1. Psicologia da Personalidade - Aspectos, Conteúdo, Estrutura.

Personalidade é um termo que apresenta muitas variações de significado. Em geral dá uma noção da unidade que integra o ser humano. No senso comum é usada para se referir a uma característica marcante da pessoa, como timidez ou extroversão, por exemplo, ou ainda para se referir a alguém importante ou ilustre: "uma personalidade".
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Popularmente, a personalidade atribuída a uma pessoa pode definir, para o senso comum, se esta pessoa é boa ou má. A psicologia evita este juízo de valor. A personalidade seria um conjunto de características que diferenciam os indivíduos. Estes atributos seriam permanentes e diz respeito à constituição, temperamento, inteligência, caráter, um jeito específico de se comportar. Para a teoria, o conceito de personalidade, significa a organização dinâmica, isto é, em constante mudança, dos seguintes aspectos: habilidades, atitudes, crenças, emoções, desejos, e ao modo constante e particular do indivíduo perceber, pensar, sentir e agir. Refere-se também uma "personalidade básica", que seriam as atitudes, tendências, valores e sentimentos dos membros de uma sociedade ou comunidade, o que existe em comum em todas as personalidades, independente das diferenças entre os indivíduos e dos fatores culturais, códigos e regras sociais ou consenso de comportamento.

A personalidade pressupõe a possibilidade de um indivíduo se diferenciar, ser original e ter particularidades. É estruturada tendo como base as diferentes condutas e regras ou códigos definidos e aceitos como disposições dos indivíduos (organizados de maneira global e dando uma consistência e unidade estrutural). Os conteúdos desta estruturação são relacionados com as experiências e vivências concretas das pessoas no meio onde vivem seus aspectos culturais, educacionais, religiosos, hábitos, crenças e heranças fisiológicas, raça, cor, etc. Através desta Idéia pode-se predizer o que a pessoa fará em determinada situação, pode-se ter Idéia de como ela reagiria. Podemos interpretar que o indivíduo formado fisiologicamente é repetitivo, isto é, responde mais ou menos da mesma maneira e reage da mesma forma aos mesmos estímulos, transparecendo a sua personalidade.

Nem todas as teorias trabalham com este conceito porque ele tem uma noção implícita de estrutura, de estabilidade e, portanto de características que não mudam. No entanto, ela é fruto de uma organização progressiva do ser humano e não apenas entendida como um fenômeno em si. Ela evolui de acordo com a organização interna do indivíduo. A psicanálise afirma que a estrutura da personalidade já está formada aos quatro ou cinco anos de Idade, entretanto para Piaget, ela começa a se formar entre os oito e doze anos. O caráter, temperamento e os traços de personalidade são termos que se referem a esta noção. Observa-se que alguns distúrbios podem se relacionar à personalidade, gerando conceitos patológicos, como é o caso da personalidade múltipla.

Conceitualmente, podemos entender o caráter como sendo os aspectos morais, as reações afetivas, a aceitação, a renúncia, a tolerância ou o repúdio as leis impostas pelo convívio em sociedade, regras de comportamento, modelos educacionais, isto para o que se refere ao senso comum, como também, sendo o que diferencia um indivíduo do outro. O temperamento, sendo o que sinaliza a emotividade, advindo de aspectos hereditários e da fisiologia do indivíduo. Os traços de personalidade são os referidos as características duradouras, consolidadas e mais perenes da personalidade da pessoa.

Podemos entender de uma maneira mais abrangente, que personalidade diz respeito ao modo mais constante e peculiar de se perceber, sentir, pensar, agir, comportar, reagir, optar, de cada indivíduo, aí, incluindo as suas crenças, habilidades, desejos, sentimentos, bem como os aspectos de aparência física, raça, cor, de forma integrada em todos estes aspectos, o que confere ao indivíduo a sua peculiaridade e singularidade.

2. Consciente, Inconsciente, Id, Ego e Superego.

A postulação do ID, Ego e Superego como sistemas que fazem parte e constituem, ao final, a estrutura da personalidade como característica universal da raça humana, vem do conceito do que existe em comum em todas as personalidades do ser humano, estabelecendo leis e regras gerais do seu funcionamento, independente de fatores culturais, de convívio em sociedade ou circunstanciais. Freud enfatizou o inconsciente como cerne da questão da conduta no cotidiano do indivíduo, e não somente os aspectos fisiológicos e patológicos. O indivíduo é então a fonte dos seus atos.

Pretendendo agrupar e diferenciar os aspectos da personalidade, podemos dizer que os determinantes inconscientes do comportamento de encontro aos determinantes conscientes são fatores centrais na diferença entre as várias teorias sobre a personalidade. Considera-se também, a hereditariedade e a base biológica do organismo humano, como aspecto relevante para a determinação da personalidade do indivíduo.

