UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ

CENTRO DE LETRAS E ARTES

CURSO DE LETRAS

O ENSINO DE LITERATURA NO ENSINO MÉDIO

Todo processo pelo qual o aluno percorre durante sua vida estudantil certamente, dispõe de sua importância. Desde a fase em que ele é alfabetizado, em que vai passar a ver o mundo de forma diferente através da leitura, até a última etapa denominada Ensino Médio. E é nesta etapa que nos deteremos considerando a sua contribuição à formação discente. Formar o aluno para que este consiga ingressar carreira no Ensino Superior, bem como atuar no mercado de trabalho, mediante sua formação básica.

Neste ultimo caso, conceberemos o Ensino Médio concebido como um ensino profissionalizante, e, portanto comprometido por uma prática de caracteres tecnicistas que preocupava- se, primordialmente, em preparar o jovem para desempenhar uma função dentro de alguma empresa. Isto é, tinha por finalidade preparar para o mercado de trabalho.

No entanto, os PCN+ (2002, p. 08) nos advertem que o ensino médio atualmente confere uma concepção diferente:

O novo ensino médio, nos termos da Lei, de sua regulamentação e encaminhamento, deixa portanto de ser apenas preparatório para o ensino superior ou estritamente profissionalizante, para assumir a responsabilidade de completar a educação básica. Em qualquer de suas modalidades, isso significa preparar para a vida, qualificar para a cidadania e capacitar para o aprendizado permanente, seja no eventual prosseguimento dos estudos, seja no mundo do trabalho.

Mediante o exposto, podemos avaliar que a nova proposta para o Ensino Médio requer uma integração das disciplinas, visto que informações superficiais e isoladas que o sujeito recebe na fragmentação das áreas de conhecimento se dissipam com o passar do tempo. Verificamos que a preocupação agora é formar o cidadão. O aluno constitui um perfil crítico, capaz de argumentar, opinar, informar, levantar questionamentos enfim, desenvolve habilidades que contribuem para sua vida e, simultaneamente, para a sociedade. A proposta é que o aluno adquira um conhecimento permanente que o estabeleça ativamente dentro dos acontecimentos sociais.

Diante da proposta, observamos que a integração das disciplinas não é a única proposta que os PCN+ desejam alcançar. Junto a isto, o ensino deverá ser contextualizado, e o educador deverá se firmar neste propósito. Os PCN+ (2002, p. 68) orientam:

O conceito implica compreender todo conhecimento como resultado de uma construção coletiva. Na situação escolar, como resultado da interação permanente entre alunos, professores e escola. Em vez de um conjunto de informações pouco significativas e descontextualizadas, o conhecimento é um patrimônio dinâmico, que se renova diante do amadurecimento intelectual do aprendiz, de novos pontos de vista, das descobertas científicas.

O fragmento permite- nos verificar que a reforma incide em alcançar a realidade do aluno e introduzir no contexto social que o aluno vivencia fora dos limites escola, os conhecimentos repassados na escola. Com isso, a aprendizagem torna- se significativa, pois o aluno acaba identificando -se com o que a escola propõe. É pertinente considerarmos que o trabalho isolado com as disciplinas não oferece bons resultados, maior prejuízo se dá quando estas se afastam do objeto principal do processo: o aluno.

A projeção do ensino médio volta– se para a perspectiva de garantir que o aluno desenvolva competências necessárias para torná- lo autônomo diante de qualquer opção que faça. Seja dar continuidade aos estudos ou servir ao mercado profissional. Neste sentido, geram- se inúmeras discussões sobre a necessidade de uma ação articulada das áreas de conhecimento e delas entre si, na intenção de alcançar os objetivos propostos no ensino médio. Os PCN+ (2002, p.12) alerta- nos neste sentido:

Os objetivos da nova educação pretendida são certamente mais amplos do que os do velho projeto pedagógico. Antes se desejava transmitir conhecimentos disciplinares padronizados, na forma de informações e procedimentos estanques; agora se deseja promover competências gerais, que articulem conhecimentos, sejam estes disciplinares ou não. Essas competências dependem da compreensão de processos e do desenvolvimento de linguagens, a cargo das disciplinas que, por sua vez, devem ser tratadas como campos dinâmicos de conhecimento e de interesses, e não como listas

de saberes oficiais.

Evidentemente, mesmo que se reformem os paradigmas que regem a educação, não é possível modificar simultaneamente todo trabalho que se realiza dentro de uma escola. Na verdade, isso exige um processo de reflexão e avaliação.pois a mudança não deverá ser feita de forma aleatória e nem deverá assim ser feita, visto que os prejuízos e vantagens recairão sobre o alunado.

Nos PCN+ (2002,p.85), veremos que:

É inegável que toda proposta de mudanças de que é alvo qualquer sistema passa, ou deveria passar, pela reflexão e eventuais adesão e ação dos profissionais que dele fazem parte. As rupturas efetivas de antigos paradigmas dependem sem dúvida da conscientização e da vontade de mudar dos profissionais envolvidos, sem mencionar uma adequada transposição das idéias propostas no plano teórico para a prática.

Ressaltarmos que esta ação projetada exige de toda a escola um trabalho conjunto, no entanto, sabemos que cabe ao educador a responsabilidade de desenvolver na sua prática esse trabalho. Ou seja, deve haver um compromisso do educador na construção do seu ofício, pois, uma prática docente se edifica na associação do compromisso, da ação e reflexão sobre o que se realiza dentro da sala de aula.

Cabe à escola a orientação, o acompanhamento, o reforço, mas a reflexão e a execução cabem somente ao professor. Esse trabalho se solidifica quando a escola consegue aliar à prática o que rege e informa o Projeto Político Pedagógico que vem nortear o trabalho do educador . Conforme os PCN+ (2002, p. 09), temos o seguinte:

A reflexão sobre o projeto pedagógico permite que cada professor conheça as razões da opção por determinado conjunto de atividades, quais competências se buscam desenvolver com elas e que prioridades norteiam o uso dos recursos materiais e a distribuição da carga horária. Permite, sobretudo, que o professor compreenda o sentido e a relevância de seu trabalho, em sua disciplina, para que as metas formativas gerais definidas para os alunos da escola sejam atingidas. Sem essa reflexão, pode faltar clareza sobre como conduzir o aprendizado de modo a promover, junto ao alunado, as qualificações humanas pretendidas pelo novo ensino médio.

