Lidiane de S. Assante
Velma Lobato Belém
Jordancyra Carvalho de Souza


RESUMO

Ao falarmos em orientador educacional entendemos como princípios e processos da organização escolar. Mas, hoje, orientação educacional vai além deste princípio, pois seu papel é de um agente integrador e articulador das ações encaminhadas com vistas a uma orientação democrática em que todos fazem parte do processo de mudanças organizacionais e pedagógicas de uma escola. Por acreditar que o orientador educacional é aquele que busca desenvolver, promover e facilitar as relações de cooperação entre a instituição, a família e a comunidade, cuja profissão é cheia de desafios, é que buscamos este tema para ser desenvolvido nesta presente pesquisa. O objeto de estudo é discutir a importância do orientador educacional e a disciplina na escola como fator cooperador a formação do cidadão.

Palavras - chave: Orientação educacional. Disciplina Escolar. Formação do Cidadão .



INTRODUÇÃO


A Orientação Educacional percorreu um longo caminho junto com a Educação, suas funções, ações e objetivos acompanharam os modelos de Educação e de educando de cada época.
Atualmente percebe-se que o modelo de Educação é um modelo inovador, em que as escolas buscam a formação de um aluno cidadão crítico, pensante capaz de participar ativamente dentro da sociedade.
Segundo GRINSPUN (2001, p.13), A orientação, hoje está mobilizada com outros fatores que não apenas é unicamente cuidar e ajudar os "alunos com problemas". Há, portanto necessidade de nos inserirmos em uma nova abordagem de Orientação voltada para a construção de um cidadão que esteja mais comprometido com seu tempo e sua gente.
Para promover essa formação, as escolas buscam um ensino-aprendizagem que atenda essas necessidades. Sabe-se que o aprendizado é o meio mais eficaz para o desenvolvimento do ser humano, para tanto deve ser adequadamente organizado e é o professor quem passa a ser a pessoa guia que dirige e promove o conhecimento para os educados.
É nesse momento que entra o papel do Orientador Educacional que a partir do conhecimento da realidade escolar, do aluno e sua realidade, busca atender professores e alunos para um melhor desenvolvimento nesse processo de ensino-aprendizagem.
Hoje, percebe-se que se amplia o pensamento sobre o educando, pois nossa sociedade vem evoluindo e em conseqüência exige um cidadão capaz de estar preparado para todas essas mudanças. E sabendo que a escola de Ensino Regular busca alcançar a plena formação do educando, preparando para o trabalho e cidadania, procura-se identificar o papel do Orientador Educacional e sua contribuição para essa formação.

