A pesquisadora e especialista em educação inclusiva Maria Tereza Eglér Mantoan é pedagoga e começou a atuar como professora na rede de Educação Básica, sua carreira brilhante é fruto de seu encanto pela diversidade humana.
Mantoan (2006) considera que a educação é a mais pura expressão de amor verdadeiro pelo próximo, pois educar é um movimento desempenhado a favor do crescimento, desenvolvimento e evolução do outro.
Em uma de suas obras: "Inclusão escolar. O que é? Por quê? Como fazer?", editado em ANO, pela editora NOME, a autora faz uma reflexão de como estão as escolas na atualidade, o que estão deixando a desejar, o que os professores estão fazendo para mudar essa realidade dentro das salas de aula e o real movimento que deve ser desempenhado pelos docentes no processo da inclusão escolar.
Os anos passam e a necessidade de mudanças aumentam. No contexto escolar o paradigma da mudança, em caráter primordial é a dos rupturas de conceitos que uniformizam os sujeitos , e por mais que esse movimento assuste ou cause incertezas, essa mudança é emergencial. Sem a inovação em sala de aula não há como mobilizar trajetos de praticas inclusivas.
Segundo Mantoan (2006, p:15):
A escola se entupiu do formalismo da racionalidade e cindiu-se em modalidades de ensino, tipos de serviço, grades curriculares, burocracia. Uma ruptura de base em sua estrutura organizacional, como propõe a inclusão, é uma saída para que a escola possa fluir, novamente, espalhando sua ação formadora por todos os que dela participam.

É impossível negar que além dos paradigmas, a forma de transposição do conhecimento e as relações professor/aluno também necessitam passar por uma reinterpretação.
Para Mantoan (2006) a escola não pode continuar ignorando o que acontece ao seu redor nem anular ou marginalizar as diferenças na maneira de instruir e formar seus alunos.
Os alunos são excluídos da escola simplesmente por não se adaptarem á sua metodologia. As diferenças do educando, na maioria das vezes são vistas pela referida instituição como um entrave e não como uma possibilidade para o processo de aprendizagem.
Quando se trata de um PNEEs é imprescindível o uso de um planejamento carregado de situações-problema onde o educando tenha tempo suficiente para assimilar o conteúdo e estas situações o estimulem a pensar e a desenvolver alguma aprendizagem (MANTOAN, 2000).
Mantoan (2006) faz uma análise das escolas num todo, desde o acolhimento do aluno em sala de aula até o momento da avaliação, e ainda, a autora coloca a avaliação como um método muitas vezes marginalizador, isto quando as deficiências do ensino oferecido pela escola são depositadas nos alunos e estes são reprovados ou encaminhados para outro sistema pedagógico.
As escolas se abriram para receber novos alunos vindos de diferentes grupos sociais, porém não aceitam os diferentes conhecimentos e as dificuldades em assimilar os novos conceitos oferecidos pela instituição.
O tempo passa e as diferenças vão sendo percebidas e a maioria das escolas sentem enorme dificuldade em usar a diversidade para recriar a maneira de ensinar e de aprender. O ideal é que as escolas se preparem para incluir a todos não só no momento da aceitação do outro em sala de aula, mas também durante todo o processo de revelação do conhecimento.
Partindo dessa premissa, a avaliação não deve ser realizada apenas com a finalidade de avaliar o que o aluno aprendeu, e sim como um termômetro que mede o grau de necessidade de inovar em sala de aula. Se um aluno obtém notas baixas é porque sentiu alguma dificuldade no momento da transposição do conteúdo, então é chegada a hora do professor reestruturar seu planejamento e adaptá-lo às necessidades dos educandos.
O profissional biólogo frente ao processo da inclusão escolar precisa superar o sistema tradicional de ensino e recriar o seu modelo educativo com o propósito de ensinar a todos os envolvidos na sistemática de aprendizagem. Essa recriação é uma análise do que ensinamos aos nossos alunos e como os ensinamos isso é sem dúvida, zelar por um ensino de qualidade.
Ao contrário do que muitas escolas enfatizam, inclusão não se reduz a mera integração do sujeito em dado espaço, ou ainda, de técnicas "duras" que esmagam a matriz humana do legítimo outro, nesse caso, o educando.
De acordo com Pereira (2003, p. 01):
(...) a sociedade de um modo geral precisa sair da ?cultura da indiferença? inserindo-se então na ?cultura da solidariedade?, partindo do princípio de que os alunos são prioridades absolutas e necessitam de proteção integral, sendo que para esta ?inversão cultural?, o processo educativo escolar é uma das bases que disseminará a concepção de que lugar de criança é na escola (...)

Conforme Mantoan (2006), para a inclusão escolar acontecer, é o professor quem deve retomar o poder que está centrado na escola, afinal é ele que faz a educação acontecer. Nós profissionais da educação, temos que celebrar as diferenças e consequentemente quebrar com o pessimismo que se prolifera na tentativa de desmotivar toda a comunidade escolar. É chegada a hora de quebrar os pilares que sustentam uma metodologia excludente, basta querer pois temos as ferramentas em nossas mãos: conhecimento, vontade e capacidade de inovar para trazer um ensino de qualidade a todos.
Para Mantoan (2006), os planejamentos de caráter inclusivo são propostas de atividades abertas e diversificadas que propõem a abordagem por diferentes níveis de compreensão e de desempenho dos alunos, pois enquanto o professor se utilizar somente do livro didático para acompanhar o conteúdo, realizar trabalhos fora da realidade e dos interesses dos alunos, considerar a prova como única ferramenta de avaliação e ainda, não se auto avaliar quanto aos métodos utilizados para transformar o conhecimento em saber as ações pedagógicas continuarão a deixar sujeitos a margem do processo histórico.
Conforme Mantoan (2006, p:77):
Ensinar a turma toda reafirma a necessidade de se promover situações de aprendizagem que formem um tecido colorido de conhecimento, cujos fios expressam diferentes possibilidades de interpretação e de entendimento de um grupo de pessoas que atua cooperativamente, em uma sala de aula.

Mantoan (2006) faz uma outra abordagem sobre o proceso avaliativo dos alunos, coloca avaliação como um instrumento de aperfeiçoamento e depuração do conhecimento, onde o professor, ao usá-la de forma adequada diminui substancialmente o número de alunos excluídos das escolas.
"A educação e o desenvolvimento moral, na escola, estão intimamente relacionados com o modo pelo qual o professor concebe a disciplina" (Mantoan 2000, p: 116).
Mantoan (2000, p:116) acrescenta:
O modo pelo qual o professor aplica as faltas cometidas em classe é um dos indicadores através dos quais se pode conhecer o que ele pensa a respeito das possibilidades de desenvolvimento social e intelectual dos seu alunos.

O profissional biólogo, dentro do processo inclusivo, vê a escola como um local onde o ser humano faz uso das diferenças quando a igualdade o descaracteriza e é igual quando as diferenças o inferiorizam, conforme Santos (1995). Evoluindo por essa dinâmica, as problemáticas resultantes da rejeição à aceitação da diversidade humana na escola sempre foram vistas como secundárias e desafiam a lógica daqueles que exercem a intervenção educativa em Ciências, pois conclamam uma ampliação de olhar perante a dinamização do ensinar e do aprender.