CAMPO E CIDADE: DISCUSSÕES E ANALISES DENTRO DA GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL1

                                                                                                    Redjane Santos Campos2

 

 “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. Paulo Freire.

RESUMO

O presente trabalho pretende analisar os conteúdos de geografia relacionados à relação do Campo e a cidade, proposto pelos PCNs. Procurando trazer a discussão como estes conteúdos estão sendo lecionado e como estes tem uma importante ligação com o desenvolvimento da sociedade brasileira vigente. O objetivo desta analise é discutir a cerca da importância da Geografia na formação de um educando com uma visão crítica de sua realidade, política, econômica e social. A abordagem metodológica partiu da revisão literária do parâmetro curricular nacional de Geografia do Terceiro e Quarto ciclo do ensino Fundamental, entre outras fontes literárias, e entrevistas semi -estruturada com professores de Geografia da Unidade escolar Jorge José de Mendonça, localizados no bairro trizidela, Bacabal- MA. A análise se torna de suma importância para a compreensão da realidade social, tendo em vista que a geografia propõe a formação de um cidadão que possa compreender seu lugar, espaço no qual se encontra inserido de maneira analítica sobre as desigualdades sociais.

  Palavra – chave: Campo, Cidade, PCNs, ensino de Geografia

INTRODUÇÃO

            Fruto das discussões e analises, ocorridas nas aulas de Metodologia das Ciências Humanas do curso de Licenciatura em Ciências Humanas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) – Campus III, Bacabal. Este presente trabalho pretende analisar o ensino de geografia referente à relação espacial e social do individuo no campo e a cidade, compreendendo que a educação é de suma importância na melhoria da sociedade, e é através do ensino de Geografia que o indivíduo irá obter uma formação capaz de analisar e compreender o espaço de forma mais profunda, um espaço não somente em quanto assunto específico da Geografia, mas enquanto lugar de vivencia e transformação. Segundo os PCNs:

O espaço considerado como território e lugar é historicamente produzido pelo homem à medida que organiza econômica e socialmente sua sociedade. A percepção espacial de cada indivíduo ou sociedade é também marcada por laços afetivos e referências socioculturais. Nessa perspectiva, a historicidade enfoca o homem como sujeito produtor desse espaço, um homem social e cultural, situado além e mediante a perspectiva econômica e política, que imprime seus valores no processo de produção de seu espaço. (BRASIL, 1998, p.27)

             Dessa forma será explanado neste trabalho a vivencia do Campo e da Cidade seus aspectos sociais e desenvolvimento econômico. A discussão coloca o processo histórico do pensamento geográfico tendo como base o inicial o pensamento de dois precursores desta Ciência, Alexandre Von Humboldt e Hitter, o primeiro via a Geografia como a ciência que estudaria o cosmo como um todo de forma universal, já o segundo entendia que o estudo da Geografia se concentraria no estudo de cada lugar e sua especificidade, assim se compreenderia o todo.

            No segundo momento se dar através da analise dos conteúdos propostos pelos PCNS (Parâmetros Curricular Nacional), dentro do terceiro ciclo, um novo olhar para os conteúdos de Geografia, que trás como parâmetros a compreensão do espaço, Campo e Cidade, como ele se desenvolveu, como as relações capitalistas estão presente nesta dialética e forma de trabalhos e as questões sociais destes dois territórios. Dentro do proposto cabe o professor orientar seus alunos nesta compreensão socioespacial destes dois territórios diferentes, mas que se completam, pois a “abordagens atuais da Geografia têm buscado práticas pedagógicas que permitam colocar aos alunos as diferentes situações de vivência com os lugares, de modo que possam construir compreensões novas e mais complexas a seu respeito (BRASIL, p.30). Este trabalho pretende discutir e analisar os conteúdos e objetivos proposto pelos PCNs e relacionar com a prática educacional da Unidade Escolar Jorge José de Mendonça no município de Bacabal- Ma.

BREVE HISTÓRICO DO DESENVOLVIMENTO DA GEOGRAFIA

 

O processo teórico-metodológico do ensino de Geografia vem sofrendo varias modificações. Percebemos que a trajetória vem sendo discutida por vários pesquisadores e professores ao longo das épocas e o seu uso estão inteiramente ligadas às mudanças sociais. Dentro deste contexto iremos fazer um esboço do desenvolvimento geográfico.

