O BULLYING EM SALA DE AULA,
UM PROBLEMA A SER RESOLVIDO
Jaqueline Duarte Neves da Rocha


RESUMO

O presente artigo trata-se de um problema muito comum hoje em dia nas escolas e principalmente nas salas de aula, algo que foi vivido nos estágios curriculares e encarado como uma violência que não está sendo bem resolvido ou bem administrado pelo professor, leva o nome de bullying, algo que começa como uma simples brincadeira e com o passar do tempo, pela acomodação dos professores acaba tornado algo muito grave, a ponto de trazer evasão escolar e reprovação dos alunos pelo fato deles não estarem dispostos a passar por tal humilhação feita pelos colegas, o que é muito prejudicial à criança. Através de pesquisas realizadas sobre o assunto e identificando o que realmente significa, serão apontadas algumas dicas de como o professor pode lidar e resolver este problema dentro de sua sala de aula, evitando assim os problemas que acarretaram com o aumento da violência.

Palavras-chave: Humilhação ? preconceito ? agressão ? intimidação


CONSIDERAÇÕES INICIAIS


Este artigo tem por finalidade apresentar sobre um problema muito grave nas escolas que é o bullying em sala de aula. O método utilizado para a elaboração do mesmo foi a pesquisa bibliográfica, através de fontes em livros, e Internet, com trabalhos já realizados sobre a questão, e observação no dia a dia escolar.
Com a pesquisa realizada com teóricos que também estudaram este caso como Fante, Neto e também nos Parâmetros Curriculares Nacionais, descobriu-se que esse problema não começou hoje, ele já existe a muito tempo, porém só agora é que ele teve maior destaque, como sendo algo que deve ser encarado de forma clara e objetiva entre os mestres em sua sala de aula, descobrir suas causas e a partir daí procurar soluções para resolver.
Através da vivência escolar que se pôde ter com os estágios realizados na educação infantil e ensino fundamental, percebeu-se que há dentro das salas de aula, este problema que está sendo propagado pelos alunos, e não está sendo combatido pelos professores, chegando a criar situações em que o aluno que é marginalizado, acaba sendo prejudicado, até desistindo de estudar. Mas como resolver? Como ajudar os professores a resolverem este problema?
Nos estágios, foram apresentados pelos estagiários desta escola em questão, seminários, brincadeiras onde explicavam as crianças de forma clara e objetiva o que era o bullying, fazendo com que eles entendessem que não se pode fazer isto, o qual teve muita aceitação tanto pelos alunos, quanto pela equipe pedagógica que decidiu continuar o trabalhar mesmo com o encerramento do estágio.


1. ? DESCOBRINDO O QUE É O BULLYING


Através de pesquisas feitas pelo educador da Universidade de Bergen na Noruega, Dan Olweus, começou a relacionar alguns tipos de brincadeiras na sala ao nome bullying. O mesmo deixou de ser visto então como uma simples brincadeira feita entre colegas de classe para ser vista como uma forma de violência.
Hoje ele é caracterizado e reconhecido pela agressão que pode ser feita através de violência física ou verbal, em sala de aula através de brincadeiras que humilham e ferem o ego do colega de sala.
Bullying no âmbito escolar pode-se exemplificar como chamar o colega de baleia quando a criança é gorda, branquelo ferindo sua cor e sua raça, ou até mesmo quando existe uma deficiência física. Sendo as agressões repetitivas e freqüentes sem motivos que a justifiquem, causando conseqüências emocionais e até mesmo na aprendizagem da criança.

O bullying escolar se resume em insultos, intimidações, apelidos, constrangedores, gozações que magoam profudamente, acusações injustas,atuações em grupos que hostilizam e ridicularizam a vida dos outros alunos, levando-os a exclusão, além de danos fisicos, psiquicos, danos na aprendizagem. (Fante, 2005, pg 10).

Trata-se então de um fenômeno comportamental que envolve suas vitimas tornando-as presas a insegurança e ansiedade, fazendo com que elas sintam medo, angustia e raiva de seus agressores.


1.1? QUEM É O AUTOR DO BULLYING?


