Pesquisa ? Artigo ? Cirandar


CIRANDAR

ALVES, Elaine Marlei*
SILVA, Luiz Fernando Ribeiro de Castro**

RESUMO: Artigo acerca das Cirandas, dança circular tradicional e folclórica portuguesa muito popular no Brasil, amplamente difundida pela tradição oral popular, principalmente nas regiões litorâneas pernambucanas, fluminenses e paulista, assim como na Zona da Mata pernambucana e no Vale do Paraíba paulista, sendo muito popular entre as crianças, porém dançada por adultos nas regiões supra citadas.

PALAVRAS-CHAVE: Folclore, Música Folclórica, Ciranda, Música da Ciranda, Dança Circular.

ABSTRACT: Article about Cirandas, traditional e folklorical portuguese circle dance most popular in Brazil, most difunded by oral popular tradition, specially in the seaboard of the states of Pernambuco, Rio de Janeiro e Sao Paulo and in the Zona da Mata of Pernambuco and the Vale do Paraíba in Sao Paulo, most popular with the children, but danced by adults in the cited regions.

KEYWORDS: Folklore, Folk Music, Ciranda, Ciranda of Music, Dance Circular.

"Sempre que se cante a uma criança uma cantiga de ninar; sempre que se use uma canção, uma adivinha, uma parlenda, uma rima de contar, no quarto das crianças ou na escola; sempre que ditos, provérbios, fábulas, estórias bobas e contos populares sejam representados; sempre que, por hábito ou inclinação, a gente se entregue a contos e danças, a jogos antigos, a folguedos; sempre que uma mãe ensina a filha a costurar, tricotar, fiar, tecer, bordar, fazer uma coberta, trançar um cinto, assar uma torta à moda antiga; sempre que um profissional da aldeia ( ... ) adestre seu aprendiz no uso de instrumentos e lhe mostre como fazer um encaixe e um tarugo para uma junta, como levantar uma casa ou celeiro de madeira, como encordoar um sapato-raqueta de andar na neve ( ... ) aí veremos o folclore em seu próprio domínio, sempre em ação, vivo e mutável, sempre pronto a agarrar e assimilar novos elementos em seu caminho. Ele é antiquado, depressa recua de primeiras cidadelas ao impacto do progresso e da indústria modernos; é o adversário do número em série, do produto estampado e do padrão patenteado". (Marius Barbeau)


1 INTRODUÇÃO

No início do sexto e último semestre do curso de Educação Artística com Habilitação em Música ? Licenciatura Plena da Faculdade Paulista de Artes, o graduando Magno Camilo, arte-educador, performer e compositor propôs para a turma um tema para ser apresentado em formatura, prevista para o final do semestre gerando assim um espetáculo musical e não somente um ritual de transição tradicional da instituição onde os formados tocam peças que executaram/aprenderam durante o curso. Propôs-se então o tema: "Cirandas".
A originalidade da escolha fez com que parte dos docentes abraçasse a ideia e transformou a formatura em um projeto multidisciplinar incluindo as pastas de Regência II, Prática de Conjunto II, Prática de Câmara e Projeto Pedagógico. Isso fez com que toda a sala e metade do corpo docente se empenhasse no projeto. Ficou decidido pela elaboração de um projeto acadêmico-artístico que gerou um projeto técnico-pedagógico, um espetáculo cênico-musical e esse artigo, gerado após uma pesquisa de campo e acadêmica acerca do tema.
A grande dificuldade gerada nesse processo foi justamente o que motivou a busca dele, a excassez de estudos acadêmicos acerca do assunto, tão próximo pela tradição oral, releva ainda mais o objeto do estudo, pois em plena era da informação, temos um rito folclórico altamente disseminado e, porém, pouco analisado e estudado.
A dança que qualquer criança que conheçamos aqui no Brasil sabe, raramente foi citada em textos ou trabalhos de catalogação folclórica e quando feito, sem aprofundamento. A amplitude dessa manifestação folclórica será o objeto deste e será esmiuçada a partir de agora nessas palavras escritas.

2 O FOLCLORE BRASILEIRO

Por ser um país novo e grande o Brasil possui ampla difusão de conhecimentos folclóricos e devido a sua característica agregadora de culturas com os povos nativos, os colonizadores ibéricos, os escravizados oriundos da África ocidental e os imigrantes de todos os cantos do mundo aqui estabelecidos transformou essa terra numa ampla agregação de múltiplas culturas, sendo grande parte delas de transmissão folclórica, onde a mistura ou reinterpretação, gerou uma ampla e difundida rede de cultura tradicional popular fora dos meios de transmissão acadêmicos.
Para ser considerado um fato folclórico é necessário a tradicionalidade, e que a sua transmissão seja através da oralidade.
De acordo com a Carta de Folclore Brasileiro, saída do I Congresso Brasileiro de Folclore, teria estabelecido pela primeira vez com clareza o que deve ser considerado como fato folclórico,


"Constituem o fato folclórico as maneiras de pensar, sentir e agir de um povo, preservadas pela tradição popular e pela imitação, e que não sejam diretamente influenciadas pelos círculos eruditos e instituições que se dedicam ou à renovação e conservação do patrimônio científico e artístico humano ou à fixação de uma orientação religiosa e filosófica" (BRANDÃO, 2003, p. 31).

Os campos geralmente abrangidos pelo folclore são: a linguagem popular, ou seja, as advinhas, as parlendas, as quadrinhas, a leitura de Cordel; os brinquedos e brincadeiras; lendas, mitos e contos, crenças e superstições; a arte e artesanato; a música, isto é, as cantigas de roda, os acalantos, as modinhas, as cantigas de trabalho; as danças que acompanham as músicas em vários rituais folclóricos, entre elas a "Ciranda" ? dança circular tradicional e folclórica no Brasil, difundida pela tradição oral popular.

