ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS EM ITAITUBA


JUNAINA JÚLIA RODRIGUES PRUDENTE

RESUMO

Este trabalho tem como pressuposto apresentar os projetos de alfabetização de jovens e adultos em ação na cidade de Itaituba, assim como o oferecer propostas para melhoria da aprendizagem com sugestões de aperfeiçoamento que levem em conta a realidade e a necessidade do jovem e do adulto, o qual será baseado em leituras através da revisão bibliográfica, levantamento de dados e pesquisas de campo.

Palavras-Chave: Projetos, Alfabetização, Jovens, Adultos



PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO EM ITAITUBA

O Programa Brasil Alfabetizado é um programa criado a partir do Governo Federal e pelo MEC em 2003 e tem como objetivo reduzir o analfabetismo e possibilitar a continuidade dos estudos para os Jovens e Adultos do país. É coordenado, fiscalizado e conduzido pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização Continuada - Ministério da Educação (Secad/MEC).
O Brasil Alfabetizado está regularizado pela Resolução FNDE/MEC n° 33 de 03 julho de 2007 e tem como meta alfabetizar até 2010 mais de 2000 alunos no município de Itaituba possibilitando ao público alfabetizado o resgate da sua autonomia como cidadão itaitubense.
O programa visa atender um público com a idade de 15 anos ou mais quer ainda não sabe ler e escrever, principalmente aqueles oriundos dos grupos sociais desfavorecidos, seja por questão social, racial ou de gênero. Em geral, o público atendido em sua maioria é composto de donas-de-casa, agricultores, indígenas, pescadores, garis e presidiários.
Como firma o decreto do Presidente da República nº 6093 de 2007 baseado no art. 208, inciso I da Constituição Federal e nos artigos 37 e 38 da Lei nº 9394/96 e do 7º a 11 da Lei 10.880/04 sobre o Programa Brasil Alfabetizado Capítulo I:
Art. 1º O Programa Brasil Alfabetizado tem por objetivo a universalização da alfabetização de jovens e adultos de 15 anos ou mais.
Art. 2° O Programa atenderá, prioritariamente, os Estados e Municípios com maiores índices de analfabetismo, considerando o Censo Demográfico de 2000, da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ? IBGE.
Os interessados devem procurar uma instituição conveniada do MEC ou instituição alfabetizadora mais próxima e ter disponibilidade. O tempo previsto para a efetuação da alfabetização será de acordo com a proposta pedagógica da instituição alfabetizadora que pode variar de 240 horas para curso de seis meses; 280 horas para curso de sete meses e 320 horas para curso de oito meses. Vale ressaltar que a carga horária semanal pode ter no mínimo 10 horas em 4 dias por semana, ficando o quinto dia para a formação continuada.
As turmas da zona urbana podem ter no mínimo 14 alunos e no máximo 25 e a zona rural no mínimo 07 alunos e no máximo 25 alunos. Vale ressaltar que não poderão existir turmas na área urbana e rural ao mesmo tempo e no mesmo local funcionando com menos de 13 alunos.
Àqueles com a intenção de se tornarem alfabetizadores é necessário participar dos cursos de capacitação nas instituições alfabetizadoras conveniadas. E para ser uma das instituições conveniadas é preciso que a mesma tenha experiência comprovada em alfabetização de Jovens e Adultos e encaminhá-la ao Fundo Nacional de desenvolvimento da Educação (FNDE).
