AÇÕES DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DE INFECÇAO DO TRATO
URINÁRIA RELACIONADA AO CATETERISMO VESICAL DE DEMORA

Andrea FrançaI, Any Caroliny Correia de Melo II , Samyra Ferreira da Silva III.

IEstudante 7° período de Graduação em Enfermagem da Faculdade Integrada Tiradentes ? FITS, av. comendador Gustavo Paiva, 5017, B, Cruz das Almas. Email: [email protected].
IIEstudante 7º período de Graduação em Enfermagem, da Faculdade Integrada Tiradentes ? FITS, av. comendador Gustavo Paiva, 5017, B, Cruz das Almas. Email: [email protected].
IIIEstudante 7º período de Graduação em Enfermagem, da Faculdade Integrada Tiradentes ? FITS, av. comendador Gustavo Paiva, 5017, B, Cruz das Almas. Email: [email protected].

RESUMO

A infecção urinária é muito freqüente nas internações hospitalares e normalmente estão associadas à instrumentação do trato urinário. Durante o período de internação são utilizados vários recursos de terapêutica e procedimentos que podem ocasionar quebra dos mecanismos de defesa do organismo favorecendo infecções. Este artigo tem como objetivo avaliar quais as principais causas, identificar o conhecimento e a adoção das medidas recomendadas para prevenção e controle de infecção no trato urinário associado a cateter vesical pelos profissionais de enfermagem. É um estudo descritivo elaborado de acordo com avaliações de pesquisas, através de artigos realizados com o mesmo objetivo de estudo, que é proporcionar ao paciente hospitalizado em uso do cateterismo vesical menor risco de infecção urinária.
Palavra Chave: Infecção; Cuidados de enfermagem; Cateterismo urinário.
ABSTRACT
Urinary tract infection is very common in hospital and is usually associated with urinary tract instrumentation. During the hospitalization period are used for various features and therapeutic procedures that can cause breakage of the body?s defense mechanisms favoring infection. This article aims to evaluate the main causes, identifying the knowledge and adoption of recommended measures for prevention and control of infection in the urinary tract associated with bladder catheter by nursing professionals. It is a descriptive study prepared in accordance with assessments of research, carried through papers with the same goal of study, provide the patient hospitalized in the use of bladder catheterization lower risk of urinary tract infection.
Key words: Infection; Nursing; Urinary catheterization


INTRODUÇÃO

A infecção do trato urinário (ITU) é a inflamação das vias urinárias com sintomas associados e presença de bactérias na urina. Os sintomas podem ser quando o paciente refere disúria, febre, dor lombar, incontinência urinária, é sinal de infecção sintomática. Pode ocorrer a bacteriúria assintomática, quando há evidências histológicas, imunológicas ou clínicas no paciente assintomático. Infecção do trato urinário baixo que são cistite, uretrite, prostatite e epididimite e infecção do trato urinário alto que são as pielonefrites agudas e crônicas (GAGLIARDI et al., 2000).
A (ITU) é responsável por 35 a 45% dos casos de todas as infecções hospitalares adquiridas (ALVES, et al, apud, PONCE DE LEON, 1999). A grande maioria dos casos, 80% de ITU, está relacionada com o cateterização vesical. Entre os pacientes hospitalizados 10% são expostos a esse procedimento (ALVES, et al, apud, RODRIGUES, 1997). Tem se constatado um aumento em três vezes da taxa de mortalidade nos pacientes hospitalizados que adquirirem ITU (STAMM & COUTINHO, 1999).
Em diversas terapêuticas, é necessário o uso de meios invasivos como o cateter vesical de demora que resultam no manuseio do trato urinário, por meio de sondagem, irrigação vesical ou procedimentos relacionados. Ainda que o uso de cateteres uretrais tenha trazido grandes benefícios para inúmeros pacientes, essa prática trouxe, também, problemas e riscos potenciais relacionados á infecção urinária.
Trata-se de uma infecção comum, mais que se não tratada adequadamente dependendo da bactéria instalada, pode levar o paciente a morte, por isso a mínima evidência de infecção não deve ser descartada sendo necessária a realização do exame de urocultura (através da cultura da urina) para que a antibioticoterapia empregada combata o agente causador específico, diminuindo dessa forma a utilização de medicamentos sem a eficácia necessária e aumentando a resistência das bactérias a terapia.
Não se pode considerar a infecção do trato urinário como sendo simples, pois suas complicações são extremamente drásticas a saúde humana, podendo levar a bactéria a diversos órgãos do corpo humano e a corrente sanguínea, causando a infecção generalizada/sepse, e reduzindo expressivamente as chances de vida do paciente, especialmente se tratando de pacientes já enfermos, crianças ou idosos onde a debilitação imunológica já é grande.

