Importância Econômica e Social da Avicultura Brasileira - Dados Recentes

Gester Breda Aguiar¹; Jairo Ardizzom Brumatti¹; Vitor Dalmazo Melotti¹; Stelio Simões Morais¹; Fausto Moreira da Silva Carmo²,³

¹- Acadêmico do curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Castelo, FACASTELO.
² - Professor da Faculdade de Castelo, FACASTELO.
³ - D.Sc. Zootecnia.

A avicultura, atualmente, é uma atividade econômica internacionalizada e uniforme, sem fronteiras geográficas de tecnologia. Pode ser considerado um complexo industrial que não deve ser analisado apenas sob o aspecto de produção e distribuição, e sim através de uma abordagem sistêmica do setor. A avicultura é um dos componentes mais importantes do agribusiness nacional e internacional. O desenvolvimento da avicultura e o símbolo do crescimento e modernização do agronegócio no Brasil. Isso porque a atividade avícola reúne em sua estrutura funcional três importantes elementos no cálculo econômico do capitalismo em sua configuração atual: tecnologia de ponta, eficiência na produção e diversificação no consumo (VIEIRA, DIAS. 2004).

A evolução da avicultura brasileira e sua expansão em diversas áreas tiveram inicio principalmente na primeira década do século XXI, em virtude da grande procura por consumo, consequentemente pelo aumento da demanda de produtos de origem avícola (BELUSSO; HESPANHOL, 2010). Atualmente o setor avícola tem crescido mais do que a economia em geral e tem representado um importante papel nas exportações agrícolas do país.

O regime de criação intensivo, onde os animais ficam totalmente confinados, é o mais empregado pelos produtores, pelo fato do aumento da produção e eficiência da atividade. Essa eficiência pode ser constatada através do trabalho de melhoramento genético das aves, a coleta de dados, a mensuração de variáveis como a peso corporal, consumo de alimento, conversão alimentar, mortalidade, rendimento de carcaça, além do uso de novas tecnologias em instalação, manejo, nutrição, bem estar e higiene (BOARETTO, 2009).

A avicultura de corte é um dos setores agroindustriais que mais se desenvolveu, nos últimos anos, passando a constituir o principal segmento da indústria de carnes. O crescimento da oferta e a difusão do consumo foram frutos da ampliação da escala, da incorporação de inovações tecnológicas na cadeia produtiva, da redução de custos e preços, fazendo com que o Brasil alcançasse níveis comparáveis às nações mais desenvolvidas neste setor. Expansão associada não apenas ao alto grau de controle do processo biológico, mas a um "pacote" que envolve o controle, pela indústria, do ciclo produtivo das aves e a melhoria da taxa de conversão de proteína vegetal em proteína animal, possibilitando um aumento na produtividade, redução de custos e conseqüente queda absoluta e relativa do preço da carne de
frango em relação a outras carnes ( CORTE, CAMPANHOL 2006).

A avicultura brasileira atingiu produtividade e qualidade comparáveis às obtidas pelos países mais desenvolvidos do mundo, contribuindo, entre outras coisas, para a geração de divisas de exportação. Em conseqüência, o Brasil se firmou como segundo maior exportador mundial (VIEIRA; DIAS. 2004).

A produção mundial de carnes passou de aproximadamente 90 milhões de toneladas em 1978 para aproximadamente 198 milhões de toneladas em 2003, graças principalmente ao desempenho apresentado pela produção de carne de frango. Entre 1990 e 2003, a produção mundial de carnes cresceu 34 %, enquanto a carne de frango continuou apresentando o melhor desempenho com 61 % de aumento, seguida da carne suína com 29 % (VIEIRA; DIAS. 2004).


A atividade mostrou um grande crescimento nos últimos anos. No período em 1992 a 2001, a produção de carne aumentou 128% e a exportação cresceu 236%. Essa evolução se deve pela intensa pressão de seleção sofrida pelas raças, os quais são observados até hoje. E também pelas alterações nas áreas de manejo, alimentação e genética (BOARETTO, 2009).

