INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo principal conhecer o papel do coordenador pedagógico no processo de ensino-aprendizagem. O coordenador pedagógico em determinado momento é compelido a responder por necessidade do contexto escolar que não são de suas responsabilidades. São questões que, embora façam parte da dinâmica da escola não podem ser consideradas inerentes à sua função. É importante que o coordenador pedagógico concretize sua ação no acompanhamento das atividades dos professores em sala de aula, por isso lhe dar oportunidade de discutir e analisar os problemas decorrentes desse contexto, com uma perspectiva diferenciada e abrangente. É ele quem, num espírito de parceria e coletividade, conduz o processo, participa, discuti, ouve, orienta, propõe, informa, assume e partilha responsabilidades com os professores, indica ações e exerce uma posição natural de liderança, de autoridade.

O coordenador leva os educadores a conscientização de uma nova postura, acredita na possibilidade de formar a realidade e também acreditar na escola como um espaço adequado para um bom ensino-aprendizado. O mesmo é apenas um dos atores que compõem o coletivo da escola, para coordenar, direcionando suas ações para a transformação, precisa estar consciente de seu trabalho não se dá isoladamente, mas nesse coletivo mediante a articulação dos diferentes atores escolares, no sentido de uma construção de um projeto político - pedagógico transformador.

Muitos coordenadores, reconhecendo a importância de discutir com o professor suas ações com os alunos, julgam necessário conhecer como ocorrem, nas salas de aula, as relações de ensino-aprendizagem, principalmente no que se refere ao modo como o professor encaminha a interação da criança com o conhecimento. A prática de assistir às aulas ao coordenador o reconhecimento das mudanças pelas quais passam ou não professor e o aluno. Está em sala de aula, observando o seu cotidiano, parece ser uma de suas atividades fundamentais. O dia-a-dia do coordenador exige que ele administre seu tempo para cumprir inúmeras tarefas. Tem de formar o professor, planejar reuniões; atualizar-se e planejar etapas para atualizar os professores e pensar em procedimentos específicos e nas necessidades de seu grupo. A formação exige dele, um olhar para que está sendo realizado em sala de aula. O coordenador necessita, também, levar em conta o aluno. É preciso encaminhar alguns para especialistas, conversar com os pais; retornar o encaminhamento; falar com os profissionais; retornar aos pais e retornar aos professores.

JUSTIFICATIVA

Se o coordenador pedagógico conhece a dificuldade do docente na ação do ensino-aprendizagem, ele pode atuar transformando essa realidade em uma educação de qualidade, servindo como elo entre educador e educandos. O coordenador tem o desafio de caminhar para uma educação de qualidade, que integre todas as dimensões do ser humano. Ele precisa de pessoas que façam essa integração em si mesmas do sensorial, intelectual, emocional, ético e tecnológico, que transitem de forma fácil entre o pessoal e o social, encontramos poucas pessoas que estejam prontas para a educação com qualidade.

