Numa reflexão sobre o tema, não tinha consciência de todo o jogo de poderes e saberes que envolvem a sexualidade em nossa sociedade.

Percebo que esta é apenas uma, das tantas possibilidades de se discutir a questão da sexualidade na sociedade. Porém, entendendo sexualidade também como uma questão de cidadania, a qual afeta a toda a sociedade, justifica-se o estudo.

Apesar de ocorrerem alguns questionamentos sobre a forma com que a sexualidade é negada na nossa sociedade, pois até grande parte dos educadores consideram que a sexualidade não é importante para ser tratada numa sala de aula e nem um tema a ser cogitado no trabalho pedagógico escolar, digo que essa educação se faz necessária para o educando possuir acesso às informações e passar a refletir sobre outros assuntos polêmicos, como drogas, tabus e a própria Educação Sexual.

Neste artigo, busca-se relatar com o objetivo de historicizar a difusão social e cultural da Sexualidade e analisar a visão de mundo que os autores tem nos dias de hoje.

Inicialmente, traz-se um breve Histórico da Educação Sexual destacando o que é Educação Sexual, articulando vários autores para buscar compreender como essa ela é vista em nossa sociedade.

A concepção do trabalho de Orientação Sexual, como instrumento preventivo, vem passando por inúmeras transformações. Seu espaço está sendo discutido intensamente, seja na família, seja na escola, seja na comunidade. Quando utilizado na área de educação, decorre do conceito pedagógico de Orientação Educacional, definindo-se como o processo de influência classificada na área de sexualidade, realizado principalmente em escolas. Implica o fornecimento de informações sobre sexualidade e a organização de um espaço de reflexões e questionamentos sobre postura, tabus, crenças e valores a respeito de relacionamentos e comportamentos sexuais.

Este, vai trazer reflexões sobre a História Antiga, com exemplo dos gregos e romanos; a Idade Média, com o autoritarismo da Igreja Católica; a História Moderna e a Educação Sexual revolucionando-se através das narrativas de William Shakespeare em peças teatrais e poéticas; a História Contemporânea e as mudanças radicais na cultura, assim como, na atualidade, através da liberdade sexual, contracultura etc, como também a partir das décadas de 1970 e 1980 quando surgem questões relevantes para a Educação Sexual ensinada nas escolas e comunidades.

Analisam-se valores e preocupações inseridos na história e compara com a opinião de outros autores que tratam do assunto.

Ao escrever história, o historiador conta com a memória explicando o objeto à sua maneira, essa perspectiva apresentada é apenas uma das várias possibilidades interpretativas do fato histórico, essa teoria pode ser levada em consideração ao estudarmos a importância da Educação Sexual[1].

Ocorreram várias mudanças na escrita da história. Podemos citar o surgimento da expressão francesa "La Nouvelle Histoire" (a nova história), na passagem dos séculos XIX e XX, esta Nouvelle Histoire praticada pela Escola dos Annales a partir de Lucien Febvre, Marc Bloch e Fernand Braudel, que romperam com a influência filosófica, sustentadas nas teorias das novas ciências sociais. A França, além de ser considerado o berço da Nova História, também é considerada precursora da Educação Sexual.

Abordar a temática Educação Sexual não é novidade, principalmente quando se pensa na questão da sexualidade vista de forma histórica. É interessante nos remeter a alguns fatos e datas significativas pelas quais atravessou este assunto.

Peter Burke em sua obra intitulada "A Escrita da História" discute a Nova história, onde se preocupa com uma história total, ou seja, onde tudo é histórico, e afirma: "A nova história começou a se interessar por virtualmente toda atividade humana e como afirmou o cientista J.B.S. Haldane "Tudo tem uma história"[2].

Nesse sentido, falar de Educação Sexual, nos remete ao tema sexualidade, e este também constituem os significados de coerção, domínio, preconceito, embargo do indivíduo, anseio, amor, prazer, vida, morte, autoridade, gênero, perversidade, opção sexual e construção de papéis sexuais. Por fim, de todas as representações sociais que giram em torno dela na sociedade.

Antes de fazer um retrospecto Sexualidade, se faz necessário explicar o que é Educação Sexual. Segundo alguns autores, como por exemplo a médica e sexóloga Marta Suplicy:

A Educação Sexual é um processo formal e informal, sistematizado que se propõe a preencher lacunas de informação, erradicar tabus, preconceitos e abrir a discussão sobre as emoções e valores que impedem o uso dos conhecimentos, cabe também propiciar uma visão mais ampla, profunda e diversificada acerca da sexualidade.[3]

Conforme Marta Suplicy, o processo do esclarecimento da Educação sexual pode ocorrer em qualquer lugar, sendo ele em salas de improviso, comunidade, ou até em associações para a explicação do tema proposto, buscando uma conscientização popular para a importância deste tema.

O esclarecimento sobre a Educação Sexual pode ocorrer de forma simples, a partir de informações repassadas por alguma instituição pública ou privada. Independente do local, o importante é que as informações sobre sexualidade sejam repassadas à população com a intenção de uma conscientização.

Segundo Vagner Lapate temos a concepção de que:

na moderna educação sexual projetada para o terceiro milênio abrange todo aspecto de informação cientifica, atitudes culturais e aprendizagem que estão implícitas no homem e na mulher[...] A educação sexual abrange o aspecto total do comportamento humano, a compreensão das necessidades básicas no que diz respeito a pertencer, a amar e ser amado, respeitando-se os direitos dos outros[4].

Vagner Lapate deixa claro que faz-se importante a discussão de todos os ângulos referentes ao tema Educação Sexual, do qual faz parte pontos como o respeito, amor próprio, preocupação com doenças sexualmente transmissíveis, gravidez indesejada, entre outras preocupações cabíveis.A Educação Sexual, desde seu debate inicial acerca da sexualidade, sofreu várias formas de repressão, sendo marginalizada e perseguida pela moral[5]. Somente com o passar do tempo é que essa discussão ganhou espaço, credibilidade e importância, chegando aos dias de hoje como necessidades básicas para sobrevivência do ser humano, porque uma pessoa sem informação pode engravidar em hora indesejada, pode contrair doenças e essas levarem até a morte do indivíduo...