A avicultura de corte brasileira, em 2006, produziu 9.335 milhões de toneladas de carne de frango, representando 55% da produção da América Latina, e exportou 2.713 milhões de toneladas. Desse total exportado, 1.637 milhões de toneladas foram em cortes e 127 mil industrializados, isto é, com maior valor agregado. O consumo de frango no Brasil registrou o equivalente a 6.622 milhões de toneladas, um crescimento de 1,34%, e alcançou o consumo per capita de 36,97kg por ano, um crescimento de 4,2%. O conjunto desses resultados trouxe outro benefício para a economia brasileira, gerando um faturamento de US$ 3.203 milhões de dólares, sendo, deste total, US$ 2.266 milhões com valor agregado. Os produtos brasileiros chegam a mais de 140 países, e a receita das vendas externas de produtos avícolas supera US$ 3,5 bilhões. Os produtores latino-americanos concentram 25% da produção e quase 50% das exportações mundiais de carne de frango (Geraldino Carneiro de Araújo, Miriam Pinheiro Bueno, Veridiana Pinheiro Bueno, Renato Luis Sproesser e Ivonete Fernandes de Souza 2008).
Ano Mercado Interno Exportação Total
1989 1811 244 2055
1999 4755 771 5526
2004 6069 2.424 8493
Fonte: ABEF, 2005 (www.abef.com.br).

A avicultura no país passou a desenvolver-se a partir de 1962, com a introdução de animais americanos de alta produtividade, trazidos pelo doutor Francisco Raimo, chefe da Seção de Avicultura do Departamento de produção animal (atual Instituto de Zootecnia), juntamente com os dirigentes da Cooperativa Agrícola Cotia e Cooperativa Sul ? Brasil. A partir de 1965, a avicultura teve um grande crescimento, quando o Governo Federal publicou um Decreto, permitindo apenas importação de avós e proibindo a importação de pintos comerciais e matrizes (BOARETTO, 2009).

Segundo a Ubabef (2010) a produção de carne de frango chegou a 12,230 milhões de toneladas em 2010, em um crescimento de 11,38% em relação a 2009, quando foram produzidas 10,980 milhões de toneladas. Alavancado por este crescimento, o consumo per capita de carne de frango foi de 44 quilos no ano passado. Passando estas estatísticas para o papel, a receita cambial obteve um incremento de 17%, totalizando US$ 6,808 milhões. O preço médio das vendas brasileiras foi de US$ 1.782 a tonelada, com um aumento de 11,4%.

Dentro da gama de produtos, as exportações de cortes somaram embarques 1,972 milhão de toneladas (+5,7%) e receita cambial de US$ 3,534 bilhões (+22,3%). As vendas de frango inteiro totalizaram 1,488 milhão de toneladas (+6,4%), com receita de US$ 2,254 bilhões (+17%). As exportações de frango industrializado, de 168,8 mil toneladas (-1,9%), representaram receita de US$ 465,1 milhões (-5%). Nos outros segmentos os embarques foram de 190,1 mil toneladas, com uma receita de US$ 553,4 milhões (UBABEF, 2010).

Além da carne a avicultura oferece um produto de excelente qualidade como o ovo, onde possui nutrientes necessários para formar um animal completo e contribuir a nutrição como uma proteína de alta qualidade, 13 vitaminas e minerais, possuindo uma pequena porcentagem calórica. Esses produtos por terem um preço consideravelmente baixo são as vezes a única fonte de proteína de origem animal para famílias de baixo poder aquisitivo.
Na produção de ovos o Brasil se encontra entre os 10 maiores produtores mundiais. O Brasil ocupa a 7° lugar em quantidade de produção mundialmente e o setor é responsável por movimentar no país US$ 2 bilhões com aproximadamente 16,4 bilhões de ovos por ano, sendo que 2005 a produção foi de 18 bilhões de unidades. A produção ainda não ultrapassou esse valor devido ao conceito errado a respeito do ovo, por ter colesterol. Isso fez com que o consumo no Brasil obteve uma gueda significante, com um consumo de 123 ovos por ano. Já nos países desenvolvidos como Japão e EUA chega a ser consumido per capita anual de 258 a 373 ovos. Outros países como México e China com um consumo "per capita" anual de 301 a 363 ovos. Segundo o presidente da Associação Paulista de Avicultura (APA), a meta do Brasil é chegar a um consumo de 200 ovos "per capita" anual (BOZUTTI. 2009).