Podemos compreender que o projeto pedagógico orienta não somente o educador, mas toda a escola que deve elaborar no projeto uma proposta de ensino em que a comunidade esteja associada. Torna –se indispensável na prática docente o conhecimento sobre o projeto pedagógico da instituição de ensino. Nele constam informações indispensáveis para a realização de um bom trabalho. É a partir deste documento que o professor conhecerá os objetivos da escola e as necessidades que ela precisa atender na execução de suas atividades.

Como já foi mencionado anteriormente, o contexto social não pode isolar- se nesta diferente concepção de ensino. Desta forma, o projeto pedagógico tende a mapear o trabalho realizado na escola, formando no aluno uma consciência social que se intensificará, quando este servir à sociedade com sua ativa presença como cidadão.

Neste sentido, percebemos que a concepção de que a escola é tão somente para aquisição de conhecimentos está debilitada, a partir do ponto que a preocupação atual, mediante toda mudança social, cultural, tecnológica, volta- se para o ensino como um processo gradativo para desenvolvimento de competências, pois estas, em face de sua abrangência, permitiram ao sujeito a chance para aprender além da escola.

Segundo a LDB (Art. 35) o Ensino Médio é a etapa final da educação básica e tem por finalidade "a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento dos estudos; a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo de ser capaz de se adaptar com flexibilidade as novas condições de ocupação ou posteriores".

Verificamos que a determinação da LDB (9.394/96) fundamenta os PCN, bem como as Orientações aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Constatamos, então, que o ensino médio lança –se como um projeto otimista de contribuir satisfatoriamente, na formação da cidadania da classe discente. O ensino médio não encerra uma fase, mas prepara para uma mais intensa e exigente.

A Língua Portuguesa aplicada como disciplina representa grande importância quanto às demais, visto que, é por ela que o aluno tem acesso a linguagem como instrumento para comunicação. Aliás, um uso a linguagem de forma consciente, de um código que já utiliza oralmente e agora se revela também por meio da escrita . Gostaríamos de discutir então sobre os objetivos deste ensino e a partir das colocações feitas, poderemos contatar sua relação intrínseca com as outras áreas do conhecimento.

Verificamos que a escola participa integralmente da formação do sujeito e contribui para construção de uma consciência cidadã através das atividades que a instituição de ensino proporciona ao aluno através da execução de seu projeto pedagógico.

Nesta perspectiva, salientamos a relevância do ensino a Língua Portuguesa conforme Back (1987, p. 111). Ele diz que:

"como o ensino da língua materna, ela atende a estes objetivos: a formação do individuo (auto –realização) se consegue pelo desenvolvimento das habilidades no uso da língua como instrumento de comunicação (3.3.I), como instrumento de pensamento (3.3.II) e como instrumento de arte (3.3.III) ; a formação do profissional, pelos mesmos instrumentos; a formação do cidadão do individuo, do profissional e do cidadão constitui a formação integral do homem" .

Assim, podemos dizer que o ensino da Língua Portuguesa, dispõe da vantagem de interagir com outras áreas do conhecimento, o que torna mais expressivo a necessidade da realização de um trabalho eficaz quanto a sua transmissão. Enfatizamos também o papel da língua materna como instrumento para a formação do individuo, instrumento de pensamento e arte. Destacamos então, que a compreensão da língua portuguesa contribui para a formação pessoal, profissional e social do homem.

Mencionamos, então, dentro do ensino da língua portuguesa o enfoque dado ao ensino de literatura, que indubitavelmente merece uma abordagem particular para que seja realçada sua importância para o homem em todas as fases de sua vida e formação. Neste sentido, focaremos sobre o objetivo do ensino de literatura na tentativa de visualizar um panorama de abordagens diversificadas sobre a aplicação da literatura como disciplina.

Podemos afirmar que a literatura se encontra bastante próxima das competências argumentativa, reflexiva, interpretativa, dentre outras que os alunos podem desenvolver. No entanto, a literatura não é um mero objeto utilizável para atender deficiências de outras áreas, como da gramática por exemplo. Ela existe em sua essência artística e assim deve ser difundida e ministrada.

. A literatura possui uma linguagem especifica e é preciso considerar que a diversidade do discurso literário é ampla e portanto, a língua é vista de forma bem abrangente. O Ensino literatura dá esta contribuição extra ao trabalho docente e à formação discente. Além do prazer, através da peculiaridade do texto literário, é possível uma apreciação da língua materna em ampla performance.

Poderemos constatar estas colocações na fala de Osakab (2004, apud PCN, 2000, p. 50), quando coloca que:

E nisso reside sua função maior no quadro do ensino médio: pensada ( a literatura) dessa forma, ela pode ser um grande agenciador do amadurecimento sensível do aluno, proporcionando um convívio co um domínio cuja principal característica é o exercício da liberdade. Daí, favorecer- lhe o desenvolvimento de um comportamento mais preconceituoso diante do mundo.

Percebemos através do fragmento, que a literatura atende a expectativa do Ensino Médio de formar o aluno com um perfil critico , que domine competências devidas para saber administrar situações diversas, seja em sua atuação profissional, cidadã , pessoal. Observamos, também , sua contribuição quanto ao uso da língua materna a qual passa a ser difundida com a beleza da linguagem literária.

Desta forma, consideramos que a literatura atua como um utensílio de utilidades múltiplas para a formação do sujeito que através do contato com o texto literário surpreende-se na identificação de seu reflexo, de seu mundo. Às vezes, uma imitação promíscua, outras uma ilustração quase idêntica do que ele é ou pensa. Neste processo de identificação, a leitura flui e conseqüentemente o prazer estético se manifesta pelo elo criado entre o texto e o leitor. Assim os PCN (2000, p. 52) a literatura "como um meio de educação da sensibilidade; como meio de atingir um conhecimento tão importante quanto o cientifico" , pois pela literatura o aluno em pleno exercício de liberdade trabalha sua criatividade, seu cognitivo, a percepção dentre outros aspectos ligados ao seu crescimento pessoal.

Segundo as Orientações Curriculares Nacionais durante Ensino Médio, segundo as orientações os PCN, deve se trabalhar na intenção de construir o letramento literário. A leitura será bem mais prazerosa se for feita sem pressão e exigências , mas por uma ação espontânea do sujeito. Vale ressaltar que esta espontaneidade surge de um trabalho realizado dentro da sala de aula. Como contribuição para este estudo, citamos Soares (2004. Orientações Curriculares, 2000,p. 55) que vem nos esclarecer que "o letramento literário é a condição de que não apenas saber ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a escrita."

