Identificação da Obra: SANTOS, Milton. Por Uma Geografia Nova ? Da Crítica da Geografia a Uma Geografia Crítica. São Paulo, SP. Editora Hucitec, 3° Edição, 1ª Reimpressão, 1990.

Este livro é uma obra abrangente e interessante, que teve por resultado a tentativa de responder à questões que durante o século XX ficaram pendentes.
O autor consegue resolver o problema da inserção da geografia no conjunto das ciências sociais, quando o mesmo define seu objeto e o coloca em um parâmetro a estar ao nível das demais ciências onde a geografia se inseria.
Na leitura percebe-se que o assunto em pauta não é em si a própria geografia, nem a ciência como disciplina ou seu papel a ser desempenhado ou o que se esperava do mesmo, portanto conclui-se com clareza que o assunto tratado é sem duvida o objeto da geografia, a preocupação e a definição do mesmo.
Com a preocupação quanto à definição do objeto da geografia, vê se ao longo da obra de Milton Santos as várias discussões e indagações feitas sobre esse objeto da geografia, a partir daí cria se uma comunicação da geografia com as demais ciências, um dialogo extenso, estruturado através de um contexto muito trabalhado pelo autor.
A definição do objeto para a compreensão é de necessária importância, fazendo com que a resultante seja a inter-relação da geografia com as demais ciências, pelo fato da mesma se desdobrar em um grande leque de intervenções com várias áreas.

As mudanças técnicas e sócias que ocorreram em 1970 durante o século XX, foram mudanças que ocorreram em grande escala, com mudanças surgindo, surge também uma nova realidade, contudo conclui-se que, com uma nova realidade, surgem varias outras formas de interpretar o novo, o meio em que vivemos, a realidade que nos foi proposta, pois tudo que é desconhecido assusta, é se faz necessário estudar o desconhecido para que o mesmo possa ser compreendido, dá se então as diversas novas formas de abordagem da geografia em parte, e a mesma é submetida a se modificar para melhor compreender e estudar o espaço.
Milton Santos relata que ocorreram grandes mudanças na forma de funcionamento do capitalismo, isso no final do século XX, o avanço das evoluções, possibilitaram um intercambio entre lugares distantes, esse período foi citado pelo autor como o período da globalização, onde a informação era pautada como indispensável.
A teoria de Milton Santos passou a ser mais complexa, fazendo com que a mesma se torna-se mais ampla, abrangente, sem esquecer que era muito bem trabalhada, portanto se faz necessário compreender a evolução dessa teoria que é a de que, o espaço geográfico passou a ser indissociável de sistemas de objetos e de ação, o que era de maior interesse era o território, o espaço geográfico em si, contudo a compreensão do espaço só pode ser feita através da compreensão do uso da geografia em relação ao mesmo, é preciso a compreensão do espaço geográfico na sua concretude, nas suas contradições, e é indispensável afirmar que existem várias possibilidades e caminhos para pensar o mundo através da Geografia.
Percebe-se que com o surgimento de propostas e reflexões calcadas no materialismo histórico e na dialética marxista, foi possível o surgimento da chamada geografia crítica, Milton Santos se propõe a elaborar uma visão crítica da sociedade baseada no legado marxista, o pensamento de Marx surge com uma visão da história humana de uma forma geral, procurando e delimitando-se com maior profundidade as características da sociedade capitalista, e visualizou a partir das contradições desta sociedade, uma profunda transformação social. Contudo vê se que o ponto de partida do marxismo é o de ter uma concepção da sociedade, e que através de estudos poder acredita ter condições de visualizar o cenário futuro em que a mesma se encontraria.
Com os pensamentos de Marx, se estabelece a noção de produção que permitiu superar a idéia de espaço como palco da ação humana, possibilitando a compreensão da dimensão social do espaço produzido por uma sociedade diferenciada por classes, superando as análises que viam a sociedade como agrupamento indiferenciado de pessoas, isso tratou-se, fundamentalmente do movimento de passagem da quantidade para a qualidade.A importância da noção de totalidade dialética legada pelo materialismo dialético, foi o fator que permitiu superar o esfacelamento em que se encontrava a Geografia subdividida em temas, sub-temas e especialidades e assim poder propor uma outra compreensão da realidade.

Portanto acredita-se que, através da obra lida percebe-se que para a explicação do mundo atual foi necessário uma reestruturação na formulação da geografia, pois a mesma tinha se agregado a novos conceitos, novas formas de se interpretar o espaço, incorporou em si uma abordagem que faziam da critica um fator indispensável para a compreensão do meio, e da nova realidade que até então estava surgindo, portanto conclui-se que a geografia tem de se desdobrar como ciência se a mesma desejar estudar e compreender o mundo contemporâneo.