O CHAMADO VEM DE DEUS E NÃO DE HOMENS

 Por Mônica Campello

 “Não estou aqui por um chamado de homem, mas pelo chamado de Deus. Estou, portanto, sob a autoridade divina para trazer ensinamento a vocês. Não foi o pastor quem me chamou, mas Deus que está acima de qualquer pessoa inclusive do pastor”.

Há muitos infantis na fé que, por não terem compreendido algo, em vez de procurar a pessoa certa a fim de esclarecer suas dúvidas – aquela que discorreu sobre determinado tema em uma palestra, ou eventos afins, procuram outra pessoa que nem sequer estava inserida no referido contexto; neste caso, alguém que não foi comissionado por Deus para aquela missão. Como alguém que não assistiu a tal evento poderia esclarecer alguma dúvida se não estava presente? Duas, dentre muitas outras coisas desprezíveis, não pode existir no Reino de Deus: ciúmes ministeriais e meninice.

Muitos ardem em ciúmes na igreja pelos ministérios de outros. Isso os leva a agirem de forma que não é agradável a Deus, pois ele não se agrada de servos seus que ficam enciumados do ministério alheio. Antes, ele comissiona para cada serviço aquele servo que ele sabe que é útil para fazê-lo. Tanto que na igreja cada um tem o seu talento e o seu respectivo ministério. Algo que deve ser respeitado.

Visto que sou apóstolo para os gentios, exalto o meu ministério, na esperança de que de alguma forma possa provocar ciúme em meu próprio povo e salvar alguns deles” (Rm 11:13,14).

Há ministros na igreja que amam seus ministérios, mas apesar de ser bem sucedido, ainda têm ciúmes do ministério alheio, principalmente por saber que o ministro foi chamado por Deus e não por homens da igreja.

A Igreja oferece cursos diversos para que seus membros adquiram mais conhecimentos acerca de doutrinas teológicas e mesmo de temas polêmicos a fim de que os cristãos amadureçam em todas as áreas da vida, e não apenas nos assuntos concernentes à Igreja. Destarte, eles estarão preparados para enfrentar as mazelas seculares que afrontam a Igreja do Deus vivo por julgarem-no como morto. Assim, se um estudo deve ser desenvolvido para tratar de um assunto específico, a igreja precisa estar preparada, fortalecida mental e espiritualmente, para que o objetivo do estudo seja alcançado, quer seja o amadurecimento na fé de modo sejam aperfeiçoados nos comportamentos socioclesiásticos.

O fato de ter muitos conhecimentos não significa que alguém esteja apto a dar opiniões sobre uma palestra que não ouviu, uma reunião da qual não participou, etc., pois não se trata de “saber isso ou aquilo”, mas de “saber COMO isso ou aquilo FOI ABORDADO”, ou seja, como foram as explicações, as respostas – se plausíveis ou capciosas –, as intenções da implantação de dúvidas, as dinâmicas envolvidas; tudo muito passível de gerar confusão para aquele que não está preparado para questões que exigem inteligência, sabedoria, discernimento, e raciocínio lógico e pertinente. Tudo isso faltou àquele que cometeu o ato de mera ignorância, pois procurou o ausente cuja inépcia para o tema proposto o impedia de lhe dar as devidas respostas.

Autoridade em algum assunto é a pessoa que foi designada pelo próprio Deus, independentemente de haver pessoas superiores a ela, pois ela recebeu do supremo Deus simultaneamente a responsabilidade da missão e as respectivas ferramentas para seu perfeito desenvolvimento. Trata-se, portanto, de uma pessoa dotada do conhecimento necessário para ensinar, exortar, admoestar, contestar, redarguir. Então, a ordem de Deus é: EXORTA O MEU POVO SOBRE O PECADO ESTAR NISSO OU NAQUILO. Assim, o servo de Deus lhe obedece e anuncia ao povo, mas cabe ao povo aceitar ou não.

