Ao assistir a reportagem sobre os protestos realizados no Estado de São Paulo, contra o aumento de passagem me insurgiu um sentimento de indignação, não pelo aumento da passagem, mas sim pelos atos de vandalismo. Não consigo entender porque estudantes, e uma boa parte deles de classe média e acadêmicos, após entrar na universidade, negam a fé dizendo ser uma alienação e, assumindo uma postura de soberba, saem às ruas para protestar e, praticam atos de depredação, cobrem os rostos com blusas como se fosse um bando de presidiários promovendo uma rebelião. Vem-me a lembrança àquela cena deprimente, na qual os universitários da USP, do campus de São Paulo, invadiram o prédio da reitoria em protesto a presença da PM no campus, após prenderem alguns estudantes que usavam, deliberadamente, e sem nenhum decoro, maconha dentro da cidade universitária. Naquela ocasião, os universitários pareciam muito mais presidiários ou terroristas. Cobriam os rostos para que ninguém os visse. Depredaram todo prédio, pareciam animais selvagens; nem os rebeldes sem causa das décadas de 60 e 70 tomaram tais atitudes tão vergonhosas, que vem se repetindo nesses dias, por conta de um aumento de R$0,20.

Surge-me a pergunta: são protestos reais? Manifesta-se em mim, neste momento, o sentimento de negação da realidade e confesso não saber se estou no lugar certo, se o mundo em que vivo é um mundo real; se tudo que existe é ou não real. Se essa parafernália (o termo pode parecer estranho, mas a mim não parece uma reunião de cidadãos ou protestantes) toda faz parte deste universo de cidadãos. Pergunto-me: onde estou? Que pais é este? E sinto-me um “estranho numa terra estranha”.

Chamam a isso de crise existencial, prefiro chamar de sentimento de indignação. Indignação contra o Estado, contra aos meus semelhantes, contra mim.

Penso que toda manifestação deve ser sempre pacífica. Quando parte para depredação perde-se a razão. Quando o homem perde a razão assume o estado de animal irracional. Assemelha-se a um animal selvagem que luta pela sobrevivência, com uma única diferença: este não destrói seu habitat natural.