Com a grande exigências do mercado de consumidores, principalmente a europa, vem buscando adquirir alimentos mais saudáveis, com menores concentrações de resíduos químicos, fez com que o modelo tradicional de produção de ovos fosse repensado em determinados aspectos. No caso das poedeiras, a preocupação com as condições em que esses animais vivem nos sistemas convencionais de criação é tão grande que a União Européia criou uma série de medidas em relação ao bem-estar, como a proibição do uso de gaiolas convencionais, que serão aplicadas entre 2006 e 2010. No caso das aves de postura, surgiram outros modelos de produção, como alternativa ao sistema convencional. Esses modelos diferem entre si, porém todos dão uma atenção maior ao bem-estar animal (PASIAN, GAMEIRO. 2007).

Com as exigências da Europa começaram a ter uma atenção maior ao bem-estar animal, utilizam alimentos apenas de origem vegetal na ração e produzem produtos com um maior valor agregado, mas no Brasil esse mercado é ainda incipiente, enfrentando dificuldades como informação, tanto de produtores quanto de consumidores (PASIAN, GAMEIRO. 2007).

Segundo (PASIAN, GAMEIRO), uma das instituições que certificam alimentos orgânicos no Brasil, o consumo de orgânicos em todo o mundo aumenta 30% anualmente, movimentando cerca de US$ 26,5 bilhões, apesar de eles serem até 50% mais caros que os alimentos não orgânicos. Nos últimos anos, o mercado brasileiro desse tipo de alimentos teve
taxas de crescimento de 30% a 50% ao ano e, atualmente, o Brasil detém a segunda maior área de agricultura orgânica do mundo, que exporta para vários países. Cerca de 75% da produção nacional de orgânicos é exportada, principalmente para a Europa, Estados Unidos e Japão. O desempenho do mercado de orgânicos no Brasil em 2004, quando as exportações chegaram a US$ 115 milhões, deu projeção ao País, eleito para ser o tema central da Biofach 2005, a maior feira de negócios de produtos orgânicos.

A avicultura de postura apresenta-se bem tecnificada, a maioria das granjas caminha para uma automatização completa dos seus processos de produção, e a genética é a maior meio de se obter altas produções. Um dos fatores é a mudança de instalações e de manejo para a criação de aves poedeiras que logo sendo exigida pela União Européia (EU), para atender as legislações de bem estar animal. Algumas das principais mudanças proposta pela União européia é a troca das gaiolas por um sistema que possibilite as aves expressar seu comportamento natural: utilizar ninho para postura, tomar banho de areia, empoleirar (BARBOSA FILHO, 2004).

As linhagens diferenciam-se quanto ao temperamento, potencial produtivo, consumo de ração, ganho de peso, viabilidade, tipo de ovos. As características de ganho de peso destinadas aos frangos de corte e as características reprodutivas que foram desenvolvidas para as poedeiras comerciais, são índices zootécnicos geneticamente antagônicos. Dessa forma, apesar da evolução na produção de ovos, verificada nos últimos anos, observa-se um baixo consumo de ração o que ocasiona uma redução no peso corporal da ave no início da postura e ainda, as aves apresentam dificuldade no ganho de peso. A poedeira moderna exige um consumo adequado de energia, para que não ocorra clássica queda de produção de ovos após o pico ou que esta ave entre em um balanço nutricional negativo (GARCIA, 2004).

