As mídias digitais como instrumento pedagógico na educação infantil

 

SILVA, Dennize Araújo dos Anjos*

 

 

Resumo: Resumo: O presente artigo é resultado de pesquisa bibliográfica e documental desenvolvida no curso de Especialização em Mídias Digitais na Educação. Este artigo destaca o uso das mídias digitais na educação infantil, onde é ofertado recursos midiáticos diversificados, aos quais são utilizados como ferramentas pedagógicas. Assim, não basta saber utilizar os aparatos digitais, faz-se necessário fazer com que as crianças possam ser atuantes na construção de seus saberes, podendo assim, transformar a sua realidade. É fundamental que a educação ensine os alunos a interpretar o mundo, possibilitando que seja responsável pela sua vida e o meio que o cerca. Desta forma, o artigo destaca quais as contribuições das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação no contexto educacional para a educação infantil.

 

Palavras-chave: Mídias Digitais, Educação Infantil, Ensino e Aprendizagem.

 

Abstract: This article is a result of bibliographical and documentary research developed in the Specialization Course in Digital Media in Education. This article highlights the use of digital media in early childhood education, where diverse media resources are offered, which are used as pedagogical tools. Thus, it is not enough to know how to use the digital devices, it is necessary to make the children can be active in the construction of their knowledge, and can thus transform their reality. It is critical that education teach students how to interpret the world, enabling them to be responsible for their life and the environment around them. In this way, the article highlights the contributions of Digital Information and Communication Technologies in the educational context for early childhood education.

 

Keywords: Digital Media, Early Childhood Education, Teaching and Learning.

 

Introdução

 

       Atualmente muito se vem discutindo sobre a educação, a partir do uso das tecnologias digitais como auxílio para o ensino. O que se percebe, é que a cada dia é fundamental o uso dessas tecnologias para potencializar o ensino e a aprendizagem, permitindo e instigando os alunos a buscar e selecionar informações necessárias para seu desenvolvimento.

       Diante dessas mudanças que vem ocorrendo na sociedade, faz-se necessário que os educadores tomem como instrumento pedagógico de ensino, as mídias digitais. Sendo assim, cada professor deve buscar novas informações e formações, tornando-o capaz de utilizar esses recursos em sala de aula. Cada criança necessita de uma orientação de como utilizar as mídias de maneira correta, visando o aprendizado e a informação.

      Não há como fugir de propostas que propõe a utilizar as mídias digitais no dia a dia das atividades escolares. Com isso, a partir do uso do computador, internet e jogos, promovem aos alunos situações que demandem o desenvolvimento de habilidades e competências. Portanto, ao pensar no processo de ensino, são utilizadas tecnologias digitais que servem para auxiliar no desenvolvimento dos indivíduos e na forma como apreendem.

      A escola tem o papel de transmitir conhecimentos baseado em técnicas, saberes e habilidades, proporcionando o relacionamento social, sendo necessário salientar que as mídias digitais podem dar acesso a diversos tipos de informação, com isso ampliar o acesso a informação e consequentemente ao conhecimento, essencial ao ser enquanto integrante de uma sociedade.

       Este artigo trata-se de pesquisa bibliográfica, por meio de leituras críticas de livros e artigos científicos, que compõe a revisão de literatura como embasamento teórico para a discussão apresentada.  O artigo propõe abordar as mídias digitais a partir da perspectiva da educação infantil.

       Justifica-se a proposta pelo fato de a educação infantil ser a primeira etapa educacional, devendo estar interligada com o modo de ser e ver da comunidade em que se insere, aderindo as transformações e inovações. A sala de aula é um grande espaço de aprendizagem, professores buscam significar, tornando-o mais prazerosa e eficiente a aquisição de conhecimentos. Com o uso das tecnologias podemos ampliar este espaço, conhecendo não apenas o pequeno mundo em que se vive, mas buscando novos conceitos, linguagens, expressões. Trazendo novas metodologias de ensino, as tecnologias oferecem ferramentas que geram maneiras diferentes de ensinar. O uso das tecnologias assume uma função importante na educação, sendo necessária também uma análise dessa nova ferramenta de ensino com planejamento e controle. Em meio a complexidade do aprender, faz-se necessário a busca de novas metodologias de ensino, e a internet traz grandes possibilidades que gera diferentes maneiras de se ensinar

      

 

  1. Mídias digitais e ensino-aprendizagem  

 

       A educação é um direito de todos, porque favorece a formação do indivíduo enquanto cidadão, educando-o para o convívio em sociedade, respeitando a si mesmo e ao outro, devem ser educados para fundamentar a construção de si mesmo e do seu meio. Desta forma, é fundamental que as mídias digitais utilizadas na educação infantil venham ao encontro da formação da criança.