Consideramos então, que o aluno por meio da experiência estética, recebe uma contribuição satisfatória para sua experiência social, pois a leitura é uma forma autônoma de aquisição de conhecimento. De acordo com as Orientações Curriculares Nacionais para o ensino médio (2000, p. 68) que "nossa fruição de uma obra de arte é sempre única e não se repete. Seremos outros e num outro momento, com certeza nossa leitura também será diferente: tudo flui."

Vale salientar, então, que a literatura ou a grandeza do texto literário acompanha o desenvolvimento do sujeito em seu processo de crescimento. O texto permanece, mas o leitor ao lê- lo novamente terá uma concepção diferente, porque suas experiências foram muitas durante um dado intervalo. Sua inferência será assim, mas profunda.

Assim como para ser educador não existe método ideal, para ensinar literatura de que não existem técnicas que podem ser classificadas como perfeitas. No entanto, algumas reflexões sobre o que ensinar e como ensinar determinados conteúdos, contribuem bastante para o processo de ensino- aprendizagem, pois requerem uma postura diferente diante das metodologias a serem utilizadas.

Tratando- se do ensino de literatura, é perceptível dentro das discussões a respeito, que existe uma compreensão da disciplina numa abordagem artística. Desta forma, acrescentamos que embora haja uma necessidade de tratar a literatura em sua dimensão histórica e seu uso como objeto para ministrar outras disciplinas, sua difusão não pode limitar- se a estas abordagens. Como nos salienta Werneck (1999. P) "é hora de mudar os paradigmas" e para isto a literatura não deverá ser apenas via para outras áreas, mas via pra ela mesma na compreensão de sua natureza.

Martins (2006, p. 98) oferece algumas sugestões metodológicas que poderemos verificar adiante que são bem pertinentes, como "reavaliar os enfoques que orientam o trabalho com a literatura em sala de aula (estruturalismo, formalismo, biografismo e outros)". A mesma autora (2006, p. 98) acrescenta que é preciso:

Diversificar o trabalho com textos do ponto de vista didático- pedagógico. Incentivar formas de o aluno apresentar a sua leitura, tais como: dramatizações, júri simulado, produção de murais, recontar a partir de outras linguagens (desenho, pintura, revista em quadrinhos etc.).

Verificamos que nesta postura existe uma preocupação na produção do aluno e que o texto literário acaba sendo usado como utensílio para que os alunos testem ou aprimorem suas habilidades quanto à produção textual, elaboração de argumentos, organização de suas idéias, ressaltando também o ato da leitura que passa a ser vinculado à vida do aluno.Podemos constatar que todas estas atividades sugeridas envolvem o sujeito ao texto de forma que ele passa a ser co- autor na produção das idéias do autor. Ressaltamos, também as formas como os alunos podem apresentar sua leitura. O desenho, a pintura e a revista em quadrinhos não exigem que o aluno produza extensos trabalhos de produção escrita , mas que exerça principalmente sua criatividade.

Como sugestão metodológica Martins (2006, p. 99) contribui ainda para esta discussão afirmando sobre a importância de "desenvolver análises comparativas entre textos produzidos por autores diversos em contextos distintos. Incentivar a leitura intertextual da obra literária, enfatizando os diversos níveis de intertextualidade [...]". Assim, o educador incentiva o aluno a recriar o texto literário segundo sua leitura. A autora ressalta também a importância do educador considerar as escolhas pessoais do aluno. Desta forma o texto literário deixa ser aprendido como uma atividade obrigatória e passa a ser escolha do aluno devido uma identificação deste com o texto. A partir desta interação podemos considerar que o educador possibilita o encontro, o resultado a própria literatura se encarrega mediante suas funções e natureza .

Grijó (2008, P. 98) apresenta como proposta o trabalho com adaptações e a respeito menciona que:

A pretensão da adaptação é possibilitar a leitura de uma obra por um publico que não se constitui como o previsto pelo autor do texto original, seja por questões relacionadas ao tempo e aos espaços culturais, seja por questões ligadas à linguagem, enfim, por questões que se referem ao parâmetro discursivo dos leitores.

Deduzimos pela colocação da autora que sua proposta não é substituir o texto original por adaptações, mas criar uma via para que o aluno, desprovido das condições necessárias para realizar a leitura de uma determinada obra, como de uma obra cânone, possa ter um contato inicial com o texto. A adaptação não existe para facilitar a vida do educando , abrindo margem a sua comodidade, mas lhe permitir uma prática leitora com uma linguagem mais acessível.

Michelleti (2001, p. 66), tratando da importância do trabalho da narrativa em sala de aula, salienta que "ao se iniciar um enfoque sobre um determinado texto só há duas maneiras : fazendo-se uma analise externa e uma analise interna". A mesma autora coloca que na análise externa, é fixado sobre as condições de produção do texto, e neste sentido, esta análise se desvia do foco literário, privilegiando fatores sociais, psicológicos, dentre outros.

Na análise interna o texto é compreendido por sua estrutura, pela intenção de sua construção. Neste momento, o tecido literário é analisado e, portanto , o aluno irá ter contato com a especificidade lingüística do texto literário. Trabalha- se nesta abordagem , os gêneros literários, a intenção do texto, os elementos da narrativa utilizados intencionalmente para a construção do tecido literário. Como opção, a autora mencionada anteriormente, indica o conto como texto viável para ser trabalhado em sala de aula. Sua opção está ligada as características deste subgênero da literatura que se destaca por sua brevidade, poucos personagens, ação resumida, o tempo, bem como outros elementos da narrativa que se apresentam compactos.

Segundo Michelleti (2001, p. 68)

O conto se constitui de uma narrativa de pequena extensão. Tradicionalmente, no conto, tudo é concentrado, há uma ênfase no essencial. Existe uma cédula dramática, que contém um só conflito, uma só ação.Todos os ingredientes convergem para o mesmo ponto. A unidade de ação condiciona as demais características relacionadas às noções de espaço e tempo.O espaço geográfico, por onde circulam as personagens,também poucas, é muito restrito.