Orientador Educacional

Ao falar do orientador educacional (O.E.), entendemos como um processo dinâmico, contínuo e sistemático, estando integrada em todo o currículo escolar sempre encarando o aluno como um ser global que deve desenvolver-se harmoniosa e equilibradamente em todos os aspectos: intelectual, físico, social, moral, estético, político, educacional e vocacional. Esta profissão está integrada a orientação pedagógica e docente, na qual busca um processo cooperativo que movimente a escola, a família e a criança para a investigação coletiva da realidade na qual todos estão inseridos.
A O.E. atua no educando, através de técnicas adequadas às diferentes faixas etárias ,com a finalidade de orientá-lo na sua formação integral, levando-o ao conhecimento de si mesmo, de suas capacidades e dificuldades oferecendo-lhe elementos para um ajustamento harmonioso ao meio escolar e social em que vive.
Segundo MAIA (1995, p.11) diz que "o O.E. se justifica como o necessário auxílio para os alunos[...]" , em que pudesse ajudá-los a "[...] optar adequadamente por curso e/ou orientações."
Mas hoje, para melhorar esse pensamento GRINSPUN (2001, p. 29) menciona que "o papel do Orientador Educacional na dimensão contextualizada diz respeito, basicamente, ao estudo da realidade do aluno, trazendo-a para dentro da escola, no sentido da melhor promoção do seu desenvolvimento".
Dessa forma, a visão que se tem do Orientador Educacional é muito mais ampla, do que nos tempos remotos, em que se pensava apenas em orientar o educando devido aos seus problemas, ou na parte profissional e vocacional.
Agora, os desafios são grandes para este profissional, uma vez que o O.E. vem sendo extinto de sua real função, chegando a ser confundido com a função de coordenador pedagógico e/ou gestor da escola. As DCN em parecer aprovado em 13.12.2005, como são demonstradas no texto de Pascal, reduz quase que a 100% a O.E. à área de serviços e apoio escolar, o que em breve se extinguirá.
Importante ressaltar que o O.E. difere da função de coordenador pedagógico, gestor e professor, seu real papel é de cuidar da formação de seus alunos, para a escola e para a vida. Segundo MAIA (1995, p. 14) robustece que "o papel do O.E, ?profissional da neutralidade?, seria o desvelamento das aptidões que o indivíduo possui naturalmente, independente de sua condição de classe. (MAIA. 1995)
A importância deste profissional em todas as escolas é de suma importância, pois suas principais funções são voltadas a atividades existenciais, terapêuticas e de recuperação. A primeira função deverá atender educandos que precisam e querem orientação pessoal não apenas na vida escolar, mas na vida particular auxiliando em situações problemas, dúvidas, inseguranças e incertezas. A segunda função está voltada aos educandos com dificuldades de estudo ou de comportamento cujos casos precisam de uma assistência mais assídua e especializada. E, a terceira e não mais importante função refere-se aos educandos que apresentam um déficit definido de aprendizagem e que precisa de recuperação. Esta atividade deve ser exercida em parceria com a Supervisão Escolar. A recuperação não tem somente o objetivo de levar o educando a alcançar certas notas, mas pesquisar junto aos educandos as causas que os levaram a este estado de desinteresse, desorganização, conflito, desajuste e mau funcionamento na escola dentre outros.
Daí a importância deste Orientador Educacional na vida da escola, estamos vivendo hoje, a fase crítica, em que se vê o aluno como uma toda sua realidade, seu momento. A Orientação está sempre do lado do aluno, ajudando-o a compreender que naquele momento assinalado ele está vivendo a sua própria vida.

A prática da disciplina reflexiva dentro da escola


Atualmente nossa cultura social está imersa numa multiplicidade de fatos que elevam o índice de alunos a uma conduta indisciplinar nas escolas, prejudicando posteriormente a sociedade como um todo. No século passado afazeres cotidianos, que pareciam simples, para a contemporaneidade se tornaram complexos, pois são difíceis de realizarem, tais como: estabelecer horários para as refeições das crianças; o momento certo para dormir e levantar; limitar os canais e os programas de televisão para os educandos assistirem; planejar atividades recreativas para as crianças, ou seja, limitar com quais objetos e em que espaços devem brincar; regular os horários das brincadeiras. Estas despercebidas regras nos fazem seres humanos modernos, acompanhados com os novos hábitos sociais, a era da tecnologia, onde tudo deve ser feito de forma rápida e prática
De acordo com AQUINO (p.97, 1996):


[...] Podemos inferir, portanto, que o problema da (in) disciplina não deve ser encarado como alheio à família nem tão pouco à escola, já que, na nossa sociedade, elas são as principais agencias educativas. Por esta razão, [...] A família, entendida como primeiro contexto de socialização, exerce, indubitavelmente, grande influencia sobre a criança e ao adolescente.



Diante disso cabe aos coordenadores pedagógicos e a toda equipe técnica da educação e aqueles que simpatizam desta linha de pensamento democrático - organizacional, refletimos sobre essa questão no que tange a disciplina escolar. Vejamos o seu significado, segundo o dicionário Aurélio: "Disciplina é regime de ordem imposta ou consentida; ordem que convém ao bom funcionamento de uma organização". (p.239, 2000). Partindo dessa conceituação, é notório que as escolas do Brasil necessitam adotar a disciplina ou um conjunto de regras pré- estabelecidas nas realizações das atividades cotidianas dentro das instituições pedagógicas. Assim, entendemos que o processo ensino aprendizagem ocorrerá com um maior rendimento no comportamento dos educandos e no desenvolvimento intelectual dos mesmos. É interessante discorrer sobre os postulados de Vygostky na interpretação de AQUINO (p.99, 1996)


Por um lado nos leva a reconhecer que a escola não pode se eximir de sua tarefa educativa no que se refere à disciplina. Se uma das metas da escola é que os alunos aprendam as posturas consideradas corretas na nossa cultura (como por exemplo, apresentar atitudes de solidariedade, cooperação e respeito aos seus colegas e professores), a prática escolar cotidiana deve dar condições para que as crianças não somente conheçam as expectativas, mas também construam e interiorizem estes valores, e, principalmente, desenvolvam mecanismos de controle reguladores de sua conduta (ações voluntariamente controladas na linguagem de Vygostky).