3 CIRANDA

"Pra se dançar ciranda, juntamos mão com mão,
formamos uma roda, cantando uma canção..."
(CAPIBA)

Etimologicamente, há várias interpretações para a origem da palavra ciranda, mas segundo o Padre Jaime Diniz, um dos pioneiros a estudar o assunto, vem do vocábulo espanhol zaranda, que é um instrumento de peneirar farinha daquele país e que teria evoluído da palavra árabe çarand, como afirma Caldas Aulete no seu dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa. Entretanto Leite de Vasconcelos associou a palavra ao fato de as mulheres trabalharem juntas em "serões", e por esta razão grafou-a seranda, e não ciranda. (OLIVEIRA, 2007, p. 9).
Não há nenhuma fonte confiável sobre a chegada das cirandas no Brasil, mas sabe-se de sua origem lusa. Carneiro (1974) descreve a ciranda portuguesa,


"A Ciranda é uma dança que se divulgou no século passado e vem inserta em vários cancioneiros. Não tem acompanhamento instrumental, pois baila-se apenas ao som de harmônio e com acompanhamento de canto. Não deve ser uma dança muito antiga entre nós porque o harmônio é um instrumento austríaco que só há um século se popularizou em Portugual. Trata-se de uma dança que se baila na Beira Litoral e na região do Norte da Estremedura" (1974, p. 95)

Importante ressaltar o aspecto de dança litorânea da original portuguesa, também presente na manifestação brasileira. No dicionário do Folclore Brasileiro de Luís da Câmara Cascudo, Ciranda é colocada como uma dança de roda comum no Brasil,


"Samba rural de Parati, no estado do Rio de Janeiro, e também dança paulista de adultos, terminando o baile rural do Fandango, em rodas concêntricas, homens por dentro e mulheres por fora. Em Pernambuco, a Ciranda de roda é dança de adultos, ritmada, ao som de instrumentos de percussão: ganzá e caixas. Música e letra das cirandas, em sua maior parte, são portuguesas, e uma das rondas permanentes na literatura oral brasileira". (2002, p. 141)

Definida pela Enciclopédia da Música Brasileira: erudita, folclórica e popular,


"Ciranda é uma dança adulta, de roda, originária de Portugal, também conhecida como cirandinha, sereninha (São Paulo), serandina (Minas Gerais), sarandi (Goiás). Uma das danças do fandango, rufado em Taubaté-SP e valsado em Parati-RJ, Tietê e Itanhaém-SP" (1998, p. 202)

É também uma Dança de Roda de adultos da Zona da Mata e litoral Pernambucano. Em estudo publicado por Diniz,


"Ciranda é roda de adultos no folclore pernambucano, distinta das cirandinhas infantis". Distinta pelos cirandeiros que são adultos, pelo repertório poético-musical (de extrema variedade na temática poética e linha musical), pelo instrumental obrigatório ? em que nunca falta o bombo que acompanha a linha ondulante dos cirandeiros na qual se enlaçam alternadamente homens e mulheres, distinta ainda pelo local escolhido, em geral afastado dos aglomerados urbanos, pela realização noite adentro, ou ainda pela presença do mestre cirandeiro, a quem cabe "tirar as cantigas" (cirandas), improvisar versos e presidir a festa. (Enciclopédia da Música Brasileira, 1998, p. 202).

Ao soar da caixa, respondida pela marcação do bombo, com o ganzá a marcar o andamento e o instrumento solista (clarineta, saxofone, trompete ou trombone) a estruturar a melodia, surge o mestre cirandeiro, a entoar a melodia principal, no que é respondido pelo coro de dançarinos. Os circunstantes dão-se as mãos por vezes os braços, espontaneamente, formando meias-luas soltas no terreiro, para por fim transformar-se em grandes rodas, num balanço contagiante, com seu ondulamento característico, como imitar as ondas do mar tranqüilo a quebrar-se na areia da praia, enquanto o mestre cirandeiro pontifica no centro da roda grande, junto a um mastro alto encimado por um potente candeeiro ou lanterna (ibid., p. 202).
A partir de 1961, a ciranda tomou conta das festas folclóricas do Nordeste, principalmente em Recife, sendo de bom tom o seu dançar. É dessa época o aparecimento de Antônio Baracho de Abreu e Lima PE, autor de várias peças, dentre as quais a Ciranda de Lia, conhecidas nacionalmente e gravadas em 1973, pelo Quinteto Violado para Discos Marcus Pereira, em Música Popular do Nordeste.
Em 1975, Capiba compôs Minha Ciranda, gravada por Lia de Itamaracá, grande divulgadora da Ciranda no Brasil e no exterior ? A Ilha de Itamaracá é a principal fonte de inspiração de Lia nas suas cirandas, a referência a esse local sempre está presente exaltando suas belezas e dessa forma divulgando o local onde nasceu e vive até hoje. E Claudionor Germano no LP Cirandas e, mais recentemente, no CD Capiba ? Acervo Funarte (Funarte, Rio de Janeiro, 1997), sendo hoje entoada em todas as rodas de cirandeiros, nas festas juninas e natalinas, no Carnaval e até por conjuntos corais,

Minha ciranda (Capiba)

"Pra se dançar ciranda
Juntamos mão com mão
Formamos uma roda
Cantando uma canção
Esta ciranda
Não é minha só
É de todos nós,
É de todos nós
A melodia principal
Quem tira
É a primeira voz,
É a primeira voz..."
(ibid., pp. 202-203)

Geralmente a indumentária é colocada da seguinte forma, mas não há uma regra, pois, assim como a dança e o rito, o vestuário também é livre, há um certo padrão cultural dos enfeites (fitas e chapéus) e a escolha de cores vivas ou claras, típico das comunidades ribeirinhas e beira-mares:
Damas ? Blusas de manga curta, branca, saias brancas, amplas, abaixo da parte média da perna e cinto de fitas coloridas, sandálias de couro, colar colorido e flor no cabelo;
Cavalheiros ? Calças brancas e camisas coloridas. Sandálias de couro.
O acompanhamento instrumental é feito pelo ganzá, pelo bombo e pela a caixa formando o instrumental básico de uma ciranda tradicional, às vezes, encontram-se ainda a cuíca, o pandeiro, a sanfona, ou algum instrumento de sopro de acordo com a disponibilidade e a cultura musical local dos cirandeiros.

Mario de Andrade em seu Turista Aprendiz (1982, p. 335) descreve a ciranda amazonense:
"(...) Dois a dois, rapaz e moça, eles marcham num bamboleio saltitando que nem o passa das marchas dos coroes cariocas, cantando em uníssono a Ciranda-Cirandinha. (...) A vestimenta é berrante e gostosa de se ver. Chapéus inspirados nos cocares indígenas, cheios de penas de arara, flores de papel e naturais; blusas e calções de core claras, rosa, encarnado, amarelo, verde, as mesmas cores cruas com que Tarsila abrasileirou tão sabiamente os quadros dela." (ibid., p.335)
"Quando o cordão chegou na casa dum sírio negociante de caucho, a Ciranda principiou. O reisado não tem muita originalidade dramática não, inspira-se nas danças de roda infantil e no Bumba meu boi. Os figurantes em roda, cantam e saracoteiam, esboçando um enredo vago sem continuidade. Uma orquestrinha de violões e cavaquinhos acompanha as cantorias, ritmadas com força pela assistência batendo palmas. Um ou dois cantores solistas, fazendo mais ou menos o papel do Histórico dos oratório clássicos, puxam os cantos, enquanto outros figurantes solistas representam dentro da roda o que o Histórico vai contando." (ibid., p.335)
"(...) O que vale mesmo é a música. Pude pegar dois temas interessantes. O lamento coral sobre a morte do carão é belíssimo e por coincidência espantosa lembra fortemente os cantos populares escandinavos. É quase unicamente composto de deformações rítmicas de elementos melódicos do norte europeu." (ibid., p.336)