O coordenador é aquele agente de transformação no cotidiano escolar, responsável pela construção e reconstrução da ação pedagógica, com vistas a construção e articulação coletiva do Projeto Político Pedagógico. Segundo Freire (1982) ele defende ao descrever que o coordenador pedagógico é, primeiramente, um educador e como tal deve estar atento ao caráter pedagógico das relações de aprendizagem no interior da escola. Ele leva os professores a ressignificarem suas práticas, resgatando a autonomia docente sem, se desconsiderar a importância do trabalho coletivo. Dessa forma, agindo como um parceiro do professor o coordenador vai transformando a prática pedagógica. Segundo Vasconcellos (2006) essa práxis é composta das dimensões: reflexiva ao auxiliar na compreensão dos processos de aprendizagem; organizativa ao articular o trabalho dos diversos atores escolares; conectiva por possibilitar interrelação entre os professores, gestores, funcionários, pais e alunos; interventiva quando modifica algumas práticas arraigadas que não traduzem mais o ideal de escola e por fim, avaliativa, ao estabelecer a necessidade de repensar o processo educativo em busca de melhorias. Segundo Libaneo (2004), o coordenador pedagógico é aquele que responde pela viabilização, integração e articulação do trabalho pedagógico, estando diretamente relacionado com os professores, alunos e pais. Junto ao corpo docente o coordenador tem como principal atribuição a assistência didática pedagógica, refletindo sobre as práticas de ensino, auxiliando e construindo novas situações de aprendizagem, capazes de auxiliar os alunos ao longo da sua formação. Práticas de ensino, auxiliando e construindo novas situações de aprendizagem, capazes de auxiliar os alunos ao longo da sua formação. Junto aos pais, o coordenador elabora e executa programas e atividades de integração e estreitamento de relações. Esta parceria pode ocorrer tanto de maneira informal acompanhamento do desempenho escolar dos filhos, quanto mais formal, pela participação nos conselhos. A escola deve aprender a partilhar sua responsabilidade com os pais, por isso é de suma importância a presença dos pais em todas as instancias de decisão das escolas. Além dessas atividades, o coordenador pedagógico propõe estudos, discussões e revisão do Projeto Político Pedagógico da unidade escolar, estimula a interrelação entre projetos didáticos e assegura a unidade da ação pedagógica, acompanha o processo avaliativo escolar e institucional e cuida dos aspectos organizacionais do ensino: coordenação de reuniões pedagógicas; elaboração do horário escolar; organização das turmas; distribuição de professores; organização e conservação de material e equipamentos didáticos; planejamento e coordenação do Conselho de Classe. Também é assegurado no âmbito da coordenação pedagógica a articulação entre gestão e organização da escola, mediante o exercício de gestão democrática (participativa, descentralizadora e autônoma). Segundo Orsolon (2003) algumas atitudes do coordenador são capazes de desencadear mudanças no cotidiano da escola: promover um trabalho de coordenação em conexão com a gestão escolar, discutindo que a integração é o caminho para a mudança, por isso o planejamento do trabalho pedagógico deve acontecer de forma participativa e democrática; realizar o trabalho pedagógico de forma coletiva, defendendo que a mudança só acontece se todos se unirem em torno de um objetivo único; mediar a competência docente, considerando os diferentes saberes, experiências, interesses e o modo de trabalhar dos professores, criando condições para intervenção e auxílio; desvelar a sincronicidade do professor e torná-lo reflexivo, criando condições que levem o professor a analisar criticamente os componentes políticos, interrelacionais, sociais, culturais e técnicos de sua atuação; investir na formação continuada do professor, de forma reflexiva, problematizadora e investigativa, transformando-a sob a direção do Projeto Político Pedagógico da escola; incentivar práticas curriculares inovadoras, propondo aos professores a descoberta de novas práticas, que acompanham o processo de construção e vivência do ato de ensinar e aprender; estabelecer parceria com o aluno, incluindo-o no processo de discussão e planejamento do trabalho pedagógico.Criando oportunidades/espaços para que os estudantes participem com opiniões, sugestões e avaliações do processo educativo; criar oportunidades para o professor compartilhar suas experiências, ao incentivar que o professor se posicione de forma integral e aprendiz em relação a dinâmica da escola; procurar atender às necessidades e desejos de todos que compõem a escola, o coordenador precisa estar sintonizado com os contextos social, cultural e educacional da escola, captando as necessidades e anseios da comunidade escolar; estabelecer parcerias, possibilitando a tomada de decisões, o comprometimento de todos nos rumos de transformação do contexto educacional ; propiciar situações desafiadoras, novas propostas de trabalho ou as ações que provoquem a reflexão e o interesse pela mudança. As ações acima encontram-se relacionadas e entrelaçadas ao apresentarem elementos comuns: o trabalho coletivo, a formação continuada do docente e a criação de um ambiente participativo e democrático. Tais elementos são construtivos do trabalho da coordenação pedagógica e devem, por sua vez, estar contemplado no Projeto Político Pedagógico e nas demais instâncias colegiadas da escola.

Cabe o coordenador planejar, coordenar, gerir, acompanhar, intervir e avaliar todas as atividades pedagógicas e curriculares da escola. Ele é agente responsável pelo direcionamento de suas ações para a transformação da pratica pedagógica, isto é, precisa estar consciente da importância do trabalho coletivo, mediante a articulação dos diversos atores escolares. Essa é uma forma de garantir aos professores, gestores, pais, funcionários e alunos a participação e o envolvimento nos novos rumos da escola. Cabe a eles, também, estimular e criar situações para que se realizem debates amplos e definições sobre a estrutura da escola, seu funcionamento e suas relações com a sociedade. Segundo Orsolon (2003) destaca que as mudanças, provocadas pelos coordenadores devem ser importantes para toda a comunidade escolar, de maneira que as concordâncias e discordâncias, as resistências e as inovações propostas se constituam num efetivo exercício de democracia que possam transformar a escola. Portanto, a ação do coordenador será a de um agente transformador na medida em que transformar a si mesmo e, por conseqüência, à realidade de maneira dinâmica, crítica e simultânea produzindo assim a compreensão do fenômeno educativo.