Conforme as contribuições de Vygostky para uma análise da questão disciplina é importante para o orientador pedagógico trazer para um trabalho em conjunto com os docentes e os dissidentes um projeto voltado as questões valorativas do próprio ser aluno e do ser humano em geral. Este orientador deve-se estar numa contínua busca as redes culturais afetivas e sociais que circulam a escola na qual ele esta inserido. Isto é o orientador pedagógico tende-se a uma mobilização emancipadora, que visa à construção e reconstrução de ações que promovam as regras disciplinares, observamos o que diz PASCOAL, org.(p.66, 2008)

Hoje, alem de conhecer o contexto sócio econômico e cultural da comunidade, bem como a realidade social mais ampla, o orientador educacional pode ser um profissional da educação encarregado de desvelar as forças e contradições presentes no cotidiano escolar e que podem interferir na aprendizagem.


O desempenho das rotinas do profissional orientador está sem dúvida comprometida com as múltiplas facetadas do meio moderno, o qual dependerá de uma inovação dentro do processo de aprendizagem, produzindo a eficácia na disciplina escolar. Destacando que se colocarmos a disciplina dentro da sala de aula e em todo espaço pedagógico, de forma consentida e discutida entre os alunos e a coordenação, obteremos um novo fazer pedagógico prazeroso nas nossas escolas. A intencionalidade desse artigo compreende-se dentro de umas regras inovadoras cuja tarefa é redimensionar os conteúdos, os horários de entrada e saída da escola, as idas ao banheiro, as recreações no pátio, as práticas esportivas e toda uma conjuntura de atividades concedidas no espaço escolar, articulando-as ao jogo do processo ensino aprendizagem embutido na disciplina. Portanto, idealiza-se um procedimento potencializador para uma almejada cidadania. Nesse sentido, mostra-se o ponto de vista de BALESTRO, "A prática dos orientadores deve estar vinculada às questões pedagógicas e ao compromisso ético de contribuir na construção de uma escola democrática, reflexiva e cidadã" (p.21, 2005)
Nossos discentes não precisam necessariamente ver a escola como um local deliberativo e nem tão pouco rigoroso e extremista, embora esteja acontecendo circunstâncias que indicam essas situações. As notícias dos jornais, dos rádios, citam abundantemente casos de agressões físicas dolosas, ao ponto de chegar a homicídio ente alunos versus professores, pais com os alunos. Ou seja, esperamos chegar a esta altura de violência para podermos tomar uma iniciativa de conscientização e de disciplina realista? Nossas escolas estão carentes de humanidade, de respeito, de solidariedade, e de limite. Porém, só podemos considerar a realização factual de uma disciplina, quando esta não é imposta, mas sim negociada e flexibilizada (AQUINO, 1996)
É sabido que a instituição escolar na maioria das vezes é idealizadora do governo vigente, aflorando nos sujeitos sociais a irritabilidade de uma força castradora de direitos, constitucionais, negando-os aos cidadãos, pois, nesse sentido a cidadania ocorre somente se o que se diz ator da sociedade buscar no seu tempo e no seu espaço, dentro das relações de forças antagônicas, a superação emancipadora de estar sendo indivíduo humanizado. Infere-se, dessa forma, a busca de uma disciplina dialética, observe o pensamento de AQUINO (p.78, 1996): "A disciplina imposta, ao desconsiderar, por exemplo, o modo como são partilhado os espaços, o tempo, as relações afetivas entre os alunos, gera uma reação que explode na indisciplina incontrolável ou na violência banal."
Em resumo o papel do orientador educacional não se trata somente de questões burocráticas e meras colaborações norteadoras, contudo transpõe a uma contribuição de uma amplitude política coesa, em harmonia democrática para a construção de uma coletividade mais autônoma e legitima, procedendo em um dado momento histórico do nosso século.