Imagina-se que quem pratica essa agressão são só os alunos, porém estudos revelam que o professor tem grande parcela de culpa nesse problema, pois às vezes ele mesmo está agredindo seu aluno com palavras, quando o mesmo não aprende, criticando ou comparando-o com os outros companheiros de classe por causa de sua dificuldade de aprender, quando na verdade o que ele deveria estar fazendo seria procurar descobrir porque o aluno não aprende.
Também quando ele presencia a agressão feita em sua sala de aula e não faz nada para acabar com o problema. O mesmo deve procurar estudar o problema quando começa a se fazer, brincadeiras do tipo que podem ferir os alunos, para descobrir quando isto é somente uma brincadeira ou está se tornando uma violência verbal, caracterizando o bullying. O professor que não tem conhecimento sobre o mesmo e suas conseqüências, não saberá prevenir nem lidar com este problema.
Os agressores, geralmente são crianças e adolescentes, seja ela de classe pobre ou rica, na maioria das vezes são praticadas por meninos, porém as meninas também praticam, mas é mais difícil a participação das mesmas, ocorre quando elas agem com sussurros, formando as chamadas "panelinhas", ou seja, grupinhos feitos para difamar os colegas com palavras, discriminando os mesmos.

O autor do bullying é tipicamente popular, tende a envolver-se em uma variedade de comportamento anti-sociais, pode mostrar-se agressivo, inclusive com os adultos, vê a sua agressividade como uma qualidade. (Neto 2004, pg. 05)


Pesquisa realizada mostra que 29% dos autores do bullying, fazem brincadeiras sem intenção de ferir seus colegas de classe, mas simplesmente para se divertir.



O bullying é classificado como direto quando as vitimas são atacadas diretamente, ou indireto, quando as vitimas estão ausentes. São considerados bullying direto os apelidos, agressões físicas, ameaças, roubos. Ofensas verbais ou expressões ou gestos que geram mal estar aos alvos. "São atos utilizados com uma freqüência quatro vezes maior entre os meninos, o bullying indireto compreende atitudes de indiferença, isolamento, difamação e negação aos desejos, sendo mais adotado pelas meninas". (Neto 2004, p.36)


Outro agressor, é aquela pessoa que se sente sozinho, sem amigos, acha que ninguém gosta dele, por isto pratica tal ato na tentativa de chamar a atenção dos colegas e se promoverem diante dos mesmos e conseguir ser mais um participante do grupo dominante da sala.
Através do estágio realizado, pôde-se conhecer mais sobre esse aluno que muitas vezes é considerado um problema pelo professor da classe, e que o mesmo não procura saber nem conhecer porque este aluno é assim.


1.2 - COMO UMA CRIANÇA ACABA SE TORNANDO UM BULLIE?

A criança que não tem apoio em casa, os pais não ? o tratam bem, dizem que ele não faz nada direito, é um imprestável, pode se tornar um bullie, pois ele encontra uma válvula de escape na violência contra o seu colega de sala, acha que fazendo isto, estará aliviando seu problema que ficou dentro de casa. Também pode se tornar um bullie aquele aluno que não tem motivos nenhum para tal, como por exemplo, o aluno que tem uma família tranqüila em casa, tem uma vida financeira boa, notas razoáveis na escola, ele se torna um agressor, pois quer chamar atenção em sua sala de aula, quer que todos o admirem, o apóiem, quer ser o tal na escola.
E muitas vezes ele acaba conseguindo alcançar seu objetivo, pois os outros colegas acabam o admirando por ser uma pessoa que todos o temem que consiga o que quer, e acaba conseguindo "amigos" que o ajudam em suas brincadeiras sem graça contra seus colegas.


1.3 - A VITÍMA


As vitimas do bullying geralmente são crianças que são menosprezadas na escola pelos outros alunos, ou até mesmo pelo professor como já foi dito antes. São pessoas que às vezes tem algo que chamam a atenção dos outros, como por exemplo, são mais inteligentes, tem alguma deficiência no corpo, são emocionalmente diferentes, crianças quietas, que não reclamam que estão sendo atingidas pelo colega de classe, tem medo de reagir aos agressores devido a sua baixa auto-estima.
Muitas vezes aquele aluno que estuda muito, se destaca entre os outros na sala por sua presteza e agilidade em realizar as tarefas, acaba se tornando uma vitima de bullying, pois os outros ficam com sentimento de inveja e raiva pelo mesmo.
Quando o agressor faz suas vitimas, ele também as ameaça dizendo que se contar a alguém, da próxima vez será pior. Fazendo assim a mesma estará sempre em poder de seu agressor, deixando que as agressões continuem acontecendo cada vez mais.
E quando o professor é vitima?
Isso mesmo! Ele também é uma grande vitima de bullying, principalmente no ensino médio onde os alunos já são adolescentes e não aceitam a correção de outra pessoa que não seja seus pais. Às vezes eles estão agindo errado, praticando algo que deve ser feito e o professor procura interferir, pois é papel do educador, porém são adolescentes que não respeitam ninguém, muito menos os professores.
Alunos que difamam ou insultam os professores também são considerados como bullies, pois agridem verbalmente seus educadores, fazendo com que muitos professores acabem abandonando seu legado, pois deixam de acreditar na educação como uma forma de mudar o ser humano.