            No período das grandes navegações os homens com sua intensa vontade de evolução se deslocaram do seu território e passaram a conhecer vários outros, desta forma os mesmos se propuseram a observar e descrever os sistemas naturais como clima, as paisagens e as riquezas naturais, então nasce à palavra Geografia do grego ("geo." = terra; "grafia" = escrita, descrição).Ou seja descrição da terra e de seus recursos. Um dos precursores do pensamento geográfico foi Alexandre Von Humboldt, nascido em Berlim na Alemanha em 1769, naturalista, geólogo e botânico pôde observar e descrever as inúmeras formas, clima e temperatura da terra em suas inúmeras viagem entre elas a América do sul, e remete suas analises e observações nos elementos naturais. De acordo com Morais:

Humboldt entendia a geografia como a parte terrestre da ciência do cosmos, isto é como uma espécie de síntese de todos os conhecimentos relativos a terra [...] desta forma, a geografia seria uma disciplina eminentemente sintética, preocupada com a conexão entre os elementos e buscando, através destas conexões a causalidade existente na natureza (MORAIS, p. 52 2003).

            O pensamento de Humboldt é inteiramente ligado com uma das áreas da geografia conhecida atualmente como geografia física. Outro pesquisador voltado aos conhecimentos geográfico, contemporâneo de Humboldt foi Ritter, nascido na Alemanha em 1779, foi historiador, filósofo e professor de geografia na Universidade de Berlim, tem seu pensamento diferenciado de Humboldt, pois para ele o conhecimento geográfico ocorre com as observações especifica da natureza de cada lugar, enquanto Humboldt tem uma visão universal somente da natureza, Hitter parte da interação homem-natureza. Segundo Morais:

Para Hitter a Geografia deveria estudar estes arranjos individuais, e compará-los. Cada arranjo abarcaria um conjunto de elementos, representando uma totalidade, onde o homem seria o principal elemento. Assim, a geografia de Ritter é, principalmente, um estudo dos lugares, uma busca da individualidade destes (MORAIS, 2003, p.53).

Tendo como base estes dois pensadores da Alemanha que é o berço da Geografia, (local onde ela surge), nota-se a sua importância no pensamento geográfico, pois suas analise deram embasamento para formação da geografia tradicional, e física.

             No Brasil as discussões de geografia parte das mudanças ocorrida na sociedade brasileira e o seu ensino estão inteiramente relacionados ao patriotismo ao amor a Pátria, “nas décadas de 1940, 1950, 1960, os estudantes das escolas publicas deveriam saber de maneira decorativa os nomes dos Estados, territórios brasileiros e estrangeiros” (BUITONI, p.10, 2010), desta forma diferente das classificações dos estudos que competia a geografia anteriormente exposto, as questões naturais no Brasil seu ensino se submete a ordem, no controle, ao amor a Pátria.

            No processo historiográfico da Geografia outro período social que refletiu de maneira significativa no ensino de Geografia se refere à década de (1964-1985), quando o poder militar estava no controle do país “a geografia e a historia tiveram seus ensinos descaracterizados e ministrados como estudos sociais com base na lei Federal nº 5692 /71” (BUITONI, p. 12, 2010). A junção destas matérias relegou ao ensino a oportunidade de ministrar aos alunos a essência do objeto das mesmas, pois negou ao educando a oportunidade de um ensino crítico sobre sua realidade.

2. UM NOVO PENSAR DA GEOGRAFIA   

 

            A sociedade de forma global está passando por varias modificações e o ensino de geografia como ciência que estuda o espaço e suas relações acompanhou estes desenvolvimentos, a maneira tradicional, voltado apenas para a natureza e ao patriotismo, sem a ação política do homem no espaço vivido, recebeu de forma inovadora um aspecto humano no qual o homem é agente da ação e modificação deste espaço, tal discussão é provida da analise de vários educadores, visão esta de enquadrar o homem como sujeito ativo deste do espaço. A discussão desta nova Geografia se dá “após a promulgação da constituição federal de 1988 e da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, Lei 9394, de 1996” (BUITONI, p.15, 2010). Por volta de 1990 com o intuito de eliminar o analfabetismo, Os Parâmetros Curriculares Nacionais, propõe para todas as escolas brasileiras conteúdos e objetivos que possa ser inserido na realidade do educando,foi posto para toda a educação publica temas que possa ser exposto de acordo com cada faixa etária, com o intuito de formar um aluno capaz de perceber e compreender o mundo ao seu redor.