       A atualidade é marcada pelo debate sobre o uso das tecnologias digitais. O que por sua vez, se torna um instrumento do fazer pedagógico no ambiente escolar. A instituição escolar deve promover aos seus educadores alternativas para que possam desenvolver na sala de aula uma metodologia que se integre os meios digitais no desenvolvimento das atividades.

       Quando se busca uma melhoria no fazer pedagógico escolar, se torna imprescindível a reflexão sobre as mudanças necessárias. Estas devem por si, transformar a realidade na qual está inserida, o que com melhor empenho dos educandos poderá ter melhores resultados. O ensino-aprendizagem se fará presente diante as atividades propostas e realizadas, assim, o saber adquirido poderá transformar a formação de um cidadão pleno e transformador.

       Para Significados (2012): 

O termo tecnologia vem do grego "tekhne" que significa "técnica, arte, ofício" juntamente com o sufixo "logia" que significa "estudo". É um termo abrangente, mas que podemos definir como um conjunto de técnicas, processos, métodos, meios e instrumentos de um ou mais domínios das atividades humanas. É uma aplicação prática do conhecimento científico em diversas áreas e setores da sociedade (SIGNIFICADOS, 2012). 

 

       Para o autor, arte, ofício e estudo são os conceitos essenciais para definir Tecnologia e ele procura deixar claro que se pode utilizar todas essas importantes definições em prol do benefício à sociedade.

       Percebe-se assim, que com a inserção das tecnologias digitais no meio educativo, o aprendizado poderá ocorrer de forma mais atrativa, onde é possível ver que no decorrer do desenvolvimento dos processos educativos, é fundamental um educador que busca mudanças. Mudanças relativas à educação significativa, prazerosa e empenho de todos aqueles que são sujeitos integrantes do processo educacional. O fazer se torna prazeroso e levará a geração do conhecimento, que pode trazer contribuições importantes para vida.  

       De acordo com Lemos (2002) as mudanças tecnológicas que transcorreram e vem transcorrendo na sociedade, marcam expressivamente o corpo social e todos os modos de produção, consumo e comunicação. Tudo isso, porque as novas tecnologias permitem as pessoas uma maior abrangência de informações, que por vez, rompem com os limites de tempo e espaço e até mesmo com os valores culturais e sociais.

       Neste sentido, afirma Santaella (2002, p. 23):

 

Já está se tornando lugar-comum afirmar que as novas tecnologias da informação e comunicação estão mudando não apenas as formas do entretenimento e do lazer, mas potencialmente todas as esferas da sociedade: o trabalho (robótica e tecnologias para escritórios), gerenciamento político, atividades militares e policiais (a guerra eletrônica), consumo (transferência de fundos eletrônicos), comunicação e educação (aprendizagem à distância), enfim, estão mudando toda a cultura em geral. 

 

       A partir dos argumentos introdutórios sobre a evolução da comunicação ao longo dos tempos que se disserta sobre as mídias na Educação, a partir de uma percepção que as mesmas alteraram a maneira de acesso a informação e produção do conhecimento.

       Para Moran, a mudança na educação depende basicamente da boa formação dos professores: 

Bons professores são as peças-chave na mudança educacional. Os professores têm muito mais liberdade e opções do que parece. A educação não evolui com professores mal preparados. Muitos começam a lecionar sem uma formação adequada, principalmente do ponto de vista pedagógico. Conhecem o conteúdo, mas não sabem como gerenciar uma classe, como motivar diferentes alunos, que dinâmicas utilizar para facilitar a aprendizagem, como avaliar o processo ensino-aprendizagem, além das tradicionais provas (2007, p. 18). 

        

       Com o avanço tecnológico os profissionais precisam estar cada vez mais conectados com o mundo, especialmente os professores, que precisam se adequar a novas possibilidades e formas de ensinar e buscar condições favoráveis ao desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem ressaltando a criatividade, com alunos criativos e envolvidos com outras descobertas.

       As mídias digitais podem assegurar tempo e espaço para obter atitudes valorizadas e participativas, que contribui para o desenvolvimento e a aprendizagem de novas gerações. Obtendo maior eficiência nos objetivos almejados, valorizando e incentivando com isso, o processo crítico construtivo de cada um, que será obtido com qualidade e com o intuito de transformar a realidade vivenciada.