Os alfabetizadores precisam ser majoritariamente da rede pública da educação básica com horário de trabalho comprovado por declaração do órgão de lotação e ter no mínimo o Ensino Médio.
Quanto ao método aplicado nesse processo de ensino, em geral, as instituições aplicam o método que mais se adaptar às realidades dos educandos. O que importa é que ao final do processo de alfabetização as propostas pedagógicas confirmem que os alunos já são capazes de ler, escrever, compreender e interpretar textos e efetuar as operações matemáticas.
Assim como, qualquer projeto de alfabetização precisa de voluntários, o programa Brasil Alfabetizado não é diferente, e para os alfabetizadores voluntários interessados basta procurar as secretarias de educação estaduais e municipais, instituições alfabetizadoras e as organizações não-governamentais que trabalham com alfabetização de Jovens e Adultos. Além de ajudar na alfabetização, o voluntário seja pessoa física ou jurídica pode colaborar com o que lhe for conveniente como: materiais escolares, óculos no caso de uma ótica, as igrejas, clubes e associações podem ceder seus espaços e assim por diante. O importante é que o alfabetizador voluntário tenha consciência do compromisso assumido, e assim possa respeitar e compreender o ritmo de cada aluno e as dificuldades que venham surgir durante esse período.
Como aborda o Relatório de Atividades da Eja Semecd /2005 o Programa Brasil Alfabetizado foi implantado em Itaituba em 2005 através de uma parceria entre o Governo Federal e o Governo Municipal, através da Secretaria Municipal de Cultura e Desporto (SEMECD), tendo como responsável pela Secretária de Educação, Eliane Nunes.
Este programa inicialmente teve o objetivo de alfabetizar aproximadamente 300 alunos em nosso município e contou com 250 alunos que foram distribuídos em quatorze turmas com oito na zona urbana e seis na zona rural, no ano de 2006 o Programa alcançou uma meta de 388 alfabetizandos, inclusive com turma no presídio municipal, em 2007 o programa pretendia alfabetizar aproximadamente 600 alunos e contou com mais de 400 alunos distribuídos em trinta e cinco turmas também entre zona rural e urbana.
No período de agosto de 2007 a fevereiro de 2008 foram cadastrados pela SEMECD treze professores alfabetizadores da zona rural com o número de 217 alunos e na zona urbana doze professores alfabetizadores para atender uma demanda de 170 alunos, somando um total de 378 alfabetizandos. Ao final do processo de alfabetização a Secretaria de Educação Municipal promove uma solenidade com a entrega dos certificados para os novos alfabetizados.
A Secretaria de Educação visa ampliar o atendimento para a EJA em Itaituba, realizar parcerias e articulações locais com outros órgãos do governo municipal, estadual, federal e a sociedade civil, assim como, oferecer as condições para a continuidade dos estudos para todos.
Por isso, seja qual for a sua forma de participação estará colaborando e incentivando uma pessoa que ainda não sabe ler e escrever a participar dos cursos de alfabetização e o mais interessante proporcionará uma alto reflexão da importância que tem a leitura e a escrita na vida de todo cidadão.