Essa colocação de Andrade, além do relato histórico sobre como eram feitas as cirandas amazonenses nos anos 1930, traz a informação já levantada por Bártok, Bella Bártok, compositor e folclorista hungaro, um dos líderes do movimento de compositores nacionalistas da primeira metade do século XX, de obra autoral notória e respeitável pesquisa da música folclórica de sua região e pela sistematização desse tipo de pesquisa na Música Acadêmica, que a música folclórica tem semelhanças em todo o mundo e segue padrões de inconsciente coletivo.
Andrade ainda descreve a ciranda como algo inocente sem o aprofundamento do Bumba Meu Boi, como nas rodas infantis. Nesse sentido ele está correto, pois a ciranda possui um caráter meramente lúdico, onde a felicidade e a plenitude alcançadas no rito são mais importantes do que qualquer discurso, onde a música faz o papel condutor dessa sensação com ritmo sincopado e contínuo leva todos a sentirem a vontade de dançar e rodar, conforme será descrito a seguir.


4 A MÚSICA DA CIRANDA

A música da ciranda é um misto de versos e rimas encadeados pela percussão e instrumentos de cordas e sopro. Ninguém fica imune ao ritmo e balanço contagiante da ciranda. O repertório poético-musical é de extrema variedade na temática poética e linha musical, pelo instrumental obrigatório ? em que nunca falta o bombo que acompanha a linha ondulante dos cirandeiros na qual se enlaçam alternadamente homens e mulheres. Tradicionalmente compõem o folguedo o mestre, o contramestre e os músicos. Cabe ao mestre a responsabilidade de iniciar e comandar a animação, de "tirar as cantigas" (cirandas), ou seja, de entoar a melodia principal, improvisar versos e presidir a festa. (Enciclopédia da Música Brasileira, 1998, p. 202).
De acordo com o dicionário do Folclore Brasileiro de Luís da Câmara Cascudo, a Música e letra das cirandas, em sua maior parte, são portuguesas e uma das rondas permanentes na literatura oral brasileira. (2002, p. 141)
Segundo Almeida e Pucci (2002) é possível identificar várias referências da música portuguesa na brasileira, embora algumas delas tenham sido incorporadas de tal forma que é difícil detectá-las, como, por exemplo, o perfil melódico-harmônico e a quadratura estrófica das canções, vários instrumentos musicais ? principalmente os de cordas ? a forte influência dos folguedos populares nas festas e danças e em alguns dos gêneros musicais. (ibid., p.77)
Quanto ao perfil melódico, observa-se que boa parte das canções brasileiras possuem um caráter melódico e harmônico muito próximo da forma portuguesa de se compor. Isto pode ser notado principalmente nas cantigas infantis e nas canções com temática amorosa. (ibid., p.77)
Quanto às melodias com quadratura estrófica, as quadrinhas tão presentes em no repertório de parlendas, histórias e cantigas, aproximam-se de Portugal mais uma vez. Como exemplo bastante conhecido deste tipo de quadratura estrófica, tem-se a canção portuguesa muito popular no Brasil O Cravo Brigou Com a Rosa,

"O cravo tem vinte folhas,
A rosa tem vinte e uma,
Anda o cravo em demanda,
Porque a rosa te mais uma.

O cravo brigou co?a rosa
Debaixo de uma sacada
O cravo saiu ferido
E a rosa espinicada

Viva o cravo, viva a rosa,
Viva o palácio do rei;
Viva o primeiro amor
Que nesta terra tomei!

O cravo caiu doente
A rosa o foi visitar
O cravo deu um desmaio,
A rosa pôs-se a chorar."
(ibid., p.77)

Quanto à dança, em especial a ciranda praticada em Pernambuco possui ritmo fortemente sincopado conduzido por caixa clara e surdo ou bumbo. O bumbo faz a marcação do passo em compasso de 4/4 acentuando o primeiro tempo. A caixa e o caxixi (chocalhos em geral) conduzem a dança com uma frase similar à de uma marcha militar com variações em semicolcheias e rulos e rudimentos internos na condução do ritmo. Também são aceitas convenções e viradas indicando mudanças de músicas ou danças. Ressalta-se também o forte padrão português de melodias e harmonias, presente nas suas canções folclóricas.
Esse ritmo fortemente conduzido e sincopado, ornados com melodias e harmonias simples e com letras ingênuas, pregando a felicidade por si só, sempre em formas binárias simétricas gera uma sensação de circularidade típica em manifestações pagãs. Isso gera a vontade de girar que conduz a dança, sempre em busca da plenitude simples da sensação de estar feliz.


5 O PROJETO CIRANDAR

A ideia do projeto surge ao perceber a ausência de informações. Estudos e trabalhos artísticos mais aprofundados sobre o tema gerou o mote para a condução desse trabalho entre os graduandos do curso de Educação Artística com Habilitação em Música da Faculdade Paulista de Artes. Quando o trabalho foi iniciado, nenhum dos envolvidos tinha a noção de quão folclórico era o tema estudado. Todos sabiam do que se tratava, mas não tinham a clara noção do estava sendo feito.
Após apresentado para o grupo, na forma de um concerto de formatura, o trabalho ganhou corpo como uma obra multidisciplinar, conforme já citado, além dele envolver duas linguagens artísticas: a música e as artes cênicas ? dança. Traçado esse caminho, o segundo passo foi criar um grupo de pesquisa formado por Magno Camilo, Deborah Cotrin, Luiz F. Ricas (Silva) e Elaine M. Alves e um cronograma de atuações que incluiu oficinas de corpo (com o aluno Tiaggo Guimarães) e de ciranda com Roberto Harari, cirandeiro do interior paulistano. Após a coleta inicial de informações o espetáculo foi elaborado com cinco cirandas arranjadas usando o groove pernambucano e a instrumentação disponível dos instrumentistas da sala (bateria, surdo, caxixi, percussão de efeitos, contrabaixo elétrico, piano, violão, cavaquinho, flautas doce e transversal, trompete e coro vocal), além de um arranjo de maracatu com solos de flauta e trompete, um arranjo de piano e duas flautas doces e dois arranjos para piano solo, feitos por Israel Ludovico,
usando temas de clássicas cirandas infantis e um cordel escrito por Luiz F. Ricas (Silva) narrando o espetáculo, sob direção e concepção de Magno Camilo. Enquanto o espetáculo era elaborado, esse trabalho estava em fase final de pesquisa com visitas ao acervo da Missão Folclórica de 1938 do Mario de Andrade, Instituto Cachuera, bibliotecas temáticas e internet.
Com o suporte técnico do experiente Guegué Medeiros, o espetáculo adquiriu um formato final ao incluir as coreografias de Sthefany Leal, os figurinos de Sthefany, Deborah Cotrin e Iara Campelo, e cenário por Guegué Medeiros, Sthefany, Deborah e a professora Maria Ap. Callegari, o mesmo foi apresentado para a banca de professores da FPA no dia 23 de Novembro na seguinte estrutura:

1. Abertura: Cirandas ao piano por Israel Ludovico.
2. 1ª leitura do cordel por Tiaggo Guimarães.
3. Entrada do cirandeiro-mestre (Magno) e brincantes: Composição do João. (brincadeiras livres)
4. Récita de Praia de Janga por Magno Camilo.
5. Praia de Janga (Capiba) cantada por todo o elenco. (Todos se posicionam em formato de meia ? lua e dançam formando o movimento de uma onda)
6. Ah Clariou (Magno Camilo) cantada por todo elenco. (2 grupos de 2 casais em cada. Primeira estrofe: Ah! Clariou... 1ª vez: Movimento do 8; 2ª vez: 2 círculos de 4 e 4 integrantes Segunda estrofe: Vem meu amor... 1ª vez: Cada grupo dá as mãos e formam dois círculos; 2ª vez: Todos dão as mãos e formam um grande círculo; Terceira estrofe: Olhando pro passo...; 1ª vez: Círculo marcando tempo forte da música com o pé direito; 2ª vez: Um grande círculo com todos. FIM: Todos abrem em meia-lua.
7. 2ª leitura do cordel por Luiz F. Ricas (Silva)
8. Ciranda Faceira (anônimo) (Instrumental: Círculo. Vocal: abre: 1ª vez: Quatro integrantes vão individualmente à frente da meia-lua e fazem uma brincadeira; 2ª vez: Trançado começando pela ponta) / Cirandeiro oh (atribuído a Antonio Baracho) cantada por todo o elenco (Instrumental: Círculo. Vocal: abre: Primeira estrofe: Ôh, cirandeiro... 1ª vez: O cirandeiro brincará de o mestre mandou com todos os integrantes; 2ª vez: Brincadeiras de roda; Segunda estrofe: Eu fui fazer uma casa...: 1ª e 2ª vez: Brincadeiras; Terceira estrofe: Oi passa sol, passa chuva... 1ª e 2ª vez: Brincadeiras e depois se separar preparando-se para congelar ao final
9. 3ª leitura do cordel por Luiz F. Ricas (Silva)
10. O Cravo brigou com a Rosa (anônimo) por Israel Ludovico (Piano), Debora Cotrin e Thiago Puppo (Flauta doce).
11. 4ª leitura do cordel por Tiaggo Guimarães.
12. Variações sobre temas de cirandas por Israel Ludovico (piano)
13. Buquê das Quatro Rosas (Magno Camilo) (Nesta música quatro moças serão as quatro rosas, cada uma representando uma cor, e no momento em que forem citadas irão a frente e farão uma brincadeira. No começo elas ficam no centro de uma roda e ocorre um momento intercalado delas em pé e a roda abaixada e vice-versa) por todo elenco.
14. Final (Saída do elenco e agradecimentos)

5.1 As atribuições do espetáculo foram feitas do seguinte modo:

Direção geral: Magno Camilo;
Suporte/Orientação de Espetáculo: Guegué Medeiros;
Figurinos: Débora Contrim, Iara Campelo e Sthefany Leal;
Coreografia: Sthefany Leal;
Cenário: Guegué Medeiros, Débora Contrim, Sthefany Leal e professora Maria Ap. Callegari;
Orientação Acadêmica: Profa. Maria Ap. Callegari;
Orientação Musical e Contexto-histórico: Fernanda Bertinato;
Núcleo de Pesquisa e Projeto: Elaine M. Alves, Luiz F. Ricas (Silva), Débora Cotrin e Magno Camilo;
Texto (cordéis): Luiz F. Ricas (Silva);
Registro Audiovisual do processo: Cristiano Ferreira e Lucas Vasconscelos;
Arranjos: Magno Camilo, Israel Ludovico e João (arranjos instrumentais melódicos e harmônicos); Guegué Medeiros e Paulinho Saviani (arranjos de percussão e rítmica) e; Israel Ludovico (arranjo vocal).
Cirandeiro-mestre: Magno Camilo
Formação instrumental: Violão: Wélio Bastos, Baixo: Davi Amantea, Cavaco: Leandro de Paula, Percussão: Paulinho Saviani, Guegué Medeiros e Danilo, Trompete: Eliezér; Flautas: Débora Cotrim e Tiago Puppo, Piano e Regência vocal: Israel Ludovico.
Vocal e Brincantes: Magno Camilo, Rodrigo Garcia, Tiaggo Guimarães, Tiago Puppo, Cristiano Ferreira, Luiz F. Ricas (Silva), Débora Cotrin, Sthefany Leal, Iara Campelo, Elaine M. Alves, Mohammed e Andréia;
Narradores Cordéis: Luiz F. Ricas (Silva) e Tiaggo Guimarães
Convidados: Crystal Ribeiro (Vocal e brincante) e grupo Opus Vocalle (vocal, apenas dia 23 de Novembro).

A nova apresentação púbica deste trabalho será dia 15 de Dezembro de 2010 no Teatro Ruth Escobar ? Sala Dinah Sfat situado na rua dos Ingleses, 209 ? Bela Vista ? São Paulo - SP como recital-espetáculo de formatura dessa turma.


6 PEÇAS DO ESPETÁCULO

Foram selecionadas cinco canções, algumas de domínio público, isto é, não se tem mais a referência de autores, passando a serem consideradas músicas folclóricas, duas composições do formando Magno Camilo e outros compositores como Baracho e Capiba.
Os arranjos ficaram a cargo de Magno Camilo (instrumental melódico), Paulinho Saviani e Guegué Medeiros (Instrumental rítmico) e Israel Ludovico (vocais) usando sempre a instrumentação a seguir: bateria, surdo, caxixi, percussão de efeitos, contrabaixo elétrico, piano, violão, cavaquinho, flautas transversais e doces, trompete e coro vocal. As melodias são simples, próprias ao canto público adulto, variando entre polifonias, contracantos, cânones, palavras faladas e melodias uníssonas.
A sessão rítmica e percussiva é equilibrada dando o clima necessário. Todos os compassos são quartenários, conforme já explanado com acentuação no primeiro tempo. Todas estão harmonizadas em tonalidades maiores.