Neste trabalho iremos analisar especificamente alguns conteúdos do Parâmetro Curricular Nacional de Geografia para o terceiro ciclo (6º e 7º ano), pois nesta fase o aluno já possui a capacidade de relacionar o imaginário com o real, desta forma, requer ao professor:

No terceiro ciclo, o estudo da Geografia poderá recuperar questões relativas à presença e ao papel da natureza e sua relação com a ação dos indivíduos, dos grupos sociais e, de forma geral, da sociedade na construção do espaço. Para tanto, a paisagem local e o espaço vivido são as referências para o professor organizar seu trabalho e, a partir daí, introduzir os alunos nos espaços mundializados. ( BRASIL, p. 51, 1998).

            Desta forma voltaremos nossas analises a proposta dos conteúdos relacionados à formação socioespacial do Brasil, como esta construção se fez de forma desigual, dentro desta dualidade do civilizado/retrógrado, do espaço moderno e o antigo que surgiu as desigualdades sociais no Brasil, como esta situação se constituiu, dentro dos seguintes temas:  

  • O espaço como acumulação de tempos desiguais

 

  • A modernização capitalista e a redefinição nas relações entre o campo e a cidade

 

Através destes temas os PCNs trás para sala de aula proposta para o educador de mostrar para seus alunos a vivencia no campo e na cidade, como o modo de vida é diferenciado e as conseqüências da revolução industrial, expansão do capitalismo, e as conseqüências que a má distribuição fundiária trouxe para a sociedade brasileira, acreditando que o ensino é transformador pela ação e relação entre os sujeitos (professores e estudantes) situados em contextos diversos: institucionais, culturais, espaciais, temporais, sociais. (PIMENTA, p.17). Esta discussão vai além, através deste diálogo o professor irá fornecer ao aluno a capacidade de compreensão de outros grupos sociais. Segundo Ortiz:

Para isso, considera-se que os conceitos da ciência geográfica sejam tratados como objetos de investigação do aluno, mediados pela ação do professor, em que sejam privilegiados os processos de compreensão, reflexão, análise e crítica, a ação integrada e cooperativa, em substituição ao ensino fundamentado no individualismo e na memorização. (p.02, 2010).

Como foi retratado anteriormente o ensino da geografia sofreu inúmeras modificações, de uma geografia tradicional passou-se para uma Geografia crítica e moderna, no entanto atualmente, se faz necessário observar sua ânsia de se desvincular da forma que esta era ministrada há décadas passada, de forma decorativa, quase sem importância para o currículo escolar e para o aluno. Então Cabe ao professor saber fazer à junção destas Geografias, e remontar as teorias desta ciência à realidade brasileira.

2.1 O espaço como acumulação de tempos desiguais

 

Dentro deste tema o educador pode propiciar ao aluno a oportunidade de compreensão do modo de vida no campo ou na cidade, entender como este espaço e construído a partir da vivencia do novo com o antigo, e o pertencimento, que cada indivíduo tem com sua localidade, pois “O território é o lugar que desemboca todas as ações, todas as paixões, todos os poderes, todas as forças, todas as fraquezas, isto é, onde a historia do homem plenamente se realiza a partir das manifestações de sua existência.” (SANTOS, 2011), e como no ato de rememoração as relações e construções deste território irão surgindo. De acordo com o PCN de Geografia:

Ao Iniciar a abordagem deste tema o professor poderá invocar a observação de uma paisagem do campo ou da cidade, mostrando ao aluno que, muitas vezes, coisas, objetos que formam essa paisagem guardam em si a memória de tempos diferentes, coexistindo e interagindo com esse espaço, explicando a esse aluno que a construção do território tem historicidade no interior de um processo dialético em permanente mudança temporal, em que tempo e espaço estarão buscando constantemente sua superação (BRASIL, p. 67, 1998).

