Os Parâmetros Curriculares Nacionais estão presentes na política educacional brasileira há aproximadamente 10 anos. Nessa trajetória, muito foi discutido, muito foi criticado e pouco colocado em prática as ações que ele apresenta, devido a uma série de fatores conhecidos e/ou desconhecidos.

            Neste trabalho iremos abordar a amplitude dos PCNs da Língua Portuguesa, visando sua compreensão e estudo mais intrínseco desta obra, que uns admiram e outros desprezam, compreendendo sua estrutura, de forma que possamos refletir sobre a eficiência ou não de sua prática.

            O PCN de Língua Portuguesa possui a seguinte estrutura: uma breve apresentação da obra, seguida de duas partes específicas com as temáticas a serem discutidas. A primeira parte apresenta quatro capítulos referentes à apresentação da área a ser trabalhada (Língua Portuguesa) e define as linhas  gerais da proposta. Apresenta  questões referentes  à natureza  e as características  da área, suas implicações para a aprendizagem e seus desdobramentos no ensino. Explicita os objetivos gerais da Língua Portuguesa, a partir dos quais são apontados os conteúdos relacionados à língua oral, língua escrita e análise e reflexão sobre a língua. O último tópico dessa primeira parte apresenta e fundamenta os critérios da avaliação para o ensino fundamental. A segunda parte apresenta propostas para as quatro séries do ensino fundamental, com objetivos conteúdos e critérios de avaliação, de forma a apresentá-los com a articulação necessária para sua coerência.

            Também compõe a estrutura do PCN de Língua Portuguesa a ficha técnica da equipe elaboradora e os agradecimentos a todos que contribuíram com a obra.

            A introdução apresenta a caracterização da área de atuação da Língua Portuguesa, trazendo com subtítulos a linguagem relacionada com a participação ativa na sociedade, “pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz conhecimento.” Faz  também breve histórico sobre a deficiência  do ensino da Língua nas escolas brasileiras e o esforço dos educadores em mudar esse quadro.

            O capítulo 1 da primeira parte, refere-se como ensinar a Língua Portuguesa na escola, apresentando uma diversidade de textos que a escola deve trabalhar, assim como o que cabe a mesma ensinar, que escrita deve ser trabalhada, como alfabetizar e lecionar a Língua, como utilizar o texto como unidade de ensino, aprender a especificidade do texto literário e refletir sobre a Língua em situações didáticas que se centralizem em atividades multilingüísticas, na reflexão em situações de produção e interpretação, como caminho para tomar consciência e aprimorar o controle sobre a própria produção lingüística.

            O capítulo 2 aborda os objetivos gerais da Língua Portuguesa para o ensino fundamental, visando que “os alunos adquiram progressivamente uma competência em relação à linguagem que lhes possibilite resolver problemas da vida cotidiana, ter acesso  a bens culturais e alcançar a participação plena no mundo letrado” (p.41).

            O capítulo 3 refere-se às formas mais eficientes de trabalhar os conteúdos da Língua Portuguesa no ensino fundamental. Traz a caracterização geral e os eixos orientadores dos mesmos, sua seqüência e organização de maneira que possam ser trabalhados juntos com os Temas Transversais. Apresenta  também considerações a respeito do tratamento didático dos conteúdos dispostos em: língua oral - como trabalhar e a forma correta em sala de aula; língua escrita – incentivar a prática da leitura, produzir textos; análise e reflexão sobre a língua – revisar textos, aprender com textos, alfabetizar, conhecer aspectos gramaticais; os  recursos didáticos e sua utilização que são necessários para um bom desenvolvimento da aula.

            O capítulo 4, último da primeira parte, aborda os critérios de avaliação utilizados na Língua Portuguesa. Critérios estes que devem ser compreendidos “como aprendizagens indispensáveis ao final de um período, por outro, como referências que permitem a análise dos seus avanços ao longo do processo, considerando que as manifestações desses avanços não são lineares, nem idênticos” (p.97).

            A segunda parte vem expressando o detalhamento das propostas apresentadas na primeira parte, divididas em dois capítulos específicos.

            O capítulo 1 refere-se ao primeiro ciclo, apresentando o ensino e a aprendizagem de Língua Portuguesa no mesmo, expondo também os objetivos e conteúdos utilizados. Além dos critérios de avaliação que devem ser utilizados para verificação da aprendizagem.

            Já o capítulo 2 faz alusão  ao segundo ciclo, apresentando as mesmas características do capítulo 1: ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa, objetivos, desdobramentos dos conteúdos e critérios de avaliação para o segundo ciclo, com atividades que se espera o aluno desenvolver satisfatoriamente.

            O PCN da Língua Portuguesa é um documento que busca tornar mais clara a relação entre a seleção dos conteúdos e o tratamento didático proposto, contribuindo para que as transformações educacionais aconteçam na aula de Língua Portuguesa despertando o interesse dos alunos.

            Como podemos ver o PCN  da Língua Portuguesa não é o “bicho-de-sete-cabeças” que autores e educadores, em sua maioria, critica negativamente e se negam a segui-lo. É composto basicamente por orientações necessárias para o trabalho em sala de aula. Traz sugestões viáveis e possíveis de serem seguidas, desde que haja comprometimento da parte do professor em executá-las, para que a aula se torne mais significativa e atraente para os alunos. Valoriza o contexto da escola, com aulas dinâmicas e criativas, com textos que instiguem os alunos a serem curiosos e desenvolver o hábito da leitura. Viabiliza o acesso dos alunos ao universo dos textos que circulam na sociedade, ensinando a produzi-los e interpretá-los, desenvolvendo no mesmo o acesso à informação escrita com autonomia e criando condições para bem produzi-la.

            Esses fatores são fundamentais, para que tanto a leitura quanto a escrita, se torne um hábito prazeroso, pois “as pessoas aprendem a gostar de ler quando, de alguma forma, a qualidade de suas vidas melhora com a leitura”. Por isso a adoção dos PCNs, não só de Língua Portuguesa mas de todas as disciplinas, se faz necessária para que possamos ter uma educação pública de qualidade, capaz de formar cidadãos autônomos, críticos e criativos atuando na sociedade.

           

 

 

 Refeência:

Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa / Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. 3.ed. Brasília: A Secretaria, 2001.