Muito se tem discutido sobre Literatura, suas teorias e seu papel no processo ensino-aprendizagem. Percebe-se, claramente, que há uma diversidade de opiniões de acordo com a visão e a formação de cada um. Conceituar Literatura se tornou uma tarefa árdua e inacabada devido às diversas teorias que se desenvolveram através dos tempos. A leitura como fonte de prazer e conhecimento levou os teóricos a abordagens múltiplas, cujo foco principal está no próprio texto.
Afinal, é possível ensinar Literatura? Dentro do processo ensino-aprendizagem tradicional nas escolas de cursos regulares, pode-se dizer que sim, pois seu objetivo é apenas mensurar o aluno, ou seja, transformá-lo em um número de zero a dez e classificá-lo como aprovado ou retido. Na verdade, saber Literatura e Ciência em geral acaba se tornando condição necessária para a evolução acadêmica do aluno, menosprezando-se, em contrapartida, suas competências e habilidades no processo crítico e criativo, objetivo final do ensino de Literatura e Ciência.
A Literatura, enquanto disciplina curricular no Ensino Médio, preocupa-se em preparar o aluno para os processos seletivos, ou seja, torná-lo capaz de ingressar nas melhores universidades, no entanto, não o prepara para a futura vida acadêmica.
Essa prática vai de encontro ao posicionamento de muitos teóricos e suas teorias literárias, que privilegiam o texto, dissociado do autor e do momento em que foi escrito. Essas teorias, uma vez aplicadas, permitem a multiplicidade de sentidos, a plurissignificação dos textos, ampliando seu campo semântico e até extrapolando os limites lógicos da análise direcionada.
Seria esse o caminho ideal para o estudo da literatura que, na verdade, deve-se entender como "estudo do texto literário". Ensinar Literatura é apenas expor informações pré-definidas, prontas para serem "decoradas" e, posteriormente, cobradas nas avaliações e processos seletivos. Percebe-se que saber Literatura é apenas decorar o nome das escolas literárias, suas características, autores, obras e personagens.
Essa prática não desenvolve a habilidade da "trilogia" fundamental para a leitura: análise, síntese e antítese. Muito menos desenvolve o senso crítico, tão necessário à formação global do aluno. Ela apenas serve como um indicador se esse aluno pode ou não cursar uma universidade.
Cabe, então, ao professor apossar-se das teorias e levar o aluno a aprender Literatura através do texto. Este deve ser o princípio e não o fim desse estudo. O aluno não deve receber as informações prontas, os conceitos já definidos, mas sim ir construindo-os a partir do texto literário. Este sim não vem pronto nem acabado, pelo contrário, deve ser visto como o ponto de partida no ensino de Literatura. Ler um poema de Álvares de Azevedo e, através dele, levantar as características de sua poesia, é efetivamente aprender Literatura. E não "decorar" essas características, que vêm prontas no livro didático, para depois observá-las, se isso realmente ocorrer, no texto literário.
Portanto, saber Literatura não é saber, por exemplo, que Mário de Andrade é um autor modernista da primeira fase e escreveu Macunaíma, mas sim ter a habilidade de ler, interpretar e analisar de forma crítica o comportamento e as peripécias humoradas e "abrasileiradas" de Macunaíma. Assim, podemos dizer que as teorias literárias têm validade, diferentemente do ensino de Literatura proposto atualmente nas escolas regulares.