O consciente foi considerado por Freud, como sendo um nível da vida psíquica, pequeno em relação ao inconsciente, com conteúdo transitório e em constante mutação, sendo o processo do qual tomamos conhecimento em um determinado momento; e o indivíduo reconhece a existência de um particular e não do todo psíquico.

O inconsciente é o responsável pela organização do psiquismo humano como um todo, sendo à base de toda a vida psíquica. Para as abordagens da psicologia, os fenômenos conscientes são apenas uma manifestação do inconsciente. Outras manifestações do inconsciente são: o sonho, a histeria, atos falhos, lapsos de memória e outras. O termo inconsciente pode ser usado para se referir a coisas que não estão conscientes. Entretanto num sentido psicanalítico, o inconsciente designa um dos sistemas do aparelho psíquico definido por Freud, que se constitui de conteúdos, aos quais foi negado o acesso ao plano da consciência, por se tratarem sempre de algo penoso para o indivíduo. É um dos níveis do psiquismo onde se alojam as Idéias, os impulsos, as paixões, os desejos e sentimentos reprimidos.

O inconsciente pode representar o ponto mais importante da descoberta de Freud. A noção de inconsciente surgiu das experiências de tratamento realizadas por Freud, que demonstrou que o mundo psíquico não pode ser reduzido aos conteúdos conscientes e que certos conteúdos só se tornam acessíveis depois que superamos algumas resistências ou repressões. Considerava a existência do inconsciente como um "lugar psíquico", especial, que deve ser concebido como um sistema que possui conteúdos, mecanismos e provavelmente uma "energia" específica. Para o inconsciente, não existem as noções de passado e presente e os conteúdos podem já ter sido conscientes ou podem ser genuinamente inconscientes.

Para Freud, a estrutura da personalidade é formada por três sistemas, o Id, o Ego e o Superego. O comportamento é quase sempre o resultado da interação desses três sistemas, e raramente funcionam isoladamente. De acordo com a teoria estrutural da mente, o Id, o ego e o superego funcionam em diferentes níveis de consciência. Há um constante movimento de lembranças e impulsos de um nível para o outro. O Id é o reservatório inconsciente das pulsões, as quais estão sempre ativas. Regido pelo princípio do prazer, o Id exige satisfação imediata desses impulsos, sem levar em conta a possibilidade de conseqüências indesejáveis. O Ego funciona principalmente a nível consciente e pré-consciente, embora também contenha elementos inconscientes, pois evoluiu do Id. Regido pelo princípio da realidade, o Ego cuida dos impulsos do Id, tão logo encontre a circunstância adequada. Desejos inadequados não são satisfeitos, mas reprimidos. Apenas parcialmente consciente, o Superego serve como um censor das funções do ego (contendo os Ideais do indivíduo derivados dos valores familiares e sociais), sendo a fonte dos sentimentos de culpa e medo de punição.

O Id, ("isso" em latim), é inato e dele deriva a energia necessária à formação do ego e do superego. Tudo que é herdado psicologicamente e também os instintos existem no Id no momento do nascimento. O Id representa o mundo interno, ou seja, a experiência subjetiva, não tendo conhecimento da realidade, que é a experiência objetiva. As necessidades do Id são atendidas pelos processos primários e pelas ações ou atos reflexos, inatas ao organismo como sugar, chorar, bocejar, piscar e espirrar, por exemplo. O melhor exemplo do processo primário em pessoas é o sonho. O Id opera com um princípio denominado princípio do prazer, descarregando as tensões e retornado a um nível de conforto, utilizando-se das reações automáticas e inatas do organismo e dos processos primários, formando imagem mental do desejo, o qual por não poder ser traduzido em realidade concreta interliga-se a um segundo sistema da personalidade, o Ego. À medida que a criança entra em interação com o ambiente, atos reflexos e processos primários não são mais suficientes para reduzir a tensão psicológica provocada por agentes internos ou externos, e o ego se estrutura para estabelecer contato com a realidade e os objetos adequados à reestruturação do equilíbrio desestabilizado por tensões psíquicas.

O Ego, ("eu" em latim), por sua vez, possibilita a interação consciente com o mundo exterior. Existe devido ao fato de que o organismo precisa de transações com o mundo real e concreto. Uma vez feita à diferenciação entre a imagem mental do desejo e a tradução em realidade concreta, com a percepção real que se tem da imagem, é necessário que ocorra a localização dela no ambiente. O ego obedece ao princípio de realidade e opera por meio do processo secundário que é o pensamento realista. Medi as exigências feitas pelo Superego e Id. O Ego se manifesta através da memória, sentimentos, pensamentos, ou seja, é o executivo e monta a personalidade da pessoa.

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