1. A SUPERVISÃO EDUCACIONAL EM PERSPECTIVA HISTÓRICA E POLÍTICA

A supervisão educacional foi oficializada com a LDB de 71, mas a idéia de supervisão existe desde a época dos Jesuítas intricada nas funções de prefeito de estudos e de inspetor. Contemporaneamente, a supervisão tem caráter político e transformador.

1.1- Panorama histórico

Os Jesuítas foram os primeiros educadores. A educação não era considerada um valor social importante para uma sociedade agrário-exportadora dependente, na verdade era uma arma de controle social. A tarefa educacional baseava-se na catequese e na instrução para os indígenas, entretanto a educação dispensada aos filhos da elite colonial mostrava-se diferenciada. Em sua sociedade desigual a educação é elitista. Em 1549, organizam-se as atividades educativas no Brasil. No Plano de Ensino aviado por Manuel da Nóbrega a idéia de Supervisão não se manifesta apesar da função supervisora estar presente. O Plano de instrução estava fundamentado na Ratio Studiorum, cujo "ideal era a formação do homem universal, humanista e cristão. A educação se preocupava com o ensino humanista de cultura geral, enciclopédico e alheio á realidade da vida de colônia" (VEIGA, 2004). Formas dogmáticas de pensamento contra o pensamento crítico maculavam a ação pedagógica dos Jesuítas que privilegiava a memorização e o raciocínio. Assim, tornava-se impossível um a prática pedagógica que buscasse uma perspectiva transformadora na educação. Explicita-se na Ratio Studiorum a idéia de supervisão educacional na figura do Prefeito de Estudos. Com a expulsão dos Jesuítas e as Reformas Pombalinas o sistema de ensino foi extinto e junto com ele o cargo de Prefeito de Estudos. Então, em relação aos aspectos educacionais houve um retrocesso, pois alguns professores leigos começaram a ser admitidos para as aulas régias introduzidas pelas reformas de Pombal. A idéia de supervisão continuava presente, agora, englobada nos aspectos político-administrativos (inspeção e direção) da figura do Diretor geral; e também nos aspectos de direção, fiscalização, coordenação e orientação do ensino, na figura dos Diretores dos Estudos. Com a Independência do Brasil é formulada a primeira Lei para a instrução pública (15 de Outubro de 1827) que instituiu as Escolas de Primeiras Letras baseadas no "Ensino Mútuo", método que concentra no professor as funções de docência e supervisão, ou seja, instruir os monitores e supervisionar as atividades de ensino e aprendizagem dos alunos. O regulamento educacional do Período Imperial estabelecia que a função supervisora devesse ser exercida por agentes específicos para uma supervisão permanente; essa missão foi atribuída ao Inspetor Geral que supervisionava todas as escolas, colégios, casas de educação, etc., públicos e privados. O Inspetor Geral ainda presidia exames dos professores e lhes conferia o diploma, autorizava abertura de escolas privadas e revisava livros. O inspetor deveria ser um elemento de prestigio pessoal e conhecimento com pessoas importantes e com autoridades constituídas. Suas atribuições incluíam fiscalizar e padronizar as rotinas escolares ás normas oficiais emanadas das autoridades centrais, por essa razão exercia essas funções como "autoridade do sistema", através de visitas corretivas e de registros permanentes para confecção de relatórios a serem encaminhados aos órgãos centrais. Com o objetivo de fiscalizar o grau maior ou menor de desvio da ação pedagógica em relação aos padrões estabelecidos pela Lei. Com a discussão sobre a organização de um sistema nacional de educação, "a idéia de supervisão vai ganhando contornos mais nítidos ao mesmo tempo em que as condições objetivas começavam a abrir perspectiva para se conferir a essa idéia o estatuto de verdade prática. Segundo SAVIANI, 2003, pautava-se em dois requisitos: A organização administrativa e pedagógica do sistema e a organização das escolas na forma de grupos escolares. No início do Período Republicano, sob a influência do positivismo a reforma de Benjamim Constant é aprovada, gerando supri missão do ensino religioso nas escolas públicas e o Estado passa a assumir a laicidade. A visão burguesa é disseminada pela escola, visando garantir a consolidação da burguesia industrial como classe dominante. Com a expansão cafeeira o modelo econômico passa de agrário-exportador para o modelo urbano- comercial- exportador. O Período conhecido como a Primeira República é marcado por um processo de descentralização do controle e de maior organização dos serviços, incluindo os educacionais. A função de supervisor era exercida pelo inspetor que deveria ser uma pessoa qualificada, experiente e sensível para com técnicos pedagógicos do processo de ensino-aprendizagem. Dentre suas principais atribuições podemos citar: orientar, controlar, supervisionar, fiscalizar e inspecionar todo processo educacional através de conferências, palestras