PALEONTOLOGIA: DEFINIÇÃO,

FUNDAMENTAÇÃO E OBJETIVOS

CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA FILIPE

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2008

RESUMO: A Paleontologia é a ciência que estuda evidências da vida pré-histórica preservadas nas rochas, elucidando não apenas o significado evolutivo e temporal, mas também a aplicação na busca de bens minerais e energéticos. Nas últimas décadas, a Paleontologia tem passado por uma verdadeira revolução científica, devido, em parte, à grande popularidade de filmes e documentários sobre os mais intrigantes dos seres pré-históricos, os dinossauros, pterossauros e outros répteis associados, todos extintos, mas também em função de novas maneiras de se investigar os fósseis no campo e de estudar o passado da vida em laboratório. A Paleontologia desempenha um papel importante nos dias de hoje, não podendo mais ser encarada como uma ciência hermética, restrita aos cientistas e universidades, já que todos interessam pela história da Terra e de seus habitantes durante o passado geológico, para conhecerem melhor suas origens

Palavras-chave: Evidências; Paleontologia; Passado Geológico; Revolução Científica.

1. DEFINIÇÃO

A Paleontologia é a ciência que estuda evidências da vida pré-histórica preservadas nas rochas (os fósseis), e elucida não apenas o significado evolutivo e temporal, mas também a aplicação na busca de bens minerais e energéticos. Para ter sucesso nesse campo o pretendente a paleontólogo precisa adquirir excelentes conhecimentos geológicos e fundamentos sólidos de biologia (FAIRCHILD, 2008). Consolidou-se como ciência no início do século XIX, com o surgimento das primeiras sociedades científicas paleontológicas, que, com a divulgação de pesquisas serviram de suporte para o pleno desenvolvimento desta ciência (CASSAB, 2004).

O termo Paleontologia, usado na literatura geológica pela primeira vez em 1834, foi formada a partir das palavras gregas: palaios= antigo, ontos= ser, logos=estudo. Já a palavra fóssil originou-se do termo latino fossilis= extraído da terra (CASSAB, 2004).

Nas últimas décadas, a Paleontologia tem passado por uma verdadeira revolução científica, devido, em parte, à grande popularidade de filmes e documentários sobre os mais intrigantes dos seres pré-históricos, os dinossauros, pterossauros e outros répteis associados, todos extintos, mas também em função de novas maneiras de se investigar os fósseis no campo e de estudar o passado da vida em laboratório. Também pode se dizer que já passaram os dias em que o paleontólogo descrevia um ossinho ou uma conchinha pelo prazer de lançar um novo nome científico na literatura especializada, pois os fósseis armazenam muito mais informação do que se imaginava antigamente (FAIRCHILD, 2008).

É claro que a descrição e identificação dos fósseis continuam importantes; afinal, essas informações fundamentam estudos de evolução e biodiversidade do passado, servindo de base para a datação e correlação temporal das rochas sedimentares. Mas cada achado também possui uma história própria, desde a morte do organismo (animal, planta ou micróbio), a passagem por todas as fases determinantes até sua transformação definitiva em fóssil, e essa história pode revelar detalhes do paleoclima, dos ambientes antigos de sedimentação e dos processos físico-químicos que afetaram os sedimentos desde sua deposição (FAIRCHILD, 2008).

Novas tecnologias, principalmente na área da "paleontologia molecular", têm propiciado avanços impressionantes na compreensão dos princípios de vida na Terra e da cronologia das inovações evolutivas subseqüentes (FAIRCHILD, 2008).

A Paleontologia desempenha um papel importante nos dias de hoje.Não pode mais ser encarada como uma ciência hermética, restrita aos cientistas e universidades, já que todos interessam pela história da Terra e de seus habitantes durante o passado geológico, para conhecerem melhor suas origens (CASSAB, 2004).

2. FUNDAMENTAÇÃO E OBJETIVOS

Os fundamentos e a metodologia da Paleontologia fundamentam-se em duas ciências: a Biologia e a Geologia. Por serem restos de organismos vivos, o paleontólogo busca subsídios na Biologia. Em contrapartida, é fornecido aos biólogos a dimensão temporal do estabelecimento dos ecossistemas atuais e complementos às teorias evolutivas.É na Geologia que se utilizam os fósseis como ferramentas para datação e ordenação das seqüências sedimentares, interpretando os ambientes antigos de sedimentação e a identificação das mudanças ocorridas na superfície da Terra através do tempo geológico (CASSAB, 2004).

3. RAMOS DA PALEONTOLOGIA

A Paleontologia é estudada através de duas vertentes principais: a) Descritiva, objetivando a identificação, reconstituição e relações filogenéticas dos fósseis, com o objetivo de estabelecer as correlações cronoestratigráficas e interpretações paleoambientais, e b) Paleobiologia, dando ênfase à identificação das leis que atuaram em ocorrências como a origem da vida, formação e estruturação da biosfera, fenômenos de extinção e o estudo da influência dos paleoambientes na evolução dos organismos (HOFFMAN, 1990).