       De acordo com Sancho a escola tem algumas funções:

 

As funções básicas da educação correspondem à necessidade, por um lado, de transmitir conhecimentos, habilidades e técnicas desenvolvidos durante anos e, por outro, para garantir uma certa continuidade e controle social mediante a transmissão e promoção de uma série de valores e atitudes considerados socialmente convenientes, respeitáveis e valiosos (2001, p. 39).

 

       O educador tem papel fundamental para que a aprendizagem aconteça de forma significativa e com qualidade. O professor deve em sua prática ou metodologia, adotar alternativas para inserção das mídias digitais dentro da sala de aula. Essas ferramentas devem ser usadas como elementos de desenvolvimento e formação da criança, tornam-se instrumentos fundamentais para estimular a criatividade, a socialização e, fazer acontecer a aprendizagem com motivação. Para isso, deve-se ter como proposta de trabalho docente a utilização de mídias digitais, tornar as aulas dinâmicas é imprescindível para se alcançar resultados positivos:

 

[...] as mídias apresentam-se, pedagogicamente, sob três formas: como conteúdo escolar integrante das várias disciplinas do currículo, portanto, portadoras de informação, ideias, emoções, valores; como competências e atitudes profissionais; e como meios tecnológicos de comunicação humana (visuais, cênicos, verbais, sonoros, audiovisuais) dirigida para ensinar a pensar, ensinar a aprender a aprender, implicando, portanto, efeitos didáticos como: desenvolvimento de pensamento autônomo, estratégias cognitivas, autonomia para organizar e dirigir seu próprio processo de aprendizagem, facilidade de análise e resolução de problemas, etc. (LIBÂNEO, 2003, p. 70).

 

       Por esses motivos, é que o professor não deve desenvolver com às crianças aulas com tv e dvd, por exemplo, somente para preencher o tempo, deve-se obter as mídias digitais para o desenvolvimento do processo do ensino e aprendizagem, assim, obter um aprendizado significativo para seu crescimento gradual. Pois ao se observar uma criança que se desenvolve, muito se aprende sobre ela. O professor também deve se apropriar dos conhecimentos pois esse também é o seu papel. A melhor maneira de ensinar uma criança é interagindo com ela. Um educador que vivencia com as tecnologias consegue trabalhar com seu aluno de forma dinâmica e prazerosa.

       O professor tem que sempre buscar se atualizar, capacitar-se para que obtenha a compreensão das tecnologias, em busca de melhores resultados com os alunos. Trazer essas ferramentas para sala de aula faz com que o educador reflita sobre suas práticas, e se preciso adote novas estratégias, e assim reconfigura sua maneira de atuar e agir, visando sempre um ensino-aprendizagem de qualidade e significativo.

       O educador ao buscar melhorias a sua prática pedagógica, como a inserção das tecnologias digitais dentro das estratégias utilizadas no ambiente escolar, está dando a oportunidades dos educandos, terem a possiblidade de desenvolverem suas habilidades, e descobrirem suas capacidades diante das atividades propostas. A partir do desenrolar da atividade, o desenvolvimento acontece de forma prazerosa, estimulando a criança a buscar obter mais conhecimentos, onde a partir dos desafios propostos farão com que a socialização com o meio e todos aconteça.

       As mídias digitais utilizadas para o fazer pedagógico na aprendizagem devem ser utilizadas de forma séria, competente e responsável. Se utilizada adequadamente, poderá oportunizar ao educador e ao educando oportunidades de aprendizagens. Quando um educador está interessado em gerar mudanças, encontra na tecnologia digital um suporte para aumentar o sucesso dos alunos, no que diz respeito ao aprendizado.

      No que tange ao processo de ensino-aprendizagem, é possível dizer que, as mídias digitais, quando presente no meio pedagógico, se tornam imprescindível que o saber a ser adquirido seja de melhoria, pois quando o prazer está dentre as ações realizadas na sala de aula, assim acontece o aprendizado. As tecnologias têm se tornado uma ferramenta importante na área da educação, vem abrindo caminho para novos estudos sobre o tema, tornando possível que o educador tenha um melhor aprofundamento nos estudos já realizados. Ter um conhecimento mais profundo sobre o tema e poder aplicá-lo melhor no decorrer da metodologia utilizada dentro da sala de aula.

