1º_ DISTINÇÃO ENTRE CORPO E CORPOREIDADE, EXPLICANDO DIFERENÇAS ENTRE CORPO HUMANO E NÃO.
O homem pertence ao mundo visível, é corpo entre os corpos, porém não é um corpo como os outros corpos. O corpo por meio do qual o homem participa do mundo visível é um "corpo humano" que o torna consciente da sua diversidade dos outros corpos. Para indicar esta peculiaridade do corpo humano foi feito a distinção entre corpo e corporeidade. O "corpo" indica o corpo-objeto, e corresponde à realidade objetiva, considerada desde o externo como um objeto entre os outros.

A "corporeidade" se refere, pelo contrario, ao corpo-sujeito, à realidade humano-corpórea considerada como um sujeito espiritual-corpóreo. "O corpo ? diz De Finance ? é a natureza espiritual tornada parcialmente exterior ao "eu". A corporeidade é uma noção mais ampla que a de corpo e indica a subjetividade humana inteira sob o aspecto de sua realidade material, enquanto está constituída de identidade pessoal.

Ao que se refere ao corpo humano e não humano, poder-se-ia dizer que o corpo humano não se diferencia essencialmente do corpo não-humano nem pela sua cor, nem sua figura; naquilo que é visível, defato, poderia coincidir. O corpo-sujeito se diferencia essencialmente do corpo-objeto, não pela composição química ou pela estrutura orgânica, mas porque o corpo não humano é todo exterioridade, enquanto o corpo humano é antes de tudo exteriorização de uma coisa essencialmente interior.

2° _ O VALOR MORAL DO CORPO.
O homem é ao mesmo tempo corpo e espírito. O espírito não é encarnado somente metafisicamente em uma essência material, mas também fisicamente no estado psíquico, a saúde ou a doença exercem uma grande influência no desenvolvimento das obrigações morais. A moralidade reside essencialmente no espírito, porém o espírito humano é encarnado e forma um só e único ser substancial, de modo tal que a corporeidade é o campo expressivo do espírito.

O homem é sujeito da moral, porque, enquanto pessoa é da sua vontade livre que comprometem a vida moral; é a sua liberdade que se destrói enquanto ser moral. O valor moral do corpo humano, do ponto de vista filosófico, deriva fundamentalmente do fato que o homem é um espírito encarnado e, portanto, a atividade moral depende também, no seu objeto e conteúdo, do estado da corporeidade.

O corpo humano apesar de tudo, não é um objeto a mais na série dos objetos que nos circundam e, portanto, não pode ser usado como um produto comercial.

3° _ DIMENSÃO DIALÓGICA E RELACIONAL DA SEXUALIDADE: AMOR E PROCRIAÇÃO.
O termo sexo vem do latim secare, que significa separar, distinguir. A etimologia já indica esta dualidade, esta diferença de dois que sendo "separados" tende a reconstruir a unidade. A sexualidade não pode ser considerada como localidade ou à genitalidade. A sexualidade humana não é nem por dado, nem um objeto, nem uma função: é uma dimensão constitutiva da pessoa que permeia todo o seu ser. Homem e mulher estabelecem com os atos sempre e necessariamente "relações sexuadas", mas não "relações sexuais-genitais".

A fecundidade não está somente predisposta na estrutura biológica e fisiológica masculina e feminina, mas reveste também uma dimensão interpessoal: a instauração de um novo diálogo com um novo ser mediante a procriação. A união sexual é um ato que envolve, na totalidade e na reciprocidade, duas pessoas e coloca as premissas para a chamada á existência de uma nova vida humana.

É um ato, portanto, no qual estão intrinsecamente unidas duas dimensões: o amor e a procriação. Procriar é por isso uma realidade muito mais profunda que a capacidade biotecnológica de fazer surgir uma nova vida em laboratório. "procriar" significa doar a vida no dom das pessoas; um dom que transcende e transfigura o fato biológico. No ato conjugal é a pessoa mesma que se doa no amor. O amor-dom é fecundo.

Ora vimos que o amor implica um eu e um tu, os quais se unindo dão vida a um nós. Por tal amor tem como elemento constitutivo a fecundidade. O amor autêntico, de fato, não é nunca isolado, egoísta, limitado. Os cônjuges, unindo-se em uma só carne, exprimem exatamente uma doação total e original.