1. Praia de Janga
(Capiba)

"Eu fui à praia de Janga
Pra ver a ciranda no seu cirandar
O mar estava tão belo
E um peixe amarelo
Eu vi navegar

Não era peixe, não era
Era Iemanjá, rainha
Dançando a ciranda, ciranda
No meio do mar" (bis)

Esta composição é de Lourenço da Fonseca Barbosa, mais conhecido como Capiba, natural de Pernambuco (1904-1997), foi um músico e compositor, tornando-se o mais conhecido compositor de frevos do Brasil. Foi fundador e diretor da orquestra Jazz Band Acadêmica e diretor do Teatro do Estudante e do Teatro Popular do Nordeste, escreveu mais de 200 canções, em sua maioria de frevo, e também samba e música erudita. (http://www.frevo.pe.gov.br/capiba_frevociranda.html)

2. Ciranda Faceira
(Anônimo)

"Achei bom bonito
Meu amor cantar
Ciranda faceira
Vem cá cirandeira
Vem cá cirandar"

Letra e melodia simples conservada através dos tempos pela oralidade é um mero convite para "entrar na roda".


3. Cirandeiro
(Antonio Baracho)

Cirandeiro, cirandeiro, ó
A pedra do teu anel
Brilha mais do que o sol
Cirandeiro, cirandeiro, á
A pedra do teu anel
Brilha mais do que o luar

Eu fui fazer uma casa de farinha
Bem maneirinha, que o vento possa levar
O faça sol, faça chuva, faça vento
Só não faça um movimento
Pro cirandeiro a rodar (bis)

Este refrão "Cirandeiro, cirandeiro ó, a pedra do teu anel, brilha mais do que o sol", é atribuído a Antonio Baracho ? poeta e mestre cirandeiro, natural de Nazaré da Mata foi talvez o maior compositor e poeta que tivemos, comandou durante muitos anos a Ciranda de Abreu e Lima. (OLIVEIRA, 2007, pp. 23-24)
Compositor de dezenas de clássicos do repertório da ciranda, mas nunca se preocupou com o lado legal da composição, tendo suas cirandas gravadas ou adaptadas por vários artistas como Martinho da Vila, Quinteto Violado, Edu Lobo ou Maria Betânia. Muitos achando que eram de domínio público, pois grande parte das composições de Baracho não foi registrada em seu nome, ele sabia escrever, mas não colocava as músicas no papel, decorava e cantava nas rodas de ciranda. (ibid., pp. 23-24)
Baracho queixava-se de que costumava ouvir suas músicas no rádio, nas lojas de discos, mas quase nunca lhe pagavam por elas, às vezes nem sabia que sua composição havia sido gravada. O refrão de Cirandeiro, cirandeiro ó foi empregado por Capinam em parceria com Edu Lobo, e por Martinho da Vila no samba enredo Onde o Brasil aprendeu a liberdade, ambos não citam o compositor na autoria. (ibid., pp. 23-24)
O único disco que Baracho gravou foi pela Rozemblit, e no álbum A música popular do Nordeste, do selo Marcus Pereira, que serviu mais para popularizar sua música do que para reforço financeiro. (ibid., pp. 23-24)
No final da vida ele sobreviveu com a aposentadoria do idoso, e morreu aos 81 anos de idade numa situação de pobreza que seu enterro foi pago pelo prefeito da cidade de Nazaré da Mata onde foi sepultado. (ibid., pp. 23-24)

4. Clariou
(Magno Camilo)

"Ah! Clariou
Ah! Clariou
Um lindo dia
Brilhando pra você
Ah! Clariou

Vem meu amor
Me de a mão
Vamos dançar
Cirandar

Olhando pro passo
Por passo acertar
Olhando pro passo
Pro passo acertar"

Esta letra e música foi composta por Magno Camilo para uma oficina que o mesmo ministrava na Penitênciaria Feminina de Santana ? São Paulo. Interessante observar que o compositor busca nessa letra expressar o lado simples, lúdico, inocente e feliz das cirandas. Outra característica das cirandas clássicas respeitada pelo compositor na obra foi a forma didática de ensino quanto aos passos da dança, típicos das músicas feitas para danças folclóricas.



5. Buquê das Quatro Rosas
(Magno Camilo)

O meu buquê tem quatro rosas
O meu buquê tem quatro rosas
O meu buquê tem quatro rosas
Lalalaia lalalalalalaiala

Com a cor de rosa eu vou brindar a paz
Com a vermelha a paixão incendiar
Quem traz a sorte é a de cor amarela
E a rosa branca é a preferência dela

Essa composição de Magno Camilo, segundo o mesmo em conversa informal, foi inspirada num buquê de rosas que ele comprou para presentear sua esposa pelo seu aniversário. Percebendo as rosas de diferentes cores no mesmo, surgiu a inspiração para a composição da obra.


