contexto social tem mostrado um avanço em vários aspectos, como por exemplo, determinados cargos que só eram ocupados por homens, hoje podem ser pleiteados por mulheres, enfim, pode-se enumerar alguns avanços, porém, a partir do texto de Bauman surgem alguns questionamentos: Que tipo de mudanças são essas? Que tipo de liberdade se tem vivenciado?

 

É notório na sociedade pós moderna uma busca imediatista por ideais, como, o corpo “perfeito”, o homem “desenhado” ao desejo, e com isso, um âmbito social descartável, pois, a política do belo não é sólida, o tempo passa, as pessoas mudam e com ela, a observação da desvalorização das coisas e das pessoas.Assim, nada é feito para durar, o “conteúdo” pode se desmanchar a qualquer momento.

 

O Estado como um grande instrumento controlador social dissemina a ideia da boa convivência do homem com o homem, porém, o mesmo, que se autointitula democrático, regula. E a liberdade, de fato existe? Ou será que o controle que tem sido questionado, de fato serve como parâmetro social, pois, a ausência de normas, traz desorganização?

 

É importante se apresentar uma identidade para pelo menos sobreviver, e parece que ter um regulador é importante, pois faz com que os sujeitos realmente tenham medo de serem “livres”, já que liquido não tem forma, se adéqua ao recipiente.

 

Liberdade é autonomia, escolhas, pode- se falar, reclamar, mas... A crítica por determinados posicionamentos provavelmente permearão e será que de fato, todos estão preparados para isso? Para a tão almejada emancipação?

 

Logo, apesar de uma autonomia restrita, foi possível o acontecimento de ativistas nas redes sociais, tendo como protagonistas jovens que almejam que esta liquidez seja abolida, pois, [...] O que está acontecendo hoje é, por assim dizer uma redistribuição e realocação dos “poderes de derretimento” da modernidade...tudo isso foi posto a derreter no cadinho, para ser depois novamente moldado e refeito[...] (BAUMAN.2003.p.13).

 

3. SOFRIMENTO X CONTROLE SOCIAL

 

Berger (2001) descreve sobre métodos de controle social, sendo o primeiro e mais antigo, a violência física, dando ênfase ao Estado que por meio da força policial, no entanto, caracterizado como base da ordem política, destacando o efeito psicológico que agrega a sociedade, por sua influencia inibidora.

 

Outro viés do controle social é constantemente visualizado, compreende a persuasão x o ridículo, a difamação, aos quais através de uma opinião, um olhar, como no caso citado sobre um canibal, o sujeito sofre uma pressão tão forte e acaba cedendo a determinadas situações e o que lhe cabe é o profundo desejo do ser humano de ser aceito (BERGER,2001).

 

Acredito que é deste “profundo desejo do ser humano de ser aceito”, que os ativistas “cibernéticos” encontram nas redes sociais uma forma de expressão a qual não passassem por tamanho controle social, em que a propagação dos desejos fossem deliberadas de maneira rápida e precisa, como de fato, aconteceu e surpreendeu por tamanha mobilização.

 

O texto “O mal-estar nas civilizações “de Freud (1974) apresenta aspectos relacionados ao sofrimento e as razões que levam a tal contexto, assim, o texto é preciso para se fazer um paralelo com os protestos que tem ocorrido por reivindicações singulares e coletivas, pois, os seres humanos estão organizados em sociedades e assim, surgem as tentativas de buscas por uma convivência possível.

 

É valido salientar, que o ser humano possui necessidade de estar relacionado com outros sujeitos, em busca da sua satisfação, porém, ao mesmo tempo surgem conflitos aos quais acabam trazendo sofrimento.

 

Assim, o sujeito pode passar por questões que delineiam o singular e que passam a ser uma problemática plural por tamanha influencia que existe neste processo, logo, causando um mal-estar nas civilizações, ao qual acredito, como uma série de dificuldades e frustrações que trazem a mobilizações com intuito de mudanças ou pelo menos, um equilíbrio.

 

Logo, há uma complexidade entre pensar o ser humano e o pensar sociedade, por apresentarem identidades, características diversificadas que se emparelham no oceano da constante busca pela felicidade, acredito, assim, que por essa constante busca o ativismo “cibernético” mostrou sua “cara” na tentativa de aliviar este “mal-estar” que tem “corroído” o “estômago” dos jovens da contemporaneidade, como Nova Perspectiva Emancipatória.

 

 

REFERENCIAS:

 

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Tradução: Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.

 

BERGER, Peter. Perspectivas Sociológicas – uma visão humanística: Petrópolis. Vozes, 2001.

 

FREUD, S. O Mal Estar na CivilizaçãoObras Completas. Rio de Janeiro: Imago, 1974.

 

1Estudante do curso Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades; Disciplina: Estudos das Sociedades; Universidade Federal da Bahia; 2013.2