Ter uma boa e bem definida estratégia, concentrar esforços e recursos em prol do planejamento estratégico de nada valem se a organização não for amparada por um bom alicerce. Essa base, segundo Costa (2007), são os alicerces estratégicos da organização. Entre eles destacam-se a missão, visão e valores. Para Chiavenato (2005), missão significa uma tarefa que é recebida. É a razão de existência da organização.

Segundo Oliveira (2005), a missão também deve satisfazer o ambiente externo, ou seja, oferecer algo que responda a sua ansiedade. Nesse sentido é fácil perceber que a estratégia deve andar alinhada com missão, uma vez que a estratégia deve atingir o objetivo da missão, ou seja, a estratégia tem como objetivo realizar a missão (CHIAVENATO, 2005).
Neste mesmo contexto, Rodrigues et al (2009) ressalta que a missão "é uma declaração de propósitos ampla e duradoura que individualiza e distingue a organização em relação a outras no mesmo ramo de negócio". Barney e Hesterly (2007) reforçam a ideia ao inferir que a missão da empresa define o que a empresa deseja em longo prazo e o que ela deve evitar nesse meio tempo.

Para Costa (2007), a missão de uma empresa deve responder a duas questões básicas: O que é? e Para que ela serve? Respondendo tais questionamentos é possível a elaboração da missão, que nada mais é do que a resposta a essas duas questões. Como mencionado, a missão é um alicerce para a empresa. Esse alicerce é tão forte que pode conduzir todo o processo de planejamento estratégico de uma empresa.
Segundo Chiavenato (2005):

A missão funciona como o propósito orientador para as atividades da organização e para aglutinar os esforços dos seus membros. Serve para clarificar e comunicar os objetivos da organização, seus valores básicos e a estratégia organizacional. Cada organização tem a sua missão própria e específica. A missão pode ser definida em uma declaração formal e escrita, o chamado credo da organização, para que funcione como um lembrete periódico a fim de que os funcionários saibam para onde e como conduzir o negócio. (CHIAVENATO, 2005, p.63).

Rodrigues et al (2009) acredita que, para a elaboração da missão da empresa, é preciso que ela passe por um crivo, que oriente este processo. Responde-se: Qual o negócio da organização? Quem é o seu cliente? Onde ela tem sua base de atuação? Qual a sua vantagem competitiva? Qual sua contribuição social? Após essa reflexão é possível declarar a missão da empresa.

Muito embora o conceito de missão tenha se disseminado e impregnado as organizações, para Drucker (1992, apud RODRIGUES et al, 2009, p.41) "a definição da missão é um processo arriscado, difícil e penoso, porém o único meio de desenvolver estratégias e concentrar recursos para trabalhar". Nota-se, portanto, que, por maior que seja o entendimento do conceito de missão, a sua declaração ainda é um processo oneroso.
A missão nada mais é do que uma ideologia, uma vez que define o caráter permanente de uma empresa. Ideologia, por sua vez, cria uma identidade coerente e imutável que transcende o ciclo de vida de produtos, lideranças individuais, modismos gerenciais e revoluções tecnológicas. (PORRAS e COLLINS, 1998). Em suma, o pensamento de Porras e Collins (1998) divergem dos demais autores, uma vez que eles acreditam que a missão é algo intrínseco ao ambiente e pautada nele, pois o ambiente é mutável. Logo, a missão deveria ser alterada periodicamente, o que não é aconselhável.

Carvalho (2004, p.48) corrobora com a discussão ao inferir que: "a dificuldade da missão é que ela é entendida e vivida de forma diferente por cada participante da organização". É mais fácil para um empresário definir a missão de uma empresa do que fazer seus colaboradores identificarem-se com ela. Isto ocorre, porque cada pessoa tem seus valores, que podem divergir dos valores da empresa que devem refletir a missão empresarial. (CARVALHO, 2004)

Porras e Collins (1998) mencionam que a missão é uma finalidade e não deve ser confundida com metas específicas e estratégias comerciais, uma vez que é possível atingir metas e concluir estratégias. Entretanto, a finalidade é inalcançável. A finalidade em si não muda, mas sim inspira mudanças.

O autor ainda descreve um método para definir a finalidade da empresa. Primeiro a entidade deve descrever o que ela fabrica ou oferece a seus clientes e se perguntar por que isso é importante? Deve-se questionar várias vezes para que se levantem vários argumentos e subsequentemente questionar por que esses argumentos são importantes. O resultado pode ser, por exemplo: - a missão de nossa empresa é oferecer qualidade de vida aos nossos clientes para que eles desfrutem de momentos inesquecíveis.

Referências

CARVALHO. F., Práticas de planejamento estratégico e sua aplicação em organização do terceiro setor. 2004. p, 207. Dissertação (Mestrado). Universidade de São Paulo faculdade de economia, administração e contabilidade departamento de administração programa de pós-graduação em administração. São Paulo, 2004.

CHIAVENATO, I., Gestão de Pessoas, Segunda Edição, totalmente revista e atualizada. 9.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 528p
COSTA, E. A., Gestão estratégica, Da empresa que temos para a empresa que queremos. 2. Ed. São Paulo: Saraiva, 2007. 424p

OLIVEIRA, D. P. R., Planejamento Estratégico, Conceitos metodologia práticas. 22.ed. São Paulo: Atlas, 2005. 335p.

PORRAS, Jerry I., COLLINS, James C. Construindo a visão da empresa. HSM Management, São Paulo, n. 7, a. 2, p. 32-42, mar/abr. 1998. Disponível em: < www.followscience.com/library.../construindo_a_visao_da_empresa.doc> Acesso em 12 Fev 2011.

RODRIGUES, M. R. A.,TORRES M. C. S., FILHO J. M., LOBATO. D. M, Estratégia de empresas. 9.ed. Rio de Janeiro: FGV, 2009. 528p