       O professor não deve se conformar com a realidade social de sua comunidade, antes de tudo, deve assumir o seu papel como cidadão, capaz de intervir e melhorar a realidade. Infelizmente, devido à formação deficitária dos educadores, as atividades artísticas e culturais, assim como as recreativas, na maioria das vezes só são utilizadas pelos professores quando não planejaram nada para ensinar.

       O professor não é um transmissor de conhecimentos e sim um ser que pode mediar a qualquer momento a aprendizagem de seus alunos, fazendo da escola um ambiente propício para a relação professor-aluno ser mais criativa. Paulo Freire diz “Que ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção” (2000, p. 52).

       Aliar as atividades com uso das tecnologias digitais ao processo de ensino-aprendizagem pode ser de grande valia para o desenvolvimento do aluno, um exemplo de atividade que desperta o interesse do aluno são os jogos educativos. Os jogos não são apenas uma forma de divertimento, mas uma alternativa que contribuí e enriquece o desenvolvimento intelectual. Para manter o equilíbrio com seu mundo, a criança necessita brincar, jogar, criar e inventar. Jogos educativos online para crianças são, antes de tudo, uma brincadeira.

  

  1. Educação infantil e mídias digitais

 

       A nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB) exige um espaço educativo adaptado ao público infantil e também passou a exigir qualificação profissional compatível para se atuar na Educação Infantil. Assim, também ocorreram mudanças quanto à formação profissional, uma vez que, para ingressar como professor na Educação Infantil ou nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental, é necessário estar cursando Pedagogia, já que apenas ter cursado Magistério não é mais suficiente, conforme indica a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996, Art. 62), que determina a formação de docentes para atuar na educação:

 

[...] a formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na Educação Infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal.

 

       O Ministério de Educação (MEC), através do referencial curricular nacional, nos traz os objetivos da educação infantil:

  • Desenvolver uma imagem positiva sobre si, atuando de forma cada vez mais independente, com confiança em suas capacidades e percepção de suas limitações;
  • Descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e bem-estar;
  • Estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças, fortalecendo sua autoestima e ampliando gradativamente suas possibilidades de comunicação e interação social;
  • Estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos poucos a articular seus interesses e pontos de vista com os demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração;
  • Observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se cada vez mais como integrante, dependente e agente transformador do meio ambiente e valorizando atitudes que contribuam para sua conservação;
  • Brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades;
  • Utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita) ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação, de forma a compreender e ser compreendido, expressar suas idéias, sentimentos, necessidades e desejos e avançar no seu processo de construção de significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva;
  • Conhecer algumas manifestações culturais, demonstrando atitudes de interesse, respeito e participação frente a elas e valorizando a diversidade.

 

       A partir dessa exigência de formação profissional, espera-se que se tenham professores mais qualificados, capazes de ministrar com maior qualidade suas aulas, contribuindo, desse modo, de maneira mais efetiva na formação integral das crianças. A partir do momento em que foi repensada a educação, à Educação Infantil coube a função não apenas de cuidar e educar, mas também de ensinar as crianças, fazendo-se necessário qualificar ainda mais os profissionais para atuarem nessa área. Sobre isso, Gomes (2009, p. 40) destaca:

 

É importante considerar que o professor não está pronto quando termina o curso de formação docente. No exercício profissional, as diferentes situações vivenciais que a condição de ser professor exigirá vão requerer dele referências existenciais para todos os envolvidos no processo educacional, a começar pela compreensão de si mesmo: olhar para si e compreender-se educar, inserido em determinado contexto sociocultural.

 

      Essa nova geração, que consegue se relacionar com as tecnologias de forma simples e natural da qual as crianças da Educação Infantil fazem parte, precisa ser encarada pela escola e pelos próprios professores, como corresponsável pela construção da relação com as tecnologias digitais juntamente com os professores. Isso se dá na medida em que crianças com prodigiosa facilidade em lidar com tais tecnologias chega cada vez mais cedo ao cenário educacional e exige adequação por parte das instituições de ensino.    

       Vygotsky (2002) acrescenta que o que a criança necessita na escola, além de uma interação compartilhada com os adultos, é de oportunidades que auxiliem na construção de novos conceitos e aprendizagens, sejam elas dadas pelo professor, por outras crianças e/ou pelas relações que se dão a partir daí. Para Vygotsky (2002):

Desde os primeiros dias do desenvolvimento da criança, suas atividades adquirem um significado próprio num sistema de comportamento social e, sendo dirigidas a objetivos definidos, são refratadas através do prisma do ambiente da criança. O caminho do objeto até a criança e desta até o objeto passa através de outra pessoa. Essa estrutura humana complexa é o produto de um processo de desenvolvimento profundamente enraizado nas ligações entre história individual e história social (VIGOTSKI, 2002, p. 54).

