O ser humano possui cinco sentidos, mas o mais explorado na história das civilizações, sem dúvida, é a visão. A estética muda ao longo dos séculos, junto com a indústria da moda; a propaganda, "primeira filha" do capitalismo, seduz nossos olhos e nossas mentes, apelando aos nossos desejos mais íntimos para garantir consumidores; e as mudanças sociais, políticas e econômicas transformam nosso modo de ver o mundo que nos rodeia, gerando diferentes interpretações até mesmo das cenas cotidianas. O documentário "A Janela da Alma", lançado em 2002, relata como diferentes personagens, entre celebridades e anônimos de diferentes graus de visão, enxergam a realidade.

O filme exibe uma ampla variedade de pensamentos acerca das mais diversas questões. O que é melhor, óculos ou lentes? O "enquadramento" da armação limita a visão no sentido da percepção? A ausência de um sentido aumenta a capacidade dos outros? Cegos sonham com imagens? Todas essas curiosidades comuns e antigas são discutidas por fotógrafos, escritores, cineastas, etc.

Para Agnêz Varda, diretora do filme "Jacquo", a visão é alterada por sentimentos, e há uma grande diferença entre o reconhecimento visual e o emocional. Quando se ama alguém, não se enxergam rugas ou marcas de expressão; o ódio, por outro lado, ressalta todos os defeitos de um indivíduo. Do ponto de vista neurológico, é fato que nem sempre o que enxergamos é o que existe: nosso cérebro é "craque" em nos pregar peças e ativar memórias, existentes ou não.