Michelleti , apresenta a proposta de trabalhar o diálogo entre textos e, neste sentido, apreender as informações dos alunos quanto aos aspectos que se destacam dentro do texto. Estes aspectos, podem está vinculado, a algum mistério, fato engraçado, intrigante, que o texto apresenta de forma enigmática ou metaforizada e portanto o leitor deverá apropriar-se do texto mais de uma vez para fazer inferências coerentes.

As Orientações Curriculares Nacionais (2000, p. 70) apresentam que :

A condição do leitor direciona, em larga medida, no ensino de Literatura, o papel dos mediadores para funcionamento de estratégias de apoio à leitura da Literatura, uma vez que o professor opera escolhas de narrativas, poesias, textos, para o teatro, entre outros de diferentes linguagens que dialogam com o texto literário.

A partir do exposto verificamos que é responsabilidade do educador dinamizar suas estratégias para apresentar ao aluno o texto literário, bem como propor - lhe uma prática leitora. Como expomos a principio, não existem fórmulas prontas, mas é possível criar estratégias para o ensino de literatura.

A avaliação é uma prática escolar que deve ser aplicada coerentemente, visando obter do aluno as informações adquiridas durante todo o processo de ensino. Torna –se pertinente uma prática dinâmica, na qual as modalidades, os suportes e os próprios interlocutores se alternem. Temos que a avaliação dá- se positivamente quando percebemos a construção do conhecimento do sujeito. Embora exista a exigência por parte da instituição escolar em apresentar periodicamente uma nota, ressaltamos que o sujeito não deve ser avaliado em um único momento, através de um único instrumento, pois o conhecimento se dá de forma gradativa.

Segundo os PCN+ (2002, p. 84) o desenvolvimento das competências interativa, gramatical e textual deve ser considerado no processo avaliativo. Destacamos, adiante, os seguintes formatos:

[...] aferição das habilidades dos alunos de produzir um texto oral, em apresentação individual ou em grupo, de acordo com um gênero pré-estabelecido e com o nível de formalidade exigido para a situação enunciativa; observação das habilidades de leitura dos alunos, que podem ser medidas tanto por suas intervenções orais na discussão de uma obra literária ou de uma matéria jornalística quanto por seu desempenho escrito quando produzem uma resenha ou um texto crítico.

O destaque nas habilidades mencionadas no fragmento faz –se pela intenção de relacionarmos, a partir daqui, os procedimentos avaliativos do ensino de literatura no Ensino Médio. Podemos enfocar que o meio como a literatura mostra -se é o texto e, portanto, cabe –nos analisar que vantagens o educador pode extrair ao executar seu trabalho com o texto como utensílio para desenvolver algumas competências nos dicentes.

Das competências sugeridas enfatizamos que desde a produção do texto oral à do texto escrito devem ser apreendidos como critérios de avaliação. Temos que os PCN+ destacam a principio o aluno em uma situação interativa , em que por meio de uma situação formalizada trabalha- se a adequação seu discurso mediante o contexto, a construção se sua opinião a respeito de um determinado assunto abordado . No entanto, a produção textual é também uma via para que o aluno possa trabalhar sua capacidade argumentativa , bem como praticar a organização de suas idéias, sendo essa organização, consideravelmente, mais exigente do que o texto organizado oralmente.

No entanto, o texto não esgota a compreensão de literatura, é apenas o meio como a literatura se propaga e, portanto, concebendo o texto literário em sua natureza plurissignificativa, é pertinente trabalhar nesta apreensão a capacidade de uma interpretação coerente por parte dos alunos, bem como a competência de aferir segundo uma sugestão, um fato metaforizado ou outro recurso que o texto dispor.

É viável considerar que o educador não irá forçar uma habilidade, a capacidade de aferição dentre outras competências, poderá apenas fazer um julgamento coerente ou uma avaliação realmente eficiente numa análise do desenvolvimento gradativo dessas competências.

Conforme os PCN+ ( 2002, p. 84)

Diferentemente do que ocorre no ensino tradicional, privilegia-se hoje a avaliação do processo de aprendizagem como um todo, durante seu desenvolvimento. Em função disso, ao propor determinada atividade o professor precisa ter muita clareza sobre suas intencionalidades bem como sobre os critérios que utilizará para avaliar seus resultados [...] Na contramão das práticas tradicionais – em que se buscava encontrar os "erros", mais do que os "acertos" dos alunos –, o professor de Língua Portuguesa deve valorizar os ganhos que o estudante obteve ao longo de seu processo de aprendizagem, baseando-se nas matrizes de competências e habilidades, que exigem um outro olhar sobre o ensino.

Tradicionalmente a avaliação dá- se forma quantitativa, em que os conhecimentos do aluno são avaliados pelo que ele consegue produzir no dia da tão temida prova, que na verdade reprova indiretamente a possibilidade do aluno demonstrar sua capacidade cognitiva e suas habilidades, pois a prova tem como finalidade avaliar a produção periódica, vista isolada de qualquer fator, seja ele externo ou processual. Werneck (1999, p. 67) enfatiza que o educador deve permanecer atento aos pontos positivos do aluno e critica que "é incrível que, em nome da boa educação, esses mestres não possam tirar um dia da sua vida de educadores e avaliar os pontos fortes, aquilo de bom que foi escrito pelos alunos". Podemos então inferir que a avaliação deverá ser realizada no propósito de observação do aluno em seu crescimento e não num julgamento que o condena sem possibilitar que o sujeito apresente argumentos passiveis de um novo processo avaliativo.

Referencias :

BACK, Eurico. Fracasso do ensino de português: proposta de solução.Vozes.Petrópolis: 1987

BRASIL, Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica: Brasília, 2000.

BUNZEN, Clécio; MENDONÇA, Márcia (org.) Português no Ensino Médio e a Formação do Professor. São Paulo: Parábola, 2006.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa.J. E. M. M.Editores,ltda. Rio de Janeiro: 1988.

MICHELETTI, Guaraciaba (coord.). Leitura e Construção do real: o lugar da poesia e da ficção.2ed. São Paulo: Cortez, 2001.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Médio. Brasília: Secretaria de Educação Média e Tecnológica/MEC, 1999.

PAIVA, Aparecida. Martins, Aracy. PAULINO Graça. CORRÊA,Hercules. VERSIANI, Zélia.(org.). Literatura: saberes em movimento. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2008.

PCN+

WELECK, Hamilton. Se a boa escola é a que reprova, o bom hospital é o que mata. Dp&a. Rio de janeiro: 1999.

