Autora: SOBREIRA, R.C.de F.

Este texto tem como objetivo analisar as observações gerais sobre a pratica da avaliação da aprendizagem nas escolas brasileiras.

O aspecto que mais chama a atenção na pratica educativa brasileira, é de que a avaliação da aprendizagem ganhou um espaço amplo nos processos de ensino, que esta pratica educativa escolar passou a ser direcionada por uma pedagogia do exame. O exemplo mais explicito desta pedagogia está na prática de ensino do ultimo anos do ensino médio, em que todas as atividades escolares se voltam para um treinamento em solucionar questões de provas para preparar os alunos para o vestibular. De acordo com LUCKESI, o exercício pedagógico escolar é atravessado mais por uma pedagogia do exame do que por uma pedagogia centrada no ensino-aprendizagem.

Os alunos estão centrados na promoção, estão interessados em saber como se dará o processo de promoção no final do período escolar. O que predomina é a nota. Já os professores, protestando ser um elemento motivador da aprendizagem, utilizam as provas como instrumentos de ameaça e tortura prévia dos alunos. Os pais ficam na expectativa pelas notas de seus filhos O importante é que tenham notas para serem aprovados.

As escolas estão centradas unicamente nos resultados das provas e exames, através de sua administração elas desejam verificar no todo das notas como estão os alunos. O sistema social se contenta com as notas obtidas nos exames. O próprio sistema de ensino, aparentemente o que lhe interessa são os resultados gerais: as notas.

Estes fatos vem ocorrendo ao longo dos séculos. A pedagogia jesuítica do século XV, tinha uma atenção especial com o ritual das provas e exames. A pedagogia comeniana do século XVII, não leva em conta o uso dos exames como meio de estimular os alunos ao trabalho intelectual de aprendizagem. Comenios diz que o medo é um excelente fator para manter a atenção dos alunos.

A sociedade burguesa aperfeiçoou seus mecanismos de controle, dentre eles destacamos a seletividade escolar e seus processos de formação das personalidades dos educandos. Mais importante do que ser uma oportunidade significativa, a avaliação tem sido uma oportunidade de prova de resistência do aluno aos ataques do professor, não só no ensino fundamental e médio, mas também no universitário. As notas são operadas como se nada tivesse a ver com a aprendizagem. A relação entre sujeitos – professor-aluno – passa a ser uma relação entre coisas – exames e notas. É a nota que domina tudo, e é em função dela que se vive na prática escolar.

Hoje não se usa mais o castigo físico na escola, como se usava até meados do século XX, mas se usa um castigo mais sutil e perverso: o psicológico. A avaliação da aprendizagem nas escolas tem exercido esse papel, por meio da ameaça. (Luckesi,2002,p.25).

Os resultados da pedagogia do exame podem ser descritos sobre três efeitos:

1º) pedagogicamente falando, ele concentra-se nos exames, não ajuda na aprendizagem dos alunos. O verdadeiro papel da avaliação da aprendizagem seria subsidiar na construção de conhecimentos. Pedagogicamente a avaliação da aprendizagem não cumpre sua função de subsidiar a decisão de melhoria da aprendizagem;

2º) psicologicamente – a sociedade, por meio do sistema e dos professores, desenvolve formas de ser da personalidade dos alunos que se conformam aos seus ditames. O autocontrole psicológico, talvez seja a pior forma de controle, desde que o sujeito é presa de si mesmo;

3º) sociologicamente – a avaliação está muito mais articulada com a reprovação do que com a aprovação e daí vem a sua contribuição para a seletividade social.

REGINA CELIA DE FREITAS SOBREIRA

Titulação: Pedagogia/UFV/MG

Tel.:31-3891-3408

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Bibliografia:

LUCKESI, C.C. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 12 ed.

São Paulo: Cortez, 2002, p. 180.

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