Questões de gênero e a feminização da educação pública no Brasil.  

Não basta focarmos os debates nas questões de direitos de todos e todas ao acesso à educação pública. O Brasil anda a passos largos no acesso a escolarização das nossas crianças e adolescentes. Se a educação fosse a única solução para os problemas sociais e econômicos, acredito que muito já teria sido resolvido, visto o amplo acesso às salas de aulas e aos nomes de alunos em cadernos de chamadas das professoras e professores. Cabe o questionamento e o debate sobre as condições dessa mesma educação pública, plural e democrática ou podemos dizer não tão plural e também não tão democrática. Com uma concepção conteudista, com currículos calcados em uma visão dos tempos da ditadura bem como uma educação em muito excludente na sua formulação ideológica e seus resultados ainda medidos e apresentados em números e tabelas. A quem interessa números? Ao povo ou a quem tem o poder? Como superar a educação machista, sexista, preconceituosa e burguesa? A quem interessa a continuidade da feminização da educação? É preciso aprender a desaprender a Educação como um espaço de mulheres; aprender a desaprender a Escola  como um local de crianças aonde mulheres passam o dia todo em um “ofício” do cuidado. Nós mulheres, professoras, educadoras somos profissionais e especialistas nos diversos saberes intelectuais, pesquisamos e dedicamos ao nosso campo de trabalho da mesma forma que outros profissionais. Não somos a extensão da mãe, não somos àquelas mulheres caricaturadas pela sociedade burguesa, capitalista como as meras “esposas” que encontram um espaço social para se ocupar. Quando reflito sobre essa questão e junto faço a reflexão sobre o “progresso” que fizemos enquanto sociedade parece que tudo isso já está superado e que apenas estou fazendo um texto sobre o passado mas, quando me reporto a diversos ambientes escolares , ao dia a dia observo que não. Isso tudo ainda é muito real. Há muito que avançar, muito a superar nas condições de trabalho nesse setor formado pela maioria do sexo feminino. Não tenho dúvidas sobre o descaso salarial que convivemos que está relacionado com as baixas remunerações das mulheres em nossa sociedade. Que os governos , independente de qual esteja no poder, têm em seu cerne a concepção da desigualdade de gênero no que se refere à valorização da categoria de professores. Vivemos no país de norte a sul de leste a oeste com vergonhosos salários. Com estruturas precárias, com escolas sem as mínimas condições de serem reconhecidas como ambientes educacionais. Ainda convivemos com diversos setores da sociedade descomprometidos com a política educacional aonde apenas os números é que contam e não a qualificação desse espaço.  Nós da Pastoral Operária temos feito muitas reflexão e nos esforçado para mudarmos nossas  práticas afim de superarmos as desigualdades de gênero construídas pela sociedade burguesa capitalista. Precisamos ir mais longe fazer mais, cada vez mais: “Aprender a desaprender”.