Esta construção socioespacial do novo e o antigo inserido no mesmo espaço podem levar a um dialogo, dentro da compreensão das diferenças de cada lugar, como este se constituiu, como determinado espaço é economicamente desigual ao outros, um dos conteúdos, que o PCN de geografia propõe “O latifúndio e o trabalho tradicional como sobrevivências do passado nos tempos atuais” (BRASIL, 1998).

 Através desta temática o educador pode orientar seus educando a analise que em meio ao desenvolvimento das cidades, ainda existem em outras áreas trabalhos “tradicionais”, ou seja, trabalhos forçados, explorado, onde os direitos dos trabalhadores não são respeitados, levando estes, que em muitos casos que habitam na zona rural, a saírem do campo para a cidade em busca de novas oportunidades de vida, com intuito de melhorar sua condição socioeconômica, porém ao chegar à cidade precisam se adaptar, ou seja, o “antigo” vai se refazer dentro do novo modo de vida uma nova identidade irá surgir. Este cenário se torna freqüentes dentro da cidade, pois várias famílias que não tiveram uma boa base educacional terminam por não ter acesso ao mercado de trabalho e são impelidos a ocuparem áreas periféricas onde o valor do solo urbano é menor, nesses locais ocorre um intenso comercio informal, facilitando sua moradia na cidade, pois “o uso diferenciado da cidade demonstra que esse espaço se constrói e se reproduz de forma desigual e contraditória, a desigualdade espacial é fruto da desigualdade social” (CARLOS, 2008, p.23). Os novos habitantes da cidade terão que mudar seus costumes e até mesmo sua identidade para ser inserido, aceito neste novo contexto social, o que poderá trazer posteriormente conflitos pessoais. Segundo Tilio “Identidades sociais assumem papéis diferentes em sociedades diferentes, pois cada sociedade tem seus padrões culturais para gênero, sexualidade e raça (TILIO, 2009, p. 2).

Entretanto, nas discussões postas em sala para os alunos o educador poderá orientar que o espaço se faz e se refaz dentro desta várias nuancias sociais. De acordo com o PCNs de geografia:

Todas essas desigualdades não podem ser explicadas ou compreendidas como produto de forças naturais, mas sim como produtos históricos que vão deixando suas impressões nas paisagens da cidade. Espaços sofisticados como formas de morar e de comprar (como os elegantes shopping centers, cercados com freqüência por bairros residenciais de elite) se reproduzem para atender classes sociais representando os setores dominantes das finanças, da indústria, do comércio, dos trabalhadores. (BRASIL, p.66, 1998)

Com base nestas interpretações, os conteúdos de geografia será melhor assimilado pelos alunos, pois esta relação com as problemáticas atuais levará o aluno a compreender que a geografia não se encontra mais como uma matéria decorativa que o seu aprendizado não tinha importância, mas que seus debates estão relacionados ao espaço físico e social.

2.2              A modernização capitalista e a redefinição nas relações entre o campo e a cidade

 

Com o desenvolvimento industrial, o Brasil passa a possuir dois cenários, o campo com sua agricultura voltado para o sustento familiar e a cidade com suas grandes produções e várias opções de trabalho, Todavia esta relação se mantém de forma dialética, pois a cidade necessita da produção do campo. No entanto se faz necessário colocar que está relação sempre foi de vista de forma hierarquizada, Milton Santos coloca que a cidade sempre foi vista, “[...] como uma semente de liberdade; geradora de produções históricas e sociais que contribuem para o desmantelamento do feudalismo. Representava a possibilidade do homem livre, da liberdade de escolha, muito embora esta fosse relativa, já que os ofícios eram regulamentados pelas corporações, pelas confrarias.” (p. 18, 1988). Dentro deste tema escolhemos um item que é posto pelos PCNs, como parâmetro para se trabalhar dentro desta implicação social campo e cidade. “A importância da reforma agrária como solução para os grandes problemas sociais do campo e da cidade no Brasil.(BRASIL, p. 7). A partir desta temática os alunos deverão:

Compreender que ao lado de um Brasil agrário com grandes lavouras monocultoras praticadas com métodos científicos de plantio, trato e colheita, perdura um Brasil arcaico do latifúndio e do trabalho servil. Esse Brasil arcaico que reproduz outras relações de produção ainda garante a reprodução da acumulação capitalista. Isso significa dizer que não se coloca a idéia de um Brasil arcaico que se contrapõe a um Brasil moderno, mas que existe uma reciprocidade dialética entre ambos (BRASIL, p.69 ,1998).