OBJETIVO

Estudar as ações de Enfermagem que previnem a infecção do trato urinário relacionado ao cateter vesical de demora e descrever a importância das mesmas na história clínica do paciente.


JUSTIFICATIVA

Observa-se que os pacientes em tratamento hospitalar que fazem uso de cateter vesical de demora apresentam um número significativamente maior de infecção do trato urinário e que os fatores determinantes para esse crescente número é assistência de enfermagem, atuando tanto na diminuição quanto no aumento da infecção.
MÉTODOS

Estudo realizado eventualmente de acordo com revisões bibliográficas, bem como através de artigos que abordam o referido tema pesquisado, optou-se também por contextualizar de maneira direta e indireta as publica¬ções disponíveis e citá-las de forma direta e indireta.


PRINCIPAIS FATORES PREDISPONENTES

Segundo SOUZA e BARBOSA (2007), a Infecção do Trato Urinário (ITU) é responsável por 35 a 45% de todas as infecções adquiridas em hospitais, esse risco depende de fatores predisponentes relacionados ao paciente como: sexo feminino, idade avançada, diabetes, imunocomprometimento, e fatores externos associados principalmente, a iatrogenia no manuseio, com quebra da assepsia e longo tempo de permanência do cateter.
Já os fatores associados ao procedimento são de grande relevante ao processo de infecção, os principais são: indicações da cateterização, pois a inserção do cateter pode carregar microorganismos distais para o interior da bexiga; uso contínuo do cateter, pois o balão de retenção da sonda impossibilita o esvaziamento completo da bexiga, podendo ocasionar multiplicação dos microorganismos; tempo de duração da cateterização, pois o risco de adquirir bacteriúria é em torno de 5% por dia de permanência do cateter; tipo de cateterização e do sistema de drenagem, pois os sistemas de drenagem aberta são totalmente contraindicados na cateterização prolongada; utilização ou não de antimicrobianos concomitantes e erros na manipulação do cateter (RODRIGUES, 1997).

AGENTES ETIOLÓGICOS

O agente etiológico mais encontrado em pacientes com ITU é E. coli. São citados também P. aeruginosa, Klebsiela sp, Proteus sp e enterococos, têm aparecido também com freqüência os Staphylococcus coagulasenegativos. Nos diabéticos e naqueles com antibioticoterapia têm sido encontrados a Candida e o Toluropsis (FERNANDES et al., 2000).
De acordo com estudos, o episódio de infecção atribuída ao cateterismo de demora é vivenciado através dos pacientes de forma assintomática, muitas vezes não sendo necessário tratar com medicações, apenas retirar o cateter, isso é visto de forma relevante para o quadro clínico dos pacientes acometidos, pois já estão em um estado debilitado, onde o uso de um antibiótico será recebido em relação ao equilíbrio do mesmo de forma negativa.