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O ENSINO DE LITERATURA NO ENSINO MÉDIO

Todo processo pelo qual o aluno percorre durante sua vida estudantil certamente, dispõe de sua importância. Desde a fase em que ele é alfabetizado, em que vai passar a ver o mundo de forma diferente através da leitura, até a última etapa denominada Ensino Médio. E é nesta etapa que nos deteremos considerando a sua contribuição à formação discente. Formar o aluno para que este consiga ingressar carreira no Ensino Superior, bem como atuar no mercado de trabalho, mediante sua formação básica.

Neste ultimo caso, conceberemos o Ensino Médio concebido como um ensino profissionalizante, e, portanto comprometido por uma prática de caracteres tecnicistas que preocupava- se, primordialmente, em preparar o jovem para desempenhar uma função dentro de alguma empresa. Isto é, tinha por finalidade preparar para o mercado de trabalho.

No entanto, os PCN+ (2002, p. 08) nos advertem que o ensino médio atualmente confere uma concepção diferente:

O novo ensino médio, nos termos da Lei, de sua regulamentação e encaminhamento, deixa portanto de ser apenas preparatório para o ensino superior ou estritamente profissionalizante, para assumir a responsabilidade de completar a educação básica. Em qualquer de suas modalidades, isso significa preparar para a vida, qualificar para a cidadania e capacitar para o aprendizado permanente, seja no eventual prosseguimento dos estudos, seja no mundo do trabalho.

Mediante o exposto, podemos avaliar que a nova proposta para o Ensino Médio requer uma integração das disciplinas, visto que informações superficiais e isoladas que o sujeito recebe na fragmentação das áreas de conhecimento se dissipam com o passar do tempo. Verificamos que a preocupação agora é formar o cidadão. O aluno constitui um perfil crítico, capaz de argumentar, opinar, informar, levantar questionamentos enfim, desenvolve habilidades que contribuem para sua vida e, simultaneamente, para a sociedade. A proposta é que o aluno adquira um conhecimento permanente que o estabeleça ativamente dentro dos acontecimentos sociais.

Diante da proposta, observamos que a integração das disciplinas não é a única proposta que os PCN+ desejam alcançar. Junto a isto, o ensino deverá ser contextualizado, e o educador deverá se firmar neste propósito. Os PCN+ (2002, p. 68) orientam:

O conceito implica compreender todo conhecimento como resultado de uma construção coletiva. Na situação escolar, como resultado da interação permanente entre alunos, professores e escola. Em vez de um conjunto de informações pouco significativas e descontextualizadas, o conhecimento é um patrimônio dinâmico, que se renova diante do amadurecimento intelectual do aprendiz, de novos pontos de vista, das descobertas científicas.

O fragmento permite- nos verificar que a reforma incide em alcançar a realidade do aluno e introduzir no contexto social que o aluno vivencia fora dos limites escola, os conhecimentos repassados na escola. Com isso, a aprendizagem torna- se significativa, pois o aluno acaba identificando -se com o que a escola propõe. É pertinente considerarmos que o trabalho isolado com as disciplinas não oferece bons resultados, maior prejuízo se dá quando estas se afastam do objeto principal do processo: o aluno.

A projeção do ensino médio volta– se para a perspectiva de garantir que o aluno desenvolva competências necessárias para torná- lo autônomo diante de qualquer opção que faça. Seja dar continuidade aos estudos ou servir ao mercado profissional. Neste sentido, geram- se inúmeras discussões sobre a necessidade de uma ação articulada das áreas de conhecimento e delas entre si, na intenção de alcançar os objetivos propostos no ensino médio. Os PCN+ (2002, p.12) alerta- nos neste sentido:

Os objetivos da nova educação pretendida são certamente mais amplos do que os do velho projeto pedagógico. Antes se desejava transmitir conhecimentos disciplinares padronizados, na forma de informações e procedimentos estanques; agora se deseja promover competências gerais, que articulem conhecimentos, sejam estes disciplinares ou não. Essas competências dependem da compreensão de processos e do desenvolvimento de linguagens, a cargo das disciplinas que, por sua vez, devem ser tratadas como campos dinâmicos de conhecimento e de interesses, e não como listas

de saberes oficiais.

Evidentemente, mesmo que se reformem os paradigmas que regem a educação, não é possível modificar simultaneamente todo trabalho que se realiza dentro de uma escola. Na verdade, isso exige um processo de reflexão e avaliação.pois a mudança não deverá ser feita de forma aleatória e nem deverá assim ser feita, visto que os prejuízos e vantagens recairão sobre o alunado.

Nos PCN+ (2002,p.85), veremos que:

É inegável que toda proposta de mudanças de que é alvo qualquer sistema passa, ou deveria passar, pela reflexão e eventuais adesão e ação dos profissionais que dele fazem parte. As rupturas efetivas de antigos paradigmas dependem sem dúvida da conscientização e da vontade de mudar dos profissionais envolvidos, sem mencionar uma adequada transposição das idéias propostas no plano teórico para a prática.

Ressaltarmos que esta ação projetada exige de toda a escola um trabalho conjunto, no entanto, sabemos que cabe ao educador a responsabilidade de desenvolver na sua prática esse trabalho. Ou seja, deve haver um compromisso do educador na construção do seu ofício, pois, uma prática docente se edifica na associação do compromisso, da ação e reflexão sobre o que se realiza dentro da sala de aula.

Cabe à escola a orientação, o acompanhamento, o reforço, mas a reflexão e a execução cabem somente ao professor. Esse trabalho se solidifica quando a escola consegue aliar à prática o que rege e informa o Projeto Político Pedagógico que vem nortear o trabalho do educador . Conforme os PCN+ (2002, p. 09), temos o seguinte:

A reflexão sobre o projeto pedagógico permite que cada professor conheça as razões da opção por determinado conjunto de atividades, quais competências se buscam desenvolver com elas e que prioridades norteiam o uso dos recursos materiais e a distribuição da carga horária. Permite, sobretudo, que o professor compreenda o sentido e a relevância de seu trabalho, em sua disciplina, para que as metas formativas gerais definidas para os alunos da escola sejam atingidas. Sem essa reflexão, pode faltar clareza sobre como conduzir o aprendizado de modo a promover, junto ao alunado, as qualificações humanas pretendidas pelo novo ensino médio.