4° _ A RAIZ DO PROBLEMA E ANTECEDENTES DA IDEOLOGIA DE GÊNERO .
Estas idéias tem antecedentes na ideologia neomarxista, por sua visão distorcida da realidade, que faz uma análise através dos esquemas de luta de classes. Segundo Dom Reig Plá, atualmente presidente da subcomissão episcopal espanhola de família e vida, deve-se levar também em conta, como antecedente, a revolução sexual dos anos 60: "reúnem-se os piores aspectos do pensamento marxista e neoliberal radical a respeito da sexualidade, da pessoa e do matrimonio", e o influxo do existencialismo ateu de Simone de Beauvoir: "não nasces mulher, te fazem mulher!", escrevia em 1949.

Com a revolução sexual, primeiro se separa a sexualidades do matrimonio (o chamado amor livre). Também se separa a sexualidade dos filhos (anticoncepção depois aborto). Continua com a sexualidade sem amor (sexo, pornografia, prostituição). Depois a produção de filhos sem relação sexual (fecundação in vitro). Por ultimo, a cultura unissex e o feminismo radical que separa a sexualidade da pessoa: já não há varão e mulher; o sexo é um dado anatômico sem relevância antropológica; o corpo já não fala da pessoa, nem da complementaridade sexual que expressa à vocação para a doação do amor.

Esta ideologia está se estendendo na cultura e nas leis da Espanha e de outros países, com graves conseqüências para a mulher, para o matrimonio, a família e a educação dos filhos. O problema radica em que nos últimos anos tem havido uma tendência errônea para sublinhar fortemente a condição de subordinação da mulher _ subordinação ao homem _ para justificar assim uma atitude de contestação. A mulher, para ser ela mesma, se constitui em antagonista do homem, o que dá lugar a uma rivalidade entre os sexos, o que tem sua implicação mais imediata e nefasta na estrutura da família.

E para evitar qualquer supremacia de um sexo sobre outro "tende-se a cancelar as diferenças, consideradas como simples efeito de um condicionamento histórico-cultural". O sexo com o qual se nasce não teria maior importância, porque o principal é o "gênero" masculino ou feminino que livremente pode ser escolhido, independentemente do sexo. O "gênero" seria uma dimensão estritamente cultural.

5° _ DEFINIÇÃO E DISTINÇÃO DE HISTÓRIA E HISTORICIDADE.
O termo "historicidade" indica geralmente o caráter histórico da existência humana. Parece que não é possível definir a historicidade sem uma referencia a historia; por outro lado, não é possível falar de historia sem referir-se à existência histórica do homem. M.Heidegger em ser e tempo, em vez de fundar a historicidade a partir da historia, diz que é necessário proceder de modo diverso, isto é, a concepção segundo a qual o homem está na historia se deduz da historicidade enquanto sua derivada.

1. História: é o conjunto de fatos objetivos narráveis que se sucedem no tempo objetivo natural.

2. Historicidade: é o modo especifico de existir do homem. Indica que cada ser humano realiza sua própria existência a partir de um nível cultural alcançado já por outras gerações, em tensão essencial para um futuro que está cheio de novas possibilidades; ditas possibilidades são apresentadas ao homem porque é inteligente e livre. A historicidade é, portanto, uma característica que somente se encontra no homem.

6° _ EXPLIQUE O SOCIAL ANÔNIMO.
O interpessoal é o conjunto das relações que o seu pessoal estabelece, livre e responsavelmente com os outros homens. Este conjunto de relações interpessoal forma a convivência humana, que é uma atividade interindividual e pertence à vida pessoal. O social anônimo, ao contrario, é um tecido de atividades que realizamos como autômatos, não livremente, senão porque a gente o faz.

O social anônimo consiste em ações e comportamentos humanos, porém não é um comportamento personalizado, senão que aparece uma vez que estivermos em relação com outros homens anonimamente.

Ações como a saudação, a língua, o guarda que nos impede em algum momento de atravessar a rua, são, por um lado, humanas já que consiste em comportamentos intelectuais, e por outro lado, nem se sequer os entende. Aquelas ações nossas que fazemos por conta de um sujeito impessoal, que é todos e ninguém, e que chamamos a gente, a sociedade, são os fenômenos propriamente sociais.