1.4 - AS TESTEMUNHAS DO BULLYING

Pessoas que assistem a tudo sem fazer nada para impedir o ato, podem ser os alunos da classe ou até mesmo o professor, que sem conhecimento prévio do assunto, acham que é simplesmente uma brincadeira de alunos sem conseqüência nenhuma.

(...) a forma como reagem ao bullying permite classificá-los como auxiliares (participam da agressão), incentivadores (incentivam e estimulam o autor), observadores (só observam ou se afastam), ou defensores, protegem o alvo ou chamam um adulto para interromper. (NETO. 2004 p.52)

Muita das vezes as testemunhas fazem de conta que não está vendo a agressão, por medo de ser o próximo a ser agredido pelo autor, assim assistem a tudo calado, não comentam o que vêem.
Outra testemunha é aquele que ajuda o agressor a praticar, para assim se tornar um amigo do mesmo, juntam-se pessoas do grupo de afinidades para que possam encontrar uma vitima para suas agressões.
A comunidade escolar também é considerada testemunha, pois estão sendo condescendentes neste problema e ajudando-o a crescer. Por estarem "passando a mão na cabeça desse problema", acaba ajudando com que os alunos o passem da sala de aula para a escola inteira, ficando cada vez mais difícil contorná-lo.


2. - CONSEQUÊNCIAS DO BULLYING


O bullying é um conceito especifico e muito bem definido, uma vez que não se deixa confundir com outras formas de violência. Isso se justifica pelo fato de apresentar características próprias, dentre elas, talvez a mais grave, seja a propriedade de causar traumas ao psiquismo de suas vitimas e envolvidos. (FANTE, 2005, p.26).

O bullying pode causar muitos problemas tanto para quem recebe a agressão como para quem pratica como para quem testemunha o ato, claro que para cada um com conseqüências diferenciadas.
A vitima pode sofrer de várias formas, tanto nos seus estudos, como seu emocional e sua saúde abalada, tornando-se pessoas inseguras, frágeis e vulneráveis ao cotidiano em sociedade, por achar que todos irão fazer o mesmo que foi feito lá atrás na sua vida escolar devido ao problema vivido. O mesmo teme até em freqüentar lugares públicos com medo da rejeição da sociedade.

As dificuldades emocionais dos alunos podem alterar suas relações sociais com os professores e colegas e dificultar seriamente sua aprendizagem. Entre elas se encontram a percepção da falta de afeto, o isolamento social, a tristeza prolongada, o sentir-se marginalizado e maltratado. (Marchesi 2006. P. 82).

A pessoa que sofre o bullying se torna alguém que tem medo de viver em sociedade, pois acha que todos o farão mal, fica vulnerável a problemas a relações com os outros, assim acaba se tornando excluído do meio em que vive.
Fante (2005, p.44) comenta que as conseqüências para o aluno que sofre esta agressão podem ser graves, fazendo com que o mesmo abandone a escola, perca o interesse pelos estudos, se tornando pessoas ignorantes, pois para ele quando ele sai da escola seu problema acaba já que ficou longe de quem o agrediu.
Também existem casos em que as conseqüências se tornam ainda mais graves, como o que aconteceu nos Estados Unidos, por exemplo, em que alunos que eram vitimas de bullying, acabaram assassinando muitos colegas de escola para se vingarem deles, pois os mesmos os ridicularizavam, logo após terem acabado com seus colegas eles também se suicidaram, caso trágico que foi o resultado de um bullying que não foi resolvido a tempo nesta escola. Talvez se o professor tivesse resolvido, esta tragédia poderia ter sido evitada.
Os bullies como são chamados aqueles que praticam o bullying, também têm seus problemas, pois pode se tornar pessoas violentas que não respeitam ninguém, se tornando inimigos de todos a sua volta, causando a revolta dos que o rodeiam. Ele nunca sabe quando as pessoas o procuram porque estão interessados em sua amizade ou se é somente interesse já que o mesmo é uma pessoa vista pelo outros com o tal, aquele que faz e acontece. Acaba ficando sozinho, pois não sabe qual o real interesse das pessoas sobre ele.
O aluno agressor acaba se afastando dos estudos, pois fica centrado somente em fazer bagunça prejudicar seu próximo, esquecendo-se de estudar acaba havendo muita reprovação escolar por parte dos bullies.