MEDIDAS PREVENTIVAS/ PAPEL DO ENFERMEIRO

As principais medidas de prevenção da ITU relacionam-se a utilização criteriosa da sondagem vesical, principalmente em relação à limitação do uso do cateter urinário. O uso do sistema de drenagem fechado, o treinamento dos profissionais quanto às técnicas assépticas de inserção e manutenção dos cateteres são outras medidas importantes para prevenção de infecção. Outro item a ser observado é a avaliação constante da necessidade de manutenção do cateter, pois um terço dos dias de sondagem é desnecessário e a remoção pode prevenir 40% das ITU (GAGLIARDI et al., 2000).
O enfermeiro exerce um papel muito importante relacionado aos acontecimentos atribuídos ao pacientes, no que se deve priorizar o processo de responsabilidade com aos mesmos, diante de todas as técnicas e condutas adotadas com o objetivo de atribuir melhorias ao estado clínico de cada paciente. Sendo desta forma, e importante o enfermeiro avaliar esse processo com rigorosa atenção, através de avaliações e intervenções sobre os sinais que possam indicar uma resposta de positividade ou negatividade ao cateterismo.
Diante disto é fundamental a interação da equipe de enfermagem implantar medidas para minimizar a incidência e os riscos destas infecções, pre¬venindo-as pelo aprimoramento técnico-científico, buscando um equilíbrio entre a segurança do paciente e o poder que a infecção pode traduzir ao mesmo, levando em consideração também o custo-efetividade gerado a instituição.
Sendo desta forma é necessário questionar a atuação do enfermeiro em relação a este procedimento, já que o mesmo participa de forma ativa sobre essa técnica, visando não só a mesma, mais sim todo processo de permanecia do cateter.
Hoje em dia o grande número de pessoas portadoras de doenças, e agravos, necessitando do uso do cateter de demora, é muito relevante, isso influencia bastante no equilíbrio corporal do paciente, já que ele é considerado um corpo estranho, avaliando desta forma a principal reação do mesmo é tentar a eliminação deste corpo estranho o mais rápido possível, de acordo com as suas armas. O que relata mais um motivo favorável a infecção, sendo mais uma atenção a ser observada e analisada diante do enfermeiro.
É importante destacar também a interação da equipe profissional relacionada ao cateterismo de demora, pois através da mesma é possível evitar a disseminação da infecção por via cruzada, este tipo de infecção pode ser transmitido principalmente através das mãos, através de contaminação por fluidos, irrigação vesical entre outras formas, que são possíveis de serrem evitadas, apenas com atitudes, realizadas com maior atenção atribuída ao paciente.
O uso do cateter requer ao paciente uma atenção maior, o que se espera da equipe de enfermagem uma prestação de cuidados e atenção diária evitando complicações decorrentes da sua utilização. É necessário observar cor, volume e aspecto da urina drenada, prevenir dobras ou tensões no tubo extensor, manter a bolsa coletora abaixo do nível de inserção do cateter urinário, prevenindo refluxo da urina para a bexiga, além de monitorar rigorosamente sinais de infecção do trato urinário. A equipe precisa estar atenta aos primeiros sinais de infecção, quanto mais demorado o tratamento da infecção, mais difícil o combate ao problema, as bactérias se disseminam e ficam mais resistentes, aumentando as chances de complicações.