O educador como intermediador do conhecimento pode conduzir o seu aluno a refletir que em pleno século XXI os conflitos no campo ainda resistem e que os pequenos proprietários diferentes dos grandes produtores não têm oportunidade e nem recursos financeiros para o desenvolvimento das suas lavouras. De acordo com Canuto: “As manifestações são ações coletivas dos trabalhadores e trabalhadoras que reivindicam diferentes políticas publicas ou repudiam políticas governamentais, ou exigem o cumprimento de acordo com as promessas” (CANUTO, 2009, p. 142).

Mesmo com várias jornadas, protestos e marchas em busca dos seus direitos, os trabalhadores rurais não tem acesso a créditos rurais oficiais compatíveis com o disponibilizado para os grandes produtores. Para Hespanhol:

 

A grande maioria dos agricultores, notadamente os pequenos proprietários, arrendatários, parceiros e meeiros, cujas condições de acesso a terra eram precárias, não foram atendidas pelo credito rural oficial, tendo maiores dificuldades para alterar a base técnica da produção e permanecer no campo (HESPANHOL, 2007, p.274).

Desta forma o educador deve levar seus alunos a refletirem sobre esta problemática do campo e sobre uma falta de uma reforma agrária adequada, e como se deu todo este processo de estrutura fundiária em nosso país.

3. DA TEORIA A PRÁTICA

 

A sociedade ver a educação como base para a formação de um individuo que saberá compreender os valores e respeitar os demais a partir da sua cultura, valores éticos, sociais, políticos, econômicos, e educacionais. No entanto para que está formação e construção do conhecimento se concretize se faz necessário que o professor esteja preparado, pois a sociedade encontra-se no período onde se tem acesso a múltiplos conhecimentos e saberes, cabe então ao educador refletir, qual o menor método para orientar o caminho para que este educando possa absorver melhor os conteúdos proposto.

Incumbidos de entender como se processar o ensino de Geografia na prática formos a campo na Unidade Escolar Jorge José de Mendonça localizado no bairro Trizidela no município de Bacabal-MA. No qual foi feita uma entrevista com a professora de Geografia, Maria dos Reis da Silva que leciona do 6º ao 9º ano e com 25 alunos, ela nos respondeu as seguintes perguntas:

  • De acordo com o processo histórico da evolução do pensamento geográfico. Como você ver a Geografia hoje?

Em resposta a ela disse: Como antigamente o ensino da Geografia era visto apenas como a questão física, entendimento de clima, paisagem, território, leitura de mapas o aluno não tinha oportunidade de refletir ou mesmo de situar tais questões com a realidade e muitas vezes o professor não tinha a capacidade para tal orientação, mas hoje não, a Geografia propõe vários assuntos atuais como as questões ambientais, sociais, levando o aluno além de conhecer o espaço físico, serão capazes de entender varias problemáticas atuais. Neste entendimento. De acordo com AROUCHA:

Essa ruptura ocorre quando se deixa de focalizar fatos e fenômenos de forma apenas narrativa e descritiva e passa-se a explicar a razão de ser desses fatos e fenômenos, contribuindo para o desenvolvimento do pensamento consciente e crítico. O ensino passa a ser questionado, mediante pesquisa e analise de dados que permitem entender a inter-relação homem/natureza/sociedade. (2008, p15)

Outra indagação feita à professora foi à seguinte; Os conteúdos proposto pelos PCNs de Geografia referentes à relação Campo e cidade, e as problemática que os mesmo colocam, tem importância na formação de um individuo crítico?Ela respondeu que Sim, pois a partir do momento que o aluno tem a noção do modo de vida do campo e a cidade suas formas de trabalho sua condição econômica, como a estrutura fundiária do nosso país é dividida, o aluno poderá compreender que dentro da cidade possui tanta desigualdade, pois neste território a sujeitos que habitavam no campo e não tiveram uma estrutura educacional para se desenvolver nesta cidade, entre outros motivos, dispor o aluno para refletir e comparar os conteúdos proposto pela Geografia com a realidade, sua assimilação sobre esta matéria que é vista como secundária no ensino será melhor.