CONCLUSÃO

Após um semestre tratando mais aprofundadamente sobre um assunto tão perto pela oralidade e tão longe pelo aprofundamento científico, percebe-se o quanto pode ser feito pelo folclore e conhecimento popular no Brasil e no mundo.
Não se percebe algo próximo pela falta de inserção dela na indústria de massas. Temos gravações de Cds infantis que entre dezenas de canções conservadas pela oralidade, há sempre alguma ciranda. Alceu Valença, Elba Ramalho e alguns outros intérpretes da rotulada MPB já cantaram ou gravaram ciranda em algum momento da carreira, devido a popularidade dela em grandes centros nordestinos, em especial, Recife-PE e a inclusão dela em folguedos do Bumba Meu Boi e em outras tradições populares e coletivas, com características agregadoras (mínimo ou inexistente rito de iniciação e aceitação) como, por exemplo as escolas de samba em São Paulo, informação última fornecida pelo aluno Paulo Saviani da GRES Águia de Ouro.
Outros como Chico Buarque (Terezinha) e Edu Lobo (Cirandeiro ó) modificaram a letra e a harmonia, criando obras mais complexas em torno do tema folclórico. Fora essas exceções, não se possuiu maiores registros da inserção da ciranda na Indústria de Massas.
No meio acadêmico, como já dito, há espassas citações de estudiosos de folclore e algumas espassas coletas de áudio de missões acadêmicas.
Durante a pesquisa do projeto, poucas obras foram encontradas no meio de outras gravações destinadas a outras pesquisas, que por um acaso encontravam alguma ciranda. Alguns Cds da Funarte como da própria Lia de Itamaracá, um dos mais célebres nomes quando se trata de cirandas (o refrão "Essa ciranda quem me deu foi Lia / Que mora na Ilha de Itamaracá" faz parte do inconsciente de muitas pessoas, devido a ampla difusão oral dele) e do Capiba, célebre compositor das cirandas pernambucanas ou o Cd do Bejamim Taubkin, no Núcleo de Pesquisa do Abaçaí.
Ciranda, fora dos círculos de Taubaté/SP, Litoral e Zona da mata pernambucana, Parati/RJ ou em isoladas tradições pelo Brasil afora sempre foi vista como uma brincadeira infantil, tola, pura. Provavelmente porque as pessoas não se permitam serem felizes com situações simples. A massificação dos costumes sugere e induz que a felicidade de um adulto e até de uma criança é realizável através de um símbolo físico, palpável, reproduzível, logo, consumível. Portanto o que é simples, imaterial perde espaço e conceito na sociedade contemporânea.
Segundo o dicionário Michaelis, infantil é: adj(lat infantile) 1. Que diz respeito a crianças. 2. Próprio de crianças. 3. Ingênuo, inocente. E Inocente pode ser: 5. Idiota, imbecil. Sempre se usa o caráter infantil algo como desprezível. Uma pessoa infantil é uma pessoa cuja presença deve ser evitada.
Esse conceito torna o universo infantil carregado de admiração e desprezo. Desprezo a ponto, por exemplo, dos professores de formação básica serem os piores remunerados na escala de salários. Admiração porque "transpira" felicidade.
Esse objeto inatingível, intangível, inexplicável. A busca da plenitude geralmente está ligada ao objeto religioso, ao culto ao divino. As danças circulares são tradicionalmente usadas em cultos religiosos onde o objeto ou meio de religare ao divino é a natureza. O transe pelo circular ligado ao toque ao próximo, ao coletivo, a sensação que todos são uma única roda, círculo e ciclo nessas tradições geram a sensação de plenitude, preenchimento e bem-estar que o homem procura quando exalta alguma entidade deificada.
A ciranda teve forte apelo pela mera busca do "estar feliz", pleno, satisfeito, cheio...O modo circular, o "groove" repetitivo e contínuo, melodias circulares e modais, todas elas presentes na dança de roda religiosa está presente na ciranda brasileira. Porém, sem motivação religiosa e sem absolutamente nenhum critério de seleção dos participantes, o único fator agregador dela é a busca num rito coletivo pela felicidade, ainda que momentânea. Possivelmente isso tenha afugentado os cientistas de algo assim tão disseminado, não há o que se explicar, o que discursar, o que justificar, há apenas o sentir, o ser e o estar. A busca não é científica por isso, a ousia é intangível e imaterializável.
As cirandas de adultos e crianças "não é minha só/é de todos nós". Seu caráter/ethos se justifica na existência da necessidade de ser feliz e provavelmente nossa existência, apesar da nossa necessidade de explicar, como por exemplo esse artigo, tenha dificuldade de expressar ou até entender isso.
Sua forma de se expressar na primeira pessoa dificulte seu enquadramento em moldes científicos, então apenas resta "dar a meia volta, volta e meia vamos dar".








APÊNDICE

PRIMEIRA SUGESTÃO DE DIVISÃO DE TAREFAS E PLANO DE METAS
Sugestão de Funções:

Direção geral: Magno Camilo
Suporte / Orientação de Espetáculo: Guegué Medeiros
Suporte / Orientação de Figurinos: Débora Contrim
Produção Executiva: Maria Ap. Callegari
Arranjos: Magno Camilo, Guegué Medeiros (percussão), João
Núcleo de Pesquisa e Projeto: Luiz F. Ricas (Silva), Débora Cotrin, Magno Camilo e Elaine M. Alves
Músicos: Israel Ludovico (teclados), Wélio Bastos (violão), Leandro de Paula (cavaco), Magno Camilo (viola caipira / narração), Débora Cotrim, Fabio (flautas), Davi Amantea (contrabaixo), Paulinho Saviani, Guegué Medeiros (percussões), Luiz F. Ricas (Silva) (percussão/narração), Danilo (percussão corporal e percussão instrumental), Eliezer, Rodrigo Garcia (trompetes), Lucas Vasconcelos (acordeão), Elaine Alves, Tiago Puppo, Débora Contrim, Andréia, Mohammed, Iara Campelo e Tiaggo Guimarães (vocal e bailado).

Programação:

Encontros:
Núcleo de Pesquisa: sexta-feira das 17h às 19h
Ensaios: terça-feira às 19h e quinta-feira às 21h (aulas de Prática de Conjunto)
Cronograma:
Prazos / Datas-referências para conclusão:
* Núcleo de Pesquisa: Trabalho de campo: Visita ao C.C. Cachueira - Setembro
* Núcleo de Pesquisa: Trabalho de campo: Visita a Oficina Antonio Nóbrega - Setembro
* Núcleo de Pesquisa: Trabalho de campo: Visita ao C.C.S.P. (pesquisa do Mario de Andrade) ? Setembro
* Conclusão do processo de pesquisa ? 17/Set
* Entrega dos arranjos finais e início dos ensaios gerais ? 30/Set
* Apresentação do material escrito (pesquisa) ? Última semana de Novembro
? Apresentação do espetáculo ? Primeira semana de Dezembro









PRIMEIRO PLANO DE ESPETÁCULO E DE PRODUÇÃO

Faculdade Paulista de Artes ? Educação Artística com Licenciatura Plena em Música ? 6º semestre ? 2010

PROJETO DE FORMATURA

Cirandas
Músicas: "Variações de Cirandas" (instrumental), Praia de Janga (instrumental e vocal), Ciranda Faceira (instrumental e vocal), Cirandeiro (instrumental e vocal), Clariou (instrumental e vocal), "Cirandas do Israel" e Ciranda das quatro rosas, (vocal e instrumental).
Instrumental:
Violão ? Wélio Bastos
Baixo ? Davi Amantea
Cavaco ? Leandro de Paula
Percussão ? Paulo Saviani ,Tiago Puppo, Guegué Medeiros e Danilo
Trompete ? Eliezér
Regência vocal:
Israel Ludovico
Vocal:
Magno Camilo
Rodrigo Garcia
Tiaggo Guimarães
Israel Ludovico
Luiz F. Ricas (Silva)
Deborah Cotrim
Sthefany Leal
Iara Campelo
Elaine M. Alves
Direção geral: Magno Camilo
Suporte / Orientação de Espetáculo: Guegué Medeiros
Suporte / Orientação de Figurinos: Débora Contrim
Produção Executiva: Maria Ap. Callegari
Arranjos: Magno Camilo, Guegué Medeiros (percussão), João
Núcleo de Pesquisa e Projeto: Luiz F. Ricas (Silva), Débora Cotrin, Magno Camilo e Elaine M. Alves
Músicos: Israel Ludovico (teclados), Wélio Bastos (violão), Leandro de Paula (cavaco), Sthefany Leal (rabeca), Magno Camilo (viola caipira / narração), Débora Cotrim, Fabio (flautas), Davi Amantea (contrabaixo), Paulinho Saviani, Guegué Medeiros (percussões), Luiz F. Ricas (Silva) (percussão / narração), Danilo (percussão corporal e percussão instrumental), Eliezer, Rodrigo Garcia (trompetes), Lucas Vasconcelos (acordeão), Elaine Alves, Tiago Puppo, Débora Contrim, Andréia, Mohammed, Iara Campelo e Tiaggo Guimarães (vocal e bailado).
Coreógrafos: Magno Camilo e Sthefany Leal
Dançarinos: Magno Camilo, Elaine M. Alves, Israel Ludovico, Tiago Puppo, Débora Contrim, Andréia, Mohammed, Iara Campelo e Tiaggo Guimarães, Luiz F. Ricas (Silva).
Cenaristas: (...)
Indumentária: Deborah Cotrim
Projeto:
Elaine M. Alves
Luiz F. Ricas (Silva)
Deborah Cotrim

