RESUMO

Apresenta-se uma pesquisa bibliográfica intitulada: DO PROFESSOR TRADICIONAL AO EDUCADOR ATUAL: DESEMPENHO, COMPROMISSO E QUALIFICAÇÃO. Trata-se de breves reflexões sobre a importância do educador brasileiro, perspassando por aspectos históricos, sociais, pedagógicos e legais. Destaca-se a seriedade do trabalho educativo e refere-se a alguns aspectos relevantes do fazer pedagógico no desempenho das atividades educacionais. Os problemas de formação de quadros para a formação básica são complexos. O avanço do conhecimento, as inovações tecnológicas e a expansão da informação estão transformando o mundo e exigindo novas respostas da escola e nova configuração do desempenho do professor. A qualidade do ensino relaciona-se estreitamente à formação, condições de trabalho e remuneração dos docentes, elementos esses indispensáveis à profissionalização do educador. É preciso repensar a qualidade do ensino ministrado pela escola básica e sua tarefa na formação de cidadãos capazes de participar plenamente da vida econômica, social, política e cultural do país.

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INTRODUÇÃO

O artigo científico intitulado DO PROFESSOR TRADICIONAL AO EDUCADOR ATUAL: DESEMPENHO, COMPROMISSO E QUALIFICAÇÃO, tem por objetivo analisar aspectos da profissão de educador do passado e do presente na sociedade brasileira.Buscou-se desenvolver o tema o papel do educadoratravés de pesquisa qualitativa. Determinou-se oestudo por meio de levantamento bibliográfico em livros de teóricos da educação que são valorizados na atualidade e que são referências na área, tais como: Aranha (1996), Gonzalez, (2002), Morin, (2002), Masetto (2003), além de consulta à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, número 9394/96 e ao Dicionário Brasileiro Globo (1998).

Os estudos sobre a formação dos educadores têm se desenvolvido muito nas últimas décadas devido a sua importância e conseqüências para a sociedade. Portanto, sentiu-se a necessidade de estudar sua contribuição na formação integral do cidadão, uma vez que a escola possui entre os seus objetivos, abranger os aspectos físicos, sociais e afetivos na construção de sujeitos críticos e reflexivos. O aluno é considerado um agente ativo de seu conhecimento, a família e os professores, são mediadores na constituição do saber e no desenvolvimento da personalidade.

Mas afinal... Qual é o papel da escola na sociedade? E o papel do educador? Ser professor ou ser educador? Quais são os ganhos e as perdas na educação de onteme de hoje? Ser tradicional ou ser inovador? O que representa o educando na relação com o educador?

Para Fernandes ett allis (1998, p. 213),

Educador é aquele que educa; pedagogo; preceptor. Educando é aquele que está recebendo educação; aluno; colegial. Educação é o ato de educar; conjunto de normas pedagógicas aplicadas ao desenvolvimento geral do corpo e do espírito; polidez; cortesia; instrução; disciplinamento.

A concepção de professor tradicional aponta-nos um profissional do passado e consequentemente superado... Quem era o profissional da educação? A imagem do professor era tida como sagrada, uma pessoa austera, compenetrada, sem direito de demonstrar ou exteriorizar seus sentimentos. A ciência e o conhecimento careciam de uma atitude contemplativa, com o verbalismo do professor na ansiedade em transmitir o saber acumulado culturalmente e historicamente pela sociedade.

No século XXI o cidadão brasileiro espera e exige um educador cuja formação torna-o capaz de enfrentar os obstáculos da própria deficiência e limitação com um olhar mais realista e comprometido com a qualidade. Aguarda ainda que ele venha a desenvolver a capacidade e a competência para trabalhar com a educação, até mesmo a educação inclusiva, cotidianamente, assumindo a responsabilidade da educação na diversidade.

A educação inclusiva, a educação para a diversidade, não integra apenas os portadores de necessidades educativas especiais, físicas e motoras, mas todo e qualquer tipo de diferença que exija do educador uma postura ética e comprometida com a atuação adequada aos novos paradigmas educacionais, num estilo desvinculado dos moldes discriminatórios e tradicionais e bem firmado nos paradigmas da criatividade e da inovação, com esforço constante de motivar os alunos a uma participação ativa e prazerosa, na descoberta do saber coeso, integrante e interdisciplinar.

A ESCOLA TRADICIONAL

No século XX, há apenas algumas décadas, a escola era considerada uma espécie de sonho dourado, capaz de levar e elevar valores, possibilitando concreta de mudança no status social do cidadão. A relação professor-aluno era vertical, piramidal, pois era hierárquica e tinha como conseqüência a submissão, o medo do aluno de se expor perante o público, restrito ou não, numa atitude submissa e apática, sendo, portanto considerado como um componente do conhecimento, o receptor da tradição cultural, aquele que nada sabe e que precisa do professor para absorver,como uma esponja jogada na água, a informação vinda deste profissional.

A sociedade através das famílias, depositava total confiança na escola e nos educadores, inclusive mantendo uma relação de companheirismo e contraditoriamente, de distanciamento, confiando o comando das demarcações e determinações sobre o tipo de educação dos seus filhos ao professor, considera-o possuidorda austeridade da tradição cultural e da ética, o formador do caráter e dos costumes adequados àquela comunidade, responsável e executor do papel de transmissor do conhecimento formal.

Não se discutiam propostas educacionais. Os modelos eram determinados pelos docentes e acolhidos pacificamente pela comunidade escolar. A escola tradicional era centrada no professor (magistrocêntrica), e na transmissão dos conhecimentos.