            Para os alunos ao serem questionado sobre a importância do ensino de Geografia. Obtivemos as seguintes respostas:

  • Compreensão da natureza;
  • Conhecer vários lugares;
  • Aprender sobre as novas questões industriais e ambientais;

            Constatou-se que os alunos gostam da matéria de geografia, pois segundo a fala dos mesmos sua professora expõe os mapas, fala das indústrias dos territórios e das questões ambientais do nosso país.

            Em suma colocar o aluno frente a uma leitura de mundo mais acurada sobre as questões sociais, lhe situar na compreensão desta sociedade capitalista com suas formas desiguais de trabalho, moradia, escolar, trás para o mesmo uma reflexão geral.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

O processo de ensino-aprendizagem se realiza a partir do momento que há interação professor e aluno. A geografia em quanto matéria lecionada no ensino fundamental teve grande progresso em relação à aceitação e credibilidade por parte dos alunos e professores, em décadas passadas quando a Geografia era ministrada de forma decorativa sem interpretação e aprendizagem por parte do aluno a sociedade escolar não lhe atribuía sua devida importância. Neste entendimento Aroucha enfatiza:

Há necessidade de se repensar o ensino de Geografia, pois o descrédito em relação a esta não reside em seus conteúdos, mas sim na conceituação do conhecimento e na metodologia empregada pelos professores, um problema principalmente de formação e capacitação. Este, porém, pode ser resolvido ao perceberem que a Geografia trabalha também com a materialização das praticas sociais, o que possibilita colocar o aluno frente a frente com seu cotidiano. (AROUCHA, 2008, p. 16).

Desta forma o professor deve ter como objetivo o aprendizado dos seus alunos, procurar meios para fazer a diferença em sala, agindo assim neste ciclo (terceiro) o aluno que já tem a capacidade de analisar o espaço enquanto vivido e transformado pelo homem. Entrar dentro desta discussão a respeito do meio rural e o urbano, compreendendo assim que estas localidades e suas problemáticas são frutos de conseqüências da má administração do nosso país.

Em suma o diálogo e compreensão dos objetivos da ciência geográfica poderão propiciar o professor e ao aluno a oportunidade de analisar seu país, estado, cidade e a localidade no qual se encontra inserido

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AROUCHA, Gilberto Matos. Novos Saberes Sobre o Ensino de Geografia. São Luíz: Lithograf, 2008, 172 p.

 

BUITONI, Marísia Margarida Santiago. Geografia: Ensino Fundamental. Brasília: Ministério da Educação, 2010, 252p.

CARLOS, Ana Fani Alessandri. A Cidade: repensando a geografia. 8ª edição. São Paulo: Contexto, 2008.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais : geografia / Secretaria de Educação Fundamental. . Brasília: MEC/ SEF, 1998. 156 p.

CANUTO, Antônio. Os movimentos sociais em ação no campo. In: Relatório Conflitos no Campo Brasil 2009. Comissão Pastoral da Terra. Disponível em:<http://www.cptnacional.org.br/>. Acesso em abr. 2011.

HESPANHOL, Antonio Nivaldo. O desenvolvimento do campo no Brasil. In: FERNANDES, Bernardo Mançano; MARQUES Marta Inez Medeiros; SUZUKI, Júlio César (orgs.). Geografia Agrária - teoria e poder. São Paulo: Expressão Popular, 2007

 

SANTOS, Milton. Metamorfoses do Espaço Habitado: Fundamentos

Teórico e Metodológico da Geografia. Hucitec.São Paulo 1988.

SANTOS, Milton...[et al]. O Dinheiro e Território. In: Território, Territórios: Ensaio sobre o ordenamento territorial. Rio de Janeiro: Lamparina, 2011. 3 ed.416 p.

MORAIS, Antonio Carlos Robert. Geografia Pequena Historia Crítica. 19.ed.Sao Paulo: Annablume, 2003. 132 p.

PIMENTA, Selma Garrido; ANASTASIOU, Léa das Graças Camargo. Docência no ensino superior. -4. Ed. – São Paulo: Cortez, 2010.

 TILIO, Rogério. Reflexão acerca do conceito de identidade. Revista Eletrônica do Instituto de Humanidades, Disponível em: Publicações. HTTP:/Unigranrio. br/índex.php/reihm/artcle/view/529. Acesso em maio. 2011