Podemos compreender que o projeto pedagógico orienta não somente o educador, mas toda a escola que deve elaborar no projeto uma proposta de ensino em que a comunidade esteja associada. Torna –se indispensável na prática docente o conhecimento sobre o projeto pedagógico da instituição de ensino. Nele constam informações indispensáveis para a realização de um bom trabalho. É a partir deste documento que o professor conhecerá os objetivos da escola e as necessidades que ela precisa atender na execução de suas atividades.

Como já foi mencionado anteriormente, o contexto social não pode isolar- se nesta diferente concepção de ensino. Desta forma, o projeto pedagógico tende a mapear o trabalho realizado na escola, formando no aluno uma consciência social que se intensificará, quando este servir à sociedade com sua ativa presença como cidadão.

Neste sentido, percebemos que a concepção de que a escola é tão somente para aquisição de conhecimentos está debilitada, a partir do ponto que a preocupação atual, mediante toda mudança social, cultural, tecnológica, volta- se para o ensino como um processo gradativo para desenvolvimento de competências, pois estas, em face de sua abrangência, permitiram ao sujeito a chance para aprender além da escola.

Segundo a LDB (Art. 35) o Ensino Médio é a etapa final da educação básica e tem por finalidade "a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento dos estudos; a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo de ser capaz de se adaptar com flexibilidade as novas condições de ocupação ou posteriores".

Verificamos que a determinação da LDB (9.394/96) fundamenta os PCN, bem como as Orientações aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Constatamos, então, que o ensino médio lança –se como um projeto otimista de contribuir satisfatoriamente, na formação da cidadania da classe discente. O ensino médio não encerra uma fase, mas prepara para uma mais intensa e exigente.

A Língua Portuguesa aplicada como disciplina representa grande importância quanto às demais, visto que, é por ela que o aluno tem acesso a linguagem como instrumento para comunicação. Aliás, um uso a linguagem de forma consciente, de um código que já utiliza oralmente e agora se revela também por meio da escrita . Gostaríamos de discutir então sobre os objetivos deste ensino e a partir das colocações feitas, poderemos contatar sua relação intrínseca com as outras áreas do conhecimento.

Verificamos que a escola participa integralmente da formação do sujeito e contribui para construção de uma consciência cidadã através das atividades que a instituição de ensino proporciona ao aluno através da execução de seu projeto pedagógico.

Nesta perspectiva, salientamos a relevância do ensino a Língua Portuguesa conforme Back (1987, p. 111). Ele diz que:

"como o ensino da língua materna, ela atende a estes objetivos: a formação do individuo (auto –realização) se consegue pelo desenvolvimento das habilidades no uso da língua como instrumento de comunicação (3.3.I), como instrumento de pensamento (3.3.II) e como instrumento de arte (3.3.III) ; a formação do profissional, pelos mesmos instrumentos; a formação do cidadão do individuo, do profissional e do cidadão constitui a formação integral do homem" .

Assim, podemos dizer que o ensino da Língua Portuguesa, dispõe da vantagem de interagir com outras áreas do conhecimento, o que torna mais expressivo a necessidade da realização de um trabalho eficaz quanto a sua transmissão. Enfatizamos também o papel da língua materna como instrumento para a formação do individuo, instrumento de pensamento e arte. Destacamos então, que a compreensão da língua portuguesa contribui para a formação pessoal, profissional e social do homem.

Mencionamos, então, dentro do ensino da língua portuguesa o enfoque dado ao ensino de literatura, que indubitavelmente merece uma abordagem particular para que seja realçada sua importância para o homem em todas as fases de sua vida e formação. Neste sentido, focaremos sobre o objetivo do ensino de literatura na tentativa de visualizar um panorama de abordagens diversificadas sobre a aplicação da literatura como disciplina.

Podemos afirmar que a literatura se encontra bastante próxima das competências argumentativa, reflexiva, interpretativa, dentre outras que os alunos podem desenvolver. No entanto, a literatura não é um mero objeto utilizável para atender deficiências de outras áreas, como da gramática por exemplo. Ela existe em sua essência artística e assim deve ser difundida e ministrada.

. A literatura possui uma linguagem especifica e é preciso considerar que a diversidade do discurso literário é ampla e portanto, a língua é vista de forma bem abrangente. O Ensino literatura dá esta contribuição extra ao trabalho docente e à formação discente. Além do prazer, através da peculiaridade do texto literário, é possível uma apreciação da língua materna em ampla performance.

Poderemos constatar estas colocações na fala de Osakab (2004, apud PCN, 2000, p. 50), quando coloca que:

E nisso reside sua função maior no quadro do ensino médio: pensada ( a literatura) dessa forma, ela pode ser um grande agenciador do amadurecimento sensível do aluno, proporcionando um convívio co um domínio cuja principal característica é o exercício da liberdade. Daí, favorecer- lhe o desenvolvimento de um comportamento mais preconceituoso diante do mundo.

Percebemos através do fragmento, que a literatura atende a expectativa do Ensino Médio de formar o aluno com um perfil critico , que domine competências devidas para saber administrar situações diversas, seja em sua atuação profissional, cidadã , pessoal. Observamos, também , sua contribuição quanto ao uso da língua materna a qual passa a ser difundida com a beleza da linguagem literária.

Desta forma, consideramos que a literatura atua como um utensílio de utilidades múltiplas para a formação do sujeito que através do contato com o texto literário surpreende-se na identificação de seu reflexo, de seu mundo. Às vezes, uma imitação promíscua, outras uma ilustração quase idêntica do que ele é ou pensa. Neste processo de identificação, a leitura flui e conseqüentemente o prazer estético se manifesta pelo elo criado entre o texto e o leitor. Assim os PCN (2000, p. 52) a literatura "como um meio de educação da sensibilidade; como meio de atingir um conhecimento tão importante quanto o cientifico" , pois pela literatura o aluno em pleno exercício de liberdade trabalha sua criatividade, seu cognitivo, a percepção dentre outros aspectos ligados ao seu crescimento pessoal.

Segundo as Orientações Curriculares Nacionais durante Ensino Médio, segundo as orientações os PCN, deve se trabalhar na intenção de construir o letramento literário. A leitura será bem mais prazerosa se for feita sem pressão e exigências , mas por uma ação espontânea do sujeito. Vale ressaltar que esta espontaneidade surge de um trabalho realizado dentro da sala de aula. Como contribuição para este estudo, citamos Soares (2004. Orientações Curriculares, 2000,p. 55) que vem nos esclarecer que "o letramento literário é a condição de que não apenas saber ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a escrita."