      

       A partir disso, conforme o referido autor, o percurso do desenvolvimento humano se dá “de fora para dentro” e é marcado pela inserção do sujeito em determinado grupo sociocultural. Existem múltiplas interações no processo de elaboração conceitual infantil e a escola, ao adotar um currículo que tem como foco a criança e seu desenvolvimento como um todo, adquire oportunidade de repensar sua postura.

       Dessa maneira, entende-se que se pode e se deve sempre utilizar novas estratégias, instrumentos e outras formas de mediação nessa complexa relação que as crianças estabelecem na construção de suas aprendizagens.

        Nesse contexto educacional o desafio aumenta, pois é preciso que o professor esteja preparado para o domínio e assimilação crítica da linguagem digital. Assim como afirmam Castro, Fernandes e Lima (2007, p. 4):

para que a educação cumpra este papel destacado pelas autoras, faz-se mister que o professor esteja imerso na cultura digital, ou melhor, que esta cultura faça parte do seu processo histórico e de desenvolvimento, ampliando as dimensões do cultural. Para tal, o caminhar faz-se de forma lenta e de acordo com as suas necessidades. Alguns obstáculos diante do novo precisam ser vencidos: o “medo”, o domínio técnico e o processo reflexivo sobre a tecnologia.

 

       Essa vontade de fazer diferente e contribuir para um mundo melhor pode gerar experiências pioneiras nas escolas de Educação Infantil e apontar como professores podem vir a ser os agentes dessa transformação. Algumas condições são impeditivas, outras são muito favoráveis a esse ambiente de inovação pedagógica, entre elas, a troca de conhecimentos informais, ligados às práticas cotidianas, às experiências pessoais e a confiança entre os envolvidos, garantindo assim, algo muito importante: as relações de interação.

        Desde que nascemos sofremos influências do meio em que estamos inseridos, aprendemos por reiteração através dos estímulos oferecidos pelo meio. O que dizer mediante esse processo que constrói crianças alienadas, consumistas e sem o gosto pelo convívio social, preferindo sempre um amigo eletrônico: TV, computador, tablet ou videogame. Isso nos traz para uma posição reflexiva, onde devemos rever os conceitos impostos ao imaginário infantil que é podado. O que dizer quando ouvimos uma criança esnobando outra: „vou brincar com meu tablet, não te empresto, você não tem ‟. Levando em conta que essa fala foi presenciada na educação infantil, ou seja, crianças de 3 a 5 anos.

A boneca de pano velha, amassada, malfeita, permite à criança uns cem números de “encarnações”, e infinitas personificações muito mais ricas e criativas do que produtos acabados, prontinhos, perfeitos, que dizem “mamãe”, sabem mamar e até fazer xixi para que se troque a fraldinha, como anos depois do progresso industrial criou para as meninas. (TÁVOLA, 2009, p.42).

 

       Uma coisa é verídica, criança gosta de tecnologia, independentemente de idade, classe social ou cultural. Ainda que nas classes socialmente mais favorecidas as crianças desfrutam de atividades diversificadas como esportes (natação, balé, futebol, etc.), línguas estrangeiras enquanto a grande maioria continua assistindo TV.

       A linguagem da mídia está presente no dia a dia de nossos alunos. Por isso, faz-se necessário temos que prepará-los para as realidades que estão nos meios de comunicação.

 

É predominantemente a cultura veiculada pela mídia e seus sistemas de rádio e reprodução do som, de filmes e seus modos de distribuição, da imprensa que inclui desde jornais até revistas e, especialmente, do sistema de televisão que o indivíduo encontra suas bases para a construção de sua identidade. A forma dominante de cultura na era moderna é a cultura da mídia e do consumo. (TOLEDO, 2002, p. 153)

 

       Segundo Toledo (2002), a mídia é um “elemento natural, próprio da sociedade contemporânea”. Os recursos midiáticos estão em constante processo de inovação e sofisticação. Os indivíduos se veem presos aos produtos midiáticos que nos remetem a uma verdade e nos impulsionam a acreditar aquilo que anuncia com uma realidade verdadeira.