Há ainda, vários núcleos de estudos, tais como Paleobotânica (fósseis de plantas em geral), Paleontologia de Vertebrados, Paleontologia de Invertebrados (moluscos, braquiópodes, equinóides, conchostráceos, etc), Micropaleontologia e Paleoicnologia (icnofósseis) (CASSAB, 2004).

Dentro da Micropaleontologia, temos o estudo dos foraminíferos, nanofósseis calcários, radiolários, tintinídeos, calpionelídeos, diatomáceas, dinoflagelados, ostracodes, quitinozoários e acritarcos (CARVALHO, 2004)

Ainda dentro de cada ramo, outras áreas se apresentam, tais como:

- Paleoecologia: estudo das relações dos organismos entre si e destes com o meio. Usando os componentes da fauna e flora e vários parâmetros, tenta inferir dados como profundidade, salinidade, produção orgânica, nível de oxigenação do meio e as condições climáticas da época (CASSAB, 2004).

- Tafonomia: De um modo geral, pode-se dizer que a Tafonomia nasceu da necessidade do paleontólogo em entender como os organismos e seus restos chegaram à rocha e quais foram os fatores e processos que atuaram na formação das concentrações fossilíferas. A partir daí, a Tafonomia ganhou terreno no âmbito da geologia e Paleobiologia, abrangendo processos sedimentológicos, responsáveis pela origem dessas concentrações; auxilia na determinação de camadas-guias e no estabelecimento de tafofácies, sendo também importante ferramenta na análise de bacias; na resolução temporal dos estratos fossilíferos e no estabelecimento de seqüências estratigráficas. A Tafonomia é importante também para a identificação de eventos sedimentares e causa mortis de organismos fósseis, permitindo reconstruções paleoecológicas acuradas e/ou auxiliando na determinação do padrão de comportamento social em paleocomunidades (SIMÕES e HOLZ, 2004).

- Sistemática: classificação e agrupamento dos organismos com base na análise comparativa de seus atributos e nas relações entre eles (CASSAB, 2004).

- Paleoetologia: Dentre os diversos ramos do estudo do comportamento animal, a Paleoetologia e, mais especificamente, a Paleotanatose é um estimulante, fértil e novo campo de pesquisa. Tendo como ferramentas a Paleoecologia, a Paleoicnologia, a Paleobiomecânica e a Tafonomia, subdisciplinas da Paleontologia, é possível inferir aspectos paleocomportamentais e, dentro deste escopo, aliado à riqueza de nossos jazigos fossilíferos e excelência de preservação, principalmente em inclusões em âmbar, é possível, inferir Paleotanatose em artrópodes. A capacidade de enrolamento em artrópodes atuais é fator gerador de inúmeros padrões comportamentais, entre eles, a tanatose, ou a capacidade de fingir-se de morto. A mesma capacidade presente em ancestrais permite, por homologia, inferir que tais como outros comportamentos usuais, como padrão de coloração, capacidade de produzir som e o de saltar, a Paleotanatose tem também uma longa história geológica (FILIPE, 2007).

Todas as informações contidas nesta obra são de responsabilidade do autor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, I.S.. 2004. Sumário. In: Carvalho, I.S.. (ed). Paleontologia. Vol 1. Rio de Janeiro: Interciência.

CASSAB, R.C.T.. 2004. Objetivos e Princípios. In: Carvalho, I.S.. (ed). Paleontologia. Vol 1. Rio de Janeiro: Interciência – cap 1, p. 3-11.

FAIRCHILD, T.R.. 2008. De Volta ao passado: Paleontologia e paleontólogos. Disponível em: <http://www.igc.usp.br/geologia/de_volta_ao_passado.php>. Acessado em: 25 Jul. 2008.

FILIPE, C.H.O.. 2007. A paleoetologia e a tafonomia como ferramentas para o estudo de casos de evidências de Tanatose em Artrópodes fósseis. 41p. Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia – Graduação em Ciências Biológicas). Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora.

HOFFMAN, A.. 1990. The past decade and the future. In: BRIGGS, D.E.G.; CROWTHER, P.R. (eds.). Palaeobiology: A Synthesis. Cambridge: Blackwell Scientific Publications. Cap. 6.5.4, p. 550-555.

SIMÕES, M. G.; HOLZ, M. Tafonomia: processos e ambientes de fossilização. In: CARVALHO, Ismar de Souza. (Ed.). Paleontologia. Rio de janeiro: Interciência, 2004, v. 1, n. 3, cap. 3, p. 19-45.