7° _ EXPLIQUE OS FUNDAMENTOS DA TEORIA ATUALISTA.
A opinião dos que negam a substancialidade do homem recebeu diversos nomes segundo os países; na Alemanha se chama "teoria atualista", na França "fenomenismo" etc. o homem, segundo a teoria atualista, é um conjunto de atos sem nenhum sujeito que os produza ou os sustente.

Esta teoria se funda no ato de que a ciência psicológica não conhece nada que se assemelhe a uma substancia, já que a introspecção somente encontra atos ou associações dos atos psíquicos.

A substancialidade do homem é concebida como estática e fixa, enquanto o homem é dinamismo, capacidade infinita de ser infinitas coisas, sem estar ligado a um substancia. A teoria atualista rompe com o passado porque, segundo ela, considera o ser ao modo da coisa.

O ser para a filosofia antiga era o mundo, o objeto, as coisas exteriores; para a filosofia moderna o ser é o eu, as idéias. Para os filósofos atualistas o ser é a vida de cada homem em sua forma concreta e singular.

8° _ DEFINIÇÃO DE "PESSOA" E EXPLICÃÇÃO DOS TERMOS DESTA DEFINIÇÃO.
Segundo Boécio e Tomás de Aquino, podem-se oferecer diversas definições da pessoa: ontológica, psicológica, ético-axiologica, relacional..., porém no final das contas somente a definição ontológica alcança o fundo ultimo da pessoa.

A definição psicológica quer dizer, simplesmente, que a pessoa é um ser capaz de autopercepção, e o que faz não é outra coisa que desenvolver o elemento de "natureza racional" contido na definição ontológica. As definições ética, axiológica, relacional, enunciam importantes verdades na ordem de fenomenologia e da moral, porém não caracterizam, imediatamente, o que distingue à pessoa da coisa, isto é, sua abertura.

A definição metafísica é, fundamentalmente, a formulada por Boécio "naturae rationalis individua substantia, substância individual de natureza racional", e recolhida por São Tomás "subsistens in rationali natura, subsistente individual de natureza racional". A pessoa existe em si e por isto é substancia. O especifico da substancia é ser por si; por isso com o termo substancia se entende a "essência a qual compete o ser por si", na qual o Ser não é a mesma essência.

Propriamente falando substancia é somente o individuo não o universal. A substancia é a condição ontológica real da presença de determinadas capacidades, do exercício atual de certas operações, da manifestação exterior de precisos comportamentos. É a substancia assim entendida que consente explicar a unidade (no espaço) e a permanência (no tempo) da identidade do ser humano.

9° _ INTERPRETAÇÕES MATERIALISTA DO HOMEM.
A interpretação materialista do homem, segundo o marxismo, se baseia na convicção de que a matéria é a raiz última de toda a realidade, e mais em particular, de toda expressão humana. O homem é o ápice da matéria evolutiva. Isso significa que o homem, embora manifestando um nível de existência profundamente distinto do dos animais, em ultimo caso é compreensível com a ajuda de categorias materiais.

Na origem do materialismo marxista está, sem dúvida, a doutrina antropológica de Feuerbach, que destrói a transcendência e reduz o homem a uma realidade imanente. Para Feuerbach o conteúdo e o objeto da religião são absolutamente humanos, o mistério da teologia é a antropologia, o mistério do ser divino é o ser humano. A conseqüência prática disto é um materialismo e um imanetismo absolutos.

Na base da antropologia de Feuerbach há uma falsa visão do homem e de Deus. Para fazer grande ao homem, se necessita destruir a Deus, porque a existência de Deus empobrece ao homem e o aliena. O homem convertido em Deus por Feuerbach, não é senão um deus reduzido a homem. As raízes deste materialismo se encontram em Hegel.

Para ele a única realidade é o Espírito Absoluto, que se realiza na historia. A pessoa concreta, o individuo, é algo irreal, cuja existência tem somente a função de realizar os projetos do Absoluto.

10° _ INSUFICIÊNCIA DAS INTERPRETAÇÕES MATERIALISTAS DO HOMEM.
A crítica que se faz ao materialismo faz referencia à unilateridade da perspectiva materialista e à absolutização da dimensão material e mundana do homem, com a conseguinte negação das demais dimensões, não menos evidentes e imediatas. O materialismo é insuficiente e inaceitável como interpretação última e exaustiva do homem, porque pretende reduzir toda a riqueza do homem, somente às dimensões corporais e materiais.