Apresentação:

Parte A
O Israel sentará ao piano de costas (a luz deverá ser fraca), tocará suas variações de cirandas que são como descobertas de melodias ao piano, e ao terminar a luz se apaga e acende novamente com a pessoa que irá recitar o 1º Cordel (assim parecendo que foi essa pessoa que tocou o piano pois ambos estarão com o mesmo figurino) que é contando sobre a história da ciranda, subirá no palco e o fará, sozinha (com uma luz focal nela *), após terminar, sairá de cena (apagam-se as luzes).

Parte B
O coro se posiciona no palco, (a iluminação fraca, crescendo aos poucos de acordo com a intensidade da música *), o cirandeiro recitará a letra da Praia do Janga enquanto o coro irá fazendo percussão corporal com o grove da ciranda com um andamento mais lento, acrescentando aos poucos instrumentos como Pau de Chuva e etc, e o coro vai entrando cantando a melodia com abertura de vozes e semelhante a estrutura de um cânone, o andamento vai acelerando até alcançar o andamento original da música. A música então deverá se repetir até que todos estejam juntos.

Parte C
5 personagens irão cruzar o palco "tocando" tuba, trompete e percussão, mas tudo corporal, brincando com o tema da música Ciranda das quatro rosas.

Parte D
Música: Clareou
Será iniciada por voz e viola caipira, (Magno) a idéia é que o instrumental apareça e tome corpo aos poucos até chegar no clímax da ciranda. Com todos aos seus lugares, coro e banda, começa então a música Clariou, com música e dança.

Parte E
O 2 º Cordel é recitado por uma das pessoas do coro. Então começa o pout pourri Ciranda Faceira e Cirandeiro, com música e dança.

Parte F
O 3º Cordel é recitado ao fundo musical de dois arranjos de "Cirandas do Israel".

Parte G
O 4º Cordel é recitado por uma das pessoas do coro. A banda nessa música vira coro também e todos cantarão a Ciranda das Quatro Rosas, enquanto alguns do coro se deslocam entregando rosas a platéia.
Fim.

* Sugestão para apresentação em TEATRO. Pensar na iluminação para as demais músicas
Estrutura dos ensaios

? Os ensaios iniciais devem ser separados da seguinte maneira:

Terça-feira
BANDA no "estúdio" ? onde alguém da banda deverá se responsabilizar pela liderança, cuidando da qualidade da música em um todo e controlando assiduidade dos integrantes, será o regente.
CORO em uma sala (com piano) ? Necessitará de alguém para preparar o coro, aquecer, preparar e ensaiar as aberturas de vozes.
Quinta-feira
BANDA no "estúdio"
CORO em uma sala.
? Após a parte musical da banda e do coro estarem bem definidas e bem ensaiadas, passamos para o segundo nível de ensaios.
Terça-feira
BANDA e CORO no estúdio passando música por música até coro e banda estarem perfeitos.
juntos.
Quinta-feira
BANDA no "estúdio"
CORO em uma sala ? Preparando e ensaiando a coreografia.
? E por fim, uma vez que tudo esteja certo, chega o momento de serem realizados os
ensaios gerais, tendo em vista, que na véspera da data da apresentação será necessário um ensaio geral no local da mesma.
Se necessário, ver qual professor disponibilizará sua aula (além da Callegari, Adriano e Fernanda), para ensaiarmos.


Materiais Básicos Necessários para Apresentação (Parte Musical)

Banda:
4 amplificadores (Violão, Cavaco, Baixo e Percussão)
1 piano digital + 1 amplificador
Vocal:
7 microfones (4 mulheres e 3 homens)
1 mesa
2 amplificadores





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, M. Berenice, PUCCI, Magda Dourado. Outras terras, outros sons. São Paulo: Callis, 2002.


ALMEIDA, Mauren V. de S. As atividades em roda e sua relações com a prática musicoterapêutica. Monografia apresentada ao Curso Musicoterapia. Faculdade Paulista de Artes ? FPA. São Paulo: 2008.


ANDRADE, Mário de. O Turista Aprendiz. São Paulo: Duas Cidades, 1982.


BRANDÃO E MILLECO, Regina e Ronaldo. Cantar Humano e a Musicoterapia.
Monografia de Graduação apresentada ao CBM, Rio de Janeiro, 1992.


CARNEIRO, Edison. Folguedos Tradicionais. Coleção Temas Brasileiros. Conquista, Rio de Janeiro, 1974.


CASCUDO, Cãmara. Dicionário do Folclore Brasileiro.
11ª Ed. Ilustrada. São Paulo: Global, 2002.


GIFFONI, Maria Amália Corrêa. Danças folclóricas brasileiras e suas aplicações educativas. 3ª ed. São Paulo: Melhoramentos, 1973.


MAIA, Thereza R. de C.. Paraty, Religião & Folclore. 12ª ed. Rio de Janeiro: Arte e Cultura, 1976.


MICHAHELLES, Benita. Cantigas e Brincadeiras-de-Roda na Musicoterapia. s/d. Monografia (graduação de Musicoterapia) no Conservatório brasileiro de Música. Disponível em: <http:// www.taturana.com/mono.html. Acesso em: 09 out. 2010.

OLIVEIRA, Leonidas H. de. Ciranda Pernambucana uma Dança e Música Popular. Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Cultura Pernambucana. Faculdade Frassinete do Recife ? FAFIRE. Recife: 2007.


POYARES, Mônica A. Abra a Roda Tin Dô Lê Lê: a Dimensão Religiosa nas Brincadeiras de Roda Entre Crianças de 4 a 6 Anos. Dissertação de Mestrado, Pós Graduação em Ciências da Religião, PUC SP, 2006.

RIBAS, Tomas. Danças Populares Portuguesas. Instituto de Cultura e Língua Portuguesa do Ministério da Educação de Portugual. Biblioteca Bravo, Lisboa, 1982.


SOUZA, Heide V. As danças circulares sob um olhar musicoterapêutico. Monografia apresentada ao Curso Musicoterapia. Faculdade Paulista de Artes ? FPA. São Paulo: 2007.