DEFINIÇÕES DA EJA

O Centro de Referência Educacional Consultoria e Assessoria em Educação, afirma que a Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino especifica da Educação Básica que tem como propósito atender um público ao qual foi negado o direto à educação durante a infância ou pela adolescência seja pela oferta irregular de vagas, seja pelas inadequações do sistema de ensino ou pelas condições socioeconômicas desfavoráveis.
O conceito de EJA vem se ampliado com o passar dos anos e muitas vezes é confundido com o de Ensino Noturno uma vez que a EJA não é definida pelo turno em que é oferecida, já que esta modalidade de ensino é caracterizada de acordo com o público ao qual ela se destina.
Iniciativas vêm se movendo com o objetivo de ofertar esta modalidade de ensino para aquelas pessoas que por um motivo ou outro só podem estudar no período diurno, visto que dessa forma estará incluindo esses cidadãos no processo educativo formal.
Como afirma VIGNA (2002) a educação de jovens e adultos deve ser pensada como um modelo pedagógico próprio, com o objetivo de criar situações de ensino-aprendizagem adequadas às necessidades educacionais de jovens e adultos, englobando as três funções: a reparadora, a equalizadora e a permanente, citadas no Parecer 11/00 da Câmara de Educação Básica/Conselho Nacional de Educação (CEB/CNE). Segundo o Parecer, a função reparadora significa a entrada no circuito dos direitos civis pela restauração de um direito negado: o direito a uma escola de qualidade e o reconhecimento de igualdade de todo e qualquer ser humano. [...] finalmente, a educação de jovens e adultos deve ser vista como uma promessa de qualificação de vida para todos, propiciando a atualização de conhecimentos por toda a vida. Isto é a função permanente da educação de jovens e adultos.
A educação básica de Jovens e Adultos é aquela que possibilita ao educando ler, escrever e compreender a língua nacional, o domínio dos símbolos e operações matemáticas básicas, dos conhecimentos essenciais das ciências sociais e naturais, e o acesso aos meios de produção cultural, entre os quais o lazer, a arte, a comunicação e o esporte. (GODOTTI & ROMÃO, 2007:119)
O termo educação de adultos ficou mais popular devido a algumas organizações internacionais como, por exemplo, a UNESCO que preferiu se referir assim a uma área especializada da educação, no entanto, a educação não-formal é bastante utilizada por países desenvolvidos para referir-se a educação de adultos desenvolvida em países de terceiro mundo que estão vinculados a pequenos projetos comunitários.
No Brasil a história da educação de adultos é dividida em três períodos:
1° De 1946 a 1958, nesse período foram realizadas campanhas nacionais de iniciativas oficiais que foram chamadas de "cruzadas" com o objetivo de erradicar o analfabetismo comparado como uma chaga, assim como a malária. Daí o nome de "zonas negras de analfabetismo".
2° De 1958 a 1964 onde no primeiro ano aconteceu o segundo Congresso Nacional de Educação de Adultos com a participação especial de Paulo Freire. Foi então que surgiu a ideia de um programa para enfrentar o problema da alfabetização dando origem ao Plano Nacional de Alfabetização de Adultos, orientado por Paulo Freire e extinto após um ano de funcionamento pelo Golpe de Estado 1964. A educação de adultos era compreendida a partir da causas do analfabetismo, como uma educação de base defendida pelo governo de João Goulart. Outros movimentos foram influenciados por essas ideias como os Centros Populares de Cultura extintos após o golpe militar e o Movimento de Educação de Base que tinha apóio da igreja e que perdurou até 1969.
3° O governo militar insistência em campanhas como a "Cruzada do ABC" Ação Básica Cristã e posteriormente o MOBRAL ao qual visava o controle da população, sobretudo a rural que com a Nova República acaba também sendo extinto, dando lugar a Fundação Educar que tinha objetivos mais democráticos, porém sem os recursos com os quais o MOBRAL contava.
Com a autodenominação "Brasil Novo" 1990 do primeiro presidente eleito após 1961 foi criado o Plano Nacional de Alfabetização e Cidadania (PNAC) 1990 que teve grande apoio da população e foi extinto no ano seguinte sem nenhuma explicação para a população
No ano de1990 foi criada no Brasil a Comissão Nacional de Alfabetização que foi coordenada por Freire e José Eustáquio Romão e continua até os dias de hoje com o objetivo de elaborar diretrizes para a formação de políticas de alfabetização alongo prazo e que nem sempre são aceitas pelo governo federal.
Dessa forma, fica explicado o porquê do distanciamento entre a sociedade e o poder público quando nos referimos aos problemas educacionais. É por isso que hoje existe certa desconfiança quanto às iniciativas estaduais, embora alguns dos seus representantes tenham compromisso com a população.