3. - O PAPEL DO PROFESSOR DIANTE O BULLYING NA SALA DE AULA


O professor deve estar atento ao que acontece em sua de aula, reconhecer onde está existindo uma simples brincadeira e quando está tendo um caso de bullying. Não pode ficar desatento a isto, pois como educador, sua missão é preparar as crianças para a vida em sociedade, e quando ele faz isto; quando exerce esta função de educador de verdade, seus alunos irão ter respeito uns pelos outros, tendo amizade, companheirismo e as brincadeiras sadias entrarão em vigor deixando de lado as agressões feitas com palavras e até mesmo físicas.
Aquele aluno que fica sempre no fundo da sala, não é a toa que ele está lá, às vezes ele tem um motivo para estar isolando-se dos outros. É papel do educador, descobrir porque isto está acontecendo.
Os especialistas Cléo Fante e José Augusto Pedra (livro "Bullying escolar", 132 pags., Ed. Artmed,) dizem que o professor deve sempre em sua sala de aula promover a amizade, o bem estar, criar atividades que favoreçam a comunicação entre os mesmos, trabalhos que criem um ambiente de cooperação e incentivar a paz dentro de sala de aula e principalmente prestar muita atenção ao que os alunos dizem ou reclamam, pois pode ser algo muito importante para o professor quanto para a criança.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


Diante a apresentação e explanação deste problema tão importante para a comunidade escolar, após conhecer o que é o bullying, as vitimas, o agressor e as testemunhas desse ato tão humilhante para a criança, com o aprendizado que pude ter através dos estágios, e saber que está existindo este tipo de violência dentro da sala de aula com crianças que deveriam ser colegas e amigos, apresenta-se aqui sugestões praticas e de curto prazo para resolvê-lo.
O professor da sala deve ter tato para perceber quando uma simples brincadeira se torna um problema, reconhecer um aluno com problemas emocionais, descobrindo as causas desses problemas, ajudar o aluno que está sofrendo a violência a superá-lo, evitando que o mesmo tenha rebaixamento de nota pelo baixo desempenho na escola.
Já com o agressor, devem-se descobrir quais as causas que levaram essa criança a agir dessa forma, conversar com pais, irmãos e colegas de classe para ver se esta criança não está com algum problema, e se for detectado, deverá ajudá-lo a resolver de forma que não exponha o aluno em questão.
Deve-se criar um vinculo de amizade entre professor e alunos de forma que as testemunhas desses atos possam ajudar o professor a resolver, pois nem sempre o mesmo está presente em todos os momentos de sala de aula, e quase sempre o agressor escolhe as oportunidades onde não existe nenhum mestre por perto, pois tem medo de alguma correção por parte dos mesmos. O professor deve fazer com os outros alunos da sala possam ajudá-lo informando quando houver uma violência desse tipo, para que se possa tentar resolver.
Quando existe uma escola, e principalmente um educador preocupado não em simplesmente passar conteúdos, mas em ensinar as crianças a viverem em sociedade, e aprenderem que o direito deles começa quando termina o do outro, ter-se-á uma escola e uma sala de aula muito melhor para se educar.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS


ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informação e documentação. Referências. Elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2002. 24 p.


BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação


Fundamental. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Brasília: MEC/SEF, 1998. v.8


FANTE, C. Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar
para a paz. Editora Verus, 2005, 224 p.


LOBO, L. Escola de pais. 2 ed. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 1997


MARCHESI, A. O que será de nós, os maus alunos?Tradução: Ernani Rosa. Porto Alegre: Ed Artmed, 2006, 192 p.

NETO, A.L. Diga não ao bullying. 5 ed. Rio de Janeiro, ABRAPIA, 2004.
SEVERINO, A.J.Metodologia do trabalho científico.22 ed. São Paulo: Cortez, 20


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