TELLES, Sonia. História do corpo através da dança da ciranda: Lia de Itamaracá. Dissertação de Mestrado, Pós Graduação em História Social, USP, 2009.


SITES CONSULTADOS

Capiba. Disponível em: < http://www.frevo.pe.gov.br/capiba_frevociranda.html>. Acesso em 26. nov. 2010.

Ciranda. Disponível em: <http://www.fundaj.gov.br>. Acesso em 11. out. 2010.

Cirandando. Disponível em: < http://www.cirandando.com/>. Acesso em 01. set. 2010.

Danças Circulares e da Paz Universal no Brasil. Disponível em: <http://www.semeiadanca.com.br/hist%F3rico.htm>. Acesso em 11. out. 2010.

Danças Folclóricas Brasileiras. Disponível em: <www.unicamp.br/folclore/Material/extra_dancas.pdf>. Acesso em 11. out. 2010

Danças de Roda. Disponível em: <http://www.attambur.com>. Acesso em 11. out. 2010

Danças nas Escolas. Disponível em: <http://www.funcart.art.br>. Acesso em 11. out. 2010

Folclore. Disponível em: <www.folclore.adm.br/folclore.html>. Acesso em 11. out. 2010

Folclore Brasileiro. Disponível em: <http://www.potyguar.com.br/folclore/index_arquivos/dancas.htm>. Acesso em 11. out. 2010

Folclore Brasileiro. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/historiab/folclore-brasileiro.htm>. Acesso em 11. out. 2010

Folguedos e Danças Populares do Nordeste. Disponível em: <http://www.encontro.nordestinodc.nom.br/folguedos.html>. Acesso em 01. set. 2010
Micahelis. Disponível em <http://michaelis.uol.com.br/>. Acesso em 01. dez. 2010.


O Museu, o Folclore e as Artes Populares. Disponível em: <http://www.folclore.adm.br/museus.html>. Acesso em 01. set. 2010































ANEXOS













CORDÉIS
(Luiz F. Ricas)

1ª Entrada

Chegou a nós uma proposta
Para terminar a estada
falando de tema de verdade
para talvez cair na estrada
vamos todos montar um projeto
falando sobre a ciranda.

Algo que eu e que você
Conhece, sabe com certeza
Que eu ou você já cantou
não precisa esperteza
na infância já dançou
não precisa dessa destreza.

Sim, cirandar é a ideia
falar sobre dança circular
Dança de adultou ou criança
entrar no passo espetacular
Dança de gente festeira
e não precisa esperar.

A Dança veio de lá longe
de Portugual na caravela
sim veio com o colonizador
mas quem curtiu essa bela
foi o povo alegre dessa
terra de esplendor, cirandeira

Chegou no Janga essa dança
Ciranda, minha bela ciranda.
Nas areias de Iemanjá
o povo entendeu ciranda.
Vamos dar a meia volta
para todos sim, Cirandar.


2ª Entrada

Muitos povos eu vi dançar
girar, dar a mão e cantar
para o divino louvar
mundo gira mundo canta
para a vida celebrar
ou somente só brincar

Os europeus aqui chegaram
para nos escravizar
chegando aqui virou
uma fazenda a explorar
mas sua cultura ficou
marcada no nosso cirandar

Além da lingua pátria
muita coisa de lá ficou
ou veio para cá
e acá se transformou
muitas eras já se foram
mas muito se cultivou

Muitas coisas ele mudou
e outras sua ganância
e preconceito estuprou
sua suposta elegância
ainda para algo serviu
em última instância.

Meu amor, eu vim aqui
para coisas boas lhe falar
vamos dar as mãos
para algo te mostrar
em última instância
vamos todos cirandar

Como eu já falei
é uma dança circular
nossa música e suinge
fez todo o cirandar
mostramos nossa alma
e meia volta vamos dar.


3ª Entrada

Numa curiosa situação
algo assim tão popular
muitos poucos ousaram
quase ninguém a estudar
e no nosso tempo chegou
numa bela tradição oralar

Pouco se disse sobre
o que qualquer criança sabe
Nem Câmara Cascudo,
Strauss ou Mario de Andrade
se aprofundaram nisso
que qualquer criança sabe

Ninguém quis dizer ou falar
sobre a europeia dança popular
Ninguém quis dizer ou falar
sobre o que somente nós
essa turma da FPA
resolveu lhe mostrar.

Quem muito falou e disse
ao modo seu de estudar
foi um grande homem
erudito e também popular
pois apaixonado que era
Villa-Lobos resolveu cirandar

Esse homem muito andou
com paixão espetacular
nossa cultura sempre amou
e ele resolveu exaltar
erudito que era nossa
cultura popular revelou

Transcreveu as melodias
e rearranjou para pianos
como lieder ou prelúdios
nossas cantigas seculares
e graças a ele os gringos
voltaram aos cirandares.

Villa-Lobos registrou
nossas cirandas seculares
e mostrou a riqueza
dos conhecimentos populares
para aqueles que ainda desprezam
nossos ricos e iletrados saberes.


4ª Entrada

Nas praias do Pernambuco
essa cultura aterrizou
e nas areias do janga
muita gente cirandou
mas ali algo tão marcante
que a dança se espalhou

Saiu do beira-mar e para
na Zona da Mata se banhar
tanto que chegou no Velho
no Velho Chico espetacular
para com as águas doces
também a dança se banhar

Para que Dona Lia na
velha ilha de Itamaracá
sua história registrar
e sua dança se aquietá
para que Dona Lia da Ilha
belas cirandas poder cantar.

Mas como é gostoso
é só chegar e dar as mãos
entrar no passo jeitoso
não precisa estudo não
para dançar e gostar a dança
se espalhou pela nação.

E ela chegou até o Rio
para Paraty se apossar
da nossa dança, dança
de todos nós a girar
para todos ao seu modo
também ,é claro: cirandar

É do povo, é tão popular
que no Vale do Paraíba
também chegou a se assentar
só chegar com tudo em riba
para também, é claro, Cirandar
mãos em mãos, e rio acima.

No interior ou na capital
não conheço quem não
nenhuma vez na vida
não girou ao dar as mãos
Não adianta se enganar
bom para todos, é cirandar.

No asfalto ou na areia
No interior ou na capital
quando criança sempre dançar
na escola já é normal
isso tudo é fenomenal
para não dizer essencial.

Se até agora você
ainda não aprendeu
não tenho mais nada a falar
ainda até agora não se mexeu
um último conselho darei
de um amigo todo seu.

Pergunte a uma criança
que ela vai te ensiná
melhor não, não pergunta
vá e apenas proponha
Ciranda, cirandinha
que o resto, ela continua.
FIM