O homem pode não chamar, mas quando Deus chama, Deus chama. A doença da igreja está na infantilidade e falta de amadurecimento espiritual no tocante ao chamado de Deus. Deus quer uma igreja saudável, livre de medos e tabus e inseguranças e infantilidades como de um povo que ainda está no leite, e não pronto para receber alimento sólido. Assim fica difícil crescer na graça e sabedoria de Deus.

Nota-se que a igreja está doente, tanto para encarar temas tabuzados como o sexo quanto com relação à questão da dignidade diante de Deus de ser capaz de vibrar pelo ministério alheio, em vez de ficar com ciúmes, de modo que se pudesse abarcava todos os ministérios da igreja para si, não deixando nada para ninguém fazer.

 Precisamos aprender a respeitar o ministério alheio e confessar nossos ciúmes e fraquezas para que possamos ser libertos por Deus e nos tornarmos aptos para toda obra no Reino. Precisamos igualmente aprender a buscar os ministros que correspondam às nossas dúvidas e questionamentos.

Às vezes, um pouco de suspense, como em filmes e novelas, leva o estudante cristão a investigar sobre o assunto, aguça a sua curiosidade para uma melhor compreensão dos assuntos teológicos, e dos seculares que tentam invadir a Igreja. O suspense para o próximo capítulo prende o telespectador; assim também acontece em aulas ou encontros em série. Todavia, o povo de Deus é muito ansioso, não sabe esperar o momento certo de aprender sobre determinados assuntos; muitas vezes não estamos prontos para receber uma orientação, mas precisamos ser preparados. Por exemplo, se imediatamente lançarmos em rosto que algo é pecado, reclamarão; se deixarmos para um momento mais apropriado, reclamarão. O povo está muito ansioso, muito reclamão, e isso não agrada a Deus. É preciso saber a hora certa de cada coisa na vida. Eclesiastes 3:1 é a fórmula! “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu”. Precisamos aprender a esperar a hora de Deus para recebermos sua direção, sua palavra, sua revelação.

As coisas não são do nosso jeito, mas do jeito de Deus, conforme Isaías 55:8 – “Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor”. Assim devemos agir diante do Senhor, sabendo a hora certa para fazer as coisas e responder às questões que surgem na caminhada. Os ensinamentos na casa do Senhor não devem ser pautados em rodapés, concordâncias bíblicas, das quais até nos utilizamos, mas elas não são e jamais poderão ser o fim das coisas; devemos buscar, portanto, a revelação de Deus que vem direto dele para nós, e normalmente surge em forma de confirmação do que previamente ele nos tem revelado por todos os meios possíveis conforme a sua vontade.

Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é de Deus; porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em poder, e no Espírito Santo, e em muita certeza, como bem sabeis quais fomos entre vós, por amor de vós” (1 Ts 1:4,5).

 “Não sabeis (...) Que eu hoje estou fraco, ainda que ungido rei; estes homens, filhos de Zeruia, são mais duros do que eu; o Senhor pagará ao malfeitor, conforme a sua maldade” (2 Sm 3:38,39).

 “Por que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo” (Nm 12:8).

 “Ide; eis que vos mando como cordeiros ao meio de lobos. Não leveis bolsa, nem alforje, nem alparcas; e a ninguém saudeis pelo caminho. E, em qualquer casa onde entrardes, dizei primeiro: Paz seja nesta casa. E, se ali houver algum filho de paz, repousará sobre ele a vossa paz; e, se não, voltará para vós. E ficai na mesma casa, comendo e bebendo do que eles tiverem, pois digno é o obreiro de seu salário. Não andeis de casa em casa. E, em qualquer cidade em que entrardes, e vos receberem, comei do que vos for oferecido. E curai os enfermos que nela houver, e dizei-lhes: É chegado a vós o reino de Deus” (Lc 10:3-9).

 Lembremo-nos sempre da perfeita e gloriosa palavra de Deus para que tudo nos vá bem!