O pensamento de Herbert Marcuse.

1898-1978.

Filósofo da Escola de Frankfurt desenvolveu uma linha de pensamento muito interessante, profundamente influenciado pela psicanálise de Freud e das ideias do marxismo crítico. No livro Eros e civilização retomam as ideias da psicanálise de Freud e como saída sua perspectiva é marxista.

Freud desenvolveu o seguinte preceito, no mundo real é necessária para o desenvolvimento da civilização a repressão dos instintos, o mundo natural do homem, originário comum do mundo animal não coaduna com uma organização supostamente política, organizada por meio do Estado.

O instinto politicamente precisa ser repreendido, essa é análise da psicanálise,  a princípio concorda Marcuse, para Freud a história social do homem é a história da repressão dos instintos em geral, para a possibilidade do desenvolvimento da sociedade.

O combate ao livre prazer, em defesa do trabalho, é necessário que o prazer seja suspenso, com a finalidade de atender ao fundamento da realidade social, sem a realização da renuncia, a sociedade política seria totalmente descartada. Analise freudiana.

Marcuse sempre concordou com Freud a respeito desses preceitos, sobretudo, em diagnosticar essas possibilidades.

Entretanto, entende como erro de Freud em apresentar essa situação como algo permanente a sociedade, o que seria para Freud a impossibilidade de uma civilização sem o ato repressivo, para Marcuse esse posicionamento seria um pensamento de direita, isso numa perspectiva da análise histórica.

A análise de Marcuse que é marxista, as imposições repressivas defendidas por Freud, são antes, produtos de uma necessidade histórica, específica de um determinado tempo de desenvolvimento econômico da sociedade, superado esse tempo histórico as exigências de liberdade são outras.

Com efeito, a repressão não é natural, muito menos eterna, ele entende como caminho para a construção de um mundo relativamente não opressivo. O  desenvolvimento tecnológico, cria se novas condições para a liberdade das ações humanas.

A grande diferença não apenas com Freud, é que Marcuse não acreditava no mundo da liberdade dentro do modo de produção capitalista. Para ele era fundamental a criação de condições para libertação do homem, a obrigação ao mundo do trabalho, necessariamente tendo tempo disponível a liberdade para realização do prazer.

Porém, nada disso acontecerá de acordo com Marcuse, sem que o ser humano tenha interesse em tal propósito, tem que existir a intervenção do homem para modificar a trajetória da história, o mundo muda apenas pelo desejo do dele,  através de uma nova consciência de como tudo deve ser entendido criticamente.

Nesse aspecto para Marcuse a filosofia é de fundamental importância, pois a mesma deve anunciar essa possibilidade libertadora do homem. Se a filosofia não cumprir seu papel em desenvolver um homem analítico e crítico, para entender a sua própria realidade histórica, o homem será eternamente vítima de mecanismo de alienação contra ele mesmo.

O que acontecerá nesse caso reflete Marcuse, o desenvolvimento tecnológico continuará a desenvolver-se não a serviço da liberdade e da justiça humana, mas de um modelo de Estado opressor e discriminador.

A consciência política é necessária ao homem, à atitude crítica e não a homogeneização humana, para formulação de um homem unidimensional, sem capacidade de criticar a opressão e o domínio de certas ideologias contra o próprio homem.

 O  que está exatamente acontecendo em nossos dias, pessoas incapazes de qualquer tipo de sensibilidade aos direitos do homem, age para atender apenas o seu egoísmo próprio, a aparente impossibilidade da mudança política do mundo.

É o estabelecimento do homem como lobo do próprio homem, instrumentalizado por uma forma de desenvolvimento e política de Estado. Parece o que mundo, perdeu sua capacidade crítica.

 O homem poderá realizar as formas de instintos antes oprimidas pelo processo civilizatório, mas não haverá humanismo entre as pessoas, o próprio Estado estabeleceu nele mesmo um mecanismo não civilizatório.

Edjar Dias de Vasconcelos.