       Faz-se necessário criar espaços midiáticos para atendimento aos alunos e aos professores, que devem possibilitar a interação e compreensão de ambos como possibilidades de desenvolver e criar várias representações sociais sobre os conteúdos ofertados pelos professores. As mídias com o computador conectado à internet, a televisão e o vídeo na prática pedagógica são ferramentas úteis para criar essa interconexão entre a tecnologia e a produção do conhecimento. Com isto, a autora defende a relevância de o professor estar sempre atualizados, em relação aos usos e empregos das diversas mídias permitindo uma identificação das atividades que devem ser utilizados em cada tema ou conteúdo escolar a ser trabalhado.

 

 

  1. Considerações Finais

 

      A partir de tantas possibilidades que o ambiente virtual de aprendizagem pode oferecer é imprescindível que busquemos um educar com atratividade, instigando para o respeito à diversidade cultural e de toda espécie, para o cuidado em relação ao outro e ao meio ambiente, pois é necessário aprender a viver em sintonia com as novas necessidades de uma sociedade que está constantemente se modificando e o uso do computador está presente em todos os espaços da sociedade.

       Frente ao exposto defende-se o uso das tecnologias digitais como ferramentas que exercem o papel de facilitar a vida e não de substituir relações, porque estas são importantes para o aprendizado das crianças. As mídias devem ser usadas como instrumentos de auxílio, porque em excesso, esse uso faz com que o processo de ensino-aprendizagem tome uma direção contrária, prejudicando, assim, as crianças.

       Atualmente a utilização das mídias digitais dentro de uma metodologia que privilegie a descoberta e o ensino e aprendizagem de nossas crianças, tornam o professor e o aluno mediadores dessa inserção.

       Hoje vivemos na era da informação e estamos conectados a essas mídias, precisamos dar a oportunidades para que nossas crianças se familiarizem com essa nova realidade, pois as novas tecnologias nem sempre estão acessíveis a todos. A pesquisa aponta contribuições para a educação com a inserção das mídias digitais na educação. Com essa pesquisa busquei compreender a utilização das mídias digitais em sala, trazendo reflexões sobre o futuro diante das tecnologias.

       Dentro dos pressupostos abordados, destacou-se a importância da integralização midiática no contexto da educação infantil. Contudo, apesar da importância da integração das mídias e dos recursos tecnológicos à educação infantil, as brincadeiras, o dançar, o movimentar-se, o pintar, não podem ser descartados ou substituídos, pois, entendemos que possuem igual valor. O professor, porém, tem um papel fundamental e indispensável na mesclagem dessas atividades na escola. Entretanto, sob a perspectiva da produção de conhecimento pelo uso das mídias e dos recursos tecnológicos nas práticas pedagógicas, faz-se necessário levar em consideração todos os aspectos que envolvem os compartilhamentos dos sujeitos e a coletividade, afinal, cada sujeito tem a sua bagagem cultural, religiosa, de ideal, e etc. As atividades pedagógicas elaboradas com o auxílio das mídias e das tecnologias, tais como: a televisão, o retroprojetor, aparelhos de som e máquinas fotográficas, em sala de aula, podem ser muito atraentes e agregar consideravelmente ao processo de ensino e aprendizagem dos alunos da educação infantil.

       A tecnologia permite que os saberes sejam (re)construídos a partir de diferentes óticas que ajudam a trilhar caminhos para melhor desvendar um mundo que não se encontra no espaço físico da escola, mas que pode ser acessado por meio daquele: o ciberespaço. Diante disso, talvez seja possível descobrir, junto às crianças, formas de utilizar as diversas linguagens das novas tecnologias, permitindo que os professores rediscutam e reflitam sobre suas próprias práticas docentes numa era marcada pela cultural digital.

 

 

Referências Bibliográficas

 

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SIGNIFICADOS. (2012). Significado de tecnologia. Disponível em: http://www.significados.com.br/tecnologia-2/. Acesso em: 01 de Nov. 2018.

 

SANTAELLA, L. A crítica das mídias na entrada do século 21. In: PRADO, J. L. A. (Org.). Crítica das práticas midiáticas: da sociedade de massa às ciberculturas. São Paulo: Hacker, 2002. p. 23.

 

TÁVOLA, Arthur da. TV, criança e imaginário. 5. Ed. Campinas: Papirus, 2009.

 

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VIGOTSKI, L.S. A Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

 

 

 

* Graduada em Pedagogia. Professora de Ensino Básico Municipal. E-mail: [email protected].