EJA EM ITAITUBA

Segundo o IBGE 2008 Itaituba localiza-se ao sudoeste do Pará, precisamente ao Norte do município de Aveiros, ao Sul dos municípios de Novo Progresso e Jacareacanga, ao Leste dos municípios de Altamira, Rurópolis, Novo Progresso e Trairão e a Oeste do Estado do Amazonas. Atualmente possui uma população de 124.865 habitantes e sua área territorial é de 62.040,947 km².
Conforme o Projeto de acompanhamento técnico e pedagógico da educação de jovens e adultos- EJA nas escolas polos da autora waldna Dias a partir do ano de 1998, o sistema educacional do município se responsabilizou pelo Ensino Infantil e Fundamental que totalizavam em torno de 23.544 alunos entre zona rural e urbana.
Segundo a Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto a Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade de ensino que visa dar prosseguimento de estudos a jovens e adultos a partir de 15 anos que por algum motivo não puderam concluir seus estudos.
A Coordenação de Educação de Jovens e Adultos EJA, criada em junho de 2005, realizou várias atividades e colocou em prática alguns programas entre os quais estão: Programa de Complemento de Estudos de 5ª a 8ª séries intitulado de EJA Personalizada e o Programa Brasil Alfabetizado, além da acessória Técnica Pedagógica as turmas da EJA, com o objetivo de garantir o direito de todos à educação, principalmente para os jovens e adultos que não tiveram acesso na idade própria e também com o intuito de gerar resultados significativos para a educação municipal.
De acordo com a SEMECD de Itaituba no relatório da EJA personalizada educação de jovens e adultos 2007 esse tipo de educação é uma modalidade de a Distância que permite ao aluno estabelecer seu próprio ritmo de estudo, sem a obrigatoriedade de frequentar aulas presenciais. O curso é totalmente gratuito de acordo com as normas da legislação vigente na rede Estadual de ensino e visa ofertar o Ensino Fundamental de 5ª a 8ª série e Ensino Médio a Jovens e Adultos que apresentem os limites mínimos de idade estabelecidos por lei. O referido curso é semipresencial e funciona nas dependências internas da SEMECD nos horários de 8h às 17 h, de segunda a sexta-feira e tem a duração máxima de 18 meses com as seguintes disciplinas Língua Portuguesa e Matemática com 13 módulos, História e Geografia com 11 módulos e Ciências 10 módulos e provas realizadas por módulos que são entregues aos alunos no ato da matricula.
Ainda segundo consta no relatório uma vez por semana é disponibilizado o transporte àqueles que moram em comunidades distantes virem até a Secretaria de Educação e Desporto para tirar possíveis dúvidas ou fazer a prova ao final de cada módulo. Vale ressaltar que esses alunos procuram melhores condições de vida através da conclusão dos estudos, daí a importância dessa modalidade de ensino para aqueles que não tiveram a oportunidade ou condições de continuar por diversos motivos o ensino fundamental. A interação professor aluno é muito importante, pois facilita para o aluno e para o professor o processo de ensino e aprendizagem, uma vez que o aluno passa se sentir mais seguro e motivado a prosseguir.
É importante que os professores da EJA Personalizada incentivem os seus alunos a darem continuidade aos estudos e vencer todos os desafios que a educação a distância propõe, haja vista, que esta é uma grande oportunidade para que essas pessoas concluam o ensino fundamental e deem continuidade aos estudos como forma de obter uma qualificação adequada para a inserção no mercado de trabalho formal e digno para todos os cidadãos.
Conforme consta no Relatório de Atividades da EJA/2005 SEMECD, 2005 durante o período de agosto a novembro de 2005 de segunda a quarta-feira foram realizadas visitas com acompanhamento pedagógico nas escolas que oferecem Educação de Jovens e Adultos, onde eram detectados situações referentes a EJA. Ainda no mês de agosto aconteceu a distribuição dos livros didáticos de 1ª a 4ª etapas da coleção Curupira e também do Kit para os alunos que continha (01 caderno, 02 canetas, 01 lápis, 01 caixa de lápis de cor, 01 borracha, 01 tubo de cola, 01 apontador e 01 régua). Vale ressaltar que o controle de saída desses materiais são registrados no livro de ocorrência da Coordenação da EJA, pois, todas as atividades que envolvem compras de materiais a serviço dessa modalidade de educação é administrado pela Prefeitura Municipal de Itaituba, já que a EJA apenas desempenha as funções técnicas pedagógicas. É importante deixar claro que em 2005 não houve curso de capacitação de professores que trabalham com a EJA.