O professor assumia o papel de detentor do poder, pelo poder do saber, com o desejo de ser reconhecido pelos por outros professores, pelos seus alunos e pela sociedade. Admitir que cometesse um erro, ou que não sabia responder ao questionamento do seu aluno, era uma espécie de desmoralização, de pecado mortalalgo intolerável na sociedade.

O currículo era padronizado, adotado igualmente em todas as escolas brasileiras. A prioridade da escola tradicional era trabalhar valorizando o desenvolvimento do conhecimento determinado pelo currículo escolar. O professor ao término de cada ano letivo era muito cobrado em relação ao ensino de todo o conteúdo determinado por esse currículo.

Os alunos aprendiam os hinos pátrios: Nacional, da Independência, da Bandeira... Os quais eram cantados enquanto as bandeiras eram hasteadas ou derreadas, numa atitude patriótica em que a comunidade escolar ficava perfilada, em sinal de reverência aos símbolos nacionais.

O horário e o uso do fardamento escolar eram exigidos e os alunos eram considerados um grupo homogêneo e único. Não havia preocupação com as diferenças individuais, principalmente as diferenças culturais, sociais e financeiras.

Existia uma valorização da concorrência entre os alunos, reprimidos por um sistema avaliativo classificatório. O professor trabalhava com recompensas e castigos. A escola era empirista, ou seja, priorizava e valorizava enfaticamente a assimilação por parte do aluno, do conhecimento externo adquirido por meio de transmissão, sem a exigência de maiores elaborações individuais. Argüir era um verbo usado durante as aulas apenas com o objetivo de conhecer para decorar e não para refletir-agir-refletir estabelecendo uma conexão entre a valorização do conhecimento prévio e a construção a partir das diversas conexões possíveis e articuladas de uma aprendizagem significativa.

A metodologia adotada tinha por principio o aprender mecânico,sem a relação com o real. Também era bastante comum o uso da sabatina, principalmente na disciplina Matemática, mais especificamente a tabuada, tida como o pavor de alunos que apresentavam dificuldades para decorar. Outra disciplina que exigia que o aluno decorasse o texto era História.

O conteúdo visava à aquisição de noções, dando-se mais ênfase ao esforço intelectual de assimilação do conhecimento. A metodologia mais adotada era a da aula expositiva, centrada no professor. Durante as aulas os alunos ficavam sempre enfileirados, carteiras postas atrás das outras carteiras, no rigor do bom comportamento, uns sentados atrás dos outros, com destaque para situações em sala de aula nas quais eram feitos exercícios de fixação, como leituras orais e silenciosas além de muitas cópias de lição, de casa e de aula.

Repetições quilométricas de lições eram adotadas como forma de levar o aluno à identificação da grafia das palavras mais complexas. Era uma técnica de estudo que levava o aluno a gravaro modo corretode escrever.

O alfabeto era cantadopor professores e repetido pelos alunos como forma de decorar o conteúdo tão necessário para o processo de alfabetização.Era também bastante comum o aluno cantar a lição que vinha decorada de casa. Muitas vezes embora ele soubesse declamar todo o texto, de cor e salteado, nem sempre era possível identificar cada palavra, pois, eles não as reconheciam no texto.

A avaliação valorizava os aspectos cognitivos, supervalorizando a memória e a capacidade de restituir o que foi assimilado. Os testes assumiam um papel central entre os instrumentos de avaliação, chegando a determinar o comportamento do aluno, sempre preocupado em estudar o que seria avaliado, sem consciência da importância de aprender.

O sistema disciplinar era paternalista, imperioso e dogmático. O caráter normativo das escolas e o rigor das penalidades favoreciam a submissão do aluno, para quem a subordinação era a virtude primeira. A manutenção da disciplina e da ordem era garantida freqüentemente por meio de castigo corporal, técnica pela qual se mantinha a ordem pela intimidação, o que era considerado normal. Os professores tinham inclusive o poder da palmatória nas mãos. Além da palmatória era comum o uso de grãos de milho para o aluno ajoelhar-se, entre outras criativas punições.

Criticar o intelectualismo da escola antiga não significa descuidar da transmissão de conteúdos; negar o enciclopedismo não implica desprezar a aquisição de informação dosada e necessária; recusar o autoritarismo do mestre não é deixar de reconhecer a importância de sua autoridade e assimetria com relação ao aluno; acusa-la de passadista e de estar a reboque dos acontecimentos não significa abandonar o estudo dos clássicos e toda a herança cultural.

Com isso não se pretende retornar à escola tradicional, mas sim avalia-la sem preconceitos, a fim de evitar uma abordagem superficial e falsa, incapaz de reconhecer o que ainda interessa conservar. Afinal, muitos dos valores da escola tradicional são valores iluministas que ainda não foram realizados na escola contemporânea. (Aranha, 2002, p.162)

Estudar o primário, equivalente à fase inicial do atual Ensino Fundamental, era motivo de orgulho para quem tinha acesso e para a família, pretexto para fazer belas festas de formatura, em que as mulheres usavam os seus melhores vestidos e os homens também se preocupavam com a exposição mais impecável da sua aparência. Tudo isso para comemorar a ocasião tão distinta e que os habilitava (entre outras tarefas) a ensinar formalmente em escolas, com o direito de embolsar um mísero salário, mas com todo o respeito e a credibilidade social. Conforme o dito popular: Em terra de cego quem tem um olho é rei.

Àquela época, ser aprovado no exame de admissão era empreitada que desafiava professores e alunos. Comparável talvez à responsabilidade de passar no vestibular na atualidade. As escolas que mais aprovavam eram reconhecidas pela comunidade e a procura por vagas tornava-se tão grande que, em alguns casos era preciso solicitar o apadrinhamento, os favores especiais de amigos para conseguir o direito a matricula nestas escolas.

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