Consideramos então, que o aluno por meio da experiência estética, recebe uma contribuição satisfatória para sua experiência social, pois a leitura é uma forma autônoma de aquisição de conhecimento. De acordo com as Orientações Curriculares Nacionais para o ensino médio (2000, p. 68) que "nossa fruição de uma obra de arte é sempre única e não se repete. Seremos outros e num outro momento, com certeza nossa leitura também será diferente: tudo flui."

Vale salientar, então, que a literatura ou a grandeza do texto literário acompanha o desenvolvimento do sujeito em seu processo de crescimento. O texto permanece, mas o leitor ao lê- lo novamente terá uma concepção diferente, porque suas experiências foram muitas durante um dado intervalo. Sua inferência será assim, mas profunda.

Assim como para ser educador não existe método ideal, para ensinar literatura de que não existem técnicas que podem ser classificadas como perfeitas. No entanto, algumas reflexões sobre o que ensinar e como ensinar determinados conteúdos, contribuem bastante para o processo de ensino- aprendizagem, pois requerem uma postura diferente diante das metodologias a serem utilizadas.

Tratando- se do ensino de literatura, é perceptível dentro das discussões a respeito, que existe uma compreensão da disciplina numa abordagem artística. Desta forma, acrescentamos que embora haja uma necessidade de tratar a literatura em sua dimensão histórica e seu uso como objeto para ministrar outras disciplinas, sua difusão não pode limitar- se a estas abordagens. Como nos salienta Werneck (1999. P) "é hora de mudar os paradigmas" e para isto a literatura não deverá ser apenas via para outras áreas, mas via pra ela mesma na compreensão de sua natureza.

Martins (2006, p. 98) oferece algumas sugestões metodológicas que poderemos verificar adiante que são bem pertinentes, como "reavaliar os enfoques que orientam o trabalho com a literatura em sala de aula (estruturalismo, formalismo, biografismo e outros)". A mesma autora (2006, p. 98) acrescenta que é preciso:

Diversificar o trabalho com textos do ponto de vista didático- pedagógico. Incentivar formas de o aluno apresentar a sua leitura, tais como: dramatizações, júri simulado, produção de murais, recontar a partir de outras linguagens (desenho, pintura, revista em quadrinhos etc.).

Verificamos que nesta postura existe uma preocupação na produção do aluno e que o texto literário acaba sendo usado como utensílio para que os alunos testem ou aprimorem suas habilidades quanto à produção textual, elaboração de argumentos, organização de suas idéias, ressaltando também o ato da leitura que passa a ser vinculado à vida do aluno.Podemos constatar que todas estas atividades sugeridas envolvem o sujeito ao texto de forma que ele passa a ser co- autor na produção das idéias do autor. Ressaltamos, também as formas como os alunos podem apresentar sua leitura. O desenho, a pintura e a revista em quadrinhos não exigem que o aluno produza extensos trabalhos de produção escrita , mas que exerça principalmente sua criatividade.

Como sugestão metodológica Martins (2006, p. 99) contribui ainda para esta discussão afirmando sobre a importância de "desenvolver análises comparativas entre textos produzidos por autores diversos em contextos distintos. Incentivar a leitura intertextual da obra literária, enfatizando os diversos níveis de intertextualidade [...]". Assim, o educador incentiva o aluno a recriar o texto literário segundo sua leitura. A autora ressalta também a importância do educador considerar as escolhas pessoais do aluno. Desta forma o texto literário deixa ser aprendido como uma atividade obrigatória e passa a ser escolha do aluno devido uma identificação deste com o texto. A partir desta interação podemos considerar que o educador possibilita o encontro, o resultado a própria literatura se encarrega mediante suas funções e natureza .

Grijó (2008, P. 98) apresenta como proposta o trabalho com adaptações e a respeito menciona que:

A pretensão da adaptação é possibilitar a leitura de uma obra por um publico que não se constitui como o previsto pelo autor do texto original, seja por questões relacionadas ao tempo e aos espaços culturais, seja por questões ligadas à linguagem, enfim, por questões que se referem ao parâmetro discursivo dos leitores.

Deduzimos pela colocação da autora que sua proposta não é substituir o texto original por adaptações, mas criar uma via para que o aluno, desprovido das condições necessárias para realizar a leitura de uma determinada obra, como de uma obra cânone, possa ter um contato inicial com o texto. A adaptação não existe para facilitar a vida do educando , abrindo margem a sua comodidade, mas lhe permitir uma prática leitora com uma linguagem mais acessível.

Michelleti (2001, p. 66), tratando da importância do trabalho da narrativa em sala de aula, salienta que "ao se iniciar um enfoque sobre um determinado texto só há duas maneiras : fazendo-se uma analise externa e uma analise interna". A mesma autora coloca que na análise externa, é fixado sobre as condições de produção do texto, e neste sentido, esta análise se desvia do foco literário, privilegiando fatores sociais, psicológicos, dentre outros.

Na análise interna o texto é compreendido por sua estrutura, pela intenção de sua construção. Neste momento, o tecido literário é analisado e, portanto , o aluno irá ter contato com a especificidade lingüística do texto literário. Trabalha- se nesta abordagem , os gêneros literários, a intenção do texto, os elementos da narrativa utilizados intencionalmente para a construção do tecido literário. Como opção, a autora mencionada anteriormente, indica o conto como texto viável para ser trabalhado em sala de aula. Sua opção está ligada as características deste subgênero da literatura que se destaca por sua brevidade, poucos personagens, ação resumida, o tempo, bem como outros elementos da narrativa que se apresentam compactos.

Segundo Michelleti (2001, p. 68)

O conto se constitui de uma narrativa de pequena extensão. Tradicionalmente, no conto, tudo é concentrado, há uma ênfase no essencial. Existe uma cédula dramática, que contém um só conflito, uma só ação.Todos os ingredientes convergem para o mesmo ponto. A unidade de ação condiciona as demais características relacionadas às noções de espaço e tempo.O espaço geográfico, por onde circulam as personagens,também poucas, é muito restrito.