Como segue no relatório em junho 2006 a Diretoria de Ensino/COOEJA fez um balanço do rendimento entre as dezessete escolas que oferecem a EJA de 1ª a 4ª e também das duas turmas especiais que funcionam no Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público (SINTEPS) e na Cadeia Pública no qual podemos observar e analisar através do seguinte gráfico.
De acordo com os números observados nas Escolas que ofertam a EJA, no começo do ano a procura por matricula é grande com o total de 784 alunos distribuídos entre 1ª e 2ª e 667 que continuam estudando até o meio do ano, o índice de evasão é considerado razoável com apenas 117 alunos. Já entre 3ª e 4ª etapa o número de alunos com matricula efetivada é de 2277 e os alunos ativos são 1825 e a evasão num total de 452 no decorrer do ano por diversos motivos o número de evasão vai crescendo até chegar ao final do ano letivo com um pequeno número de alunos ativos.
A equipe de Coordenação da EJA atendeu de julho a novembro de 2007 Jovens e Adultos em vários bairros da cidade, inclusive na zona rural que abrange as comunidades da região. De acordo com dados observados pela Secretaria de Educação o maior número de atendimento na zona urbana é destinado ao público adulto, enquanto que na zona rural o maior número de atendimento destina-se aos jovens devido à carência do ensino de 5ª a 8ª série, os alunos buscam através da conclusão dos estudos melhores condições de vida e oportunidade de trabalho.
Em 2008 a Secretaria Municipal de Educação decidiu polarizar o Ensino nas Escolas do Município, diminuído assim as escolas que ofertam a EJA e passou a ofertar um melhor suporte técnico e pedagógico. Atualmente o Ensino da Educação de Jovens e Adultos funciona em quatorze escolas na zona urbana com 2.933 alunos matriculados de 1ª a 4ª etapas e nove na zona rural com 659 alunos, totalizando 3.592 alunos da EJA no município de Itaituba.
Em janeiro, de 2008 a Coordenadora da EJA em Itaituba Rose Teixeira confirmou as matrículas nas Escolas agora polarizadas, aconteceram encontros pedagógicos em cada escola, onde foram discutidos vários temas relacionados ao desempenho do processo ensino aprendizagem do educando. Foi elaborado junto aos professores e coordenadores o Plano de Ação das atividades para serem desenvolvidas nas classes de EJA regular e EJA Personalizada durante o ano.
Em fevereiro de 2008 aconteceram constantes visitas às escolas, no qual novamente confirmaram-se os números dos matriculados que estavam freqüentando a sala de aula. Foram repassados também às escolas os dados em 2007 sobre o Rendimento Escolar dos alunos da EJA. De acordo com os dados repassados foi concluído que o índice de evasão é muito alto, pois já ultrapassam os 50%. E o que fazer diante dessa dura realidade? Qual o papel da escola e do professor diante de tal fato? Diante da realidade confirmada pela Secretaria Municipal de Educação técnicos, diretores e vices diretores afirmaram que para este ano existem metas no Projeto Político Pedagógico (PPP) para reduzir ou ao menos amenizar o índice de evasão nas escolas que possuem a EJA.
A Coordenação da EJA em suas visitas realizou reuniões com os alunos que ficaram sabendo como funciona a EJA na cidade e onde se discutiu também a importância da permanência dos alunos até o final do ano nas escolas. Observou-se que as salas de aulas estavam superlotadas como mostram as fotos in loco. Os alunos fizeram algumas reivindicações, tais como: livros didáticos ou apostilas para os alunos de 3ª e 4ª etapas que não receberam livros, merenda escolar, pois a maioria dos alunos trabalha o dia todo e não tem tempo para se alimentar antes de ir à escola e também óculos que já foi prometido anos anteriores.
Conforme consta no relatório de 2006 a Diretoria de Ensino/COOEJA no mês de abril de 2008 apresentou as seguintes atividades: I Encontro Pedagógico com professores da EJA, diretores, vices diretores e técnicos das escolas polarizadas abordando os seguintes temas: História da EJA no Brasil, Legislação e Políticas Públicas da EJA, EJA no Município de Itaituba e Metodologias para o ensino da EJA; Encontro com professores de 1ª e 2ª etapas fazendo estudos da coleção Trabalhando com a Educação de Jovens e adultos e Encontro com professores da EJA Personalizada trabalhando Metodologias para esse público.
A LBD 9394/96 através das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos vem garantir esse direito, assim como assegurar a formação continuada dos educadores que atuam nessa Modalidade de Ensino recebendo uma formação teórica e adequada à realidade do aluno.