e visitas, acompanhar o desenvolvimento do currículo nos estabelecimentos, com o objetivo de orientar pedagogicamente os professores mais jovens, buscando eficiência, introduzindo inovações,modernizando os métodos de ensino e promovendo um acompanhamento mais atento do currículo pleno nos estabelecimentos. Surgem, então na década de 20, os profissionais da educação, também conhecidos com "técnicos em escolarização" e concomitantemente é criada a Associação Brasileira de Educação por iniciativa de Heitor Lira. A ABE foi um elemento propulsor e estimulante aos "técnicos em educação".A reforma João Luís Alves em 1924 criou o Departamento Nacional de Ensino e o Conselho Nacional de Ensino separando, assim, a parte administrativa da parte técnica que antes estavam unidas num mesmo órgão o Conselho Superior de Ensino. Esse foi um passo importante para a criação do Ministério da Educação e Saúde Pública e essa separação propiciou o surgimento da figura do supervisor distinta da figura do diretor e inspetor. A partir daí, ele é responsável pela parte técnica enquanto o diretor é responsável pela parte administrativa. Na década de 30, a sociedade brasileira sofre profundas transformações sociais, econômicas e políticas que refletem no modelo educacional. A crise de 1929 desencadeia a decadência do café e a Revolução de 30. Vargas empossado constitui o Ministério da Educação e Saúde Pública. Por influência do Liberalismo é lançado o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, preconizando a reconstrução social da escola na sociedade urbana industrial. Nesse contexto de mudança, a educação passa a ter um caráter mais técnico e a valorizar os meios de organização dos serviços educacionais, com o objetivo de racionalizar o trabalho educativo dando relevância aos técnicos, entre estes o supervisor. O surgimento do cargo de supervisor educacional está relacionado com as vinculações do Brasil com os Estados Unidos. O novo modelo econômico baseado no desenvolvimentismo e na injeção do capital estrangeiro no país trouxe consigo não só os padrões econômicos americanos, mas também o modelo educacional americano, onde o supervisor tinha lugar de destaque dentro da escola. Com a instalação da Ditadura Militar em 1964, a educação passa a ser oferecida nos moldes da Pedagogia Tecnicista, há um descaminho. O autoritarismo e a repressão são os alicerces dessa pedagogia, o trabalho é fragmentado e mecanicista, da mesma forma que numa fábrica, busca-se a burocratização, a eficácia e resultados imediatos. O governo aprovou as Reformas de 1° e 2° graus e Universitária, sendo que esta reformulou o Curso de Pedagogia que ganhou novas habilitações: administração, inspeção, supervisão e orientação, com isso a função de supervisor educacional é profissionalizada. O supervisor educacional é um especialista em educação, exercia sua função como controlador do processo de produção assumindo características de coordenação e direção do trabalho, ou seja, atuando como elemento mediador (como uma função técnica que está a "serviço de"). Exercia essa função através de treinamento de professores para discutir e difundir os fundamentos de organização dos processos de trabalho e do controle sobre ele buscando a aplicação do conceito de racionalidade á administração e do processo com o objetivo de aumentar a produtividade da mão-de-obra e a melhoria de seu desempenho. A função do Supervisor Educacional reflete o contexto histórico do período marcado pelo desenvolvimento nacional e de estabilidade política, altamente mecanicista, utilitário, burocrático e pragmático. Na década de 80, a crise socioeconômica e a Nova República dão início á uma nova fase. A luta operária ganha força e os professores lutam pela reconquista do direito de participar da definição da política educacional e da luta pela recuperação da escola pública. A I conferência Brasileira de Educação constitui um espaço para discussão e disseminação da concepção crítica da educação e a Pedagogia Crítica ganham espaço no cenário educacional. O fazer pedagógico não está centrado no professor ou no aluno, mas na questão central da formação do homem; está voltada para o ser humano e sua realização na sociedade e comprometida com os interesses dos menos favorecidos economicamente. A realidade é múltipla e diversa e a educação deve atendê-la. O mundo contemporâneo é marcado pela hegemonia do neoliberalismo, acentuando-se e ampliando-se as formas de exclusão social e cultural. A globalização reflete no âmbito educacional no que se refere à organização do trabalho pedagógico, delegando uma série de atribuições ás escolas, aos professores e alunos.O papel da supervisão está enfocado para a formação do tecnólogo do ensino e no favorecimento e aprofundamento da perspectiva crítica, voltada para a formação do supervisor como agente social

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