O apagão do dia 10 de novembro de 2009 deixou muitos brasileiros e paraguaios ás escuras e nos fez abrir melhor os olhos. Foi no escuro que enxergamos melhor o fato de que UM raio não pode cair DUAS vezes no mesmo lugar, e eu sempre achei essa uma afirmação obvia, já que UM raio se dissipa ao cair, mas DOIS raios DIFERENTES podem sim cair o mesmo lugar. O primeiro raio foi falta de planejamento o segundo raio por problemas de gestão. A gente costuma esquecer disso depois que a tempestade passa e nem nota quando vem outra a caminho. Vai me dizer que você ainda olha sua conta de luz para ver se consome os mesmos kwt que consumia no ano 2001, época do racionamento? Ou que também sabe o valor do seguro contra falta de energia que você paga mensalmente? Acho que posso cobrar deles um jantarzinho para nove adultos, pois foi isso que o apagão interrompeu, no meu caso. Apenas um "microproblema" como disse Tarso Genro, ministro da justiça, uma "marolinha", como diria o Presidente Lula. Foi no escuro que ficou claro, que obras eleitoreiras e planos populistas podem atingir nossas necessidades imediatas, mas não são eficientes como para-raios ou a contratação de líderes com mais competência e menos companheirismo. Foi no escuro que lembramos que não houve tempestade alguma em Bauru em 11 de março de 1999 e que foi um fiasco o governo FHC ter dito isso, e quando o dia clareou soubemos que também não havia tempestade em Itaberá em 10 de novembro de 2009. A diferença é que hoje, até São Pedro prefere não discutir raios e trovões com o governo Lula com medo de perder o cargo para alguém da família Sarney, que já administra grande parte da rede de energia. Hoje, dia claro, sei que as notícias continuam sendo manipuladas. O governo manda por uma pedra sobre o caso declarando que o apagão é "assunto encerrado", mas até eu que sou míope vejo alguma coisa por trás disso. Como encerrado se faltou água na minha casa um dia inteiro depois do apagão? Aliás, o pior cego é aquele que não quer ver. Na época da ditadura não foram registrados apagões, mas muitas pedras estão até hoje encobrindo assuntos mal resolvidos. Imaginem só se nós, que no escuro pudemos ver direitinho que a garantia desse governo está expirada, deixarmos ele colocar a pedra aí no caminho? Amanhã a luz se apaga de novo e essa pedra fora do lugar poderá derrubar muita gente que depois terá que ouvir do ministro Tarso Genro dizer que não podemos fazer de um "tropeço uma catástrofe". Não temos porque ter medo do escuro. Estamos seguros porque os problemas do Brasil são mínimos e o governo e seus aliados estão "no controle de tudo". Nossos problemas se resumem em "tropeços", "marolinhas" e "microproblemas".