PROPOSTA DE ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS


A seguinte proposta de alfabetização foi apresentada pela Profª Esp. Reuma de Sá Almeida Barros em seu projeto de monografia de Especialização Lato Senso para a obtenção do título de Especialista em Docência do Magistério Superior e foi desenvolvida no Bairro São Tomé do Município de Itaituba no ano de 2004 que recebeu o nome de "Amigos do Saber" e teve o apoio da FAI, Diretores, coordenadores, professores, acadêmicos, colegas de Pós-Graduação, voluntários, ajuda do Banco do Brasil, TV Record, Professora Valdenice, irmã Raminha e sua equipe da Igreja Bom Remédio e a participação da própria comunidade São Tomé.
Na época o Bairro contava com 1.241 pessoas, de acordo com o IBGE de 2002. O número de não-escolarizados é de aproximadamente 2000 pessoas, o projeto atingiu um grupo de 49 pessoas que não tiveram chance de fazer parte de um meio escolarizado, foram esses alunos que na época de estudar quebravam coco babaçu nos campos do Maranhão, outros muito cedo foram para o garimpo à procura de um meio de sobrevivência e outros freqüentaram alguns dias de escola sem nada aprender.
Com a vasta experiência que esta educadora possui na área de alfabetização desde 1965 no Estado de Pernambuco na cidade de Parnamirim vem através de relatos descrever como era alfabetizar em seu tempo. Na época usava-se a método de silabação trabalhando as letras, as sílabas, as palavras, as frases e por fim montava-se o texto. Depois desse método utilizou-se o de Conto da professora Maria Magdala que procedia da seguinte maneira: o professor começava contando uma história real sendo construída e montada uma cartilha a partir daquele conto, e isso ocorria durante todo o ano.
Em 1972, no Estado do Paraná na cidade de Corbélia foi aplicado o método Abelhinha da autora Almira Sampaio Brasil da Silva, onde explorava-se os sons das letras e sílabas com o objetivo de visualizar as letras e as sílabas e assim, fixar o som.
No ano de 1978 na mesma cidade trabalhou com professores de todo o município ministrando o curso de alfabetização aplicando o método de Silabação do professor Erasmo Pilotto, que trabalhava a dedutivação e a indutivação global. Logo em 1980 adotou-se em todo município o método Paulo Freire para alfabetizar adultos.
Em Itaituba a preocupação por parte de autoridades constituídas e educadores, está mais voltada para a Alfabetização de Crianças e Jovens, ficando em segundo plano o atendimento quanto ao processo de ensino-aprendizagem de adultos, desconsiderando a importância que os pais dão à educação dos filhos e netos quando eles próprios são alfabetizados.
Por essas razões, este projeto justifica-se pelo caráter social, de suplência e de extensão à comunidade, podendo ser estendido a outros bairros, áreas ribeirinhas e periferia que trará grandes benefícios à comunidade, no sentido de contribuir para reduzir o índice de analfabetos no município, uma vez que há concentração de pessoas de idade mediana e avançada, afastadas da vida social do município.
Inicialmente, o projeto estava previsto para ser executado no Centro Educacional Anchieta no Bairro Jardim das Araras, com um grupo de 15 a 20 alunos, só que no momento da pesquisa de campo não foi constatada grande necessidade daquela clientela.
A mudança de endereço ocasionou a transferência da pesquisa. Após contatos com lideranças do bairro São Tomé e visitas in-loco, foram detectadas uma clientela com todas as características que viriam de encontro ao que estava sendo proposto.
Por que fazer um trabalho alternativo de Alfabetização de Adultos no Bairro São Tomé? Como fazer para adequar uma Proposta de Alfabetização de Adultos à realidade de Itaituba? A primeira resposta para essas questões foram outras perguntas: Quando e onde executar um projeto de alfabetização fora do Ensino Regular, sem vínculo com o poder público, mas com apoio da FAI, Organizações não Governamentais (ONGs), participação de estagiários e voluntários? Por que criar uma turma de Alfabetização de Adultos na comunidade São Tomé?
Para fundamentar este projeto será revisada a literatura específica de Alfabetização (Método Misto, a Proposta de Emília Ferreiro e a Proposta de Alfabetização de Paulo Freire Brasil Alfabetizado), bem como a consulta à Legislação do Ensino Básico para Adultos (ver Nova LDB 9394/96) integrando ao projeto Banco do Brasil Educar ("B.B Educar") do Banco do Brasil, envolvendo as novas tendências metodológicas aplicáveis no Ensino Fundamental com pessoas mais velhas.
Procurou-se construir, fundamentada na bibliografia específica de Magistério, uma Proposta Pedagógica de Alfabetização com base na construção do conhecimento, envolvendo atividades lúdicas e técnicas diversificadas de ensino, mesclando métodos e aproveitando experiências concretas.
A execução deste projeto esteve condicionada a uma Pesquisa-Ação com base em instrumentos de estudo que envolvem a participação de outras pessoas, além da autora do mesmo.
As estratégias e atividades consistem em: Pesquisa Bibliográfica; embasamento teórico; visitas domiciliares; adaptação de espaço físico à realidade; cadastramento de pessoas não escolarizadas; aquisição de espaço físico e do material didático; integração dos acadêmicos no projeto; envolvimento dos professores e coordenadores dos cursos da FAI; participação de voluntários da comunidade; execução das aulas, além de um relatório final.
Não há um método específico adotado para aplicar as atividades, a adaptação do método vai depender da adequação que o aluno precisa para entender a atividade, do ambiente, da harmonia, o que se exige são fatores para a aplicação do método adequado naquele momento.
As experiências dessa educadora vividas com esses alunos foram estruturadas com o objetivo de mostrar de maneira clara que ser um alfabetizador é algo gratificante, por isso, escreve como iniciou o projeto "Amigos do Saber", qual a metodologia mais especifica foi aplicada para alfabetizar e, fala sobre as perspectivas e o direcionamento que o projeto tomou.

