Para definir o que é certo e o que é errado levaríamos uma vida, e mesmo assim não chegaríamos a nenhuma conclusão satisfatória, mas nem por isso deixo de procurar entendê-los. No meu entendimento o problema está no grau de valorização que as pessoas dão aos valores morais.

Mas o que vem a ser valor moral e qual sua origem? O valor e a origem estão ligados aos conceitos criados pelo homem dentro de parâmetros religiosos e culturais. É ele próprio quem cria e estipula como se deve viver. Seus referenciais são originários destes dois alicerces. Ao fazer um julgamento moral ele está aplicando sua valorização moral. O que normalmente acontece é que o valor moral varia de uma pessoa para outra, e é neste ponto que digo: “o certo é errado e o errado é certo.” Mesmo entre duas pessoas provindas da mesma cultura e tendo a mesma religião pode ocorrer divergências morais.

Farei duas colocações para deixar mais claro o que pretendo dizer. A primeira é sobre quando é certo matar alguém e de quando não é. A segunda é sobre se é certo usar droga ou se é errado. São dois temas comuns que afeta toda sociedade. Calma que no decorrer da argumentação você compreenderá a complexidade do assunto.

Quanto à primeira questão eu diria que o homem não pode matar seu semelhante. Isso é crime e vai contra os princípios religiosos. Mas e no caso do exército? Temos uma contradição aqui. Eles se reúnem num exército em nome da liberdade, da democracia, da pátria, e até de Deus para matar. Mas então como fica isso? Volto a perguntar. É certo matar? Pelo visto em alguns casos pode e em outros não. Quer dizer, matar pode desde que o motivo seja justificável. Qual a conclusão que se tira disso?

Essa é apenas uma questão que a vida nos apresenta e que vivo me perguntando por que agimos assim. Marx disse que o homem é alienado. Deve ser mesmo. Como não se importar com o que acontece a sua volta?! Olhe os telejornais e veja que a predominância de notícias envolve tragédias, crimes, violências e corrupções. Tornou-se tão corriqueiro e banal que ninguém faz mais conta. As emissoras buscam audiência através da exploração da dor alheia. É certo isso? Alguns dirão que é errado, mas para as emissoras é certo.

Nestes noticiários assistimos bandidos matando policiais; policiais matando bandido; cidadãos matando bandidos; bandidos matando cidadãos; policiais matando cidadãos e cidadãos matando cidadãos, enfim é morte para todo lado. Quem está certo e quem está errado? Um cidadão não pode matar um bandido, mas um bandido pode matar um cidadão sem problema algum. Em certos casos matar é certo, enquanto em outros é errado. É de comum acordo que tirar a vida de alguém é errado, mas mesmo assim isso acontece com tanta naturalidade que não consigo entender. Qual o valor que é seguido aqui? O seguido é o pessoal e não o religioso/cultural. A pessoa sabe que está agindo errado, mas mesmo assim age erradamente.

Suponha que um bandido entre em sua casa e você precise escolher entre a vida dele e da sua família. O que faria? Ou ainda. Imagine um policial cercado numa favela tendo que matar para escapar. Qual a atitude que deve tomar? Nas duas circunstâncias o errado seria o certo.

Deixando a matança de lado, agora quero finalizar abordando rapidamente a segunda colocação.

Nas sociedades é errado usar drogas, mas mesmo assim usa-se. O usuário tem plena consciência do mau que o consumo dela causa e da contravenção que pratica, mas mesmo assim não se preocupa. Ele vai até a “boca” buscar o baseado de maconha, o papelote de cocaína, a pedra de crack e retorna para sua diversão como se tudo fosse muito natural. Sabe por que ele faz isso? Simples, por que para dele não é errado usar uma “droguinha” de vez em quando, mas para restante da sociedade é errado. Essa é mais uma troca de valores. O certo pelo errado e o errado pelo certo.


Pelo exposto se conclui que não há o certo e nem o errado. Há apenas valores individuais distorcidos. Pura balela quando se ouve pessoas dizendo que seguem valores religiosos e/ou culturais. É uma pena que os verdadeiros valores morais religiosos e culturais estejam engavetados para quando for conveniente.
Ainda bem que eu não tenho pudor em dizer que não sigo nada. Sigo o meu certo e errado quando melhor me convém.