DISCUSSÃO


A Indicação indiscriminável para o uso de cateter vesical de demora em pacientes acamados é grande, mesmo quando é possível a eliminação espontânea. A rotina hospitalar e a falta de material podem ocasionar quebra asséptica por parte da equipe de enfermagem, favorecendo o avanço da infecção no trato urinário.
O uso de antibioticoterapia em pacientes internos por tempo indeterminado favorece a resistência das bactérias aos mesmos, dificultando o tratamento. Com base nesses pontos, que favorecem a infecção no trato urinário é obrigação do enfermeiro tornar a profilaxia uma rotina hospitalar, adotando métodos permanentes de prevenção de infecção relacionados ao uso de cateter vesical de demora. É possível também ao enfermeiro avaliar e discutir a indicação do Cateter Vesical de Demora - CVD com relação à necessidade de uso, tempo de permanência do cateter, já que quanto maior o tempo de utilização maior o risco de infecção, aumentando o tempo de permanência do paciente no hospital acrescendo custos a instituição.
O que se observa diante do que foi analisado em outros estudos é que a equipe como um todo precisa de estratégias, ou seja, de educação continuada em relação a este assunto, abordando treinamentos tais como: a realização da técnica de forma asséptica; a realização da lavagem das mãos antes e após qualquer procedimento, realizar hi¬giene do meato uretral com água e sabão no mínimo duas vezes ao dia; esvaziar o coletor de urina de acordo com os horários de rotina de seu serviço, obedecendo a intervalos freqüentes; o coletor de urina deve ser fecha¬do, e deve ser trocado se houver quebra de sua integri¬dade; o sistema não deve ser desconectado a menos que haja necessidade de irrigação; deve-se coletar a urina dos pacientes com sonda vesical, na sua porção final para realização de urocultura. Ao esvaziar o coletor de urina, lavar as mãos, usar luva de procedimento, e des¬prezar a diurese de cada bolsa separadamente, sempre lavando as mãos e trocando as luvas, para evitar con¬taminação cruzada; durante o transporte do paciente, manter o coletor de urina preso à maca ou cadeira para evitar refluxo de urina, bem como a tração da sonda; deve-se observar o critério para indicação de cateterismo vesical, adequando somente ao tempo necessário para o tratamento proposto.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do que foi visto, consideramos que a assistência a um paciente com cateter vesical prolongado persiste como um problema assistencial. O principio fundamental é observar o conjunto de medidas que sinergicamente contribui para a minimização deste problema. Essas medidas devem ser padronizadas e socializadas. Conferindo à equipe de enfermagem maior comprometimento e responsabilidade em executar os cuidados respaldados e fundamentados num conhecimento técnico e científico.
É importante destacar que há uma carência em capacitação dos profissionais de enfermagem quanto ao manuseio e instrumentação do trato urinário sendo de grande relevância adotar o processo de educação continuada, permitindo aprimoramento, atualização e mudança pela percepção dos erros ainda vigentes da prática cotidiana.
Em relação às ações de enfermagem identificou- se que a mesma tem um poder de percorrer e atuar no controle e prevenção, minimizando de forma gradativa as principais conseqüências provocadas ao paciente em uso do cateterismo vesical de demora, cabendo ao profissional gerenciar a equipe, através da adoção de cuidados e rotinas durante a realização do serviço, sempre valorizando a educação continuada, usando o poder de interação com a equipe com o objetivo de tornar padronizada e aceita por todos, sempre visando à qualidade do cuidado e conseqüentemente o bem do paciente.




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, et al. Condutas Tomadas Pelos Enfermeiros, relacionada ao procedimento de Sondagem Vesical. Revista ciência em extensão, v. 3, n. 1, 2006.

GAGLIARDI, E. M. D. B.; FERNANDES, A. T.;CAVALCANTE, N. J. F. Infecção do trato urinário. In: FERNANDES, A.T.; FERNANDES, M.O.V.; FILHO, N.R. Infecção hospitalar e suas interfaces na área da saúde. São Paulo: Atheneu, 2000. v. 1, cap.18, p. 459-475. Disponível em: http://www.usp.br/siicusp/Resumos/14Siicusp/2959.pdf, acessado dia 22/09/10 às 23h.

LENZ, L.L. Cateterismo vesical: cuidados, complicações e medidas preventivas. Arquivos Catarinense de Medicina, vol. 35, nº 1, de 2006.

SOUZA, et al. Cateterismo urinário: conhecimento e adesão ao controle de infecção pelos profissionais de enfermagem. Rev. Elet. Enf. (Internet). 2007. Disponível: < http: //www.fen.ufg.br/revista/v9/n3/v9n3a12htm>.



VIEIRA, F. A. Ações de enfermagem para prevenção de infecção do trato urinário relacionado ao cateterismo vesical de demora. Eistein, 2009.