DESCRIÇÃO DO PROJETO ALTERNATIVO DE ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS "AMIGOS DO SABER"

Início do Projeto

Este projeto foi criado com o objetivo de fazer um trabalho alternativo para atender uma clientela que não teve oportunidade de freqüentar o Ensino Regular e necessita das preliminares noções de conhecimento para auxiliar as crianças nas tarefas de casa trazida da Escola. Na ausência dos pais, geralmente contamos com a doméstica ou o vovô e a vovó não escolarizada. Os envolvidos no projeto foram adultos não escolarizados do bairro São Tomé, com idade acima de 18 anos.
O desenvolvimento do projeto teve início no mês de julho de 2004 com o cadastramento das pessoas não escolarizadas do bairro que desejavam participar de um projeto de alfabetização, foram previstos 6 meses, embora este atualmente tenha tomado outra dimensão:
 Primeiro, porque os alunos não querem parar de estudar;
 Segundo, eles não desejam deslocar-se para outras Escolas do bairro, até foi proposto a hipótese do grupo dirigir-se para a Escola Magalhães Barata, porém, eles não aceitaram.;
 Terceiro, todos queriam que as aulas fossem ministradas no seu ambiente e de preferência em baixo das árvores no pátio da Igreja.
 Como as tarefas foram executadas pela Pós-Graduanda Reuma, e muitos colaboradores os alunos não querem mudar o ritmo das atividades;
 O Projeto contou com auxílio da FAI, Diretores, coordenadores, professores, acadêmicos, colegas de Pós-Graduação, voluntários, ajuda do Banco do Brasil, TV Record, Professora Valdenice com a doação de livros, irmã Raminha e sua equipe da Igreja Bom Remédio, D. Raimunda, Rosiane que sempre estão na linha de frente e um grupo de senhoras do Bairro que são as colaboradoras.
As tarefas foram executadas no pátio da Igreja São Tomé com auxílio da FAI e da equipe que cada vez solicitada atendia com prontidão. Em vários momentos dos encontros além dos alunos, um número considerável de ouvintes participavam das aulas como voluntários e foram intitulados de colaboradores.
Os resultados deste projeto de pesquisa serão utilizados por associações, Igrejas, Empresas, ONG?S, ou qualquer agremiação que deseja uma proposta pedagógica de alfabetização com base na construção do conhecimento por um método alternativo de leitura e escrita, com técnicas diversificadas de ensino, mesclando métodos e aproveitando experiências concretas.
Este projeto continua com encontros as terças e quartas-feiras, das 12:00 horas às 16:30 além das aulas de alfabetização começaram a fabricação de artesanatos em gesso, isto já pensando num possível complemento da renda familiar dos alunos do projeto.
A coordenadora do projeto Profª Reuma de Sá agradece às pessoas que visitaram e apoiaram no trabalho: Drª Djalmira; Profº Abel; Profª Reuva; Profª Euricléia; Profª Luciana; Profª Edilene; Profª Lucivânia; Colegas de Pós-Graduação; Francisco Tapajós; Andréia; Profª Valda (diretora da Escola Manancial do Saber) e seu grupo de Alunos; Zulmira Cirilo do Banco do Brasil; Laura da laminadora Lamex; Huyrisvaldo motorista da FAI; Leandro Repórter/fotógrafo; Profª Zilda e seus colegas Antônio e Raquel do 8ª Período de Letras da FAI e os colaboradores do Bairro: D. Raimunda, Roseane Mônica, Mª Alice, Profª Francisca, Profª Ana e Ilma.