Michelleti , apresenta a proposta de trabalhar o diálogo entre textos e, neste sentido, apreender as informações dos alunos quanto aos aspectos que se destacam dentro do texto. Estes aspectos, podem está vinculado, a algum mistério, fato engraçado, intrigante, que o texto apresenta de forma enigmática ou metaforizada e portanto o leitor deverá apropriar-se do texto mais de uma vez para fazer inferências coerentes.

As Orientações Curriculares Nacionais (2000, p. 70) apresentam que :

A condição do leitor direciona, em larga medida, no ensino de Literatura, o papel dos mediadores para funcionamento de estratégias de apoio à leitura da Literatura, uma vez que o professor opera escolhas de narrativas, poesias, textos, para o teatro, entre outros de diferentes linguagens que dialogam com o texto literário.

A partir do exposto verificamos que é responsabilidade do educador dinamizar suas estratégias para apresentar ao aluno o texto literário, bem como propor - lhe uma prática leitora. Como expomos a principio, não existem fórmulas prontas, mas é possível criar estratégias para o ensino de literatura.

A avaliação é uma prática escolar que deve ser aplicada coerentemente, visando obter do aluno as informações adquiridas durante todo o processo de ensino. Torna –se pertinente uma prática dinâmica, na qual as modalidades, os suportes e os próprios interlocutores se alternem. Temos que a avaliação dá- se positivamente quando percebemos a construção do conhecimento do sujeito. Embora exista a exigência por parte da instituição escolar em apresentar periodicamente uma nota, ressaltamos que o sujeito não deve ser avaliado em um único momento, através de um único instrumento, pois o conhecimento se dá de forma gradativa.

Segundo os PCN+ (2002, p. 84) o desenvolvimento das competências interativa, gramatical e textual deve ser considerado no processo avaliativo. Destacamos, adiante, os seguintes formatos:

[...] aferição das habilidades dos alunos de produzir um texto oral, em apresentação individual ou em grupo, de acordo com um gênero pré-estabelecido e com o nível de formalidade exigido para a situação enunciativa; observação das habilidades de leitura dos alunos, que podem ser medidas tanto por suas intervenções orais na discussão de uma obra literária ou de uma matéria jornalística quanto por seu desempenho escrito quando produzem uma resenha ou um texto crítico.

O destaque nas habilidades mencionadas no fragmento faz –se pela intenção de relacionarmos, a partir daqui, os procedimentos avaliativos do ensino de literatura no Ensino Médio. Podemos enfocar que o meio como a literatura mostra -se é o texto e, portanto, cabe –nos analisar que vantagens o educador pode extrair ao executar seu trabalho com o texto como utensílio para desenvolver algumas competências nos dicentes.

Das competências sugeridas enfatizamos que desde a produção do texto oral à do texto escrito devem ser apreendidos como critérios de avaliação. Temos que os PCN+ destacam a principio o aluno em uma situação interativa , em que por meio de uma situação formalizada trabalha- se a adequação seu discurso mediante o contexto, a construção se sua opinião a respeito de um determinado assunto abordado . No entanto, a produção textual é também uma via para que o aluno possa trabalhar sua capacidade argumentativa , bem como praticar a organização de suas idéias, sendo essa organização, consideravelmente, mais exigente do que o texto organizado oralmente.

No entanto, o texto não esgota a compreensão de literatura, é apenas o meio como a literatura se propaga e, portanto, concebendo o texto literário em sua natureza plurissignificativa, é pertinente trabalhar nesta apreensão a capacidade de uma interpretação coerente por parte dos alunos, bem como a competência de aferir segundo uma sugestão, um fato metaforizado ou outro recurso que o texto dispor.

É viável considerar que o educador não irá forçar uma habilidade, a capacidade de aferição dentre outras competências, poderá apenas fazer um julgamento coerente ou uma avaliação realmente eficiente numa análise do desenvolvimento gradativo dessas competências.

Conforme os PCN+ ( 2002, p. 84)

Diferentemente do que ocorre no ensino tradicional, privilegia-se hoje a avaliação do processo de aprendizagem como um todo, durante seu desenvolvimento. Em função disso, ao propor determinada atividade o professor precisa ter muita clareza sobre suas intencionalidades bem como sobre os critérios que utilizará para avaliar seus resultados [...] Na contramão das práticas tradicionais – em que se buscava encontrar os "erros", mais do que os "acertos" dos alunos –, o professor de Língua Portuguesa deve valorizar os ganhos que o estudante obteve ao longo de seu processo de aprendizagem, baseando-se nas matrizes de competências e habilidades, que exigem um outro olhar sobre o ensino.

Tradicionalmente a avaliação dá- se forma quantitativa, em que os conhecimentos do aluno são avaliados pelo que ele consegue produzir no dia da tão temida prova, que na verdade reprova indiretamente a possibilidade do aluno demonstrar sua capacidade cognitiva e suas habilidades, pois a prova tem como finalidade avaliar a produção periódica, vista isolada de qualquer fator, seja ele externo ou processual. Werneck (1999, p. 67) enfatiza que o educador deve permanecer atento aos pontos positivos do aluno e critica que "é incrível que, em nome da boa educação, esses mestres não possam tirar um dia da sua vida de educadores e avaliar os pontos fortes, aquilo de bom que foi escrito pelos alunos". Podemos então inferir que a avaliação deverá ser realizada no propósito de observação do aluno em seu crescimento e não num julgamento que o condena sem possibilitar que o sujeito apresente argumentos passiveis de um novo processo avaliativo.

Referencias :

BACK, Eurico. Fracasso do ensino de português: proposta de solução.Vozes.Petrópolis: 1987

BRASIL, Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica: Brasília, 2000.

BUNZEN, Clécio; MENDONÇA, Márcia (org.) Português no Ensino Médio e a Formação do Professor. São Paulo: Parábola, 2006.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa.J. E. M. M.Editores,ltda. Rio de Janeiro: 1988.

MICHELETTI, Guaraciaba (coord.). Leitura e Construção do real: o lugar da poesia e da ficção.2ed. São Paulo: Cortez, 2001.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Médio. Brasília: Secretaria de Educação Média e Tecnológica/MEC, 1999.

PAIVA, Aparecida. Martins, Aracy. PAULINO Graça. CORRÊA,Hercules. VERSIANI, Zélia.(org.). Literatura: saberes em movimento. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2008.

PCN+

WELECK, Hamilton. Se a boa escola é a que reprova, o bom hospital é o que mata. Dp&a. Rio de janeiro: 1999.