De acordo com Auler et al (2009) no ano de 2003, as poedeiras atingiram um número 79 milhões de aves, a produção de ovos alcançou 62,8 milhões de caixas de 30 dúzias, totalizando uma oferta 22,6 bilhões. E com um consumo de 127 ovos por habitante. Tendo em vista que o consumo per capita em outros países como o Estados Unidos é de 260 unidades, no Japão 340 e China com 300 ovos. Com o melhoramento realizado pelos cruzamentos, hoje os produtores possuem a seu dispor aves que produzem 330 ovos em 80 semanas, média bem superior em comparação com as aves de 20 anos atrás que tinham uma produção de 260 ovos.

A produção de ovos em 2010 totalizou 28,851 bilhões de unidades, equivalentes a 1,731 milhão de toneladas. Isto correspondeu a um consumo per capita de 148 ovos em 2010, ou 8,93 quilos. O preço médio foi de US$ 1.480/tonelada, com aumento de 10%. África, com 13.864 toneladas, e Oriente Médio, com 11.705 toneladas, foram as principais regiões de destino. Entre os países os maiores compradores foram Angola, com 12.662 toneladas, e Emirados Árabes Unidos, com 10.623 toneladas.

As exportações brasileiras de material genético somaram US$ 107,8 milhões em 2010, um aumento de 85% em comparação com 2009. Desse total, US$ 73 milhões se devem às exportações de ovos férteis de galinha e US$ 34 milhões às exportações de matrizes. Entre os maiores mercados de destino estão à Venezuela, Paraguai, Colômbia e Emirados Árabes.

No Espírito Santo a avicultura gera aproximadamente 25 mil empregos diretos e indiretos e contribui com a renda de mais de 85.000 famílias que trabalham na agricultura em todo o Estado, principalmente os setores de fruticultura e horticultura que utilizam o adubo orgânico produzido.

REFERÊNCIAS

BELUSSO, D.; HESPANHOL, A. N. A evolução da avicultura industrial brasileira e seus efeitos territoriais. Revista Percurso, Maringá, v. 2, n. 1, p. 25-51, 2010.

BOARETTO, T. N. Melhoramento genético em frangos de corte. Revista Formação Informação Zootecnia. v. 1, n.1, maio 2009.
AULER, J. R. et al. Impacto da evolução futura dos preços dos ovos no desempenho de uma granja de aves de postura comercial. Revista Universo Contábil, Blumenau, v. 5, n. 2, p. 58-70, abr./jun. 2009.

UNIÃO BRASILEIRA DE AVICULTURA ? UBABEF. Relatório Anual 2009 ? 2010. São Paulo: Terra Comunicação, 2010.

ARAÚJO, C. G. et al. Cadeia Produtiva Da Avicultura De Corte: Avaliação Da Propriação De Valor Bruto Nas Transações Econômicas Dos Agentes Envolvidos. Gestão & Regionalidade - Vol. 24 - Nº 72 - set-dez/2008 SP. (arquivo pdf ).

CORTE, H. T; CAMPANHOL, E. M. O Desempenho De Uma Equipe De Trabalho E Sua Influência Nos Resultados Organizacionais: O Caso Da Unidade Avícola De Passos. FACEF PESQUISA - v.9 - n.2 ? 2006.

BARBOSA FILHO. J. A. D, Avaliação do bem- estar de aves poedeiras em diferentes sistemas de produção e condições ambientais, utilizando analise de imagem. USP- São Paulo 2004.mestrado em agronomia.

GARCIA. J. R. M. Avanços na nutrição da poedeira moderna. Campinas SP. São Paulo. 2004.

VIEIRA. N. M; DIAS. R. S. Uma Abordagem Sistêmica Da Avicultura De Corte Na Economia Brasileira. Universidade Federal de Viçosa. UFV. Viçosa MG. 2004. ( GESTER ESSA DATA EU INVENTEI)

PASIAN. I. M; GAMEIRO. A. H. Mercado para a criação de poedeiras em sistemas do Tipo orgânico, caipira e convencional. Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural. Londrina, 22 a 25 de julho de 2007.

BOZUTTI. S. R. A. Avaliação de ingredientes alternativos da alimentação de frangos de corte com adição de enzimas. Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos . Universidade de São Paulo. Pirassununga. 2009 . SP.