Metodologia adotada

Umas das metodologias aplicadas inicialmente foi uma sondagem de aptidões em que os alunos demonstraram, ou seja, o grau de conhecimentos através de desenhos, letras, nomes ou rabiscos. A partir deste diagnóstico foi iniciado o processo de alfabetização, partindo dos vocábulos que já era do conhecimento do grupo. Os nomes foram apresentados em crachás e fichas para identificação dos participantes, memorização da grafia e também foram confeccionados em gesso e colocado numa ficha e expostos na sala para que todos observassem a diferença de um nome para o outro.
Para alfabetizar foi feito uso de todos os métodos conhecidos; silábico, de palavração; de conto; de canto; abelhinha, Dom Bosco, Erasmo Pilotto; Paulo Freire e método Global. Dependendo da dificuldade apresentada pelo aluno, usava-se o método mais adequado, o importante era usar uma técnica que viesse a encontro das dificuldades junto aos atendimentos individuais que proporcionaram grandes resultados.
O método de palavras foi usado sinteticamente para reforçar a aprendizagem dos mais lentos. As aulas foram desenvolvidas com atividades diversificadas com cantos, poesias, versos, cantigas de roda, jogos, preces, orações, leituras, comentários de assuntos atuais.
A metodologia participativa fez o grupo mais coeso, o projeto passou a ser um ponto de encontro, onde falava-se de tudo, a autoestima do grupo foi alimentada e aprendizagem foi acontecendo. As visitas recebidas de autoridades, professores, acadêmicos e dos canais de televisão fez o grupo crescer e sentir-se valorizado cada vez mais e solidificando-se a cada passeio e visita realizada. A participação em desfiles como mostram a figura 16 contribui para a cidadania e experiências de novos momentos, onde muitos não tiveram a oportunidade de participar quando criança. Os livros doados pelos professores chegaram para completar o trabalho com as atividades de: alfabetização, matemática, geografia e ciências.

Considerações Finais

A EJA em nosso município está dividida em: EJA Personalizada e EJA de 1ª a 4ª etapa a primeira é uma modalidade de ensino a distância através de módulos no direciona-se aos alunos de 5ª a 8ª série que não deram continuidade aos estudos. E a segunda funciona em quatorze escolas da área urbana do nosso município.
De acordo com pesquisas feitas em três escolas na cidade: Engº Fernando Guilhon, Cel. Rdo. Pereira Brasil, Magalhães Barata que ofertam EJA 1ª etapa (1ª e 2ª série) observou-se que esses alunos não passaram pelo processo de alfabetização, o que significa que as professas terão que direcionar o ensino voltado para três séries ao mesmo tempo.
Baseado neste trabalho constata-se que não existe um método considerado o mais indicado ou o menos indicado para a alfabetização de adultos, ou seja, o método escolhido vai depender de quem o escolhe e para quem o escolhe, visto que sozinho um método não garante o sucesso.
O professor deve fazer adequações dos métodos de acordo com a necessidade da turma e dos alunos, visto que um único método pode não ser o mais adequado para todos os alunos.
Ao término desta pesquisa contatou-se que em Itaituba existem apenas dois programas de alfabetização de adultos em ação, o primeiro é o Programa do Governo Brasil Alfabetizado e o segundo e o Projeto Alternativo "Amigos do saber", o primeiro atende um público com mais de 15 anos e o segundo atende pessoas idosas no Bairro São Tomé. Esses programas não são o suficiente para atender a demanda de analfabetos no município, porém estão contribuindo para amenizar uma parcela e construir uma sociedade com menos desigualdade social.

BIBLIOGRAFIA

BARROS, Reuma de Sá Almeida. Projeto Alternativo de Alfabetização de Adultos: Amigos do Saber. Itaituba 2004.

BARROS, Reuma de Sá Almeida. Projeto Alternativo de Alfabetização de Adultos: Amigos do Saber. Monografia de Pós-Graduação Lato Sensu. Centro de Estudos Superiores de Itaituba; Faculdade de Itaituba -FAI. Itaituba 2005.

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