A Formação do Cidadão


A cidadania é um termo associado à vida em sociedade, é uma conexão em que todos devem ter seus direitos e deveres iguais. Ser cidadão é ter e desempenhar essa cidadania, tendo direita a vida, a liberdade, a igualdade, enfim, é ter direitos civis, políticos e sociais dentro de um país.
O cidadão, no passado, estava relacionado a um membro respeitável, com poderes na comunidade, com direito à participação política. Com o passar dos anos, o cidadão passou a compreender todo o membro da comunidade humana, com direitos e deveres pessoais universais.
Segundo DIMENSTEIN (2000, p. 2) "cidadania é a síntese das conquistas dos direitos obtidos pelos homens, orientados por um princípio básico: todos são iguais perante a lei, independente de raça, cor, sexo, religião e nacionalidade".
Portanto, são várias as atitudes que caracterizam a prática da cidadania. Ao analisar o modelo de sociedade em que vivemos, os acontecimentos que estão estancados em todo o país, faz com que todos reflitam, se realmente se vive em cidadania.
A teoria sobre cidadania está bem elaborada, mas na prática o que acontece é o oposto, a desigualdade entre pessoas, a violência constante, a saúde precária oferecida às pessoas, as diferentes classes sociais, o preconceito, a competitividade, o desemprego, a desestrutura da família são algumas das conseqüências do mundo globalizado, que mudam a visão do papel de cidadão.
É justamente nesse momento que a educação, que é um direito de todos, deve proporcionar um ensino que atenda as necessidades do individuo preparado os para encarar esse mundo em constante transformação e que possa viver como cidadão.
Atualmente o que a sociedade exige das escolas é a capacitação e a instrumentalização dos educandos para estarem preparados a um mundo de competições onde os conhecimentos é que predomina.
Ao trabalhar as questões de cidadania dentro das escolas, deve-se partir da visão das dificuldades e barreiras encontradas para o exercício da cidadania. A educação para a cidadania não é e nem pode ser apresentada como uma disciplina, ela surge das disciplinas e ao mesmo tempo está presente nelas e também em todas as atividades desenvolvidas dentro da escola.
Considerações Finais

Há algo de fundamental no trabalho do orientador educacional hoje, além do comprometimento com os problemas de ensino aprendizagem, é preciso lutar para que a escola não perca a dimensão humana. Devemos cada vez criar oportunidades para alunos, pais e professores discutirem questões presentes no dia-a-dia, com isso conseguiremos soluções sobre as conseqüências que os façam caminharem nessa ou naquela direção. E segundo FREIRE (1996), "o orientador pode e deve criar oportunidade de debates e troca de experiências na escola". Com esta atitude a educação produzirá homens críticos e conscientes das suas possibilidades e limites dentro da sociedade.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AQUINO, Gropa, Julho.(org). Indisciplina na escola: alternativos teóricos e práticas. São Paulo, Summus, 1996.

BALESTRO,M. A trajetória e a prática da orientação educacional. Revista Prospectiva n.28, 2004/2005.

DIMENSTEIN, Gilberto. Aprendiz do futuro: cidadania hoje a amanhã. 9. ed. São Paulo: Ática, 2000.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia - saberes necessários à prática Educativa. Paz e Terra, São Paulo: 1996.

GRINSPUN, Mírian Paura Sabrosa Zippin. A prática dos orientadores educacionais. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

MAIA, Eny Maria; GARCIA, Regina Leite. Uma Orientação nova para um nova escola. Loyola, São Paulo:1995.

PASQUAL, Miriam; HONORATO Eliane Costa e ALBUQUERQUE, Fabiana Aparecida. O Orientador educacional no Brasil. Educ.rev. [online]. 2008,, n.47,PP. 101-120.ISSN 0102-4698.
SÍTIOS CONSULTADOS

ESSER, Regiane Cominetti. Gestão escolar com ênfase na direção, coordenação e supervisão escolar. Disponível em: http://www.ajes.edu.br/arquivos/20090211104553.pdf. Acesso em 26/12/2010.