11° _ EXPLICAR A TRANSCENDÊNCIA E ESPIRITUALIDADE DO HOMEM.
A transcendência é a estrutura fundamental do homem, e esta estrutura, que se afirma implicitamente em todo conhecimento e ação humanas, é o que em uma palavra se chama espiritualidade. O homem é espírito, ou seja, vive sua vida em contínua abertura ao absoluto.

Transcendência é o movimento com o qual o homem se supera continuamente a si mesmo; este movimento tem uma direção, aponta a uma meta: o Absoluto. Estudiosos como Tomás de Aquino, Blondel, Ranher e outros assinalam à transcendência um significado teocêntrico: o homem sai insensatamente de si mesmo e ultrapassa os confins da própria realidade porque está constitutivamente aberto ao Absoluto e atraído por Ele.

13° _ EXPLICAÇÃO FILOSÓFICA DO FENÔMENO DA MORTE HUMANA.
O conceito idôneo de morte implica um juízo filosófico sobre a verificação de uma mudança substancial no individuo, em referencia àquilo que é necessário para a vida. É, portanto essencial que os critérios clínicos de diagnose em referencia a este "aquilo" necessário para a vida.

Do ponto de vista antropológico não se pode ver a morte do homem primariamente ou exclusivamente como um problema biológico, mas tampouco se pode prescindir totalmente dos dados biológicos. A morte humana não é, portanto, somente a decomposição de um organismo vivente, mas a destruição da sua existência humana: impossibilidade de exprimir ulteriormente a vida pessoal no mundo. É morte humana porque o espírito é presente na realidade do ser humano.

Se eu não fosse espírito, a morte para mim não existiria, seria somente a corrupção do meu corpo. De uma reflexão metafísica resulta que cada ente substancial material, enquanto composto de matéria-prima e de forma substancial, é sujeito à corrupção, isto é, à mutação substancial: separação da forma substancial da matéria-prima. O homem é homem pela forma substancial humana: a alma: o cadáver não é homem porque está informado de uma outra forma substancial que não é aquela do homem. A morte é a crise da união substancial que é cada homem.

O dualismo antropológico que sobressai com Platão, e as antropologias materialistas mostraram constantemente a tendência a confirmar a morte na esfera puramente biológica. Os pressupostos mesmos desta interpretação apresentam dificuldade. O homem não é um corpo objetivo que é exteriormente ligado ao espírito.

O corpo é primariamente um corpo humano. À luz da unidade do homem com o próprio corpo, a morte não é nunca somente ou primariamente um fato biológico, objetivo e neutro; antes sim uma condição existencial humana. Não é somente o corpo que morre; é o homem que morre.

14° _ EXPLICAÇÃO DA REALIDADE DA "MORTE CEREBRAL" E RESPOSTAS ÀS OBJEÇÕES.
A vida humana não é somente a vida biológica, nem nas partes singulares do organismo, nem na sua totalidade, mas essa é vida humana porque a alma espiritual está presente no corpo, constituindo assim a vida humana terrena. A vida humana, como a morte humana é algo de maior e misterioso que um conjunto de processos biológicos.

O conceito de morte cerebral quer oferecer parâmetros sobre processos biológicos, para que a mente humana posso discernir a vinda da morte da pessoa e a incompatibilidade de ditos processos com a vida humana terrestre. A morte cerebral de uma pessoa é a morte propriamente falando. Nem os filósofos, nem o legislador o médico tiveram a pretensão de reduzir a realidade da morte humana à morte cerebral.

O conceito idôneo de morte implica um juízo filosófico sobre verificar-se uma mudança substancial no individuo, com referencia àquilo que é necessário para a vida terrena. A declaração de morte de uma pessoa, mediante os critérios de morte cerebral, acompanhada da terapia de sustentação, difere fenomenalmente (ausência de rigidez cadavérica) de uma declaração de morte segundo os critérios tradicionais; mas a condição ontológica nos dois casos é a mesma: é um sujeito, para todos os efeitos, morto.

Entendendo por "morte cerebral" a morte total de todo o encefálico, que compreende o cérebro, o cerebelo e o tronco cerebral, não tem sentido dizer que há falta de clareza porque não se sabe se fala de córtex cerebral, do tronco cerebral ou de todo o cérebro; ou porque se identifica a "morte cerebral" com o estado de coma e este pode